O BISCOITO MOLHADO
Edição 5354
FM Data:
1 de março de 2018
FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXV
RIO, MAIS UM ANO!
É hora de esquecer as mazelas que tumultuam a vida da cidade
– os assaltos nas ruas, as balas perdidas, os bandidos do tráfico de drogas, o
povo amedrontado, os assaltantes da coisa pública para tornarem-se ricos da
noite para o dia, os tais que envergonham a cidadania com as trapaças da
Operação Lava-Jato, pois hoje é dia de festa,
quando se deve celebrar o aniversário desta cidade espetacular, com uma
epifania em homenagem ao Rio de Janeiro, que merece todos os mais festivos cantos.
“Rio de Janeiro
Gosto de você...”
É ler cantando, que a cidade é um encanto,
louvada em canto pelos poetas, prosadores, seresteiros, cantadores e boêmios,
encantados pela magia que confunde, transforma, extasia, é só alegria, dia e
noite, em todos os meses, o ano todo. E agora, mais ainda, que tudo é festa,
para comemorar honrosos 453 anos de fundação, desde que aqui chegou o
capitão-mor Estácio de Sá com seus 150 expedicionários, vindos de Portugal para
recuperar a baía, tomada 10 anos antes por 500 franceses e 20 mil índios, seus
aliados, no dia primeiro de março de 1565. Ele desembarcou no istmo entre o
Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, logo ali, diante das praias do Flamengo e
de Botafogo. De uma paliçada defensiva armada, o fundador enfrentou os
franceses, liderados por Nicola Durand de Villegagnon, que se haviam
estabelecido com a pretensão de fundar a França Antártica, uma colônia, e a
cidade de Henriville. Aliaram-se aos Tamoios, conhecidos como Tupinambás,
expulsaram os Temiminós, que fugiram para outras plagas e baixaram em terras do
vizinho (hoje Espírito Santo), território sob domínio português, com os quais
fizeram uma aliança, que culminou na derrota dos atrevidos e
enxeridos franceses.
Daí, surgia na baía
da Guanabara a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Um pouco mais da
história conta que antes, lá pelo ano 1000, a maior parte do litoral do Rio de
Janeiro foi invadida pelos povos de língua Tupi, vindos das lonjuras da
Amazônia. Chegaram, terão gostado do clima, expulsaram os Tapuias. Para
esclarecer sobre as tribos, é bom dizer que, no início do século XVI, o
território do Rio de Janeiro era dominado, em sua maior parte, pela tribo dos
Tupinambás, também, chamados de Tamoios, que ocupavam a aldeia carioca. Os
Tupinambás eram maioria, apareceram de surpresa detrás de Paquetá, liderados
por Guaixará, principal de uma aldeia de Cabo Frio, formavam uma tropa que
ocupava entre 80 e 180 canoas. Cercaram os portugueses, que eram minoria e logo
viram que iriam ser derrotados e mortos, caso não recebessem socorro. Conta a
lenda que, em 13 de junho de 1566, São Sebastião teria visitado o Rio de
Janeiro, poucos o viram, senão alguns índios Tupinambás, durante a chamada
Batalha das Canoas. O Rio era ainda a vila velha, uma paliçada incrustada entre
o Pão de Açúcar e o Morro de São João, onde havia um casebre que fazia as vezes
de Igreja de São Sebastião. De lá saiu uma canoa pela baía, levada por
Francisco Velho, responsável pelo casebre, que logo foi cercado, a luta entre
índios e portugueses se desenrolava. De uma das canoas explodiu um barril de
pólvora. A explosão aterrorizou a mulher de Guaixará, que soltou um grito,
todos fugiram, foi um verdadeiro milagre, a batalha chegara ao fim. Depois, quando os portugueses já haviam
vencido, alguns perguntaram quem teria sido aquele soldado ataviado em uma
armadura, que saltava de canoa em canoa, lutando ao lado dos portugueses. Entre
as poucas testemunhas, uma delas conhecida: Martim Afonso de Souza, o
Arariboia.
Tenha ou não sido apenas lenda, no dia 20 de janeiro, o
santo foi transformado em Padroeiro da
cidade. Durante o século XVII, a cidade passou por desenvolvimento urbano, que
contava com uma modesta rede de ruelas, as quais davam às igrejas, ligando-as
ao Paço Imperial e ao Mercado de Peixes, à beira do cais, na hoje Praça XV. Dali, aos poucos, foram surgindo novas ruas,
o número de habitantes aumentava, chegando a 30 mil, na metade do século. Hoje,
segundo o Ibge, são 6,5 milhões. Com o desenvolvimento da economia, mormente
devido à indústria do açúcar, a cidade passou a ser a mais populosa do país, ganhando
importância fundamental para o domínio colonial, mais ainda com a chegada da
Corte Portuguesa, com d. João VI, em 1808.