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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

3088 - WM Senão eu vou pra Jacarepaguá



O  BISCOITO  MOLHADO
Edição 5348 WM                           Data: 30 de janeiro de 2018

FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXV

O Homem Nervoso


O homem nervoso acordou nervoso, cheio de palpitação. Sabia que um dia morreria, mas faltava muito ainda. Pretendia viver pelo menos até os oitenta anos, e recém havia alcançado os 40. Mesmo assim isso o deixava muito nervoso. “Passei da metade” – ele pensava trêmulo.

O homem nervoso era tinhoso. Detestava fazer compras no supermercado. “Da prateleira pro carrinho, do carrinho pro caixa, do caixa de volta pro carrinho, do carrinho pro porta-malas do carro, do porta-malas do carro pra mesa da cozinha, da mesa da cozinha para a despensa” – era o que pensava ao abastecer o primeiro item do carrinho de compras. O homem nervoso sabia como ninguém sofrer por antecedência. Detestava as sacolas do supermercado geladas e molhadas pela carne que descongelou levemente ao longo do caminho.

Um dia o homem nervoso se apaixonou por uma mulher. Era a farmacêutica que lhe vendia seus remédios tarja preta. “Primeiro encontro, nervosismo, beijo, sexo, namoro, noivado, aliança, despedida de solteiro, casamento, lua-de-mel, rotina, filho, chá-de-fralda, creche, escola, dever de casa, divórcio, advogado”.  Achou prudente não levar nada daquilo adiante. Mudou de farmácia.

Assinou o netflix, mas era tanta série e tanta temporada que resolveu cancelar. “Difícil dar conta”. Assinou o brasileirão, mas quase enfartou ao assistir primeiro jogo do Botafogo, seu time de coração, que empatou em um morno zero a zero com o Atlético Paranaense. Cancelou. Comprou um livro do Dan Brown, mas não resistiu e foi direto pra última página.

O homem nervoso não suportava mais sua vida, e fracassou em tudo que lhe recomendaram como tentativa de abrandar seu nervosismo: Yoga, natação, pilates, aula de cerâmica e prática de flauta doce.

Sem esperança, e já quase entregando os pontos, resolveu num ataque de fúria e loucura, que daria sua última cartada. Entrou numa pet-shop e comprou não um, mas dois filhotes de labrador.

O final do conto é simples. A ação não resolveu absolutamente nada, e só deixou o homem nervoso mais nervoso do que nunca. Mas pelo menos agora ele tinha a companhia de dois fofos e amigáveis cachorrinhos labradores. Batizou um de Rivo e o outro de Lexo.

Fim.


sábado, 20 de janeiro de 2018

3087 - SX um nome, uma bandeira, um hino



O  BISCOITO  MOLHADO
Edição 5347 SX                           Data: 20 de janeiro de 2018

FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXIV


BUNDALELÊ


Está mais do que na hora de mudar o nome do país. "Brasil", definitivamente, não deu certo. Assim como não deram certo "Monte Pascoal", "Ilha de Vera Cruz" e "Terra de Santa Cruz".

"Brasil", devemos reconhecer, até parecia uma sacada inteligente. Inspirada na madeira que por aqui havia, e que se prestava a tingir tudo de vermelho. Só que perdeu o sentido insistir no nome. A quantidade de coisas que se pretende tingir de vermelho diminuiu assustadoramente. Camisas para a torcida do América, por exemplo, nem pensar. No futebol carioca o time rubro cai pelas tabelas. No sul do país, o Internacional de Porto Alegre acaba de fazer uma melancólica incursão na segunda divisão do campeonato brasileiro. Por outro lado, depois de treze anos de incompetência e desvios perpetrados à frente do país, é suposto que tenha diminuído em muito o número de militantes não aloprados do PT dispostos a se vestir de vermelho e manter viva a pregação do partido. Se é que os há.

Outro argumento, este definitivo, é o de que o pau-brasil simplesmente desapareceu. Por conta de uma exploração predatória praticada ao longo de séculos, não restou um vasinho da planta para que eu possa mostrar ao meu neto um exemplar dessa riqueza nacional. Consta que foi identificado o culpado por sua erradicação. Teria sido ele o trisavô do sujeito que deu sumiço às pesadíssimas vigas da Perimetral, desmontada na região portuária do Rio de Janeiro.

Para explicitar melhor nossa proposta, devemos começar reconhecendo que por aqui as coisas desde cedo caminharam muito mal. Pedro Álvares Cabral, o gajo que cá aportou em 1500, seria definido pela minha avó como um "doidivanas". Aqui chegou sem saber onde tinha chegado. Pode ser comparado a um sujeito que viaja do Rio a São Paulo fazendo uma escala em Salvador. Perdeu um monte de navios, boa parte de sua tripulação não chegou ao fim de sua aventura. Pero Vaz de Caminha, o "ghost writer" de Cabral, este sim, foi um precursor importante. Na primeira carta que escreveu ao rei de Portugal, foi logo apresentando um pedido de emprego em benefício de um familiar. Tradição até hoje mantida a ferro e fogo pela classe política brasileira, com destaque para o mensaleiro Roberto Jefferson.

Estabelecido que o país deve mudar de nome, passamos a enfrentar a tarefa de conferir-lhe uma denominação compatível com o que nele se vivencia nos dias de hoje.
Meu voto é "Bundalelê". Ideia que faz parte de um projeto bastante abrangente. Todo país que contar mais de trinta ministérios em sua estrutura de governo passa a se denominar, automaticamente, "Bundalelê". É certo que essa prática vai ser seguida por um bando de idiotas. Estará formada, assim, uma "commonwealth" da mediocridade. A ser liderada pelo país-membro que ostentar a mais bem provida lista de ministros desconhecidos, ineptos e envolvidos com pendências judiciais e falcatruas de toda ordem. Estamos legislando em causa própria, bem se vê.

Ninguém tem dúvidas a respeito do futuro glorioso de "Bundalelê". Preceitos econômicos seguidos pelos países que dão certo serão solenemente ignorados. Orçamentos, equilíbrio fiscal e controle da moeda serão identificados como preocupações de quem odeia pobre. O brilhante economista Milton Friedman, autor da frase definitiva do século XX - Não existe almoço grátis - será, como de hábito, considerado um idiota. Cuba e Venezuela permanecerão como exemplos a serem seguidos. Coréia do Sul? Tem tudo para não dar certo.

"Bundalelê" continuará a desprezar a Educação. A ideia é que ali continue a se estudar muito pouco. Países de ponta impõem jornadas de estudo pesadas. Diplomas em "Bundalelê" podem ser obtidos em casa, através do computador. Algo que ainda vai evoluir. Em pouco tempo eles estarão disponíveis também nas bancas de jornais e nas casas lotéricas.

Falta de moradias também é uma questão relevante que vai passar ao largo de "Bundalelê". Um imenso contingente de pessoas, em sua maioria jovens, está optando por deixar o país. Atraídos por oportunidades de trabalho ou aterrorizados pela falta de segurança que aqui impera. Cresce em progressão geométrica o número de latrocínios, sequestros, balas perdidas e arrastões. Pouca gente vai sobreviver a essa hecatombe. Sobrarão imóveis disponíveis para venda ou aluguel. "Bundalelê" encontrou uma fórmula super criativa de ajustar as demandas habitacionais de sua população.

"Bundalelê" também não vai perder tempo com a cultura. Orquestras sinfônicas continuarão a ser dizimadas, teatros serão fechados, ópera e ballet serão erradicados. A música se resumirá ao lixo propagado pelo Multishow. Nada além de sertanejo, funk e pagode. Crescerá, também, o número de artistas que terão suas carreiras re-lançadas a partir de anúncios bombásticos de suas novas opções sexuais. Sucesso garantido, com estrondosa cobertura da mídia.

Um país provido de tanta modernidade não pode permanecer ostentando um hino nacional quadrado e careta como aquele que foi produzido por Francisco Manuel da Silva e Osório Duque Estrada. "Vai Malandra", do fenômeno musical Anitta, passará a ser tocado em substituição ao "Virudum".


Para finalizar, há que se lamentar o fato desta crônica do "Biscoito Molhado" não poder anunciar de pronto o resultado do concurso promovido para a escolha da bandeira de "Bundalelê". Podemos informar, apenas, que Romero Britto e Beatriz Milhazes são os finalistas desse empolgante concurso. Britto concorre com uma criação em que predominam 49 cores berrantes, obra muito semelhante à que enfeitava o salão de jogos da casa de Sergio Cabral em Mangaratiba. A bandeira proposta por Beatriz Milhazes inclui diversas rodelas, lembrando as Toalhas Linholene que eram anunciadas nos intervalos comerciais da finada TV-Rio. 

sábado, 13 de janeiro de 2018

3086 - FM Agora vai, com jeito, vai


O  BISCOITO  MOLHADO
Edição 5346 FM                           Data: 13 de janeiro de 2017

FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXV


O  PODER  DOS  ASTROS


Atentai, irmãos! Atentai, irmãs!

Atentai, crentes e descrentes!

É começo de ano, a Astrologia não mede esforços, os que nela depositam seus fados, estão com o prato cheio, os mapas estão traçados, as linhas descomplicadas traçaram os destinos de todos, os caminhos são vastos. Para uns, turbulentos e ínvios, para outros as esperanças estão logo ali, a não mais do que um palmo diante do nariz. Basta olhar com atenção o Arco-Iris, a mensageira da deusa Juno abrirá as portas de entrada por onde passarão os astros, desde que não estejam distraídos. E eles, os astros, conjuminando-se uns com os outros, entrarão nas casas certas, meio caminho andado para que os dias sejam propícios  à benevolência sideral. 

Convém não perder de vista o que Saturno anda preparando para os desavisados, querendo cobrar nossas alianças  para que aprendamos com quem seja possível nos aliar. É o que dizem os astrólogos, do alto de sua sapiência, pelo traçado nos mapas, advertindo que Saturno vai entrar na casa 7, cobrando, pois Netuno entrou em Peixes em 2012 e revelou a poeira debaixo do tapete. E estando agora em conjunção com o meio do céu e com Plutão (que recobrou sua condição planetária) por volta de 2020, vai estar com o Sol e nos garantirá novas surpresas, eis o que pregam os astrólogos, não adiantando, por conveniência, se serão boas ou más. Pretendemos que sejam das melhores, como compensação pelo que já vivemos, estamos escaldados como gatos, com as maldades aplicadas mundo afora, nos últimos anos piorando a cada dia.

Netuno, dito pelos entendidos, é o planeta da cortesia, da  poesia, da música, da contemplação e, também, das drogas em geral. Portanto, aguentem-se nos calcanhares, estamos todos anestesiados e os astrólogos, sem perder de vista o observado, advertem que ninguém queira culpar os planetas. Convém ir diretamente aos responsáveis,  as distintas autoridades aqui presentes, cobrando-lhes o que prometeram de mãos postas e dedos cruzados, e ainda não cumpriram o prometido. Pecado cabeludo, que lhes pode ser cobrado como consequência, pois os astros não estão fora de órbita, nem encantados pela música ou pelas drogas. Portanto, sabe-se lá o que poderá acontecer! Vindo das alturas celestiais, os estragos poderão desabar sobre nossas cabeças, não sobrando ninguém para contar a história. Culpados e inocentes vão para os confins do beleléu.

Ainda há esperanças. Para quem tem ascendente em Escorpião, oportunidade de ganhos e de lucros é possível, pois Júpiter estará em trânsito na casa 2, expandindo o financeiro. Mas, com o mesmo Júpider em trânsito na casa 6, pode o planeta provocar a expansão de doenças, o que poderá ser evitado, caso os responsáveis tomem tenência  e ajam com o devido empenho,  do cotrário, eles que se entendam com o planeta. 

 Como o Carnaval está chegando, convém ter cuidados redobrados, pois  estão a caminho gás e fogo, além de muita bebida alcoólica, o que pode envolver a ilusão lúdica dos mais afoitos. Especificamente para os da banda de cá, é dito que o Rio tem histórico de violência porque, estando na  sua casa 10, da projeção social, Plutão encontra-se com Sol e Mercúrio, um planeta violento. Mas nem tudo está perdido. A partir de agosto, entretanto, quando o Sol passar em trânsito pela casa 4, trazendo momentos lúdicos, é possível que sopre uma brisa alentadora de boas novas. Há quem mereça.


Se ainda há tempo, eis mais uma advertência de quem elaborou os traçados na carta planetária: convém, segurar as pontas, os temerosos estarão mais fortes, mesmo a barra estando pesada. Isso porque, é bom seguir as recomendações dos astrólogos, e Saturno está atento. Que aproveitem, o samba não vai acabar, a vida continua e pau na lata, que é tempo de curtir adoidado, salve-se quem puder!

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

3085 - D Subindo e descendo



O  BISCOITO  MOLHADO
Edição 5345 D                           Data: 08 de janeiro de 2017

FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXV


RODA GIGANTE QUENTE


Adoro cinema. E adoro comédias. Neste particular, agora no fim do ano, fiquei bem feliz de rever o filme de Billy Wilder, Quanto Mais Quente Melhor. Talvez um dos poucos títulos em Português melhor do que o original. Junto a esse diretor,  exportação austríaca dos tempos negros, outro judeu, Woody Allen, que recheou bem o meu apetite por comédias durante muito tempo. Devo ter visto quase todos os seus filmes.

Acabei de ver Roda Gigante, sua última produção. É um drama grego ambientado nos anos 50, quase todo em um parque de diversões, em Coney Island. Não gosto dos dramas de Woody Allen, porque ele sempre quer virar Bergman, mas este filme não só me manteve atento, como apresentou um Jim Belushi, o irmão menor do doidão John Belushi em um papel sério e denso, e transformou a Kate Winslet em uma linda Maureen O’Hara, louca e ruiva, como John Ford e John Wayne nunca viram. Nenhum desses dois caberiam num filme do Bergman e isso já garantiu uma certa originalidade.

Ambos os filmes são retratados em épocas passadas, um no final da Lei Seca e o outro no pós-guerra. Um é em preto e branco, todo o jeito de cinema noir, com fumaças, vapores e contra-luz; o outro é colorido, uma cor das fotos Kodak que não se vêem mais, com vermelho, azul e amarelo nítidos; ou seja, em ambos há um capricho excepcional na fotografia.

Ambos têm um destaque como artista, um feminino Jack Lemmon, tão feminino como poderia ser uma dama, carregando carinhosamente Tony Curtis e Marilyn Monroe e, em Roda Gigante, Kate Winslet em monólogos enlouquecidos de ciúme e carência. Frases que nós todos já ouvimos, de perto, ou não, mas absolutamente cabíveis e geradoras de tensão.

Jack Lemmon é um capítulo à parte, parece uma tia solteirona e esbanja expressões, corporais, faciais, de todo o tipo.

Ambos os filmes rondam o crime, os mafiosos, mas um descamba para a comédia e o outro para o drama conjugal, familiar. Aliás, botar um garoto incendiário infernizando as boas almas foi uma pitada de ótimo tempero. Do mesmo jeito, quem temperaria melhor uma queima de arquivos, fazendo os herois entrarem numa orquestra feminina para fugir da situação? E quem botaria George Raft ironizando um aprendiz de gangster, que jogava moeda para o alto, um clichê repetitivo, logo ele, gangster histórico?

Em ambos, a falta de dinheiro é um fator determinante na vida dos personagens. Em ambos, pequenos roubos são realizados e encarados normalmente. Em ambos, há um sonho por uma vida longe dos problemas, em um a vida resolve; no outro, o problema ganha.

Olhando a produção dos diretores, Billy Wilder fez 27 filmes e Woody Allen, 54 até agora. Dois filmes de Woody Allen merecem destaque, por marcarem muito bem a transição entre filme e fantasia dentro do filme: A Rosa Púrpura do Cairo e Meia–Noite em Paris. Vi ambos apenas uma vez e não me parece que os veria novamente. Já o Escorpião de Jade e Os Trapaceiros, o filme da loja de rosquinhas vizinha ao banco, vi algumas.

Seria covardia comparar que diretor eu vi repetidas vezes. Só Quanto Mais Quente Melhor, umas 20. Testemunha de Acusação,10, Amor na Tarde, Sabrina, Stalag 17, Sunset Boulevard, Billy Wilder ganha disparado. Aliás, já que mencionei os filmes diferentes do outro, que tal lembrar que Sunset Boulevard começa com o narrador do filme falando já morto na piscina? Ou que os suprimentos do Afrika Korps (Cinco Covas no Egito) estavam enterrados embaixo de cada letra de EGYPT em um mapa? Quem enterraria suprimentos na areia do deserto? Só inteligências inferiores e assim Billy Wilder deu um tapa nos nazistas que o fizeram emigrar a tempo.


Tantas coincidências depois, que roda gigante é essa que me fez juntar dois filmes tão diferentes?

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

3084 - FM Biografia



O  BISCOITO  MOLHADO
Edição 5343 FM                           Data: 05 de janeiro de 2017

FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXV


BEETHOVEN, O GÊNIO
  
Ludwig van Beethoven era tido como um poeta-músico, o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo dramático e pela liberdade de expressão, admirado por ter sido uma pessoa que primava pelo equilíbrio, pelo amor à natureza e pelos grandes ideais humanitários. Era um compositor que escrevia música para si, sem estar ligado a um príncipe ou a potentados. Os críticos consideravam-no o maior compositor do século XIX, um dos poucos homens a merecer a adjetivação de gênio.
Sua obra foi vastíssima. Sua mais importante composição transcende todas as emoções, todas as comparações e constitui a confirmação de haver sido um real merecedor de ser aclamado como um gênio: foi a sua Sinfonia nº 9 em Ré Menor, em que, pela primeira vez, foram inseridas vozes com um coral e solistas, pois pretendia o compositor realizar uma exaltação dionisíaca da fraternidade universal com apelo à aliança entre as artes irmãs: a poesia e a música. É uma obra-prima inconteste, baseada no poema de seu amigo Friedrich Schiller “Ode à Alegria”, a que o próprio compositor fez a adaptação:
       “Alegria bebem todos os seres
         No seio da natureza:
        Todos os bons, todos os maus,
         Seguem seu rastro de rosas.
         Ela nos deu beijos e vinhos
         E um amigo leal até à morte;
         Deu força para a vida aos mais humildes
         E ao querubim que se segue diante de Deus.”
Beethoven começou a compor música aos 11 anos de idade, como nunca antes se houvera ouvido. A partir desse momento, a música jamais foi a mesma. Suas composições eram criadas sem preocupação, embora tenha ele vivido grandes momentos de crises relacionadas com a família (decepção com os irmãos e frustrado com o comportamento do sobrinho que adotara para criar), amores, desilusões e dificuldades financeiras. Entretanto, seus progressos foram notáveis, de tal forma que, em 1784, já era organista-assistente da Capela Eleitoral e, em pouco tempo, passa a ser violoncelista da Orquestra da Corte e professor, quando assume a chefia da família, devido à doença do pai, cantor e músico da Corte, que morre em consequência de alcoolismo. Ao verificar que o filho, já aos cinco anos, tinha tendência para a música, tentou fazê-lo “menino-prodígio”, obrigando-o a estudar longas horas por dia. A despeito dessa atitude paterna, reagiu, para escapar do papel, por ter forte personalidade. Sua vida artística pode ser dividida em três fases: Aos 21 anos, mudou-se para Viena, onde passou o resto de sua vida. Foi mandado estudar com Joseph Haydn, pelo Conde Waldstein, a quem dedicou algumas de suas obras, por ser seu protetor e grande amigo. O Arquiduque Maximiliano, da Áustria, subsidiou seus estudos. Em pouco tempo teve de retornar à Alemanha, para acompanhar os últimos momentos de vida de sua mãe, que morreu de tuberculose. Em Viena alcançou a fama e o brilho de grande improvisador ao piano; foi também onde teve seus primeiros contatos com os ideais da Revolução Francesa, com o Iluminismo e com movimentos literários românticos. Por volta de 1794, inicia-se a redução de sua capacidade auditiva, fato que o leva a pensar em suicídio. E, a última fase, os últimos dez anos de vida, quando passou a escrever obras de caráter mais abstrato.
Em 1801, o compositor afirma não estar satisfeito com o que produzira, pretendendo tomar “novos caminhos”, o que ocorre dois anos depois, quando surge a Sinfonia nº 3 em Mi Bemol Maior, denominada Eróica. A obra foi dedicada a Napoleão Bonaparte, que perdeu a homenagem, ao autoproclamar-se Imperador. A obra  passou a ser dedicada  ”À memória de um grande homem.” Foi considerada como o início do seu período Romântico, quando criou grande número de peças geniais, em que se incluem a mais conhecida, famosa e popular Sinfonia nº5 em Dó Menor e o Concerto nº 5, denominado Imperador.
Beethoven teve sete irmãos (três homens sobreviveram), um dos quais do primeiro casamento de sua mãe, morreu ainda criança, como suas três irmãs, do segundo casamento. Sua mãe era filha do Chefe de Cozinha do Príncipe Keverich da România. Foi um compositor do período de transição entre o Classicismo (século XVIII) e o Romantismo (século XIX). É considerado como um dos pilares da música Ocidental. Um dos seus biógrafos declarou, com profundo senso realista, não considerar heróis os que triunfam pelo pensamento ou pela força, mas exclusivamente os que são grandes pelo coração. E cita Beethoven como exemplo. E ele próprio, Beethoven, afirmara que, "A despeito de todos os obstáculos da Natureza, fizera o possível para se tornar um homem digno desse nome.” Transformou-se, com muito esforço, num dos maiores compositores eruditos. 
Beethoven nasceu em Bonn, Alemanha, a 16  de dezembro de 1770. Morreu  a 26 de março de 1827, em Viena, onde viveu grande parte de sua vida. Seu funeral foi acompanhado por uma multidão calculada em mais de 20 mil pessoas, entre as quais personalidades do mais elevado nível social e cultural. Entre estes, conduzindo uma tocha, o compositor Franz Schubert, que morreu no ano seguinte. O corpo foi sepultado ao lado do túmulo do seu amigo. Há controvérsias sobre a causa da morte de Beethoven, citando-se cirrose alcoólica, sífilis, hepatite e até envenenamento devido a excessivas doses de chumbo prescritas pelos médicos.