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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

2293 - falou, disse e deu certo 2

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4093                    Data: 17 de dezembro de 2012
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FRASES ORIGINAIS E COMENTÁRIOS
PARTE III

Henrique de Navarra tinha direito à coroa francesa, mas era protestante num país dividido por guerras religiosas com os católicos, que tinham o reforço dos espanhóis.
A Liga dos católicos era tão influente que obrigou Henrique de Navarra a recuar para o sul da França e proclamou seu tio, o Cardeal de Bourbon, como o rei Carlos X. Uma proclamação que não saiu do papel, pois ele era prisioneiro do sobrinho. Houve quem aventasse a infanta Isabel Clara Eugénia, filha do rei de Espanha Felipe II, para o trono francês, o que suscitou dúvidas de a Liga representar os interesses espanhóis.
Henrique de Navarra obtinha êxito nas armas, mas não conseguia entrar em Paris para ser declarado o rei de fato. A capital estava inundada de guerreiros espanhóis unidos aos católicos franceses e as batalhas fratricidas já causavam mais de 40 mil mortos.
Entendendo que sem se converter ao catolicismo ele não seria aceito em Paris como o Rei Henrique IV de França, ele se converteu à religião católica proferindo uma frase que se tornou célebre:
Paris bem que vale uma missa.
Vai ela também em francês antes que a Rosa Grieco nos desanque:
“Paris vaut bien une messe.”
Algo parecido aconteceu, não no campo político-militar, mas no musical. Falamos do grande maestro e extraordinário compositor Gustav Mahler. Em 1891, ele ambicionava um cargo na Ópera da Corte de Viena, mas era judeu e os católicos influentes, como Cosima Liszt, viúva de Wagner (não precisa dizer mais nada) não o aceitavam; Gustav Mahler tornou-se, então, católico e obteve o cargo. Ele poderia parodiar o rei de França e dizer que a Ópera de Viena bem que vale uma missa.

O estereótipo da loura burra que inspira mil piadas até hoje surgiu, se não me engano, com a Marylin Monroe. Portadora de débito de atenção, que se acentuou com os psicotrópicos que tomava, levava os diretores de cinema e seus colegas de filme ao desespero. Billy Wilder conta que, nas filmagens de “Quanto mais quente melhor”, ele avisou a Tony Curtis e a Jack Lemmon que acertassem sempre, pois a cena que a Marylin Monroe não errasse seria a que iria para as telas.
Nas memórias do Laurence Olivier que li, numa péssima tradução, ele, um ator shakespeariano de disciplina britânica, desabafa a sua raiva, quase ódio, pela atriz, devido à sua irresponsabilidade com os horários e a memorização dos textos, quando a dirigiu em “O príncipe e a corista”, além de atuar. Durante anos, ele não quis saber do filme, que tão más lembranças lhe traziam, mas um dia, com um grupo de amigos, resolveu revê-lo, e todos ficaram subjugados pelo charme da Marylin Monroe.
Era ela uma loura burra?
Marylin é autora de frases inteligentíssimas como a que segue:
Se você não sabe lidar com o meu pior, então, com certeza, você não merece o meu melhor.

 Fiquemos agora com Groucho Marx, para não sairmos do mundo de Hollywood. Quanto à sua inteligência, ninguém duvidava, tinha um espírito aguçadíssimo. E quanto à sua cultura? … Numa frase, ele contou como a adquiriu:
Para mim a televisão é muito instrutiva; quando alguém a liga, corro à estante e pego um livro.
Poucos lutam por uma televisão com programação cultural, mas muitos afirmam que seria uma chatice, preferem o entretenimento. Os empresários, como visam o lucro, ficam com a maioria.
O debate agora mitigou com as televisões de canal a cabo. Eu tenho acesso, por exemplo ao canal Film & Arts, que me satisfaz em termos de óperas, concertos, documentários sobre maestros, cantores, etc. Que a televisão comercial fique com programas como os animados pelo Sílvio Santos que tanto divertem as pessoas, mormente idosas, que mal conseguem sair de casa.
Groucho Marx, evidentemente, se referia à televisão americana, que, muitas vezes, é copiada pela nossa. Alguém poderia se intrigar com o fato de o povo americano receber melhor educação escolar que o brasileiro. Continuaremos com esse raciocínio no parágrafo que diz respeito a uma frase de Bernard Shaw.

O americano, generalizando, recebe uma aprendizagem muito específica, há muitos que se formaram em universidades, em determinada matéria e pensam que Buenos Aires é a capital do Brasil. Cá, no Brasil, o ensino é enciclopédico. Eu, por exemplo, estudei a reprodução das minhocas, os tipos de sementes, a fotossíntese e muito mais, e não me arrependo. É evidente que há americanos com formidável cultura, mas, repetindo com outras palavras; a maioria estuda apenas o que ele vai colocar em prática.
O europeu possui mais cultura geral , creio eu.
Não sei se Bernard Shaw pensava nos estadunidenses quando disse:
O homem especialista é um homem que sabe cada vez mais sobre cada vez menos, e por fim acaba sabendo tudo sobre nada.

Eu me recordo de um programa sobre futebol, numa emissora do Rio de Janeiro, de segunda a sexta-feira, em que o chefe da equipe sempre o iniciava dizendo que não tinha rabo preso com ninguém, que era honesto, independente para emitir opiniões sobre tudo, etc, etc., enfim, era o  que os antigos chamavam de homem de caráter ilibado e de moral sem jaça.
 Sobre tanta jactância de honestidade, um radialista de uma emissora rival perguntou se isso não era a obrigação de todo o cidadão.
Quando li “Os trabalhadores do Mar”, de Victor Hugo, me surpreendi com o personagem que honrava todos os seus compromissos e que, depois, de consolidar a sua fama de homem corretíssimo, praticou um grande golpe.
Essas palavras me vieram por causa de um discurso do General Montgomery diante do Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha e sua reação. Disse o General Montgomery que não fumava, não bebia e não prevaricava. Churchill ouviu e comentou:
Eu bebo, fumo, prevarico e sou o chefe dele.

E vamos encerrar essa edição com o filósofo chinês Confúcio.
Aprender sem pensar é tempo perdido.
Uma grande verdade. Uma pessoa cujo cérebro não processa as informações que lhe chegam pode se tornar perigosa, pois possui vasta argumentação para defender a estupidez.


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