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O BISCOITO
MOLHADO
Edição 5272L Data: 24 de março de
2016
FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXIII
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“QUEM CANTA SEUS
MALES ESPANTA”
“A música popular me envolve,na
medida
de tensões e emoçõesque me
acontecem,
sejamsentimentais, sociais ou
mesmo obscuras.
E então canto porque me encanto,
Tem
dias que a gente sente que alguma
coisa precisa ou está para acontecer. Não é pressentimento, é o curso dos
fatos; a voz é passiva, desenham nosso destino; é a “Roda Viva”.
Vento
do mar no meu rosto vem do lazer
gratuito que a Natureza nos proporciona.É tudo o que se tem, sem tributo, sem ônus.
A calçada cheia de gente, em um ir e vir, parecendo bailar na “Valsa
de uma Cidade”.
Meu
coração, não sei porque fica fora do
ritmo e não bate feliz. Ressente, e o que nele era poético, passa a ficar
turvo. Perde a inspiração e deixa de ser “Carinhoso”.
O
homem que diz: - dou, não dá, e
todos me disseram isto e aquilo e todos acusaram todos e todos me enganaram.
Coitado de mim, que caí no traidor “Canto de Ossanha”.
Os
sonhos mais lindos, sonhei. Sonhei que as coisas se arrumariam e que dias
melhores viriam. Muitos também sonharam, mas viram seus dias se acabarem. E dou
conta de que meus dias, meses e anos também estão indo. E, como bobo, vivo numa
eterna “Fascinação”.
Se a
gente lembra, só por lembrar, que,
nesta terra, tudo o que se planta,dá; que filho teu não foge à luta, pode-se
perceber com imensa tristeza, que se trata de pura retórica, pois tudo
amarga “Qui nem jiló”.
Por
tanto amor, por tanta emoção, me
engajei, me filiei, fiz campanha, rompi com teorias caducas, numa esperança sem
fim. Hoje me contenho, vivo a um passo do extremo, penso duas vezes e, usando
bom senso, sou”Caçador de mim”.
Quem
acha, vive se perdendo. É assim que me
encontro, nesse desgoverno e nas opções que me oferecem. Então, clamo para que
os que estão dentro saiam, e os que estão fora não entrem. Faço isso em “Feitio
de oração”.
Vidas
que se acabam a sorrir, porque as lágrimas
já secaram, no lamentar perdido das ilusões. Sigo em frente, tateando por
caminhos escuros, diante de poderosos iluminados por “Luzes da Ribalta”.
Vai,
vai, vai começar a brincadeira, há políticos no poder a vida inteira, com discursos
demagógicos; há projetos fundamentados em asneiras; há mágicos
que somem com tudo. Nas esquinas, o povo faz malabarismos e, no dia a dia, anda na corda bamba. Os dirigentes fazem desse país
uma verdadeira gandaia, uma orgia só, uma baderna sem limites, enfim, O Circo.
É
pau, é pedra, o que vejo nos
embates de rua, numa luta feroz. Os que se antagonizam, empunham mastros sem bandeiras, têm os ideais
iguais, as mesmas arrogâncias, iras e inocências. Para esfriar nossos ânimos,
que venham logo e que nos lavemos nas Águas
de Março”.
Caminhando
contra o vento, contra toda
adversidade, na surdina ou ao megafone, com punhos erguidos ou algemados, vou à
cata de alguma “Alegria, alegria”.
Não
me iludo, tudo permanecerá
nessa desordem, bem organizada por combinações espúrias, jogando-nos uns contra
os outros, num litígio sem fim. Espero que surjam novas formas pacíficas de
convivência, transformando e ensinando o que há de melhor. E que apareça um
novo “Tempo
rei”.
Prepare
seu coração pras coisas que
se vislumbram para breve. As propostas que se oferecem são amargas
como fel e os vírus que pululam, desafiam os pesquisadores, com salários irrisórios, mas por seus bons princípios,
não fogem em “Disparada”.
Quando
o muro separa, uma ponte une –
deve ser este o sentimento a prevalecer. Não se suportam mais a omissão, o
descaso, o desrespeito de uma liderança ignóbil, que nos deixam em um eterno “Pesadelo”.
Sou
brasileiro, de estatura mediana,
mas desde criança padeço com falsas promessas. Vi gente de botas e
bombachas e a seguir me serviram um café
frio; chegou um doutor com estetoscópio no pescoço e até com vassoura na mão
vieram, ele e Eloá; bebendo amargo chimarrão, e dos pampas veio mais um. De um
dia para outro, aquartelaram-se muitos, com muitas armas e por muito tempo.
Houve quem chegasse cheio de planos e me mandasse fiscalizar; com pose de caçador,
o posudo que caçou o que era meu; depois, apareceu outro, por acaso. Agora,
imagine um mestre, com porte de príncipe, dizer que o que havia escrito estava
completamente errado... E, como desgraça pouca é bobagem, em uma onda de paz e
amor, conheci o horror – com enorme decepção vi se desprender do peito uma estrela
“de-cadente”. Estou farto de”Lero, lero”.
Podem
me prender, não vou parar de
cantar. Gritar gol não me alivia, torço contra, porque as vitórias no
futebol não mudam meu país. Não tem jeito, de jeito nenhum e eu não mudo de “Opinião”.
Quando
eu soltar a minha voz, por favor, me
entendam, me escutem, não deixem que me calem. É preciso mudar. É hora de
estancar o que ferve em nossos corações, que vivem”Sangrando”.
Ouviram?(...)
Leiam,
a seguir, os autores acima citados:
AUTORES CITADOS
RODA VIVA - CHICO BUARQUE
VALSA DE UMA CIDADE - ANTONIO MARIA
CARINHOSO -PIXINGUINHA / JOÃO DE BARRO
CANTO DE OSSANHA -BADEN POWELL / VINICIUS DE
MORAES
FASCINAÇÃO- F. D. MARCHETT I/ M.D.FERAUDY /
versão: ARMANDO LOUZADA
QUI NEM JILÓ - LUIZ GONZAGA / HUMBERTO
TEIXEIRA
CAÇADOR DE MIM - MILTON NASCIMENTO
FEITIO DE ORAÇÃO - VADICO / NOEL ROSA
LUZES DA RIBALTA - CHARLES CHAPLIN / versão:
FRANCISCO PETRÔNIO
O CIRCO - SIDNEY MILLER
ÁGUAS DE MARÇO – TOM JOBIM
ALEGRIA, ALEGRIA - CAETANO VELOSO
TEMPO REI - GILBERTO GIL
DISPARADA - THEO DE BARROS / GERALDO VANDRÉ
PESADELO - MAURICIO TAPAJÓS / PAULO CESAR
PINHEIRO
LERO – LERO - EDU LOBO
OPINIÃO - ZÉ KETI
SANGRANDO - GONZAGUINHA