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O BISCOITO MOLHADO
Edição 3875 Edição: 01 de janeiro de 2012
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O ÚLTIMO SABADOIDO DE 2011
Defronte do computador do Daniel, ouvi a voz longínqua do Vagner falando mais uma vez da sua dúvida quanto à duração do “Bolero” de Ravel.
Já contei para ele a reclamação que Maurice Ravel levou ao Arturo Toscanini, porque este acelerou muito os andamentos, na sua leitura da obra, o que mereceu uma réplica atrevida do temperamental maestro: “O senhor não entende nada da música que compôs”. Ou seja, a duração do “Bolero” vai depender de quem está com a batuta na mão. Pensava nisso, enquanto abria as derradeiras mensagens que me enviaram.
Ao Sabadoido, quando cheguei, Luca criticava o cronista do Globo, Joaquim Ferreira dos Santos, que classificava o cancioneiro popular brasileiro em depressivo ou não. Argumentava o Luca com as composições do Dorival Caymmi.
-Você vai dizer que “É doce morrer no mar” é uma música depressiva? ... Vai dizer que “João Valentão” é um incentivo à violência?...
Bem, a voz de Dorival Caymmi é tão solar, que mesmo “Ne me quitte pas” se torna, na sua interpretação, um hino de esperança. Mas eu não estava ali para polemizar.
-Luca, enviei para você, há poucos minutos, um excelente vídeo com Miltinho, Ed Motta e Rildo Hora.
-Quanto tempo tem esse vídeo? - indagou sem demonstrar muito entusiasmo.
-Não é antigo, mas a voz do Miltinho continua muito boa. - afiancei.
Gina, nas proximidades, tentou imitar a voz do cantor, enquanto eu trauteava a canção.
-Como é mesmo o nome do compositor?...
-Luiz Antonio, Luca.
-Isso, Claudiomiro!
-Compôs “Menina Moça”, “Mulher de trinta”, “Poema do Adeus”...
-Ele não era turfista?
-Turfista era o Luís Reis. - respondi ao Luca.
Ele agora atentava para os livros, cartas e recortes de jornal que vieram da Rosa Grieco.
-Ela está danada comigo porque não lhe desejei Feliz Natal.
Agradeci o presente que a Rosa me deu e lhe dediquei votos de boas festas num Biscoito que ainda está no forno; será que também se aborreceu comigo?- imaginei.
-Neste livro sobre Roma antiga, ela deixou esta crítica. - disse-me o Luca.
Nesse livro, eu li estas palavras, mais ou menos:
-”Escrever que a erupção do Vesúvio, em 1844, atingiu os bombardeiros B-52... Tenha dó.”
-Luca, houve um cochilo da revisão era 1944, e saiu 1844. (*)
-Mais adiante, a Rosa aventa essa possibilidade, Carlinhos.
Cláudio trouxe dois copos de uísque e a Gina reclamou da quantidade de bebida.
-É o tamanho do gelo. Você não reparou nos pedregulhos de gelo que estão no copo. - argumentou meu irmão.
-Eu estou como o Caetano Veloso da última crônica de domingo: aproximo-me do Natal e me afasto do Réveillon. - manifestei-me.
-O Natal seria bom se não houvesse perdas.
E revoltou-se o Luca da ida da irmã, em 2010, que sempre cuidou da própria saúde e das pessoas que lhe eram próximas.
Depois, Luca criticou o Caetano Veloso:
-Vocês leram a citação dele ao “erro do Paulino da Viola”, no pagamento do cachê, naquela festa de passagem de ano promovida pelo César Maia?...
-Estavam ali: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, e todos se omitiram. - declarou o Cláudio.
-A Gal Costa e a Maria Betânia também. - acrescentei.
-Carlinhos, a Ana Clara vai para a colônia de férias do Coração de Maria?
-Bem, Luca, sei que são 270 reais e que o colégio tem de arregimentar mais de 30 alunos em princípio de janeiro.
-Eu não sei como vai ser com a Kiara. Será difícil viajar, pois ela tem medo de avião.
A Gina o interrompeu?
-A Kiarinha tem medo de avião... Mas quem não tem.
-Gina, nos meus 32 anos de Marinha Mercante, não conheço um funcionário que morreu de desastre aéreo, mas vários que se foram em acidentes nas estradas.
-Compare as vezes que estamos no avião e no carro. - retrucou.
-O Carlinhos me enviou imagens de um satélite sobre o fluxo aéreo, e é uma coisa espantosa, principalmente no hemisfério norte. - interpôs-se o Luca, voltado para a Gina.
-Muitos acidentes de estrada nem notícias são, de tão corriqueiros, mas qualquer acidente de avião, no mundo, chega às primeiras páginas.
Depois, virei-me para o Luca para reportar-me ao meu irmão mais novo:
-Eu lhe disse que o Lopo foi a Goiânia de carro; ele foi de avião. Falou-me que o aeroporto de lá é uma porcaria, que o check-in é feito quase dentro do avião.
-Conheço; já estive em Goiânia quatro vezes.
O Lopo entrou, de maneira sub-reptícia, no estádio Serra Dourada. Afirmou que bastava investir no aeroporto, que jogos da Copa do Mundo poderiam ser lá, mas os políticos querem beneficiar Brasília com nosso dinheiro.
Depois, a Gina se reportou ao filme “Trapézio” e o assunto do Sabadoido mudou. Os artistas principais foram citados, mas o Cláudio, aplaudido pelo Luca, lembrou o nome do diretor.
-Carlinhos, você pode falar três filmes do Frank Sinatra?... Não se trata de sabatina.
-Bem, Luca, ele filmou “A Um Passo da Eternidade”, “O Homem do Braço de Ouro”...
Meu irmão me atropelou e citou outros.
No entanto, “A Um Passo da Eternidade” nos prendeu mais a atenção. Os nomes dos artistas principais foram ditos e até a idade do Ernest Borgnine foi revelada.
-Ela está perto dos 100 anos, Luca.
Não nos reportamos aos 95 anos do Kirk Douglas, porque o Luca se fixou nas comédias da Doris Day com Rock Hudson, além de outras, como “Candelabro Italiano”.
-Luca, o Cláudio não conseguia, ontem, se lembrar de “As Damas da Camélia”, do Braguinha. - provoquei.
Luca tamborilou a marcha, enquanto meu irmão explicava que pretendia se recordar da conotação que o Caetano Veloso fizera dessa composição com a melodia do filme Amarcord, de Nino Rota. Não contente com a sua oratória, pegou o CD e colocou para tocar.
-Ouçam que beleza. - disse, enquanto soavam as notas do Amarcord.
Segundos depois, Luca cantava e dançava a marcha do Braguinha, “A Dama das Camélias”. Silencioso como um felino, meu sobrinho se aproximou com uma máquina fotográfica na mão.
-Está filmando?- sobressaltou-se o Luca quando o viu.
Sentou-se rapidamente:
-Fotografar pode, filmar, não.
O último Sabadoido se encerrou com o Jorge Ben, no aparelho de som do meu irmão, cantando em ritmo de jazz dos anos 30, “Cabelo”.
(*) Muita gente cochila, mas não o Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO que, vez por outra, encarna a roupagem de revisor histórico, por mais trabalho que isto possa dar. Houve, efetivamente, uma erupção do Vesúvio em
O Vesúvio entrou em erupção diversas vezes. A mais famosa, em 79, foi precedida por inúmeras outras na pré-história, incluindo pelo menos três de significante impacto, a mais célebre delas sendo a erupção de Avelino por volta de
As erupções variam significativamente em gravidade, mas são caracterizadas por acessos explosivos denominados plinianos. Ocasionalmente, as erupções são tão violentas que toda a extensão sul do continente europeu é coberta de cinzas; em 472 e 1631, as cinzas do vulcão chegaram a atingir Constantinopla (atual Istambul), a mais de
A maior erupção do século XX ocorreu em 17 mar 1944. Destruindo as populações de San Sebastiano al Vesuvio, Massa di Somma e parte de San Giorgio em Cremano, enquanto que a Segunda Guerra Mundial avançava na Itália. Com Vesúvio cuspindo lava e cinzas, os jipes do Exército U. S. escaparam com pressa. A erupção ocorreu poucos meses após a chegada das forças aliadas em Nápoles e causou grandes problemas. Uma esquadrilha inteira de 88 bombardeiros B-25 da USAF foi destruída durante a erupção do vulcão.
Uau!!!
ResponderExcluirPela primeira vez!
Para mim, ver os rostos desse povo era algo quase como ver o Lombardi nos anos 1990!
Seja feliz!
Wellington Carvalho
(21) 9480-2293
Sob formato AVI, acho que, tal qual eu, a maioria dos leitores do BM vai ter dificuldade ou mesmo impossibilidade de abrir este arquivo.
ResponderExcluirAlém disso, acho que seria bom informar aos leitores que este video é a cena descrita no último exemplar do BM.
Abraço,
Elio
Mau que nem picapau.
ResponderExcluirQuem é o cantor?
Liliane
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPrezada leitora Liliane,
ResponderExcluirO cantor é o Luca.
Abraço,
Elio, leitor também.