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terça-feira, 30 de junho de 2015

2884 - flagrantes da vida real


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5134                         Data:  30 de junho de 2015

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CALENDÁRIO DE 30 DE JUNHO

 

-Falecimentos. Uma perda para você discorrer, Jonas. Sei que isso o abalou muito. Em 572, morreu Alboíno, o rei dos Lombardos.

-Até hoje não consigo dormir. - confirmou o Jonas Vieira a sua profunda depressão e acrescentou mortificado:

-A humanidade chora copiosamente a morte do Alboíno.

Verdi compôs a ópera “Os Lombardos”, mas se esqueceu do Alboíno. Falha grave do gênio da ópera.

-Em 1360, Maomé VI torna-se o décimo rei nasrida de Granda após assassinar o seu cunhado o Ismail II. Jonas, eles se matavam lá na Espanha. Se Shakespeare fosse muçulmano, provavelmente escreveria uma peça sobre esse caso.

-Sérgio, já dizia o Brizola: cunhado não é parente...

-Maomé VI para presidente. - completou o Homem-Calendário.

-Em 1491, nasce Henrique VIII, fundador da Igreja Anglicana.

 -Jonas, você sabe quem foi Rubens?

-Claro, excepcional jogador do Flamengo; formou o inesquecível ataque Joel, Rubens, Índio, Evaristo e Esquerdinha.

-Não, Jonas, eu falo do Rubens que nasceu em 1577, o grande pintor barroco flamengo.

-Eu sabia que tinha alguma coisa a ver com o Flamengo, Sérgio.

-Em 1635, Guadalupe se torna colônia da França. Aqui, tornou-se bairro da zona norte.

-Em 1762, um golpe de estado depõe o Czar Pedro III e a sua esposa, a Grã-Duquesa Catarina sobe ao trono como Catarina II da Rússia. Ela ficou conhecida como Catarina, a Grande porque, durante o seu reinado, a Rússia se revitalizou extraordinariamente.

-Puxa!

-Uma pegadinha para as provas de História Geral, Jonas: Catarina II da Rússia era alemã.

-Em 1712, nasce Jean-Jacques Rousseau. Ele não foi só um grande filósofo, compôs a ópera “Le Devin du Village”, “O Adivinho  da Aldeia”. Ele não só escreveu o libreto, como compôs a música.

-A ópera é boa, Sérgio?

-Creio que nem o Mário Barreto, que era a enciclopédia operística do meu programa “Clube da Ópera”, escutou.

-Como filósofo, Jean-Jacques Rousseau enaltecia o “bom selvagem”, pregava a volta do homem à natureza.

-Sim, Jonas. Ao ler o seu livro, Voltaire teria comentado: “Muito bom, mas eu já estou velho demais para andar de quatro.”

-30 de junho de 1807, segunda invasão no Rio de la Plata; John Whitelocke chega em Ensenada na tentativa de recapturar Buenos Aires e é derrotado pela resistência local. Jonas, o nome do clube argentino é River Plate. Você que é professor de inglês, está certo traduzir Rio de la Plata como River Plate?

-Errado; o certo seria Silver River.

-Pois é, Jonas, são controvérsias fomentadas pelos torcedores do Boca Juniors. Os torcedores do River lembram que a batalha naval travada lá, em 1939, entre as marinhas britânica e alemã ficou conhecida na Inglaterra como “The Battle of The River Plate”.

-Se é assim, Sérgio...

-Os historiadores dizem que um dos fundadores do clube, em 1901, propôs esse nome, que foi logo aceito, porque se sentiu atraído pelas enormes caixas que chegavam da Escócia ao porto de Buenos Aires com a inscrição “River Plate”. Jonas, só podia ser uísque.

-Então é River Plate mesmo e não se discute mais o assunto.

-Em 1848, morre Jean-Baptiste Debret, pintor francês. O que existe de documento, sobre como se vivia no Brasil no início do século XIX foi graças a Debret.

-Isso no Rio de Janeiro. - assinalou o Jonas Vieira.

Debret veio para o Brasil, com outros artistas franceses, depois da derrocada do império napoleônico. Ele era primo de David, o pintor oficial de Napoleão Bonaparte.

-Em 1867, nasce o escritor italiano Luigi Pirandello. Sua obra mais conhecida é a peça de teatro “Seis Personagens À Procura de Um Autor.” Quanto ao nosso teatro, Jonas, são “Duzentos Milhões À Procura de Um Presidente”.

Sérgio, serve o da Câmara?... E o do Senado?...

-Em 1886, inauguração da ferrovia Canadian Pacific, entre Montreal e Port Moff (na costa do Pacífico) que, evidentemente, alavancou o desenvolvimento do Canadá.   Enquanto isso, no Brasil, transcorridos uns 130 anos, aparece mais uma peça de ficção dos nossos políticos: uma estrada de ferro ligando o nosso país até o Pacífico através do Peru.

-Um dos culpados é o Juscelino Kubitscheck; eu já falei disso em programas passados, e não quero voltar ao assunto. - irritou-se o Jonas Vieira.

-Em 1913, morre Manuel Ferraz de Campos Sales, presidente da República. Ele tem um paralelo com os dias de hoje: veio moralizar as finanças, porque encontrou terra arrasada.

-Sérgio, ele fundou um partido, o PRP, Partido Republicamo Paulista.

-Jonas, ele era arqui-inimigo do Ruy Barbosa.

O presidente Campos Sales, com o ministro Joaquim Murtinho, sanearam as finanças nacionais depois da lambança feita por Ruy Barbosa, que redundou no Encilhamento.

-Em 1914, Francisco Ferdinando, Arquiduque da Áustria e herdeiro do trono austro-húngaro, é assassinado em Sarajevo pelo nacionalista sérvio Gavrilo Princip, o que desencadeou a Primeira Guerra Mundial.

-A culpa, então, da Primeira Guerra Mundial foi desse sérvio.

-Aqui, no Brasil, Jonas, há uma turma que acha que a culpa é do Fernando Henrique Cardoso.

-Em 1918, o governo soviético nacionaliza a indústria. Jonas, é aquela história de que falávamos na semana passada; a insistência do ser humano de repetir os erros do passado.

-Uma data especial que tem a ver com o que aconteceu, 10, 20, 30 anos depois: em 1919,  a Alemanha é obrigada a assinar o Tratado de Versalhes em termos muito duros.

-Exatamente, Sérgio, enquadraram a Alemanha.

-Jonas, o economista Keynes, que seguiu de perto as negociações entre as potências, escreveu o livro “As Consequências Econômicas da Paz” em que criticou duramente os representantes das nações vencedoras quando trataram dos desdobramentos relacionados às reparações e demais cláusulas do Tratado de Versalhes. Não se podia arruinar um mercado como o alemão, disse Keynes.

-Esse erro, Sérgio, as nações aliadas não cometeriam no fim da Segunda Guerra Mundial.

-O filósofo Bertrand Russell julgava que Keynes possuía o intelecto mais afiado e mais claro que ele havia encontrado na vida.

-Em 1922, é instituído no Brasil, pela primeira vez, o Tribunal do Júri. O Simon ficou muito ativo daí pra frente.

-En 1926, nasce o ator e cineasta norte-americano Mel Brooks, um cara por quem eu tenho profunda admiração.

-Olha que fato estranho, Jonas: em 1929, o Instituto Alemão de Física concede a “Medalha Max Planck” ao próprio Max Planck e a Albert Einstein. Por que não concedeu a “Medalha Albert Einstein” a Max Planck e ao  Einstein?...

-Concordo com você, Sérgio.

-1930, nasce Itamar Franco. A dúvida: ele era mineiro... ele era baiano... Ele não era nada disso, nasceu num navio.

-Nasceu em alto-mar. - completou o Jonas Vieira.

-Em 1939, a companhia Pan American Airways inicia o primeiro voo regular de viagens sobre o Atlântico entre Long Island e Marselha.

-Um acontecimento. - vibrou o Jonas Vieira.

-Essa é terrível: em 1942, inicia-se a Batalha de Stalingrado.

-Em 1945, nasceu Raul Seixas.

-Em 1950, Seul é capturada pelas tropas da Coreia do Norte.

-Se os americanos não tivessem chegado lá, Sérgio... Já imaginou como seria Seul hoje?

-Eu olho a Coreia do Norte, aquele ditador Kim-Jong-un, Jonas, e imagino o alívio de toda a Coreia do Sul.

-Em de junho de 1958, o maior júbilo que o futebol nos trouxe: o Brasil ganha a Copa do Mundo de futebol ao vencer, em Estocolmo, a seleção da Suécia por 5 a 2.

O grito que estava preso na garganta dos brasileiros desde 1950 irrompeu com a força da alegria.

-Em 1966, golpe de Estado instaura a ditadura na Argentina.

-Mais uma. - manifestou-se o Jonas Vieira.

-Uma ideia de jerico como outra qualquer. - acrescentou o Homem-Calendário.

-Em 1969, frequentadores do bar Stonewall Inn, em Nova York, voltado para o público homossexual e transexual, reagem à ação policial ali ocorrida, fato que desencadeia mais dois dias de protestos e culmina na marcha ocorrida no dia 1º de julho de 1970 em lembrança do aniversário do motim. Jonas, foi o embrião da Marcha do Orgulho Gay.

-Sérgio Porto, que morreu antes, em 1968, já dizia que o terceiro sexo passaria a ser o segundo.

-Já passou, Jonas.

-Em 1972, o Congresso Nacional aprovou a criação da Empresa Telecomunicações Brasileiras S/A, a Telebrás.

-Que o Roberto Campos chamaria de Telessauro. - lembrou o Jonas Vieira.

-Com a estatização, telefone era bem declarado no imposto de renda e custava até 5000 reais. Quando veio a privatização, houve uma gritaria dos diabos daqueles de que falávamos há pouco, os que repetem os erros do passado. - concluiu o Sérgio Fortes.

-Em 1997, Mike Tyson arranca um pedaço da orelha direita de Evander Holyfield. Lembra isso, Jonas?

-Lembro.

-Eles estão se engalfinhando, de repente, o Tyson tacou uma dentada que tirou pedaço.

-Que dentada! - exclamou o Jonas admirado com aquele maxilar de pit bull.

Na ópera “Cavaleria Rusticana”, Alfio morde a orelha de Turiddu, um costume siciliano que significava um desafio para o duelo, não havia nada de mordida de arrancar pedaço, se não, a ópera não prosseguia.

-Em 1997, numa vala comum, na cidade de Vallegrande, na Bolívia, são descobertos os restos mortais de Che Guevara sem as mãos.

-Sem as mãos?... - abismou-se o Jonas Vieira.

-Sim, para dificultar a identificação. Eles foram trasladados para Cuba e o enterro foi de chefe de estado.

-Em 2000, após intensa batalha jurídica entre Cuba e Estados Unidos, Elián Gonzáles, sobrevivente de um naufrágio na costa norte-americana, retornou ao seu país de origem. Lembra-se, Jonas?

-Claro; foi um novelão mexicano.

-É mais novelão cubano, Jonas, já que o gênero novela foi criado, em Cuba, em 1939 e foi exportado para os demais países da América Latina.

-É verdade; esqueci que a mais famosa de todas foi escrita pelo cubano Félix Caignet, “O Direito de Nascer”.

-Também conhecida, Jonas, como “O Direito de Encher”.

-Hoje, é dia de Santo Ireneu, com “e”, não com “i”. Santo Ireneu de Lyon.

-Ele deve andar desocupadíssimo, Sérgio.

-Tirando um e outro devoto, as reivindicações do Simon...

Jonas Vieira não perdeu a oportunidade:

-Simon tem uma fotografia dele em casa, aliás, um poster.

-Hoje, é Dia de São Paulo I, papa e mártir.

Jonas relembrou, então, o outro São Paulo, o mais reverenciado pelos católicos, dizendo, corretamente, que foi ele o criador do cristianismo, e não São Pedro. São Paulo era um erudito, que se correspondia com o filósofo Sêneca, enquanto São Pedro era um pescador de pouca cultura.

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