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terça-feira, 9 de junho de 2015

2869 - Henry Mancini Vol.2


 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5119                                  Data:  03 de junho de 2015

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HENRY MANCINI NO RÁDIO MEMÓRIA

PARTE II

 

-Eu tenho uma surpresa para vocês agora.

-Outra, Simon? - surpreendeu-se o Jonas Vieira.

-Humphrey Bogart...

-Bogart. - voltou o titular do programa ao seu tempo de professor de inglês ao corrigir a pronúncia do Simon Khoury.

-Ingrid Bergman...

-Bergman. - ensinava-lhe, agora, a pronúncia sueca.

Como o Simon Khoury não citou, em seguida, nenhum nome polonês, o Sérgio Fortes permaneceu silencioso.

-Os dois fizeram um filme juntos e a música seria de Max Steiner, mas o produtor não gostou, queria um tema diferente, uma coisa bonita, melodiosa.

E prosseguiu o filho da Anna Khoury:

-Havia um baú com uma série de músicas rejeitadas, elas ficavam lá até que um dia pudessem ser aproveitadas ou não. Assim, pegaram desse baú uma música para esse filme que se tornou famosa em todo o mundo. Mancini veio e deu um colorido todo especial a ela. Não vou dizer o nome porque é por demais óbvio.

Deleitamo-nos com “As Time Goes By”.

-”Casablanca” é de que ano?

Com essa pergunta, Sérgio Fortes rechaçava a observação ferina do Dieckmann de que ele não assiste a filmes em preto e branco.

-1942.

Depois, o programador musical do Rádio Memória desse domingo informou que a canção “As Time Goes By” foi composta por Herman Hupfeld; o ano, 1931.

-Muito bem. - aprovou tudo o Jonas Vieira.

A palavra retornou ao empolgado Simon Khoury.

-Perceberam o nosso jogo?... uma música instrumental de Mancini e de outro compositor, arranjada por ele, porque era generoso; gravou mais temas dos outros do que dele próprio.

-O gênio é assim. - assinalou o decano dos radialistas do Rio de Janeiro.

Nos programas em que o Simon Khoury participa, sempre histórias são contadas por ele, mas, dessa vez, quem tomou a iniciativa foi o Jonas Vieira.

-Há uma do Einstein que, para mim, é uma delícia. Em mil novecentos e vinte e pouco, ele costumava sair para conferências, palestras; mas não gostava de andar no carro dele, de dirigir; contratou, então, um motorista de táxi para levá-lo a esses eventos. Einstein falava e o motorista ficava com ele, assistindo a todas essas palestras. Um dia, indo a determinado lugar, ele disse que não suportava mais falar sobre o mesmo assunto. O motorista, então, lhe disse: ”Não tem problema, eu já ouvi tanto o senhor falar que já sei tudo de cor e salteado. Eu falo por você.” O cientista concordou e eles trocaram de roupa. Quando o motorista terminou a palestra, vieram muitas palmas e alguém se levantou e lhe fez uma pergunta terrível. O motorista disse que aquela pergunta era tão simples, que ele ia pedir ao seu motorista para respondê-la.

-Há também uma história muito conhecida do Einstein. - interveio o Simon Khoury enquanto riam da primeira.

-Ele estava no ponto de ônibus de cuecas, uma moça, quando o viu, o interpelou: “O que é isso?... O senhor não tem vergonha, não?” E Einstein: “Desculpe-me. Qual é o nome da menina?” A moça respondeu: “Albertina Einstein, não é papai?”. Ele era muito distraído.

Depois da “Pausa para meditação”, Simon Khoury retornou no mesmo diapasão de entusiasmo.

-Mais uma surpresa para vocês. Henry Mancini fez sucesso com vários seriados na televisão: “Peter Gunn”, “Mister Lucky” e outros. Ele ousou, então, criar um arranjo para “Mister Lucky” em ritmo de Cha-Cha-Cha. Como se não bastasse, ele colocou cordas, toda a parte de percussão e, vejam só, o órgão, que ninguém usa por medo, é difícil pra burro de tocar, eles preferem pegar essas coisas eletrônicas que todo o mundo faz.

Após o “Mister Lucky”, Jonas Vieira justificou o “atualidades”, que é um dos componentes anunciados do programa Rádio Memória, e investiu contra a criminalidade.

 -Ouvintes, nós batalhamos, mas, infelizmente, as coisas vêm acontecendo. Mais um caso terrível, escabroso, que foi o assassinato desse médico, na Lagoa, por um pivete, um criminosozinho protegido por ONGs e por pensamentos absolutamente doentios; de gente doente que deveria fazer as pazes com a vida. Eu gostaria que a Marieta Severo e outros levassem esses meninos para cuidar; mas não querem, eles querem que os outros cuidem. Por que o Chico Buarque não faz isso?

-Por que a Marieta Severo? - aparteou o Simon Khoury.

A resposta foi dada pelo Sérgio Fortes:

-Ela deu uma entrevista no segundo caderno do Globo. Foi um azar tremendo, coitada, é bem verdade, porque na véspera desse episódio, ela falou loucamente contra a maioridade penal aos 16 anos.

Feito o esclarecimento ao Simon Khoury, expôs seu parecer:

-É um negócio de uma obviedade; você prende um menino desses que já foi preso 15 vezes.

-15 vezes, e não é punido. - acrescentou o Jonas Vieira.

-Punido, nada. Na casa dele, havia 9 bicicletas, uma montanha de facas.

Jonas Vieira retomou a palavra:

-E essas ONGs, e essa gente, juristas, não sei o quê, defendendo... Vai piorar. A cidade tem de ser defendida. Não pode ficar a mercê desses criminosos. Tira de circulação e aí, faz um colégio, bota as freiras para ensinar, para todos eles ficarem santos. Eu não aguento mais essa coisa! Está insuportável! A mídia é outra culpada, contribui para isso porque noticia essas coisas, dá grande destaque às facadas, como aquela no Centro da cidade. Por que noticia essas coisas? Isso incentiva mais o crime. Poxa! Você vê, depois, uma série de crimes com faca na mão, tudo por causa da mídia que dá um espaço enorme à violência. Tomara que o Congresso tome uma providência. Tenho netos, filhos, amigos que estão expostos a isso.

A palavra voltou para o Sérgio Fortes:

-Jonas, esse médico, que foi brutalmente assassinado, já estava no chão, absolutamente dominado e foi esfaqueado diversas vezes. Esses anjinhos... Qual o pressuposto? Você coloca num lugar, e eles viram congregados marianos?...

-Essa leniência tem de parar, não só com menores, mas de um modo geral. Um cara com 90 anos de condenação é solto... Veio um juiz e soltou essa figura... É brincadeira.

-Jonas, houve um que saiu no Dia das Mães e não voltou mais.

-Porque o Brasil é uma mãe, Sérgio.

Parodiando o Jonas Vieira e o Sérgio Fortes: pior do que isso só no inferno.

Depois do desabafo, o titular do programa se voltou para o fã nº1 do Henry Mancini:

-Simon Khoury, vamos abrandar o programa.

Mas quem se manifestou foi o Paulo Fortes:

-Simon Khoury, você falava de um CD de 1991, intitulado “French  Collection”...

-”Connection”

-Você escreveu “Collection”.

-Errei sim, manchei o seu nome. - citou o Simon Khoury um grande sucesso da Dalva de Oliveira.

Sérgio Fortes perguntou, e ele mesmo respondeu:

-Quais são as músicas? “Crown, o Magnífico”, “Era Uma Vez, um Verão”, “Love Story” e “Um Homem e Uma Mulher”. Nesse CD, Mancini dirige, não é pouca coisa, a London Symphony Orchestra e homenageia Michel Legrand e Francis Lai.

E a música reinou absoluta.

-Esse pout-pourri  é de uma beleza extraordinária. - não se conteve o Jonas que, em seguida, se voltou para o seu parceiro.

-Creio, Sérgio, que chegamos ao final do nosso encontro com Henry Mancini.

-Há mais uma música. - interveio o Simon Khoury. Um filme de 1970, dirigido por Victorio De Sica com Sofia Loren e Marcelo Mastroiani.

Embora o tempo urgisse, ele contou a sinopse do filme, Girassóis da Rússia, para, em seguida, anunciar a última gravação do programa num inglês de jogador de futebol brasileiro com um mês na Inglaterra.

Ouvida a bela música, tema da fita, Jonas Vieira pediu que ele repetisse o nome.

Como não foi entendido, Simon Khoury soletrou: L-O-S-S-O-F-L-O-V-E. Depois, juntou tudo numa pronúncia parecida com a do técnico Joel Santana.

-Perdoai, Pai, ele não sabe o que diz. - foi a reação do Jonas Vieira.

Bem, leitores do Biscoito Molhado, este foi o Rádio Memória do dia 24, transmitido às 5h da manhã, que só a coruja da nossa redação ouviu e gravou. No dia 31, ele foi bisado no seu costumeiro horário. Ainda bem, pois programa assim não é coisa que se perca.

 

    

 

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