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sexta-feira, 31 de maio de 2013

2390 - descendo da escada, da ladeira e de Cuba

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4190                                 Data:  18 de  Maio de 2013
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161ª CONVERSA COM TAXISTAS

-E essa história de trazer médicos cubanos para cá? - perguntou-me o Flamenguista logo que me ajustei ao cinto de segurança do seu táxi.
-Uma temeridade.
-Eu ouvia elogios à medicina cubana, mas depois que o Chávez morreu... Outra coisa: a Dilma, o Lula, aquele vice-presidente cujo nome esqueci, trataram-se aqui, não em Cuba, ao contrário do maluco do Chávez.
-E o presidente Figueiredo, você esqueceu?
-Não; lembro-me dele.
-Ele queria tanto ser esquecido...
Depois dessa ironia que, pelo seu semblante, não entendeu, fui adiante.
-O presidente Figueiredo quando teve problemas cardiovasculares, foi ser operado em Cleveland. Foi, aliás, uma farra com o dinheiro público; viajou uma comitiva tão grande para lá que, segundo o Jô Soares, quase não teve lugar para o piloto do avião.
-Uma festa com o nosso dinheiro. - disse com riso de desolação.
-A medicina do Brasil evoluiu, inegavelmente e os governantes tratam, agora, das suas doenças aqui mesmo. - assinalei.
-Tratam-se em São Paulo, porque em Brasília é um perigo. - ressalvou, agora com uma risada descontraída.
-Esse avanço médico que acontece no Brasil, principalmente em São Paulo, não se vê em Cuba. Lá, eles não lidam com aparelhos de alta tecnologia.
-Deve ser como os carros, o último modelo de lá é de 1960. - comparou.
-Ainda havia um intercâmbio, incipiente, mas havia, de Cuba com a medicina da União Soviética, mas depois que o comunismo implodiu...
-Eles estão defasados. Antes mesmo de ouvir suas palavras, eu já estava resolvido a não me medicar com cubanos.
Reportei-me ao passado.
-Cai, certa vez, numa corrida e os ossos de um dedo se acavalaram. Fui, então, com uma colega de trabalho, a um ambulatório da Golden Cross. O médico que me atendeu falava espanhol. Essa minha colega ficou assanhada, pois julgou que ele fosse cubano.
-O cara era bonitão?
-Não chegava a ser um modelo de beleza, mas era alto, forte e jovem. - esclareci e continuei.
-Depois de ele colocar o osso do meu dedo no lugar, acariciando a minha mão e dando um puxão repentino...
-Ele acariciou a sua mão e ela se apaixonou. - interferiu com essa piada.
-Pois é. Ela, então, perguntou se ele era de Cuba, a resposta foi não, era boliviano. 
-Já sei: ela ficou desiludida.
-Ela era, ou melhor, é doida.
E o surpreendi com uma pergunta:
-Lembra-se da Cimeira que aconteceu no Rio de Janeiro, há uns quinze anos, com altas autoridades internacionais?
-Mais ou menos.
-O Fidel Castro ficou hospedado em Copacabana e ela se postou na porta do hotel para ver o seu ídolo. Quando ele apareceu, ela gritou: “Fidel, eu também sou Castro.”
-Mentira!...
-Verdade; ela mesma que contou. Julgava-se parente do ditador.
-Essa sua amiga vai se tratar, certamente, com os médicos cubanos que o PT vai trazer para cá. - concluiu.

No dia subsequente, a corrida se deu no carro do Paizão.
-Sou seu primeiro passageiro do dia?
-Não, hoje eu comecei às 4h da tarde.
-E larga lá pelas 11h, meia-noite?...
-Dependendo da minha disposição... Nesse meu horário de trabalho, além de o trânsito ser melhor, eu fujo das novelas da minha mulher.
-A minha mãe não perdia as novelas da Rádio Nacional, quando elas passaram para a televisão, minha mãe seguiu a modernidade, mas o drama novelístico permaneceu como era.
-Minha mulher também; saiu do Floriano Faissal, Ísis de Oliveira, Daisy Lúcidi para Glória Meneses, Tarcísio Meira, Antônio Fagundes...
-A última novela a que assisti do começo ao fim foi, se não me engano, “Guerra dos Sexos”, com Fernanda Montenegro e Paulo Autran.
-Parece que fizeram outra novela com essa guerra...
-Com essa história? - interrompi o Paizão.
-Minha mulher falou alguma coisa disso com entusiasmo. Ela reclama muito da pouca-vergonha das novelas das nove.
-Minha mãe também reclama. A inocência da Rádio Nacional se perdeu completamente nessas novelas que vão ao ar depois das oito horas da noite na televisão.
-E o pior é que as crianças assistem. A minha neta, por exemplo, quando chego às onze horas do trabalho, não deixa o caminho livre para eu ver meus programas, não quer sair de frente da televisão e dormir. Queixou-se.
-Quanto às minisséries da TV Globo, acompanhei algumas do início ao fim. - revelei.
-As minisséries duram algumas poucas semanas, dá para acompanhar. - disse o Paizão.
-“Agosto”, “Chiquinha Gonzaga”, “Os Maias”, principalmente, me atraíram tanto quanto os bons filmes do cinema. - manifestei-me.
-Eu vi alguma coisa do “Agosto”, porque o enredo se passa no tempo do Getúlio.
-O senhor viveu bem esse tempo.
-Viver bem eu não digo, porque já pegava no pesado desde garoto. Vou fazer 80 anos, tinha, portanto 21 anos, quando o presidente Getúlio se matou.
-O senhor se juntou à população furiosa e foi depredar a Tribuna da Imprensa do Carlos Lacerda? - brinquei.
-Vou lhe dizer uma coisa: nunca me envolvi com paixões políticas.
-Certíssimo, como disse o Nélson Rodrigues, com outras palavras, a paixão política é a mais desprezível das paixões que existe.
-É a mais desprezível porque só existe esperteza e jogo de interesse nesse meio. - enfatizou, enquanto me deixava na Rua Modigliani.

-Hoje, passando pelos cracudos antes das seis horas da manhã, deparei-me, pela primeira vez, com um deles fumando craque. Que fedor! - manifestei-me, mal entrei no táxi do Meu Nobre.
-Por isso, eles são uns zumbis. - observou.
De repente, a minha atenção se deteve no movimento inusitado de moradores da favela a vinte metros diante de nós.
-Aquilo ali está esquisito. - tentei preveni-lo.
-Você não soube?... Saiu até na Globo.
E prosseguiu:
-Pegou fogo nos barracões por volta do meio dia e meia.
-A coisa foi, então, séria, pois já passaram quatro horas e essa gente toda na rua...
-O viaduto foi logo interditado. Um curto-circuito num gato, que eles fizeram para roubar energia, provocou isso tudo.
Como eu me mostrei bom ouvinte, ele continuou:
-Conheço bem a favela; não era um gato, era um tigre.
-Minha cunhada me contou que um funcionário da Light foi desfazer um gato, trepado numa escada, quando, no chão, um pivete lhe apontou uma arma e disse: “Se não descer, eu vou descer você daí.”
-A coisa é séria. - resumiu tudo o taxista, deixando-me na Rua Modigliani.







quarta-feira, 29 de maio de 2013

2387 - como era gostoso o meu francês

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4187                                  Data:  11 de  Maio de 2013
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FRASES E COMENTÁRIOS

“Agora é entre nós dois.”
A frase acima, em tom desafiador, foi dita por um dos personagens mais significativos criado por Balzac, Eugène de Rastignac, no romance “O Pai Goriot”.
Eugène de Rastignac encarna o jovem provinciano no ambiente da grande metrópole, no caso, a Paris do século XIX. Ele se muda para a capital da França, como estudante e vê seus valores morais pulverizados na grande cidade babilônica.
Na pensão Vauquer, onde se hospeda, Eugène se relacionará com Vautrin, ex-prisioneiro foragido que chefia o submundo parisiense. Ele, que Balzac sugere ser homossexual, abre os olhos do estudante provinciano para o funcionamento da sociedade parisiense.
Na pensão, também vive Goriot, um velho que sofre o desprezo dos demais hóspedes, mas cujo processo de empobrecimento material e embotamento mental Rastignac descobre ser devido ao amor doentio que devota às duas filhas, ambas da alta sociedade, que sugam todos os seus bens e renda.
Eugène de Rastignac se enamora de uma delas, Delphine de Nuncigen, mas motivado pela ambição de integrar o mundo de luxo e esplendor. A sua visão negativa dos valores da metrópole se consolida quando acompanha o abandono e a agonia do Pai Goriot e, ao enterrar o velho, também enterra junto todo o romantismo que ainda lhe restava. Olha, então, para a cidade de Paris, tomado pela ambição e diz:
-“Agora é entre nós dois.”
Ele estava pronto para conquistar a cidade.
Referindo-se ao “aprendizado” de Rastignac, escreveu o ensaísta Philippe Berthier: em vez do espetáculo comovente de uma crisálida que se torna borboleta, assistimos, como em um filme de terror, a metamorfose maléfica de um monstro que nasce.
Dizem que o mundo ainda é balzaquiano e faltam argumentos para discordar.
É significativo, a nosso ver, reproduzir, a título de comparação com a resenha do romance de Balzac, esse trecho de Stan Laurel, o magro da mais famosa dupla de comediantes do cinema, sobre a viagem que jovens artistas ingleses fizeram aos Estados Unidos.
“O Crainrona era um navio de gado, mas não levava nenhum gado, a não ser que você queira nos chamar de gado e, às vezes, era assim que nos sentíamos. Por sinal, a comida na maioria dos casos tinha gosto de ração e o clima era bem ruim. Mas nós nos divertíamos, porque participávamos todos de um grande negócio, éramos jovens e estávamos encantados de ir para onde estávamos indo. Certa manhã, ouvimos que podia ser vista terra a distância. Eu nunca me esquecerei dos detalhes do que aconteceu a seguir. Estávamos sentados no convés, vendo a terra em meio à neblina. De repente, Charlie correu até a amurada, tirou o chapéu, acenou com ele e gritou: América, estou indo conquistar você ! Todos os homens, mulheres e crianças terão nos lábios o meu nome – Charles Spencer Chaplin! Todos o vaiamos afetuosamente, ele fez uma mesura muito formal para nós e se sentou novamente. Anos depois, sempre que encontrava alguém da velha trupe [de Fred Karno], essa era a única coisa daquela época de que lembrávamos melhor e costumávamos ficar encantados com como Charlie estava certo.”
Não era como um filme de terror, como escrevera Berthier sobre Eugène Rastignac, pelo contrário, o filme ou os filmes são de alegria.  Stan Laurel, naquela ocasião do navio de gado, também poderia falar para a América:
-“Agora é entre nós dois.”
Na verdade, os dois conquistaram não só a América, como o mundo.
Chaplin, depois de conquistada a América, foi expulso pela intolerância, voltou com 83 anos de idade para ser consagrado pelos bons.

Dois errados não fazem um certo, mas fazem uma boa desculpa.
A frase é de Thomas Stephen Szasz; húngaro nascido em Budapeste, em 1920, que viveu nos Estados Unidos  como psiquiatra e acadêmico.
Criticou o uso da expressão “doença mental” como um conceito legal, em 1958, em artigo editado pela Columbia Law Review. Argumenta ele que doença mental denota uma teoria, não um fato. Portanto, não é mais nem menos factual do que seria acusar alguém de estar possuído pelo demônio. Em 1961, Szasz testemunha perante um comitê do Senado dos Estados Unidos que o uso de hospitais americanos para encarcerar pessoas definidas como doentes mentais violava as premissas do relacionamento entre paciente e médico e transforma o médico em guarda de prisão, em carcereiro.
Em 1973, foi eleito “Humanista do Ano” pela American Humanist Association.
Sobre a sua frase, vem-me à mente a matemática, quando aprendi no livro do Ary Quintela do 1º anos ginasial que menos multiplicado com menos dá mais, mas, no caso da frase dos “errados”, soma-se menos com menos e não dá um positivo, ou seja, um certo.
Reconheço que essa minha comparação é rombuda. Melhor eu recordar o caso de quatro estudantes que, antes da prova, saíram da universidade e esticaram os dias de folga na farra. Quando retornaram, a hora da prova já havia passado, combinaram a mesma desculpa a ser dita ao professor: o pneu do carro em que viajavam furou no meio da estrada, por isso, mereciam uma segunda chamada. O professor concordou e, depois de deixar os quatro bem distantes um do outro, em cada canto da sala, deu a prova com apenas uma questão:
-Qual dos quatro pneus do carro furou?
Concordo inteiramente com o humanista húngaro: médico não é carcereiro.

Nunca me esqueço de um rosto, mas no seu caso vou abrir uma exceção.
Mais uma das espirituosas frases do Groucho Marx.
Elogiam a minha memória, mas no que diz respeito a guardar na cabeça as fisionomias, reconheço a minha quase amnésia. Para piorar, não sou seletivo como o Groucho Marx: recordo-me de algumas caras que queria esquecer...
Certa vez, no cinema, quase perdi as tramas do enredo, porque me torturava com um dos artistas: “Ele não me é desconhecido... Em que filme eu o vi mesmo?... Depois de umas vinte cenas, murmurei o eureca de Arquimedes: “É o imperador austríaco José, do Amadeus, de Milos Forman.” Mas o meu obstáculo é esse: a fisionomia; pedissem-me para contar esse filme, e eu chegaria aos menores detalhes.
Certa vez, na Avenida Rio Branco, um sujeito barrou minha passagem com uma pergunta: “Não se lembra de mim?” Depois da minha negativa, identificou-se como um dos peladeiros, como eu, do campo do Cachambi, que acabou em 1974 ou 1975.
Devido ao meu serviço, vou a muitas empresas de navegação, onde eu conheço muitas pessoas. E muitas delas, em sua maioria, também vão ao meu trabalho para reuniões com os chefes. Então, é comum eu apertar mãos estendidas efusivamente, com sorrisos generosos, sem saber de quem se trata realmente.
E eu vou decorar a fisionomia de uma pessoa que sumiu junto com o campo de peladas do Cachambi?..
Não posso dizer, como Groucho Marx, que nunca me esqueço de um rosto.


terça-feira, 28 de maio de 2013

2386 - estátuas, virtuoses e o meu pirão primeiro


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4186                                  Data:  10 de  Maio de 2013
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CARTAS DOS LEITORES

“Em “Os Miseráveis” (estou a cinquenta páginas do final de mil duzentos e sessenta e sete páginas, pena que vai acabar...) e certamente você lembra disso, Victor Hugo, aquele bonapartista ferrenho, escreveu um longo elogio a Luís Felipe I, além de descrever bem as circunstâncias em que se tornou rei e todo o ambiente da França em torno disso.
Tudo é muito bom em “Os Miseráveis”, com certeza um dos cinco melhores livros que já li, mas os melhores trechos são, sem contar alguns episódios marcantes do enredo, as descrições que Hugo faz da Batalha de Waterloo; depois, do que seja gíria e, finalmente, dos esgotos de Paris e seu crescimento.
Acho que nós dois vamos encontrar Hugo, agora que já estivemos com Balzac.”  Elio Fischberg.
BM: Meu caro Elio, li “Os Miseráveis” com menos páginas do que as mil duzentos e sessenta e sete páginas do seu livro. Não porque houve cortes na edição, o que seria imperdoável, mas porque as letras eram diminutas, porém, os meus olhos, na época, ainda não tinham sofrido o desgaste do tempo.
Nessa edição, que ainda tenho, o prefácio é do Carlos Heitor Cony, que recorre às citações de vários autores, todas pertinentes, sem deixar de expor as suas próprias ideias, também interessantes. Desse prefácio, destaco alguns trechos:
“Há de tudo no livro. A descrição dos trabalhos forçados nas galés, as peripécias da fuga e da perseguição policial, a insistência de Javert – Victor Hugo, de lambujem, criou um dos policiais mais perfeitos de toda a literatura universal – os relatos idílicos de Fantine e Cosette, o tipo mais ou menos convencional do estudante Mário e a estupenda – talvez a maior criação de Hugo – presença de Gavroche, o menino das ruas de Paris.”
“George Meredith, quando o livro apareceu, disse que “Os Miseráveis” era a “obra-prima da ficção do Século XIX”. Apesar disso, o livro tinha um quê de embrionário, ou seja, de transição para o futuro. Se é verdade que as descrições e os caracteres gerais são feitos nos moldes do romantismo clássico, do romantismo hugoano, o fato é que, na descrição de cenas e personagens secundários - Gavroche é um belo exemplo do que afirmamos – inicia-se o embrião de um novo processo narrativo, uma gênesis discreta, mas que cresceria em breve, através do realismo, até desaguar em Flaubert e Zola.”
Encerra o Carlos Heitor Cony o prefácio com a frase que se segue:
“Por isso, não foi sem razão que Tennyson chamou Victor Hugo de “Senhor das lágrimas humanas.”
Notou Elio, como Euclides da Cunha, na arquitetura de um dos maiores livros da literatura brasileira, “Os Sertões”, foi influenciado pelo Victor Hugo?

-“Grande motorneiro,
Importante para Benny Goodman não foi o pai e sim a mãe (lituana) professora de música, que continuou lecionando em Nova York após partirem da Europa. Quando o filho nasceu, foi “praticamente obrigado” a estudar música com a mãe, que ensinava música clássica para os ricos em Nova York.
Benny Goodman como virtuoso e profundo conhecedor de música se encantou com os sons produzidos pelos músicos negros de Nova York, que na grande maioria não sabiam ler música em partitura, coisa que Benny Goodman fez das músicas que escutava. Visto a princípio com desconfiança e certo descrédito por alguns músicos de jazz já conhecidos, afinal um jovem branco e judeu no meio de negões em Nova York tocando música era para desconfiar mesmo.
Como o talento sempre prevalece, claro que foi aceito e respeitado no meio musical.
Foi Nélson Tolipan da Rádio MEC “Momentos de Jazz”, às segundas-feiras, após a reunião do Clube do Bondinho, em Santa Teresa, que relatou os fatos acima da carreira de Benny Goodman.” Carlos Alberto Torres.
BM: O destinatário é o Dieckmann, aquele que conduz o Clube do Bondinho, ou seja, uma carta do Grande Capitão para o Grande Motorneiro. Como o remetente enviou sua carta com cópia para mim, tomo a liberdade de fazer algumas considerações.
Dieckmann, num programa da Rádio Memória, do Jonas Vieira e Sérgio Fortes, reportou-se ao pai daquele que foi chamado The King of the Swing, alfaiate em Varsóvia, sem se reportar à sua progenitora, que o encaminhou no mundo da música.(*)
Como assinala o Grande Capitão, os negões o viam com desconfiança, mas depois que o grande clarinetista alcançou fama e pretendeu formar o seu quarteto, teve de saltar o racismo, agora, dos brancos americanos. Gene Krupa, insuperável no manejo das baquetas, não lhe trazia problemas com sua cor de alabastro, mas quanto a Lionel Hampton e Teddy Wilson...
Assisti a uma série de documentários de uma hora de duração sobre a história do Jazz, que se detém por um bom tempo no pianista Teddy Wilson, que possuía um estilo único, admirável. No entanto, por um bom tempo, o seu talento só podia ser ouvido nas gravações do Quarteto de Benny Goodman em discos, pois se temia a reação racista caso houvesse uma apresentação publica. O mesmo acontecia com o vibrafonista Lionel Hampton, também talentoso.
Entendi que apresentação de músicos só negros podia, mas misturado com brancos, não. Mas o Rei do Swing, que sofreu na pele o preconceito, enfrentou as barreiras e apresentou-se em público com seu legendário quarteto.
No programa do Nelson Tolipan, que também escuto até ser vencido pelo sono, recordo-me que o apresentador da Rádio MEC, referindo-se às fronteiras entre o Jazz e a música clássica, afirmou que ninguém menos que Benny Goodman, afirmou que não havia interligações entre os dois. A ênfase do Nélson Tolipan se devia ao fato de Benny Goodman ter tocado, algumas vezes, o Concerto para Clarinete e Orquestra de Mozart.

-“Contou o Dieckmann a este Distribuidor que, perambulando em Paris, precisamente nos arredores da Place de la République, encontrou o Canal Saint-Martin, pequeno, mas muito sombreado e agradável.  Só que o Canal acaba numa praça – na verdade, ele fica subterrâneo, o que deve dar mais encantamento nos passeios fluviais – mas uma praça também extremamente agradável, com bancos,  jardins e uma estátua de um homem corpulento, topetudo e com pose de teatro. É a estátua de Fréderick Lemaître e, entre muitos dados biográficos, está escrito que ele fora um grande comediante francês. “Deve ser a única estátua de comediante do mundo e só mesmo a França para fazer isto, neste mundo que privilegia o drama”, completou com a dose habitual de sarcasmo.” Dieckmann.
BM: Parece que dois Dieckmann redigiram essa carta, mas o leitor sabe que ele, como o imperador romano Júlio César e Pelé, fala de si na terceira pessoa. (**)
Antes devo lembrar que tanto o distribuidor do Biscoito Molhado quanto o seu “porta-voz” se reportam à edição que trata da peça de Balzac que foi censurada porque Fréderick Lemaître imitou o Rei Luís Felipe.
Bem, existem algumas estátuas de Charles Chaplin espalhadas pelo mundo, mas ele foi muito mais do que um comediante.
Aqui, no Brasil, pelo menos no Rio de Janeiro, há uma estátua de João Caetano, mas ele, apesar de atuar em papéis cômicos, sobressaía-se mais nas tragédias, nos dramas shakespearianos.
Neste país em que tantas personalidades de caráter duvidoso são nomes de logradouros públicos, de estádios de futebol, etc, faltam estátuas que celebram os nossos comediantes.
Que tal uma estátua do Oscarito?

(*) Avisado por este Distribuidor, Dieckmann informou que achou suigeneris que o Benny Goodman tivesse como pai um alfaiate e nada demais em ter a mãe conhecedora de música. Afinal, um talento como o de Benny Goodman deveria vir de dois virtuoses. (***)

(**) Anos de Distribuição deste seu O BISCOITO MOLHADO e o redator ainda não percebeu que o Distribuidor é impessoal e não mete a colher no pirão dos outros. Daí ser absolutamente necessário que se faça a separação entre os dois, ambos muito queridos, famosos e inteligentes, mas cada um no seu pedestal. Isso vira proposta porque se tem tanta estátua por aí, vai que cola a ideia de fazer essas duas?

(***) Antes que critiquem, o Distribuidor avisa que a definição de virtuose só se aplica aos talentos musicais. Já virtuoso pode ser qualquer talentoso, seja na redação, seja na Distribuição.




segunda-feira, 27 de maio de 2013

2385 - Modigliani, obrigado

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4185                                   Data:  09 de  Maio de 2013
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161ª CONVERSA COM OS TAXISTAS

Lá fui eu, em direção ao ponto dos taxistas, sabendo que me desviaria de um e outro cracudos, escarrapachados no chão da rua.
O carro que estava à frente, quando cheguei, era o do Sarará, com quem raramente eu me encontro, anunciei, por isso, o meu destino.
-Sim, vamos para a Praça Manet. - pronunciou o “t”, o que feria menos o meu ouvido do que a pronúncia final com o é aberto, como se o pintor francês tivesse o mesmo apelido do Garrincha.
-O metrô sempre cheio?..
-A essa hora, não está assim tão lotado, hoje, porém, vim um pouco apertado, talvez tenha atrasado um pouco.
-Pego passageiros que sempre reclamam...
-Na ida, o metrô está bem mais vazio, isso não significa que eu viaje sentado e sim que eu posso tirar uma revista ou um livro da mochila e ler. É verdade que, cinco minutos antes das seis da manhã, mesmo dez minutos, eu já estou embarcando. Isso, na estação de Del Castilho, pois assim, dou uma caminhada um tanto acelerada de quinze minutos da minha casa até lá. Voltando do trabalho, é que salto em Maria da Graça.
-E esses trens que vieram da China?
-Eles têm as suas vantagens, os vagões não são fechados, evitando a sensação claustrofóbica; a luz referente à próxima estação pisca, o ar condicionado funciona, esfria mesmo. No entanto, foi feito para muitas pessoas viajarem de pé, mas com poucos balaustres para se segurar...
-E os passageiros têm de se escorar na lataria.
-Se estiver muito cheio sim, pois há aquilo dos trens da Central para se agarrar... Chupeta, parece que é o nome.
-Os trens do metrô foram feitos para trafegar debaixo da terra, mas aqui eles vão pela superfície; então, no calor, o ar condicionado pifa. - interveio.
-Esses trens antigos vieram da França, não foram fabricados, é verdade, para ficarem debaixo do nosso sol, por isso, o termostato não suporta, e os vagões viram fornos de assar gente.
-E esses trens chineses?
-O ar condicionado é infinitamente superior, mas não sei como será na chegada do verão. É verdade que alguns já eram utilizados no verão passado e, pelo que senti, suportaram bem. Como eram muitos poucos trens, não posso falar com segurança.
-É só curiosidade minha, pois raramente ando de metrô. Eu não sei ir de um lugar para o outro sem o carro, este, especialmente. Tenho um carro particular, mas saio pouco com ele, meu filho até reclama, com este táxi, não, ele é a continuação do meu corpo.
Pensei em dizer que o Sarará era uma espécie contemporânea de centauro, metade humano, metade automóvel, mas preferi ouvi-lo.
-Tenho 61 anos de idade. Dirijo desde os 16. Dirigi numa época em que nem lhe pediam carteira de motorista, todos se conheciam, os guardas lhe conheciam...
-Lembro-me de um colega da Rua Estevão Silva, que tinha um fusquinha. Ele, no início dos anos 70, dizia que iam conseguir o impossível: engarrafar o Méier...
-Do lado da Arquias Cordeiro. - esclareci e acrescentei:
-Hoje, o normal é todo o Méier engarrafado.
-Naquele tempo, você levava o próprio carro para o exame de direção. Mas, com todo esse tumulto no trânsito, não sei fazer nada sem o meu carro.
Quando entramos na Modigliani, ele me surpreendeu com uma pergunta.
-É ali na lixeira?
Corrigiu-se rapidamente:
-Não foi isso que eu quis dizer... Latões de lixo. É nos latões de lixo?
-Sim, é onde estão aqueles dois contêineres de lixo.
Saltei, pensando na Rosa Grieco, que diz que eu moro no segundo poste da Modiglianni.

  Entrei no táxi do Botafoguense, cujos olhos faiscavam e os dentes brilhavam num largo sorriso:
-Fogão! - exclamou com a ardente voz de torcedor.
-Há quanto tempo não pego seu táxi. No período em que o Botafogo estava mal, era comum eu ir pra casa no seu carro. Depois que o Botafogo não perdeu mais jogos, nada de você aparecer.
-Eu notei isso. - disse.
-Como sou supersticioso, até torci para não entrar no seu táxi. Desculpe-me...
-Foi por uma causa nobre. Como todo bom botafoguense, também sou supersticioso.
 -Com o Carlito Rocha presidente do Botafogo, a superstição chegou ao ponto máximo. - reportei-me a 1948.
-Mas ele me trouxe de volta ao presente.
-Viu a categoria dos nossos jogadores?... Todos eles brilharam.
-Pelo que soube, a mudança para melhor veio depois de uma discussão inflamada entre o Seedorf e o Antônio Carlos. Essa discussão incendiou o time do Botafogo. - manifestei-me.
-No nosso time, não tem fogueira das vaidades, e isso é ótimo. - afirmou.
-Considero o Seedorf mais do que um jogador, um cidadão do mundo. -afirmei.
-Ele leva a sério a profissão.
-Quando o Botafogo jogou, recentemente, em Brasília, Seedorf foi a uma escola e palestrou para as crianças. Disse, entre outras coisas, que morou muito tempo na Holanda, onde a venda de drogas é liberada, e, mesmo assim, nunca quis experimentar uma delas, porque os malefícios são terríveis.
-A criançada segue os ídolos. - disse ele.
E prossegui:
-Além de falar quase sem sotaque o português, tem um vocabulário rico. Ainda no rescaldo da final do campeonato, quando chorou, uma jornalista perguntou se ele era emotivo e Seedorf respondeu: “Eu sou intenso”.
Despedimo-nos na Modigliani, quando os olhos do Botafoguense ainda dardejavam de felicidade pelo título de campeão carioca.

No táxi do Vereador, conversamos sobre o último temporal.
-Rapaz, por volta de 100 árvores caíram.
-O órgão responsável pela poda das árvores não faz a coisa direito, e o resultado é esse. - criticou.
-Eu cheguei ao trabalho por volta das seis e vinte da manhã, e tudo parecia normal. Uns quinze minutos depois, me surpreendi com o barulho do vento e da chuva nas janelas.
-Eu recolhi meu táxi por algumas horas.
-O temporal começou na zona oeste, pois uma colega minha, que mora em Campo Grande, disse que o vendaval apareceu por lá umas cinco e meia...
-O que essa prefeitura faz? Nada...
-No laudo dos alemães sobre o Engenhão, consta que o estádio não suportaria ventos de mais de 60 quilômetros por hora, este foi de 96, e o estádio não caiu. - comentei.
-Rapaz, se eu for contar a história dessa construção...
-Numa coisa, creio que todos concordam: João Havelange não pode ser o nome do estádio. - frisei.
-Esse embolsou muitas propinas. - bradou, enquanto parava o táxi na minha rua.

-Modigliani. - informei ao taxista da quinta-feira.
Silêncio.
-Obrigado. - disse ao saltar.



sexta-feira, 24 de maio de 2013

2382 - trinchas, brochas e pincéis 2




O BISCOITO MOLHADO
Edição 4182                                   Data:  06 de  Maio de 2013


88ª VISITA À MINHA CASA
2ª PARTE

-E aconteceu o que sua mãe tanto temia, quando você partiu para Paris: o seu apetite voraz pelas mulheres e o seu fraco pela bebida alcoólica.
-Meu pai muitas vezes chegou bêbado aos seus domínios e foi ordenhar as vacas.  Ele era também atraído pelas mulheres, mas ficou bem mais contido porque não estava em Paris.
-Você também herdou dele o amor pelas artes.
-Havia semelhanças entre nós, mas, como já disse, nós não nos harmonizávamos. Eu gostava mesmo era da minha mãe.
-Vivendo com os boêmios de Paris, você inventou o “terremoto”.
Com um sorriso, ele disse em sua língua o nome do coquetel que concebera:
-”Tremblement de Terre”.
-Em que consistia o ”Tremblement de Terre”?
-Uma mistura de metade de absinto e metade de conhaque, servido em copo de vinho batido com gelo em coqueteleira.
-Com o absinto tendo 70% de teor alcoólico, imagino o estrago que isso fazia.
-Depois de um trago, você se sentia em Lisboa em 1º de novembro de 1755, ou em Pompeia em 24 de agosto de 79.
Depois de rir, como se fosse uma peraltice de criança, foi adiante:
-Falaram que a minha bengala era oca para eu inserir bebida nela, mas muitas coisas foram faladas sobre mim.
-No Jardim de Père Foret, um oásis no meio da agitação de Montmartre, você pintou uma série de óleos ao ar livre de Carmen Gaudin.
-A minha musa ruiva.
-Ela era prostituta e modelo, e você a retratou como lavadeira.
-”A Lavadeira” de 1888 é um dos meus orgulhos de pintor.
-Nessa época, você estava muito ligado a Degas.
-Éramos vizinhos; pintei a sua amante e modelo Suzanne Valadon.
-Ela se tornaria sua amante também.
Não se importando com a minha indiscrição, seguiu adiante.
-Retratei-a à mesa, frente a uma garrafa e a um copo em “Gueule Bois” ( “Ressaca”).
-A expressão dela está perfeita.
-Eu conhecia os efeitos da ressaca como poucos.
-Você desenhava como ninguém, produzia cartazes litográficos, revolucionou o desenho gráfico e definiu o estilo que seria chamado de Art Nouveau.
-Eu pretendia que a arte alcançasse um público bem maior do que o que frequentava galerias e museus.
-E conseguiu sem que seu valor se perdesse. - frisei.
-Então, em 1889, foi inaugurado o Moulin Rouge e a sua atenção se desviou do Moulin da la Galette para lá. - prossegui.
-O dono do Moulin Rouge me pediu um poster para difundir a nova casa de entretenimento.
-E você criou o que poderia ser chamado de o primeiro poster moderno.
-Bem, foram afixados vários posters do Moulin Rouge em paredes, árvores, vidraças, mas as pessoas os arrancavam para levar para casa como se fosse uma obra artística.
-E eram; você tirou a arte do seu pedestal e a levou às pessoas comuns. As prensas, as reproduções mecânicas, frutos da revolução industrial, se encarregavam de multiplicar o seu trabalho.
-Vejam a ironia da sorte: eu, um nobre apequenado pelas exigências da aristocracia, popularizando o que estava restrito aos mais ricos.
-O seu dom era reconhecido tanto pelos connoisseurs como pela... digamos, escumalha.
-Pelos conhecedores e pelas classes mais baixas, você quer dizer?
-Isso.
-Bem, a crítica não me atacava como fazia com alguns colegas meus. Orgulho-me de ter participado do Salão dos Independentes, em Paris, da exposição dos Vinte e das galerias de Boussod e Valadin.
-O surgimento do Moulin Rouge sacudiu Paris e, de certo modo, a sua vida.
-Lá, mais do que em qualquer lugar, víamos os mais diversos tipos de pessoa; até o futuro rei da Inglaterra, Eduardo VII, lá esteve.
-Mas o nobre que sentiu o cabaré Moulin Rouge como o seu habitat natural foi você, Toulouse-Lautrec.
-Era a minha casa e eu considerava todos ali meus parentes. As prostitutas eram minhas irmãs. É verdade que cometi muitos incestos... - sorriu maliciosamente ao encerrar sua intervenção.
-Lá, você teve assento cativo e retratou como ninguém a vida noturna parisiense.
-Pintei principalmente as cantoras e dançarinas, que eram em maior número.
-Mostrou para a posteridade a comedida e discreta dançarina Jane Avril, bem como Louise Weber. Esta, efusiva, sem freios, porém cativante, que era conhecida como La Goulue (A Gulosa).
-Eu me dava muito bem com Louise Weber.
-Foi ela que criou o movimento mais ousado do Cancan. - observei.
Fez-se uma pausa, e fui adiante:
-Muitos pintores, Degas, entre eles, pintaram muitas prostitutas, mas ninguém chegou à sua excelência em captar o verdadeiro espírito dessas moças.
-Eu as pintei com a naturalidade em que elas viviam, não melancólicas, como muitos pintores a viram. Eu, afinal, mergulhei na vida dos bordéis. Via no dia a dia, prostitutas, cafetinas, fregueses.
-Um dos seus quadros mais conhecidos retrata essas mulheres sentadas num largo divã onde há um lugar vazio.
-O lugar ficou vazio porque me levantei para pintá-las. - disse com uma gargalhada.
-É isso que o observador logo pensa: esse lugar no divã é do Toulouse-Lautrec, que se ausentou por alguns minutos.
-Contam que o marchand Maurice Julien, sempre que o procurava em casa, era informado que você estava no bordel.
-Não entendo porque ele não se dirigia direto para o bordel, quando queria me ver.
-Bem, Toulouse-Lautrec, a exaustão, a sífilis e o alcoolismo desses dias loucos, folles journées, apresentaram-lhe a conta.
-E eu tinha tanto o que fazer ainda...
Após esse lamento, prosseguiu:
-Eu delirava, sentia-me paralisado. Internaram-me, então, numa clínica psiquiátrica para desintoxicação.
-Você já era popular; atingido como foi pela doença, as suas obras foram mais requisitadas ainda.
-Escrevi para o meu pai lembrando-lhe o que me dissera na minha juventude, que o confinamento mata.
-Ele também lhe disse que a vida saudável era ao ar livre sob o sol.
Parecendo não se importar com minhas palavras, Toulouse-Lautrec disse que, logo quando pôde saiu daquele lugar.
-Meu marchand Maurice Julien me propôs uma ampla exposição da minha obra. Como aquilo me animou! Fiquei praticamente cem dias no ateliê pintando febrilmente e colocando tudo em ordem; cataloguei todas as minhas obras.
Como se sentisse que o fim estava próximo. - pensei, mas nada disse.
-Sem bebidas e mulheres, minha atenção se voltou exclusivamente para as telas de pintura.
-O seu último grande quadro, para muitos, tem como tema um exame de medicina de Paris. Esse exame não é amistoso, não é acadêmico, é, na verdade, um interrogatório.
-Passei por vários exames médicos, não como estudante, mas como paciente; então, esses momentos sempre foram tensos para mim, e os levei para essa pintura.
-Logo depois, o mal voltou e o atingiu com toda força.
-Tive um derrame cerebral e morri nos braços da minha mãe com trinta e seis anos.
-Foram poucos anos de vida, mas a sua obra, para a nossa felicidade, foi profícua: mais de 1000 quadros, 5000 desenhos com 363 gravuras e cartazes.
-Se eu não vivesse parte da minha vida nos bastidores do submundo, criaria tanto? - indagou com inflexão afirmativa.
-Toulouse-Lautrec, a sua cidade natal, Albi, montou, no Palácio do Bispo, em 1922, um museu com as suas obras. A partir de então, é um local de peregrinação de turistas e estudiosos.
-Não sei se ouviu as minhas palavras sobre o reconhecimento que as gerações futuras também lhe dedicaram, pois partiu enquanto eu falava.