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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

2075 - Erupções

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 3875 Edição: 01 de janeiro de 2012

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O ÚLTIMO SABADOIDO DE 2011

Defronte do computador do Daniel, ouvi a voz longínqua do Vagner falando mais uma vez da sua dúvida quanto à duração do “Bolero” de Ravel.

Já contei para ele a reclamação que Maurice Ravel levou ao Arturo Toscanini, porque este acelerou muito os andamentos, na sua leitura da obra, o que mereceu uma réplica atrevida do temperamental maestro: “O senhor não entende nada da música que compôs”. Ou seja, a duração do “Bolero” vai depender de quem está com a batuta na mão. Pensava nisso, enquanto abria as derradeiras mensagens que me enviaram.

Ao Sabadoido, quando cheguei, Luca criticava o cronista do Globo, Joaquim Ferreira dos Santos, que classificava o cancioneiro popular brasileiro em depressivo ou não. Argumentava o Luca com as composições do Dorival Caymmi.

-Você vai dizer que “É doce morrer no mar” é uma música depressiva? ... Vai dizer que “João Valentão” é um incentivo à violência?...

Bem, a voz de Dorival Caymmi é tão solar, que mesmo “Ne me quitte pas” se torna, na sua interpretação, um hino de esperança. Mas eu não estava ali para polemizar.

-Luca, enviei para você, há poucos minutos, um excelente vídeo com Miltinho, Ed Motta e Rildo Hora.

-Quanto tempo tem esse vídeo? - indagou sem demonstrar muito entusiasmo.

-Não é antigo, mas a voz do Miltinho continua muito boa. - afiancei.

Gina, nas proximidades, tentou imitar a voz do cantor, enquanto eu trauteava a canção.

-Como é mesmo o nome do compositor?...

-Luiz Antonio, Luca.

-Isso, Claudiomiro!

-Compôs “Menina Moça”, “Mulher de trinta”, “Poema do Adeus”...

-Ele não era turfista?

-Turfista era o Luís Reis. - respondi ao Luca.

Ele agora atentava para os livros, cartas e recortes de jornal que vieram da Rosa Grieco.

-Ela está danada comigo porque não lhe desejei Feliz Natal.

Agradeci o presente que a Rosa me deu e lhe dediquei votos de boas festas num Biscoito que ainda está no forno; será que também se aborreceu comigo?- imaginei.

-Neste livro sobre Roma antiga, ela deixou esta crítica. - disse-me o Luca.

Nesse livro, eu li estas palavras, mais ou menos:

-”Escrever que a erupção do Vesúvio, em 1844, atingiu os bombardeiros B-52... Tenha dó.”

-Luca, houve um cochilo da revisão era 1944, e saiu 1844. (*)

-Mais adiante, a Rosa aventa essa possibilidade, Carlinhos.

Cláudio trouxe dois copos de uísque e a Gina reclamou da quantidade de bebida.

-É o tamanho do gelo. Você não reparou nos pedregulhos de gelo que estão no copo. - argumentou meu irmão.

-Eu estou como o Caetano Veloso da última crônica de domingo: aproximo-me do Natal e me afasto do Réveillon. - manifestei-me.

-O Natal seria bom se não houvesse perdas.

E revoltou-se o Luca da ida da irmã, em 2010, que sempre cuidou da própria saúde e das pessoas que lhe eram próximas.

Depois, Luca criticou o Caetano Veloso:

-Vocês leram a citação dele ao “erro do Paulino da Viola”, no pagamento do cachê, naquela festa de passagem de ano promovida pelo César Maia?...

-Estavam ali: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, e todos se omitiram. - declarou o Cláudio.

-A Gal Costa e a Maria Betânia também. - acrescentei.

-Carlinhos, a Ana Clara vai para a colônia de férias do Coração de Maria?

-Bem, Luca, sei que são 270 reais e que o colégio tem de arregimentar mais de 30 alunos em princípio de janeiro.

-Eu não sei como vai ser com a Kiara. Será difícil viajar, pois ela tem medo de avião.

A Gina o interrompeu?

-A Kiarinha tem medo de avião... Mas quem não tem.

-Gina, nos meus 32 anos de Marinha Mercante, não conheço um funcionário que morreu de desastre aéreo, mas vários que se foram em acidentes nas estradas.

-Compare as vezes que estamos no avião e no carro. - retrucou.

-O Carlinhos me enviou imagens de um satélite sobre o fluxo aéreo, e é uma coisa espantosa, principalmente no hemisfério norte. - interpôs-se o Luca, voltado para a Gina.

-Muitos acidentes de estrada nem notícias são, de tão corriqueiros, mas qualquer acidente de avião, no mundo, chega às primeiras páginas.

Depois, virei-me para o Luca para reportar-me ao meu irmão mais novo:

-Eu lhe disse que o Lopo foi a Goiânia de carro; ele foi de avião. Falou-me que o aeroporto de lá é uma porcaria, que o check-in é feito quase dentro do avião.

-Conheço; já estive em Goiânia quatro vezes.

O Lopo entrou, de maneira sub-reptícia, no estádio Serra Dourada. Afirmou que bastava investir no aeroporto, que jogos da Copa do Mundo poderiam ser lá, mas os políticos querem beneficiar Brasília com nosso dinheiro.

Depois, a Gina se reportou ao filme “Trapézio” e o assunto do Sabadoido mudou. Os artistas principais foram citados, mas o Cláudio, aplaudido pelo Luca, lembrou o nome do diretor.

-Carlinhos, você pode falar três filmes do Frank Sinatra?... Não se trata de sabatina.

-Bem, Luca, ele filmou “A Um Passo da Eternidade”, “O Homem do Braço de Ouro”...

Meu irmão me atropelou e citou outros.

No entanto, “A Um Passo da Eternidade” nos prendeu mais a atenção. Os nomes dos artistas principais foram ditos e até a idade do Ernest Borgnine foi revelada.

-Ela está perto dos 100 anos, Luca.

Não nos reportamos aos 95 anos do Kirk Douglas, porque o Luca se fixou nas comédias da Doris Day com Rock Hudson, além de outras, como “Candelabro Italiano”.

-Luca, o Cláudio não conseguia, ontem, se lembrar de “As Damas da Camélia”, do Braguinha. - provoquei.

Luca tamborilou a marcha, enquanto meu irmão explicava que pretendia se recordar da conotação que o Caetano Veloso fizera dessa composição com a melodia do filme Amarcord, de Nino Rota. Não contente com a sua oratória, pegou o CD e colocou para tocar.

-Ouçam que beleza. - disse, enquanto soavam as notas do Amarcord.

Segundos depois, Luca cantava e dançava a marcha do Braguinha, “A Dama das Camélias”. Silencioso como um felino, meu sobrinho se aproximou com uma máquina fotográfica na mão.

-Está filmando?- sobressaltou-se o Luca quando o viu.

Sentou-se rapidamente:

-Fotografar pode, filmar, não.

O último Sabadoido se encerrou com o Jorge Ben, no aparelho de som do meu irmão, cantando em ritmo de jazz dos anos 30, “Cabelo”.

(*) Muita gente cochila, mas não o Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO que, vez por outra, encarna a roupagem de revisor histórico, por mais trabalho que isto possa dar. Houve, efetivamente, uma erupção do Vesúvio em 1944, a última. Porém, não há hipótese de terem atingido os bombardeiros B-52, grandalhões da era do jato, cujo vôo de teste foi em 15 de abril de 1952. Veja abaixo um extrato da atuação do Vesúvio e note que os bombardeiros atingidos tinham outra nomenclatura.

O Vesúvio entrou em erupção diversas vezes. A mais famosa, em 79, foi precedida por inúmeras outras na pré-história, incluindo pelo menos três de significante impacto, a mais célebre delas sendo a erupção de Avelino por volta de 1800 a.C., que engolfou diversos povoados da Idade do Bronze.[2] Desde 79, o vulcão entrou em erupção em 172, 203, 222, provavelmente em 303, 379, 472, 512, 536, 685, 787, por volta de 860, por volta de 900, 968, 991, 999, 1006, 1037, 1049, por volta de 1073, 1139, 1150, e provavelmente em 1270, 1347 e 1500. Voltou a ficar ativo novamente em 1631, por seis vezes no século XVIII, oito vezes no século XIX (notavelmente em 1872), e em 1906, 1929 e 1944. Não houve mais erupções desde 1944, e nenhuma das ocorridas após 79 foram comparativamente tão intensas ou destrutivas.

As erupções variam significativamente em gravidade, mas são caracterizadas por acessos explosivos denominados plinianos. Ocasionalmente, as erupções são tão violentas que toda a extensão sul do continente europeu é coberta de cinzas; em 472 e 1631, as cinzas do vulcão chegaram a atingir Constantinopla (atual Istambul), a mais de 1,200 km de distância. De 1944 em diante, alguns deslizamentos na cratera levantaram nuvens de poeira, dando origem a falsos alertas de erupção.

A maior erupção do século XX ocorreu em 17 mar 1944. Destruindo as populações de San Sebastiano al Vesuvio, Massa di Somma e parte de San Giorgio em Cremano, enquanto que a Segunda Guerra Mundial avançava na Itália. Com Vesúvio cuspindo lava e cinzas, os jipes do Exército U. S. escaparam com pressa. A erupção ocorreu poucos meses após a chegada das forças aliadas em Nápoles e causou grandes problemas. Uma esquadrilha inteira de 88 bombardeiros B-25 da USAF foi destruída durante a erupção do vulcão.

5 comentários:

  1. Uau!!!

    Pela primeira vez!

    Para mim, ver os rostos desse povo era algo quase como ver o Lombardi nos anos 1990!

    Seja feliz!

    Wellington Carvalho
    (21) 9480-2293

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  2. Sob formato AVI, acho que, tal qual eu, a maioria dos leitores do BM vai ter dificuldade ou mesmo impossibilidade de abrir este arquivo.

    Além disso, acho que seria bom informar aos leitores que este video é a cena descrita no último exemplar do BM.

    Abraço,

    Elio

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  3. Mau que nem picapau.

    Quem é o cantor?

    Liliane

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  4. Prezada leitora Liliane,

    O cantor é o Luca.

    Abraço,

    Elio, leitor também.

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