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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4103 Data: 01 de janeiro de 2013
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CARTAS DOS LEITORES
“Carlos, bom texto. E eu, nele, só servi
para costurar costureiras, durante toda essa Segunda Guerra Mundial. Magoou.” Elio
Fischberg.
BM: Elio se reporta ao conto publicado na edição
2287, Em Paris, na Segunda Guerra Mundial. Não fique magoado,
Elio; sei que o Dieckmann tripudiou, anexando ao texto um arquivo com
incontáveis fotos da Linha Maginot, lugar em que você deveria estar, defendendo
a França, em vez de correr atrás das costureiras. É verdade que, ao
caracterizá-lo, eu me inspirei no escritor Medeiros de Albuquerque. Ele, em
Paris, aproveitando que as mulheres estavam carentes, pois os homens se
encontravam em guerra contra as forças do Kaiser, fornicou com várias delas.
Elio, na nossa próxima viagem pelo tempo, você terá
uma atuação heroica. Não fique magoado. (*)
“Impressionante, Carlos. A gente vê
fragmentos da história russa ao longo da vida e jamais deixa de se surpreender
com a magnificência que acompanhou os czares. As fotos são um impulso para a
imaginação e quase pude ver Catarina “farfalhando” suas anáguas pelos salões,
salas e corredores (acho que frequentava mais assiduamente esses últimos,
segundo a lenda, sem nenhum pudor...). Se não bastassem as ilustrações, temos a
música. Um deleite. E que venha 2013, estou com a “muleta” (pano vermelho do
toureiro) estendida e as bandoleiras na reserva, sem nenhuma intenção de
provocá-lo – mera manifestação de entusiasmo.” Abraço. Branca Euler
BM: a companheira do Dieckmann, nossa amiga Branca, se reporta ao e-mail
que lhe enviei com uma miríade de fotos do exuberante Kremlin.
A imperatriz Catarina da Rússia nos
induz a erros; eu, por exemplo, a julgava russa e soube, não faz muito tempo,
que era alemã. O próprio Millor Fernandes, com toda a sua sapiência e talento,
referiu-se a ela, no Pasquim, como “Catarina, a vaca”, como se ela fosse uma
Messalina. Ora, a grande imperatriz se correspondeu por cartas com o Voltaire e
convidou Diderot a visitá-la na corte.
Esposa do czar Pedro III, um homem
fútil, demonstrou incrível habilidade política, Aliou-se à guarda imperial que
obrigou o czar a renunciar e afastou do poder seu filho, tornando-se ela
absoluta no trono. A czarina tomou medidas no campo da educação e reformou
administrativamente o império, dividindo-o em 50 governos. Ela estendeu
consideravelmente o império russo, anexando a Crimeia, a Lituânia, a Ucrânia
Ocidental, a Bielorrússia. Colocou ainda no trono da Polônia, Estanistau
Poniatowski, um antigo namorado subserviente.
Seu reinado de 34 anos, 1762-1796, foi
acentuadamente frutífero para a Rússia.
Quanto ao Kremlin, bairro central e
antiga fortaleza na margem direita do rio Moscova, rodeado por uma muralha de 2,20 km , foi residência dos
príncipes de Moscóvia e, depois, dos czares da Rússia até 1718. Seus principais
monumentos, que vemos nas fotos citadas pela Branca, datam do reinado de Ivan
III (1462-1505):catedrais da Morte da Virgem (1475), da Anunciação (1484) e de
São Miguel Arcanjo (1505), de estilo russo-bizantino; além do Palácio das
Facetas (1487), em estilo italiano.
Deve-se ao czar Nicolau I, o Palácio das Armaduras, de 1838.
Residência dos czares até 1718,
repetimos, o Kremlin foi sede do governo comunista de 1918 a 1991.
Com quase trinta anos de poder, Stalin,
o ex-comissário do povo, desfrutou do luxo e riqueza do Kremlin mais do que
ninguém; aliás, políticos que brotam das massas populares sentem irresistível
atração pela abastança. Vide o caso atual do Brasil.
Quanto à música que se ouve enquanto se
aprecia a opulência do Kremlin, é o andante, segundo movimento do
concerto para violino e orquestra de Tchaikovsky. Um deleite, realmente.
Muito boa a metáfora, Branca, aguardaremos 2013 como
um toureiro que vai enfrentar um touro.
“Você leu no Ancelmo Góis de 31/12/2012,
que o Michel Levy, ex-dirigente do Flamengo, quase saiu no braço com Fernando
Sihman, marido da ex-presidente Patrícia Amorim e que a porrada não aconteceu
porque o Walter Oaquim, ex-vice de Relações Externas a evitou? E leu, na
continuação da notícia, que uma
testemunha afirmou que era a primeira vez que ele assistia a uma briga de
judeus apartada por um árabe?” - Daniel Barenboim
BM: Daniel Barenboim... Você é o maestro?...Se for, meus parabéns por
integrar judeus e árabes através da música. Vi a agitação que você provocou no
seu povo, em Israel, quando regeu a música de Wagner. O compositor alemão, como
pensador, era uma coisa (horripilante), e como compositor, outra (magistral).
Quanto à sua carta, acredito que nem o Elio Fischberg
já testemunhou uma briga entre judeus separada por um árabe. E depois dizem que
há coisas que só acontecem com o Botafogo.
“Não sei se você se lembra de mim, pois
sou mais ligado ao seu irmão Claudio, principalmente porque jogamos muito
futebol juntos. Vamos ao que interessa: o meu irmão mais velho chegou ao
generalato e, com lucrativas aplicações financeiras, fez um ótimo pé de meia.
Como ele não pode residir em duas casas na Barra da Tijuca ao mesmo tempo,
ofereceu-me uma das casas para eu morar desde que pagasse o condomínio.
Mudei-me para lá de mala e cuia, mas, quando soube do valor do condomínio,
quase caí estatelado no chão, era maior do que o meu salário. O que o consultor
financeiro do Biscoito Molhado tem a dizer?”- Otávio da Tota.
BM; Otávio da Costa, você continua gaguejando?... Procure um fonoaudiólogo
competente como o do filme “Discurso do Rei.”
Claro que eu me lembro de você desde a
minha infância na Rua Cachambi, quando você sempre procurava cortar,
sadicamente, as pipas que eu empinava. Também me recordo do seu irmão, com o
uniforme do Colégio Militar, que passava por nós de rosto austero sem querer
saber de bola de gude, pipa, bola de futebol, pião com fieira, ou de qualquer
brincadeira que nos agregavam.
Ele se tornou, então, um abonado militar e lhe propõe
morar na sua casa na Barra com um condomínio escorchante?... Otávio, volte
correndo para o Cachambi – é o nosso conselho.
“Você leu que a VEJA, citando as
personalidades que morreram em 2012, esqueceu-se do Altamiro Carrilho?” - Maurício
Carrilho.
BM:
Maurício, desde que me conheço por gente e assistia ao seu tio com a banda, na
TV Tupi, que eu julgo o Altamiro Carrilho imortal. O passar de tantos anos
consolidou essa impressão em
mim. Talvez , a VEJA pense como eu: ele não morreu.
E por hoje, é só.
(*) Será o
Elio um astronauta?
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