--------------------------------------------------------------------------------
O BISCOITO MOLHADO
Edição 3844 Data: 07 de setembro de 2011
---------------------------------------------------------------------------------
COMENTANDO OS E-MAILS
Como se fosse cometa, o hoax – boato difundido pela Internet – volta.
Abro minha caixa de correspondências eletrônicas e me deparo com o alerta de que as frutas devem ser ingeridas
Outro hoax que reaparece é aquele que nos conclama a olhar para o céu em determinada data porque, depois de não sei quantos séculos, a conjugação dos astros se dará de tal maneira que o planeta Marte aparecerá no céu, para nós, a olho nu, maior do que a Lua.
Entre as vítimas ilustres desse boato, uns três anos atrás, esteve o comentarista de temas cibernéticos da Rádio CBN, Etevaldo Sequeira, que reconheceu em público que caíra numa espécie de 1º de abril.
A periodicidade do Cometa Halley era de setenta e seis anos, a do hoax deve ficar por volta de setenta e seis semanas. Não sei se o Cometa Halley já se desintegrou, mas o hoax continua firme como uma rocha. Aguardo, por esses dias, e-mails que digam que Arnaldo Jabor estaria proibido de falar contra o governo, que Alexandre Garcia foi demitido pela TV Globo, que o governo vai acabar com o 13º salário, que cerveja com limão mata, e muitos outros.
------------------------------
Recebi mensagem eletrônica com o título “alongamento para o pescoço.”
Antes de abrir o arquivo anexado, imaginei situações que me tornam pescoçudo: a passagem de uma mulher cuja beleza é estonteante, ou encontrar uma barreira de pessoas altas pela frente, quando aconteça algo que faça convergir a atenção de todas.
Bem, não esperei mais e abri o arquivo.
Deparei-me com texto em seis parágrafos, que se encontravam dispostos, alternadamente, em posição normal e de cabeça para baixo.
Isto posto, temos de ficar três vezes de cabeça para baixo, para entender tudo o que foi escrito. Onde o pescoço se alonga nessa história toda, confesso que não sei.
--------------------------------
Carlos Alberto Torres, que não é o autor do último gol do Brasil na Copa do Mundo de 1970 e daquela própria Copa, depois de me enviar o substancioso livro “Comidas de Samba, Bebidas de Choro”, remete-me um e-mail com notícia do seminário que se realizará nos dias 14 e 15 de setembro, no salão Pedro Calmon, do Palácio Universitário da UFRJ, 2º andar, na Av. Pasteur 250, Urca, campus da Praia Vermelha, sobre os cento e quarenta anos da Comuna de Paris.
Além da programação do evento, o remetente nos brindou com seu comentário:
-”Esse é o fabuloso “mundo acadêmico”, só perde para o fabuloso mundo do antigomobilismo.”
Até a primeira vírgula, ele foi sério, a partir dela, brincou com seus amigos colecionadores de carro de décadas pretéritas.
Aprendemos nos livros de História Geral, no tempo do ginásio, que a França de Napoleão III (Le Petit, segundo Victor Hugo) foi fragorosamente derrotada pela Prússia, de Bismarck, em 1870 e, no ano seguinte, a Comuna de Paris se instalou por quarenta dias.
Procurei na programação do seminário alguma coisa interessante, como uma palestra do prof. Fiani, sobre a música de Jacques Offenbach, algo parecido com o que ele fez no programa “Clube da Ópera”, do Sérgio Fortes, na Rádio MEC, quando comentou “Os Contos de Hoffmann”, do compositor acima citado.
Recordo aqui o que disse o professor Fiani.
Para agradar o país da opereta, em que se transformara a França do Segundo Império, Jacques Offenbach desperdiçou seu talento, compondo música superficial para satisfazer uma sociedade fútil. Alcançou uma popularidade incomparável, ganhou muito dinheiro, renegando a arte mais apurada.
A guerra franco-prussiana tirou os franceses das nuvens e, já no fim da vida, o compositor procurou se redimir, elaborando uma ópera digna do talento que desdenhara. Como escreveu os últimos compassos no leito de morte, não viu encenada sua obra-prima.
Também não vi na programação enviada pelo Carlos Alberto Torres nada que se referisse aos livros de Zola, que retrataram os franceses que viviam sob o império de Napoleão III, até o romance “A Derrocada”, que reproduz com crueza a guerra-franco-prussiana.
Resumindo, nada vi de interessante.
Entre os conferencistas agendados, há uma representante de uma Association les Amis de
Bem melhor seria uma exposição de carros antigos, pois estes, pelo menos, andam para frente.
Nutro a ligeira suspeita de que o Seminário Cento e Quarenta Anos da Comuna de Paris se encerrará quando alguém gritar: “- O Muro de Berlim caiu em 8 de novembro de 1989!”.
Antes de passarmos para outro e-mail, um esclarecimento: não estamos ridicularizando o fato histórico em si, que teve momentos de avanços, como a jornada de trabalho de oito horas e melhores salários para os professores, entre outros, mas, sim, o proveito ideológico que os “acadêmicos” querem tirar disso.
-----------------------------------
Degustação de vinhos às cegas, na França.
Dieckmann não filmou, nem bebeu, mas vale a pena assistir ao instigante filme anexado ao e-mail, que um internauta amigo me enviou.
Em um restaurante, o cidadão conversa com a câmera, mas é tudo simples, não tem nada a ver com a cinematografia de Goddard. Ele diz que dez garrafas de vinho serão submetidas a destacados sommeliers, sem que eles conheçam os rótulos, para avaliação, com notas escritas, por cada qual, em papeletas individualizadas.
Em seguida, a câmera mostra a degustação e as opiniões emitidas pelos especialistas sobre alguns dos dez vinhos saboreados. Com todas as notas dadas, as papeletas são recolhidas e a contagem é feita.
Vêm, então, as surpresas. O vinho que ficou em segundo lugar custava pouco mais de vinte euros, o primeiro colocado não era também caro, não chegava a cem euros, mas o vinho de dois mil euros ficou em penúltimo lugar.
Lendo amenidades políticas, soube que colegas de partido do Vice-Presidente Michel Temer reclamaram do vinho servido no Palácio Jaburu, depois que leram o rótulo da garrafa. Eis o que disseram, segundo a revista VEJA:
“- Michel, assim não dá, este vinho é de supermercado, custa trinta contos!”
Informa a revista que boa parte das garrafas servidas no Palácio Jaburu, no Itamaraty, no Palácio do Planalto e em outras repartições públicas, vem de apreensões da Receita Federal.
Pensamos nós que, se o Vice-Presidente trocasse os rótulos para Romanée Conti ou de algum outro vinho de renome, mantendo o líquido na garrafa, todos ou quase todos brindariam o anfitrião.
“- Michel, esta bebida é o maná dos deuses.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário