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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

2020 - rótulos amarelados

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 3844 Data: 07 de setembro de 2011

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COMENTANDO OS E-MAILS

Como se fosse cometa, o hoax – boato difundido pela Internet – volta.

Abro minha caixa de correspondências eletrônicas e me deparo com o alerta de que as frutas devem ser ingeridas em jejum. Vários nutricionistas já demonstraram cientificamente que tal afirmação é uma asnice, mas os boateiros não se intimidam ou contam com a amnésia dos internautas.

Outro hoax que reaparece é aquele que nos conclama a olhar para o céu em determinada data porque, depois de não sei quantos séculos, a conjugação dos astros se dará de tal maneira que o planeta Marte aparecerá no céu, para nós, a olho nu, maior do que a Lua.

Entre as vítimas ilustres desse boato, uns três anos atrás, esteve o comentarista de temas cibernéticos da Rádio CBN, Etevaldo Sequeira, que reconheceu em público que caíra numa espécie de 1º de abril.

A periodicidade do Cometa Halley era de setenta e seis anos, a do hoax deve ficar por volta de setenta e seis semanas. Não sei se o Cometa Halley já se desintegrou, mas o hoax continua firme como uma rocha. Aguardo, por esses dias, e-mails que digam que Arnaldo Jabor estaria proibido de falar contra o governo, que Alexandre Garcia foi demitido pela TV Globo, que o governo vai acabar com o 13º salário, que cerveja com limão mata, e muitos outros.

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Recebi mensagem eletrônica com o título “alongamento para o pescoço.”

Antes de abrir o arquivo anexado, imaginei situações que me tornam pescoçudo: a passagem de uma mulher cuja beleza é estonteante, ou encontrar uma barreira de pessoas altas pela frente, quando aconteça algo que faça convergir a atenção de todas.

Bem, não esperei mais e abri o arquivo.

Deparei-me com texto em seis parágrafos, que se encontravam dispostos, alternadamente, em posição normal e de cabeça para baixo.

Isto posto, temos de ficar três vezes de cabeça para baixo, para entender tudo o que foi escrito. Onde o pescoço se alonga nessa história toda, confesso que não sei.

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Carlos Alberto Torres, que não é o autor do último gol do Brasil na Copa do Mundo de 1970 e daquela própria Copa, depois de me enviar o substancioso livro “Comidas de Samba, Bebidas de Choro”, remete-me um e-mail com notícia do seminário que se realizará nos dias 14 e 15 de setembro, no salão Pedro Calmon, do Palácio Universitário da UFRJ, 2º andar, na Av. Pasteur 250, Urca, campus da Praia Vermelha, sobre os cento e quarenta anos da Comuna de Paris.

Além da programação do evento, o remetente nos brindou com seu comentário:

-”Esse é o fabuloso “mundo acadêmico”, só perde para o fabuloso mundo do antigomobilismo.”

Até a primeira vírgula, ele foi sério, a partir dela, brincou com seus amigos colecionadores de carro de décadas pretéritas.

Aprendemos nos livros de História Geral, no tempo do ginásio, que a França de Napoleão III (Le Petit, segundo Victor Hugo) foi fragorosamente derrotada pela Prússia, de Bismarck, em 1870 e, no ano seguinte, a Comuna de Paris se instalou por quarenta dias.

Procurei na programação do seminário alguma coisa interessante, como uma palestra do prof. Fiani, sobre a música de Jacques Offenbach, algo parecido com o que ele fez no programa “Clube da Ópera”, do Sérgio Fortes, na Rádio MEC, quando comentou “Os Contos de Hoffmann”, do compositor acima citado.

Recordo aqui o que disse o professor Fiani.

Para agradar o país da opereta, em que se transformara a França do Segundo Império, Jacques Offenbach desperdiçou seu talento, compondo música superficial para satisfazer uma sociedade fútil. Alcançou uma popularidade incomparável, ganhou muito dinheiro, renegando a arte mais apurada.

A guerra franco-prussiana tirou os franceses das nuvens e, já no fim da vida, o compositor procurou se redimir, elaborando uma ópera digna do talento que desdenhara. Como escreveu os últimos compassos no leito de morte, não viu encenada sua obra-prima.

Também não vi na programação enviada pelo Carlos Alberto Torres nada que se referisse aos livros de Zola, que retrataram os franceses que viviam sob o império de Napoleão III, até o romance “A Derrocada”, que reproduz com crueza a guerra-franco-prussiana.

Resumindo, nada vi de interessante.

Entre os conferencistas agendados, há uma representante de uma Association les Amis de la Commune de Paris, um membro do Partido Comunista da Grécia e um participante do Movimento Sem Terra.

Bem melhor seria uma exposição de carros antigos, pois estes, pelo menos, andam para frente.

Nutro a ligeira suspeita de que o Seminário Cento e Quarenta Anos da Comuna de Paris se encerrará quando alguém gritar: “- O Muro de Berlim caiu em 8 de novembro de 1989!”.

Antes de passarmos para outro e-mail, um esclarecimento: não estamos ridicularizando o fato histórico em si, que teve momentos de avanços, como a jornada de trabalho de oito horas e melhores salários para os professores, entre outros, mas, sim, o proveito ideológico que os “acadêmicos” querem tirar disso.

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Degustação de vinhos às cegas, na França.

Dieckmann não filmou, nem bebeu, mas vale a pena assistir ao instigante filme anexado ao e-mail, que um internauta amigo me enviou.

Em um restaurante, o cidadão conversa com a câmera, mas é tudo simples, não tem nada a ver com a cinematografia de Goddard. Ele diz que dez garrafas de vinho serão submetidas a destacados sommeliers, sem que eles conheçam os rótulos, para avaliação, com notas escritas, por cada qual, em papeletas individualizadas.

Em seguida, a câmera mostra a degustação e as opiniões emitidas pelos especialistas sobre alguns dos dez vinhos saboreados. Com todas as notas dadas, as papeletas são recolhidas e a contagem é feita.

Vêm, então, as surpresas. O vinho que ficou em segundo lugar custava pouco mais de vinte euros, o primeiro colocado não era também caro, não chegava a cem euros, mas o vinho de dois mil euros ficou em penúltimo lugar.

Lendo amenidades políticas, soube que colegas de partido do Vice-Presidente Michel Temer reclamaram do vinho servido no Palácio Jaburu, depois que leram o rótulo da garrafa. Eis o que disseram, segundo a revista VEJA:

“- Michel, assim não dá, este vinho é de supermercado, custa trinta contos!”

Informa a revista que boa parte das garrafas servidas no Palácio Jaburu, no Itamaraty, no Palácio do Planalto e em outras repartições públicas, vem de apreensões da Receita Federal.

Pensamos nós que, se o Vice-Presidente trocasse os rótulos para Romanée Conti ou de algum outro vinho de renome, mantendo o líquido na garrafa, todos ou quase todos brindariam o anfitrião.

“- Michel, esta bebida é o maná dos deuses.”

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