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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

2088 - o idiota e a cantora

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 3888 Data: 24 de janeiro de 2012

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UM SABADOIDO COM TEMAS VARIADOS

PARTE II

Caminhando para mais uma sessão do Sabadoido, levei às mãos à cabeça, porque esquecera de acessar o último filme do Dieckmann. Eu tinha, porém, uma atenuante: meu sobrinho, na minha hora no computador, ficou mais tempo do que eu com o rato na mão.

Saudei o Vagner, ausente no último sábado, que mostrava boa aparência. Ao me ver, Luca retomou a história trágica que, do quarto do Daniel, eu ouvi entrecortada.

-Carlinhos, você conheceu o Manoel do bar da Subarbana?...

-Acredito que sim.

-Não vou contar a morte dele agora, de tão terrível... A mulher dele era gêmea...

-Era o quê? - interveio tempestivamente o Vagner.

-A mulher do Manoel tinha uma irmã gêmea que sentia tudo que a outra sentia. Se ela estava com dor nas costas, a mulher do Manoel também estava; se tinha uma coceira no pé, a outra também tinha.

-Mesmo longe uma da outra? - perguntei.

-Isso eu não sei responder. - confessou o Luca para, em seguida, prosseguir.

-A cunhada do Manoel arrumou um homem; não demorou muito, e o sujeito já estava indo para a cama com as gêmeas. Manoel caiu em depressão, foi para a linha férrea lá pelos lados da Igreja do bispo Edir Macedo, deitou-se, e um trem passou por cima dele.

-Que coisa! - lamentei.

-Carlinhos, falavam que Nélson Rodrigues tinha a mente doentia.

-Isso é puro Nélson Rodrigues – concordei com o Luca.

-Por isso, ele foi o maior dramaturgo brasileiro. - concluí.

Com uma crônica do Ruy Castro na mão, Luca passou para um assunto mais ameno.

-Ruy Castro escreveu que, na saída do cinema, após a exibição do “Agamenon, o Repórter”, Fernando Henrique Cardoso mostrou tal aisance, que deixou a impressão que Agamenon existia.

Em seguida, Luca se penitenciou:

-E eu telefonei para o seu trabalho, ontem, Carlinhos, falando tudo errado. A palavra é aisance, e significa desenvoltura.

-O filme é uma porcaria. - portou-se meu irmão como Oswald de Andrade ao falar do livro de um desafeto: “Não li e não gostei.”

-Não são todos a esculhambar o filme.- contemporizou o Luca.

-Eu pretendo assistir ao Agamenon. - interveio o Vagner.

-Criticam também a fita do Nélson Pereira dos Santos sobre o Antonio Carlos Jobim. - provoquei.

-Escreveram que o documentário sobre o Vinícius de Moraes foi bem feito, mas que, no Tom Jobim, se limitaram a mostrar apenas uma sucessão de artistas interpretando a sua obra. - manifestou-se o Cláudio.

-Eu, que adoro as composições do Tom Jobim, vou gostar muito. - garantiu o Luca.

-O filme é o que os americanos chamam de patchwork, um remendo. Pedaços costurados de exibições da obra de Tom Jobim. - atalhei.

-Isso mesmo.- concordou o Luca.

-E o Caetano, na crônica dele sobre os 30 anos da morte da Ellis Regina, pretendendo compará-la à irmã? - tentei, outra vez, provocar uma polêmica

-Ellis Regina lançou alguns artistas...

-Luca, quem lançou muita gente foi a Nara Leão. - aparteei.

Com uma ênfase um tanto exagerada, meu irmão tomou a palavra:

-Nara Leão lançou Chico Buarque, Ivan Lins, Zé Kéti...

-... os compositores da Bossa Nova, apesar da voz pequena. - acrescentou o Luca.

Cláudio prosseguiu:

-A Ellis Regina estava programada para substituir a Cely Campelo, tanto que ela gravou LP que, depois, desconsiderou.

-Os cantores, antes de se firmarem, imitam alguém. - declarou o Luca.

-Descobriram, depois, a garganta que a Ellis Regina possuía e a história mudou.

-Cantava muito. - disse o Vagner depois da minha fala.

-A Dilma Rousseff perdeu o namorado, no tempo de guerrilheira, para a Bete Mendes. - lancei o mote para ser desenvolvido pelos integrantes do Sabadoido.

-Carlinhos, a Bete Mendes, antes desse problema glandular que a engordou, era um mulherão. - interveio o Cláudio.

-Sei disso, quando a vi nua, no “Eles Não Usam Black-Tie”, estremeci na cadeira do cinema. - falei.

-Um mulherão! - exclamou o Vagner.

-Hoje, o comilão da esquerda está sossegado, almoça, como amigo, com a Dilma que, por sua vez, ficou assexuada.

-Carlinhos, quando nós formos embora, eu lhe entrego as cartas da Rosa. - falou o Luca uma oitava abaixo.

-O PT expulsou a Bete Mentes, o Aírton Soares e o José Eudes, porque eles votaram no Tancredo Neves. - rezingou meu irmão.

-Vocês viram esse servidor que não foi atendido por um hospital, em Brasília, e morreu? - perguntei.

-Isso terá desdobramentos, porque ele era um servidor público com cargo importante e a Dilma pediu que o caso fosse apurado. - ressaltou o Claudio.

-Há o fato de ele ser negro; talvez houvesse racismo. - considerou o Luca.

-Ouvi no rádio que o plano de saúde dele era GEAP.

-É o da mamãe, Carlinhos.

-Ela herdou do seu pai?

-Sim.

Depois dessa rápida troca de perguntas e respostas entre o Luca e o Cláudio, retomei a palavra.

-Não sei como é em Brasília, mas no Rio de Janeiro, o GEAP não é um plano que se destaque. O doutor Jerônymo tem o GEAP, passou por uma cirurgia de câncer da pele em que perdeu uma vista. O hospital em que foi operado é excelente, Alberto Schweitzer, mas parece que é o único do GEAP, pois ele se deslocou da Barra da Tijuca para Realengo.

-É muito chão. - concordou o Vagner.

-O Alberto Schweitzer recebeu os feridos por aquele maluco, na Escola Tasso da Silveira e eu não soube de nenhum que tenha morrido. - frisei.

-E o estupro que houve no Big Brother Brasil? - mudaram de assunto.

-A polícia deveria aproveitar e fechar aquela casa. - afirmei.

-Carlinhos, eu não vejo esse programa, mas ele existe em todo o mundo. - contemporizou o Luca.

-Aquilo é putaria.

-Justamente, Claudiomiro. - apoiou-o o Luca.

-Desde que se configurou um crime, o programa tinha de acabar. - insisti.

-Na TV aberta, não apareceu nada. Viu-se alguma coisa nesses canais pagos, onde há filmes pornôs. - argumentou o Luca.

-Um colega meu, do trabalho, assistiu a tudo pela internet. O camarada fornicou com uma mulher inteiramente inconsciente pelo álcool. - falei.

Nesse instante, Vagner apresentou maiores detalhes sobre essa ocorrência que provocou uma forte reação dos internautas e redundou na expulsão do estuprador.

-Luca, você se lembra, lá pelo início da década de 70, de um grupo de poetas que divulgava uma nova poesia e rasgou os versos do Drummond, do Manuel Bandeira, da Cecília Meirelles, na escadaria do Teatro Municipal?... O Nélson Rodrigues desancou esses “poetas” numa das suas crônicas...

-Mais ou menos, Carlinhos.

-Um desses idiotas era o Pedro Bial.

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