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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

2015 - o corcunda da Guerra dos Cem Anos

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 3845 Data: 09 de setembro de 2011

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COMENTANDO OS E-MAILS

PARTE II

Acesso minha correspondência e topo com o “questionário da loura burra”. São perguntas, com respostas em múltipla escolha que, com exceção da última, iludem aqueles que imaginam que se trata de coisa parecida com “qual é a cor do cavalo branco do Napoleão?”. Eis as questões, primeiramente:

1) Quanto tempo durou a Guerra dos Cem Anos?

2) Em que país é fabricado o chapéu panamá?

3) Em que mês os comunistas russos celebravam a Revolução de Outubro?

4) Qual era o primeiro nome do Rei George VI?

5) As Ilhas Canárias, no Oceano Atlântico, têm seu nome tirado de que animal?

6) Quanto tempo durou a Guerra dos Trinta Anos?

Como a Rosa Grieco me emprestou a Bíblia de Mogúncia, posso bradar como ela:

“-Com a mão na Bíblia de Mogúncia!”, declaro que sabia que a Guerra dos Cem Anos durou mais do que uma novela mexicana, perdurou por cento e dezesseis anos; que o chapéu panamá não era fabricado no Panamá; que a Revolução Comunista, de outubro, aconteceu em novembro, no calendário gregoriano; que George VI era chamado de Bertie (Albert era seu primeiro nome); e que a Guerra dos Trinta Anos, entre as famílias York e Lancaster, durou três décadas.

Confesso que não sabia o período da Guerra dos Trinta Anos (de 1618 a 1648, depois de uma visitinha ao Google).

Na questão nº 5, responderia como as mulheres de cabelos dourados da piada: canário. Lendo as respostas, sou surpreendido: as Ilhas Canárias devem seu nome ao cachorro. E segue a explicação: o nome era Insularia Canaria, que, em Latim, significa Ilha do Cachorro.

Antes de passar a outra mensagem eletrônica, tenho de visitar de novo o Google, para saber o período da Guerra dos Cem Anos. Cá está: foi de 1337 a 1453.

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Não faltam e-mails alarmistas em minha caixa de correspondência. Semanalmente, chegam notícias sobre novos vírus que apagarão toda a memória do hard disk, levando meu computador a sofrer do Mal de Alzheimer. Novos golpes na praça aparecem sempre e, suspeito, até ensinam os malfeitores a praticá-los. Anteontem, deparei-me com um alarme que nunca vira: “Cuidado com a escolopamina”.

O que é “escolopamina”? Nem quis saber, limei a mensagem. Já basta me precaver com os males que são velhos conhecidos.

Um alerta que não enviam costumeiramente é sobre a conta de restaurante. Dez dias atrás, recebi um que, para enfatizar o cuidado que nós, fregueses de restaurantes, devemos tomar, trazia uma conta escaneada. Apareciam as bebidas e petiscos consumidos com os valores ao lado, e embaixo estavam os somatórios, R$173,20 e R$190,52, sendo que este último significava o acréscimo dos 10% do garçom. Então, viam-se, na mesma nota, os números de cada bem escrito a mão e a soma refeita: R$111,30. Um comensal atento não se deixou bigodear em mais de R$60,00.

O golpe da conta, segundo o denunciante, ocorre porque o garçom deixa, de má fé, um número na memória da máquina de calcular. Será isso? Eu mesmo já errei contra mim, em algumas ocasiões, porque julgava que a máquina de calcular estivesse zerada. Quanto à conta de restaurantes, já participei de grupos de almoço com desconfiados, calculistas e sovinas, de não deixarem passar um erro sequer. Aqui vão algumas passagens com eles:

Leandro Varella, o desconfiado, averigua o número de bolinhos de bacalhau, de tulipas de chope, enfim, de cada item computado pelo garçom. Depois de muita discussão, quando cada comensal quantifica o que comeu e bebeu, ele passa aos preços. Com Leandro Varella, passamos mais tempo pagando a conta do que almoçando.

Brito – quando o Brito está com a conta do restaurante nas mãos, ele tem pela máquina de calcular uma ojeriza comparável a de um vegetariano por um espeto de churrasco.

Certa vez, inadvertidamente, ofereci-lhe uma maquininha quando o garçom lhe entregou a “dolorosa”. Com um rápido movimento, ele afastou meu braço com o objeto que embota o nosso cérebro. Brito soma, multiplica, subtrai e divide de cabeça, chegando, quando é o caso, à dízima periódica. Sua fama, entre os amigos, superou a das calculadoras marcas Texas e HP.

Levy – este é um colega mais recente, que chegou ao meu trabalho depois de superar um concurso que derrubou mais de noventa e cinco por cento dos participantes. Não tem a mesma agudeza do Brito, no cálculo de cabeça, mas chega até a segunda casa decimal com impressionante exatidão e, em seguida, se torna inflexível. Por exemplo: se coube, pelo rateio, o pagamento de R$20,38, e alguém disser que vai pagar R$20,50, para arredondar, ele é peremptório:

-Já estou dando 10% ao garçom, vou pagar R$20,38.

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Recebi uma mensagem eletrônica que poderia se chamar “Tudo o que você gostaria de saber sobre a Catedral de Notre Dame, mas tinha vergonha de perguntar”.

Nos primeiros slides, aprendi que os agitadores da Revolução Francesa invadiram essa grande obra gótica da Era Medieval e não respeitaram algumas obras de arte que lá estavam. Com o correr dos slides, soube que a Catedral passou por uma reforma em regra.

- Estou sabendo mais sobre a Catedral de Notre Dame do que Quasímodo. - disse comigo mesmo, quando acessei o slide 70.

Não era exagero meu, pois, com a citada reforma, o Corcunda de Notre Dame, que se pendurava nos sinos que badalavam a ponto de ficar surdo, não reconheceria muita coisa por causa dos acréscimos que foram feitos.

Lá pelo slide 90, notei que estava com menos tempo para realizar uma tarefa que trouxe do trabalho para casa e para escrever mais uma edição do Biscoito Molhado.

No slide 100, veio a pergunta que não queria calar:

-Isto é uma mensagem ou é um livro eletrônico?

Confesso que, quando os detalhes arquitetônicos da Catedral foram mostrados, pulei páginas, ou melhor, slides, e fui ao final, onde recebi parabéns imerecidos por ter acompanhado todo o arquivo, neste corrido mundo globalizado.

Bem, li, como já registrei, o livro “Nossa Senhora de Paris”, de Victor Hugo, e também vi duas versões do filme “O Corcunda de Notre Dame”, uma com Charles Laughton e outra com Anthony Queen. E assisti ao desenho dos estúdios de Walt Disney, que deturpou a história do escritor francês. Saí do cinema achando o desenho tão absurdo quanto a Esmeralda, protagonizada por Gina Lollobrigida, que, estirada no chão, parecia que tinha saído de um salão de beleza, de tão bem aparadas que estavam suas sobrancelhas e cílios.

Depois, reconheci que o desenho de Walt Disney tinha o público infantil como alvo e, por isso, tinha mesmo de receber um final feliz.

Quanto ao tal e-mail, quase um e-book, sobre a Catedral de Notre Dame, voltarei a ele quando meu tempo estiver folgado, pois merece toda a atenção.

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