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segunda-feira, 8 de junho de 2015

2868 - Henry Mancini Vol.1


 

 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5118                                  Data:  02 de junho de 2015

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HENRY MANCINI NO RÁDIO MEMÓRIA

PARTE I

 

-Rádio Roquette Pinto 94.1 Programa Rádio Memória.

Jonas Vieira foi interrompido pelo seu parceiro:

-Continua 94.1?... Algumas emissoras, como a Rádio MEC, trocaram a frequência.

Depois da confirmação, veio a dúvida: 94.1 ou 94,1. Chegaram, logo, a um acordo: 94;1.

Agora, a voz roufenha do Simon Khoury se fazia ouvir:

-A minha mãe lançou a Rádio Eldorado com um slogan: “O mínimo de palavras e o máximo de prazer para os seus ouvidos.”

Enquanto o Sérgio Fortes elogiava o lema da Anna Khoury, que também trouxe as frequências moduladas para a radiofonia brasileira, seu filho chamava a atenção do Jonas Vieira:

-Jonas, não é para botar já a música. Deixa-me falar.

-Se é o mínimo de palavras...

-Eu sou paradoxal. - assumiu o Simon Khoury.

Mas quem falou foi o Sérgio Fortes:

-O Simon preparou um roteiro para o programa de hoje que eu diria encapetado. Ele juntou demandas de ouvintes importantes do Rádio Memória, Barack Obama, Angela Merkel, Bill Clinton, David Cameron e o Diretor da Casa da Moeda, este aqui vai porque é chefe do sobrinho do Carlos Nascimento do Biscoito Molhado, que pediram gravações do Henry Mancini. Dois deles ainda solicitaram Ennio Morricone, John Barry, Burt Bacharach, Dimitri Tiomkin, Max Steiner, além de Michel Legrand.

E Sérgio Fortes prosseguiu na sua locução:

-Vamos ver se está certo, Simon; começando com uma música que é marca registrada de Henry Mancini, a interpretação do tema principal de “A Pantera Cor de Rosa” com a participação do exímio flautista, que vinha tocar no Teatro Municipal do Rio, James Caldwell.

Depois da gravação, o titular do programa se manifestou:

-Simon está, aqui, debulhando Henry Mancini, não é verdade, Sérgio?

Ele confirmou e disse que o flautista James Galway viria tocar, no ano passado, com a Orquestra Sinfônica Brasileira, mas um problema de saúde o impediu.

-A sua mulher, que o acompanharia, também é flautista, se não me engano.

Veio, então, o calendário do dia 31 de maio no dia 24, como já explicamos na edição do Biscoito Molhado anterior, cuja perícia nas carrapetas do André Ricardo fez que ouvinte algum notasse a costura; foi, como diriam os poetas parnasianos, “um manto inconsútil”.

Agora, Jonas Vieira se voltava mais uma vez para o apresentador bissexto do Rádio Memória:

-Simon Khoury, você que se acha um grande entendedor de Henry Mancini, quais foram as influências que ele recebeu?

-Victor Young, David Rose.

-Somente, Simon?

-E os clássicos. Todos os grandes compositores estão ligados aos clássicos. - acrescentou.

Então, o Jonas Vieira citou o seu ídolo:

-E do Andre Kostelanetz?... Ele não sofreu influência?

Simon Khoury negou duas vezes.

-E o Glenn Miller?

-Não, Jonas, ele tocou trombone com o Glenn Miller, mas não foi influenciado.

-Eu não sabia que o Henry Mancini tocou com o Glenn Miller. - confessou o Sérgio Fortes.

A palavra voltou para o Simon Khoury:

-Eu mudei o roteiro; agora Henry Mancini com Duke Ellington: “C. Jam Blues”. Vejam o que vai acontecer.

-Fantastique! - extasiou-se o Jonas Vieira em francês e, em seguida, em português.

-Primeiramente, a composição; Duke Ellington é, para mim, o maior nome da música americana jazzística; é um gênio compondo, tocando, tudo.

-Com o toque do Henry Mancini. - aditou o Sérgio Fortes.

-Você ouve, ao mesmo tempo, Duke Ellington e Henry Mancini. Duke Ellington pegava a orquestra dele, colocava um para fazer o solo, então, entrava o seu piano bem sutil.

-Melhor do que isso só no céu. - concluiu o Sérgio Fortes as palavras do Jonas Vieira.

-E agora, Simon?

-Agora, Jonas, uma coisa pessoal. Houve uma música que ouvi, em 1964, que mudou totalmente a minha maneira de ver a música. Estavam na minha cabeça um pouco de bossa-nova, aquelas coisas antigas, concertos... A minha mãe me obrigava a ouvir Chopin... Então, eu estava quieto, ouvindo a Eldorado, e, de repente...

De repente, a epifania do Simon Khoury, vamos a ela nas suas palavras:

-...Tocou um negócio, uma coisa meio latina... apareceu um violão, um trombone, e quando entraram as cordas... a maneira como juntou as cordas... Antes, era o Andre Kostelanetz, Mantovani, Paul Western, mas aquilo...

Após o seu êxtase retrospectivo, Simon Khoury esclareceu:

-Era Henry Mancini com o tema que se chama “Lujon”, que não foi composto para o cinema, mas todo o mundo passou a usar em vários filmes em cenas de suspense. Atentem para as cordas no arranjo. Tem saxofone, violão, uma coisa impressionante... meio latina.

Entrou, em seguida, a gravação de “Lujon”, que também é chamada de “Slow Hot Wind”.

-Um banquete para os ouvidos e corações. - reagiu o Jonas Vieira antes da intervenção do Sérgio Fortes.

-Eu fico imaginando o capricho que envolve realizar uma gravação dessas; o equilíbrio de tudo, a entrada dos instrumentos. O que aparece na parte final... vou dizer uma barbaridade, tipo reco-reco, é no tom certo. É de uma sutileza... Eu admito que a gravação dessa faixa tenha levado um mês para sair.

-Uma precisão, uma exatidão, que chega à perfeição.

E o Jonas Vieira não mais rimou, porque o Simon Khoury interveio.

 

 

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