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quarta-feira, 17 de junho de 2015

2875 - tudo xadrez


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5125                               Data:  11 de junho de 2015

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CARTAS DOS LEITORES SOBRE O JOGO DE XADREZ

 

-O redator do Biscoito Molhado deblatera contra a partida de xadrez em que enfrentou o irmão, porque durou mais de três horas. Ora, as partidas de xadrez contra a morte duram bem mais. Graças a Deus. Ruy López

BM: O caro leitor está, provavelmente, aludindo à partida de xadrez entre o Cavaleiro e a Morte, ocorrida na Idade Média, que Ingmar Bergman nos mostra no seu filme “Sétimo Selo”. No momento em que o Cavaleiro recebesse o xeque-mate, a sua vida se extinguiria.

Sim, há muitos “cavaleiros”, como Paulo Maluf, Luís Inácio, Marin, Ricardo Teixeira e outros recebendo cheques, mas não aquele, o xeque-mate, que tornaria o mundo mais honesto. Ah, sim: lembrei o João Havelange; há 99 anos que ele joga a sua partida de xadrez contra a morte. Eta jogo demorado!

 

-No seu Minidicionário Autobiográfico, o redator escreveu que reproduzia no tabuleiro, com suas peças, os confrontos de xadrez entre os grandes mestres internacionais. Ele fez o mesmo com os grandes vultos do pensamento que, embora arregimentassem os seus neurônios para outras atividades intelectuais, jogaram xadrez? Steinitz

BM: Benjamin Franklin, que colaborou na redação da Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, inventor do para-raios, foi também enxadrista, no entanto, não conhecemos partida alguma sua.

Napoleão Bonaparte, entre uma batalha e outra, também exercitava os seus neurônios – Goethe dizia que o xadrez é a ginástica da inteligência – movendo peões, torres, cavalos, bispos, rainhas e reis, mas não obtivemos nenhum desses combates para reproduzir. Gostaríamos, se nos fosse dada a opção, de ter em mãos a sua partida contra o “Turco”. Esse embate se deu, em 1809, no palácio Schäunbrunn, quando o imperador francês invadiu a Áustria pela segunda vez. No décimo nono lance, Napoleão Bonaparte tombou o rei, reconhecendo a derrota.

Anos antes, quando era embaixador dos Estados Unidos da América na França, Benjamin Franklin se confrontou com o “Turco”, que excursionava em Paris, e não teve melhor sorte no tabuleiro.

Quem era esse vencedor das grandes personalidades históricas nos confrontos neurônicos? Segundo a literatura a respeito, era uma máquina de jogar xadrez supostamente provida de inteligência artificial, que foi elaborada em 1770 por Wolfgang von Temperer para deixar deslumbrada a imperatriz Maria Teresa de Habsburgo da Áustria tanto quanto  Mozart, com sete anos de idade, o fizera em 1763.

Na realidade, o “Turco” era uma ilusão mecânica que permitia a um enxadrista oculto operar a máquina.

O campeão mundial Garry Gasparov jogou duas séries de seis partidas contra os supercomputadores Deep Blue da IBM; na primeira, em 1996, na Filadélfia, o grande mestre do Azerbaijão venceu, mas na segunda, realizada em Nova York, no ano seguinte, contra um Deep Blue repaginado, foi vencido. Como houve um lance do computador, nessa série, estranhamente malicioso, que só poderia ser concebido pela mente humana, Gary Gasparov ficou emocionalmente desestabilizado, perdeu essa segunda série e o Deep Blue, por isso, foi comparado por alguns ao “Turco” com seu enxadrista oculto.

Respondendo com mais objetividade à carta do nosso leitor, nós reproduzimos jogos do filósofo Jean-Jacques Rousseau, mas preferíamos, mesmo, as partidas de Benjamin Franklin e de Napoleão contra o “Turco”.

 

-Concordo com o que foi dito no Minidicionário Autobiográfico: Há vinte anos que não se dá o mesmo destaque aos campeonatos que mais exigem da nossa massa cinzenta. O último comentarista que li, nos nossos periódicos, foi a Iluska Simonsen, que tinha uma coluna de xadrez no Jornal do Brasil. Alekhine

BM: Iluska Simonsen, esposa do Professor Mário Henrique Simonsen, era enxadrista e influenciou o marido a praticar o esporte. Ele, como possuía um extraordinário raciocínio matemático, chegou a ser ótimo jogador, mas não foi excelente porque o jogo de xadrez é muito ciumento, exige dedicação total e Simonsen, que deixava um pouco de lado a Economia, convergiu seu talento matemático para a música erudita. A música, dizia o filósofo alemão Leibnitz , é uma equação sofrida e Mário Henrique Simonsen preferiu essa equação, escrevendo críticas musicais na revista VEJA e sendo presidente do corpo de jurados em concursos de canto lírico. Ainda assim, reagia com mau-humor , segundo seus amigos, quando lhe diziam que a sua mulher era melhor jogadora do que ele.

Iluska Simonsen, sempre mais fixada nas peças de xadrez, construiu um apreciável currículo de enxadrista, sendo uma das suas maiores façanhas, se não a maior, um empate com Boris Spassky, numa simultânea do ex-campeão mundial, em Brasília, no ano 1978.

 

-É isso mesmo: parece que o campeonato mundial de xadrez se encerrou com Kasparov, pelo menos nos jornais do Rio de Janeiro, não sei se em São Paulo é assim também. Ele perdeu para o supercomputador da IBM, e nunca mais se falou nesse esporte... caso seja esporte mesmo, pois, como falava o comentarista de futebol João Saldanha: “Se xadrez fosse esporte, festa de São Jorge sairia na página de turfe”. Capablanca

BM: Caro Capablanca, tivemos de recorrer ao Google pra responder as suas perguntas que eram, também, nossas. O indiano Viswanathan Anand foi, durante seis anos, o campeão mundial até que o norueguês de vinte e dois anos, Magnus Carlsen abocanhou o seu título, tornando-se o primeiro ocidental campeão do mundo desde 1972, quando Bobby Fisher pôs por terra os reis do Boris Spassky.

Magnus Carlsen foi considerado pelo Washington Post o “Mozart do Xadrez”. Detentor de uma memória assombrosa, com cinco anos de idade já enumerava todos os países do mundo com as suas respectivas capitais e populações. Com dez anos, já ganhava torneios e, com treze anos, ficou frente a frente com Gasparov, um tabuleiro de xadrez entre os dois. Com a impaciência dos garotos, irritou-se com o ex-campeão do mundo porque ele pensava muito antes de mover uma peça. A partida terminou empatada.

No ano passado, Magnus Carlsen “enfrentou”, diante das câmeras de televisão, Bill Gates. A intenção era divulgar o jogo de xadrez pelo mundo, porém, no Brasil, não deu resultado.

 

 

 

 

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