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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

2306 - o ataque aéreo ao Piratini

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4107                   Data: 05  de janeiro  de 2013
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FRASES ORIGINAIS E COMENTÁRIOS

Se é arte, não é para todos; e, se é para todos, não é arte.
Com esta frase, o compositor Arnold Schoenberg nega a arte popular. Ele foi, inegavelmente, um compositor que deixou a sua marca na história da música ao descobrir e desenvolver a técnica dodecafônica.
Não foi só Stravinsky a inovar no século XX com dissonâncias e (como denominou Claude Debussy) ritmos selvagens, Schoenberg também revolucionou a música do século passado e o próprio Stravinsky recorreu ao dodecafonismo em algumas das suas composições.
As plateias acostumadas com o universo musical que foi ampliado e transcendido por Bach, estranhou e continua estranhando esses doze tons de Schoenberg (já o estranhamento com a música de Stravinsky não durou muito tempo depois da arruaça que houve, em 1913, quando da estreia de A Sagração da Primavera.
Além do criador do dodecafonismo, Alban Berg e Anton Webern exploraram esse método de composição, na mesma época e muitos musicólogos consideram Alban Berg o mais inspirado dos três.
Por que a arte teria de ser apenas para uma elite? Claude Debussy, já citado aqui, cogitou de compor apenas para um grupo seleto, mas as grandes plateias se impuseram, queriam ouvir a sua música; compositores de jazz e músicos populares, como Antonio Carlo Jobim, foram influenciados pela criação de Debussy.
A nosso ver, metade da frase de Arnold Schoenberg está errada, a outra, sim, está correta: “... se é para todos, não é arte.”


Apenas acredito nas histórias cujas testemunhas estivessem dispostas a deixar-se degolar.
Esta frase de Pascal veio a calhar no momento em que termino de ler “1961 O Golpe Derrotado” de Flávio Tavares. Colocando Che Guevara acima de todos, o escritor se pôs ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, desde a primeira hora, quando os resistentes ao golpe, que impediria a posse do vice-presidente João Goulart,  formavam um exército  Brancaleone.
Mas logo Brizola confiscaria a Rádio Guaíba e, através dela, com o seu discurso inflamante, trouxe o povo gaúcho para o seu lado, para o que denominava Campanha da Legalidade.
O III Exército, o mais numeroso em soldados, comandado pelo General Machado Lopes, após marchas e contramarchas, aderiu ao governador.
Flávio Tavares se reporta a um depoimento dado a um jornalista pelo escritor Osvaldo França Júnior que, na época, tinha 23 anos de idade e era tenente-aviador. Disse ele, que pertencia a um esquadrão de caças a jato que recebera a ordem de pulverizar o Palácio Piratini com Brizola, familiares e seus defensores. Essa missão cabia a dezesseis pilotos num jato britânico, chamado na FAB de F-8 (*), que carregaria bombas de 250 libras e quinze foguetes; cada avião transportaria quatro bombas.  Indagado se obedeceria tal ordem, Osvaldo França Júnior, que seria cassado em 1965, respondeu que sim, que seguia cegamente a disciplina militar.
O bombardeio foi abortado porque alguns sargentos esvaziaram os pneus dos dezesseis caças a jato, retiraram os petardos e sumiram com as bombas de inflar pneus.
Este é um caso, mas houve outros que concorriam para uma guerra civil sangrenta no Brasil.
Reportando-nos à frase de Pascal, Flávio Tavares, sem a menor dúvida, era uma testemunha que se deixaria degolar, acredito nas mais de duzentas páginas que redigiu sobre esse momento dramático da história do Brasil, mas quanto à sua análise sobre os fatos, a conversa é outra.
João Goulart, ainda no exterior, é receptivo à costura política levada à frente por Tancredo Neves, o que significaria a sua posse na Presidência da República sob o regime parlamentarista.
João Goulart analisou o momento presente em que teria de evitar um derramamento se sangue de proporções inimagináveis entre brasileiros. É possível também que tenha previsto que logo obteria os poderes de presidente, o que aconteceu.
Flávio Tavares, com os outros radicais que formaram a Campanha da Legalidade, demonstra a sua frustração, a sua decepção, porque João Goulart, chegando ao Rio Grande do Sul, vindo do Uruguai, não discursou ao povo; porque ele aceitou o acordo dos políticos de Brasília.
Ele escreveu o seu livro com a mente votada para 1964, ou seja, já sabendo que a oportunidade que houve para o Brasil se tornar uma imensa Cuba foi em 1961. Vade Retro.
Cabe aqui contar um almoço que eu tive com um amigo que participou do governo do presidente João Goulart. Talvez assustado com os meus elogios exagerados à oratória do Carlos Lacerda e ao seu desempenho administrativo como governador do Estado da Guanabara, fez-me um pedido antes de nos despedirmos, que eu não falasse mal do João Goulart, que não escrevesse críticas contra ele. Prometi que não o faria e ele me abraçou.
Era uma promessa fácil de cumprir. João Goulart demonstrou, na vida pública, que a sua generosidade sempre ficou acima da sua ambição pelo poder. Quanto ao seu cunhado... 

Louis Antoine Henri de Bourbon-Condé, o duque d' Enghien, foi o último descendente da antiga e poderosa casa de Condé.
Como era tradição da Casa de Condé, entrou para a carreira militar em 1788 com dezesseis anos.
Com a Revolução Francesa, ele, como muitos da alta nobreza, saíram do país. Ele se incorporou à Armée des Emigrés (Exército dos Emigrados), que se formou no além-Reno, em território dos principados alemães, sob o comando do seu avô Louis Joseph de Bourbon. Como oficial da cavalaria, o duque d' Enghien participou de uma tentativa malograda de invasão da França.
Em 1801, esse exército foi dissolvido por imposição do Tratado de Lunéville.  Ele se instalou, então, em Ettenheim, nas margens do Reno, no Grão-Ducado de Baden.
Em 1803, Napoleão Bonaparte foi sabedor que um atentado contra a sua vida estava sendo tramado. Resolvido a aplicar uma punição exemplar nos conspiradores, acionou o temível Joseph Fouché, ministro que comandava as polícias francesas. Ele juntou uma força de três brigadas de gendarmes e 300 soldados da Companhia de Dragões; cruzaram secretamente o Reno, penetrando em território alemão e raptaram o duque d' Enghien, levando-o para Vincenes.
Apesar das súplicas de Joséphine Bonaparte e da Madame de Rémusat, para poupar a vida do jovem aristocrata, Napoleão permaneceu inabalável: o representante de uma das mais ilustres  famílias da França  tinha de ser executado. Depois de ouvir a sentença de morte às 4 horas da manhã, o último dos  Condé foi fuzilado meia hora depois.
Ao saber desse acontecimento, Talleyrand pronunciou uma frase que se tornou célebre.
Aquilo foi mais do que um crime, foi um erro.
A repercussão do fuzilamento nas relações externas do Império foram, evidentemente, péssimas.
Recuando alguns séculos, quando a França e a Inglaterra eram figadais inimigas numa guerra que durou 116 anos, chegaremos a Joana d' Arc. Os ingleses, condenando-a a morrer queimada, deram uma santa à França. Aqui também se aplica a frase de Talleyrand.

(*) O jato inglês chamado F-8 era o Gloster Meteor, o primeiro caça a jato inglês. Os alemães, na II Guerra Mundial, estavam à frente dos aliados e botaram nos céus dois ou três tipos de aviões a jato em quantidades razoáveis. O mais famoso foi o Messerschmitt Me-262 e como o Gloster Meteor ficara operacional antes do fim da guerra, muita gente queria ver um combate entre eles. Os ingleses deixaram os americanos, com seus P-51 Mustang movidos a hélice e motor a explosão, enfrentando os Me-262 e não encararam a fera.
Isto foi sábio, pois o Meteor não ficou exposto a um possível vexame, a guerra terminou do mesmo jeito e os ingleses venderam centenas de Gloster Meteor, logo após a guerra, antes dos americanos colocarem seus primeiros caças a jato no mercado. Entre os compradores estavam forças aéreas sul-americanas, tipo argentina, brasileira, ávidas por estarem no primeiro time da aviação.
Não dá para saber se o Gloster Meteor teria sido um bom avião. Entrou na Guerra da Coréia (1950), mas foi logo retirado de cena, pois não era páreo para os Mig-15 que parecem ter sido copiados de um projeto alemão não fabricado, o Focke-Wulf 183. Tudo leva a crer que no suposto bombardeio poderiam ter algum êxito, já que não haveria oposição aérea, porém nada que pudesse efetivamente ser considerado pulverização, pois ataque aéreo com 16 aviões no meio de uma cidade, só faz barulho. Por falar nisso...

Aqui no Brasil, os Gloster Meteor fizeram inúmeras exibições, várias assistidas pelo Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO. Uma delas foi relatada após uma partida single na máquina do tempo habitualmente tripulada por Elio e Biscoito. O barulho dos seus motores a jato puro jamais será esquecido.

Seguem algumas informações da Wikipédia e se alguém quiser ver como os Gloster Meteor eram bonitos, basta clicar em

ou em http://www.acervojeanmanzon.com.br/ - escolher VIDEOS e o filme  A GRANDE MISSÃO DA FAB. Como tudo do Jean Manzon, excepcionalmente bem fotografado e sucinto.

(The swept-wing MiG-15 quickly proved superior to the first-generation, straight-wing jets of western air forces such as the F-80 and British Gloster Meteor, as well as piston-engined P-51 Mustangs and Vought F4U Corsairs
Military operators
  • Argentine Air Force ordered 100 F.4s in May 1947, comprising 50 ex-RAF aircraft and 50 newly built.[43] Deliveries started in July that year,[67] the Meteor remaining in service until 1970, when the last examples were replaced by Dassault Mirage IIIs.[47]
  • Belgian Air Force received 40 aircraft of F.4 variant, 43 of T.7 variant, 240 of F.8 variant and 24 aircraft of NF.11 variant.
  • Brazilian Air Force received 62 aircraft in F.8 and TF.7 variants.
  • 2°/1°GAvCa
  • 1°/1°GAvCa
  • 1°/14°GAv
  • Royal Canadian Air Force — from 1945 to 1950, one Meteor III and Meteor T.7 were used for tests and evaluation by the RCAF.
  • Royal Danish Air Force20 F.4/F.8, 20× NF.11 and 6× T.7 in service from 1949 to 1962, replaced by 30 Hunter Mk 51 since 1956.
  • Luftwaffe – Meteor TT.20 target towing aircraft.


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