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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

2074 - balançou, dançou

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 3874 Data: 31 de dezembro de 2011

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ABERTO PARA BALANÇO

O Biscoito Molhado começou o ano de 2011 no número 1845 e termina, agora, no número 2074. Foi da edição 3645 a 3874, o que significa 229 números editados neste ano (escrevo em 2011, ainda).

Tirante eu, apenas a Rosa Grieco – acredito – leva a sério os números das edições. Certa vez, manuscreveu uma carta em que registrou números que se confrontavam com a realidade. Escrevi, então, em outro Biscoito Molhado que lhe chegou as mãos que não se preocupasse, pois os erros cometidos na numeração seriam descobertos, mais cedo ou mais tarde, e logo corrigidos. Como ela costuma citar o número das edições que comenta, nas suas cartas, não se convenceu e exigiu, de maneira sutil, que eu ficasse mais atento.

O diabo é que um erro desses gera um desacerto em cadeia. Não sei precisar os valores precisos, mas as edições, durante boa parte deste ano, saíram com números errados durante uns 4 meses. Em novembro, eu notei, comparando números de exemplares com edições, que havia uma discrepância de 30 edições a mais. A quem culpar?... Não posso culpar o Dieckmann, porque ele só distribui o Biscoito. Também não posso culpar o Elio Fischberg, porque ele só faz a revisão. Nessas horas, é melhor ser político do que jornalista, pois na política você sempre tem alguém a mão para lançar a culpa.

Não existe remédio: tenho de procurar onde está o erro. Encontrá-lo é o segundo maior aborrecimento, pois sou obrigado a acessar, no arquivo do computador, cada exemplar que foi às bancas em 2011. Achado o erro original, vem a chatice maior: corrigir a numeração de todos os exemplares subsequentes.

-Uma estopada! - dizia-se no Brasil antes de os chatos aparecerem nas roupas íntimas e nos dicionários com outros termos correlatos, como chatice.

-Uma seca! - dizia-se em Portugal.

Perguntará um leitor do Biscoito Molhado que aprecia a lógica dos filósofos antigos da Grécia:

-Por que o número deste jornalzinho é diferente do número da edição?

Já expliquei uma vez, mas não custa repetir: o número de edições contabiliza todas as publicações, enquanto o número, propriamente dito, os exemplares pós-empastelamento, quando, então, alteramos a nossa linha editorial.

Mal comparando: o Barão de Itararé editava o jornal “A Manha”. Um dia, a polícia do Estado Novo invadiu o jornal e ele teve de colocar em destaque, na redação, a tabuleta ENTRE SEM BATER. Nós editamos 1.800 jornais sem essa tabuleta, mas depois do empastelamento ...

Uma das minhas resoluções para o ano 2012 é não cometer mais esse tipo de erro em cadeia. A Rosa poderá citar, então, sem sustos o número da edição do Biscoito Molhado, e eu, consequentemente, não me xingarei por mais um erro de percurso.

Bem, neste ano de 2011, os leitores continuaram a se manifestar através de mensagens eletrônicas e manuscritas; os escritores defuntos não deixaram de vir à minha casa; os Sabadoidos se firmaram de tal maneira que aconteceram até em outros dias da semana; os almoços, mesmo não alcançando o esplendor gastronômico do Banquete de Trimalquião, descrito por Petrônio, ocorreram. Ratinho se fez presente nas reportagens internacionais, como nos 10 anos do ataque ao World Trade Center, na morte do ditador Muamar Kadafi, etc, etc,... No momento, Ratinho treina choro com carpideiras de novela para ficar em condições de ir a Coreia do Norte e cobrir o funeral do ditador Kim Jong-il.

Anotamos reclamações, em 2011, e pretendemos atender a algumas delas em 2012. Reclamaram, por exemplo, que só desce na sessão espírita do Biscoito Molhado escritores, o que possibilitaria a entrada do Ibrahim Sued, mas não a de Sócrates. É verdade, Ibrahim Sued escreveu “20 Anos de Caviar”, enquanto o grande filósofo não escreveu sequer “1 Minuto de Cicuta”. Platão, como sabemos, repercutiu as ideias do mestre. E Platão, caso aceite o nosso convite, virá ao Biscoito Molhado expor seus pensamentos, e não falar como ghost writer do Sócrates.

Outros leitores tem que, com tantos escritores mortos me visitando, eu me torne um médium e lance romances póstumos. Lembram esses leitores a crítica que o pai da Rosa fez aos livros de Victor Hugo, Humberto de Campos e outros espíritos que foram lançados por médium: “a qualidade do estilo dos escritores caem consideravelmente depois que eles morrem”. Bem, a frase não é exatamente esta, mas o sentido, sim, talvez a Rosa se recorde palavra por palavra.

Mas em 2011, visitaram-nos Carlos Lacerda, Tolstoi e sua filha Tatiana, Manuel Bandeira, Drummond, Oscar Wilde, Bram Stoker, Mary Shelley, Fernando Pessoa, Beaumarchais, Laurence Olivier, David Niven, Norman Mailer, José Bonifácio, Otávio Tarquínio, Gonçalves Dias, Alexandre Herculano, Bernard Shaw, Vinícius de Moraes, Plínio Doyle, Charles Chaplin, Otto Lara Resende, Nélson Rodrigues, Mario Del Monaco, Moacir Scliar, Mário Henrique Simonsen, Jane Austen, Roberto Campos, Selma Lagërlof, Anton Tchekhov.

Cá estiveram políticos, economistas, atores de teatro e de cinema e até um cantor de óperas (e que cantor!). Todos que seguiram uma das três recomendações de Platão, escrever um livro – não me importei se plantaram árvores e fizeram filhos – cá estiveram. Mas, como registrei, em 2012, mortos sem livros serão aceitos (afinal, a Academia Brasileira de Letras já os tem recebidos há décadas.

Em 2011, também dedicamos muitas páginas aos taxistas. Pelo Biscoito Molhado transitaram Bob Esponja, Gaguinho, Paizão, Machado, o Dedão do Arqueiro Inglês, Meu Nobre, o Cunhado da Ivete, o Botafoguense, o Flamenguista e outros. Com eles, passei pelos grandes pintores e escultores do século XIX e início do século XX (ruas Van Gogh, Rodin, Braque), até ficar no segundo poste, depois de dobrar a esquerda da rua Sisley, na Modiglian.

E os almoços, que são uma espécie de coluna social deste periódico?

Em 2010, Luca, no restaurante Alentejano, na minha companhia e a do Elio Fischberg, sobraçando o livro do Caetano Veloso, “Verdades Tropicais”, lançou o almoço performático: recitou poesias, cantou, leu petições e criticou trechos do livro, para não perder a embocadura. Não cantou sozinho, Elio formou um dueto, enquanto o flautista boliviano do Buraco do Lume fazia o acompanhamento. Na ocasião, os leitores, capitaneados pelo Dieckmann, criticaram o repertório depressivo.

No início de junho de 2011, foi agendado outro almoço com o trio. Fomos eu e o Luca até o Alentejano, num dia em que ele tinha ganhado no jogo do bicho, na Cidade Nova (que a delegada Marta Rocha não nos leia), mas o Elio não apareceu.

Alguns meses depois, novembro, precisamente, houve o almoço de aniversário do Dieckmann, no El Gebal e foi a vez de o Tio Frank fazer o papel do João Gilberto. Apareceu, no entanto, o Carlos Alberto Torres que, até então, eu julgava que era o capitão do escrete de 1970.

Bem, até o momento, este é o balanço do ano que se vai.

Um comentário:

  1. Sr. Distribuidor,
    Artigo falando em paparazzo e cinema, entendo obrigatório ao menos um paragrafo de Fellini sobre La Dolce Vita e um dos personagens do filme, o fotógrafo Signore Paparazzo, que deu origem ao termo paparazzo.
    CAT

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