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quarta-feira, 10 de junho de 2015

2870 - o despertador de Haydn


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5120                                  Data:  05 de junho de 2015

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CARTAS DOS LEITORES

 

-Compulsando as páginas do Biscoito Molhado do meu arquivo, deparei-me com um dos muitos exemplares que trataram do programa dominical Rádio Memória, do Jonas Vieira e do Sérgio Fortes. Nesse número, o Dieckmann é criticado porque, como convidado, pediu uma gravação com a Lady Gaga. Agora, que vemos a cantora formar um dueto com Tony Bennett, o maior cantor americano segundo o Frank Sinatra e que vai se apresentar, com elogios fartos,  num tributo ao filme “A Noviça rebelde”, na entrega do Oscar, como fica essa crítica? Aproveitando a oportunidade, uma informação: por que o Dieckmann não foi mais ao Rádio Memória?... Foi por causa da Lady Gaga? Nuno Álvares

BM: Recordo-me que, na nossa crítica ao Dieckmann, nós escrevemos que a Lady Gaga não era para ser ouvida e sim vista. Nós prestávamos atenção em tudo da Lady Gaga, menos na sua voz, o que nos levou a cometer essa injustiça, não com o Dieckmann, que subverteu a filosofia saudosista do programa, mas à cantora, que não é apenas um corpo bem fornido.

Dieckmann não vai mais ao Rádio Memória, pelo que a reportagem do Biscoito Molhado apurou, por causa de um desentendimento com o Jonas Vieira; o Dieckmann é Márcia, e o Jonas Vieira, Marisa Gata Mansa. Acreditamos que, nessa polêmica, o titular do Rádio Memória também fugiu da filosofia do programa. Se se desentendessem porque um é Emilinha, e o outro, Marlene, aí sim, estaria tudo certo.

 

-O Biscoito Molhado registrou as palavras do Sérgio Fortes em que ele, no papel de Homem-Calendário, referindo-se à fundação da cidade de Juiz de Fora, comentou que indo para lá, num domingo em que jogavam Botafogo e Flamengo, encontrou parte da população trajando a camisa da estrela solitária, e parte, a camisa rubro-negra. Será que este periódico pode nos informar quem venceu essa partida? Clóvis

BM: A reportagem do Biscoito Molhado procurou o Sérgio Fortes, mas ele não pôde nos atender porque ensaiava uma ária da ópera Werther de Massenet. Ser tenor era o grande sonho do nosso amigo, mas o seu pai, o grande barítono Paulo Fortes, exigiu tanto da sua voz, numa aula, que ele ficou um dia inteiro sem falar, conforme narrativa do Rogério Barbosa Lima na sua biografia “Paulo Fortes - Um Brasileiro na Ópera”.

Apesar desse contratempo, tentaremos responder a sua pergunta da melhor maneira possível. Se essa ida a Juiz de Fora do Sérgio Fortes se deu naqueles anos em que o Botafogo foi promovido de General Severiano a Marechal Hermes, o Flamengo ganhou, mas se ele foi no tempo em que o goleiro Manga dizia que já gastava o dinheiro do bicho na feira por antecipação, nos jogos contra o Flamengo, o Botafogo, com toda certeza, ganhou.

 

-Num desses Sabadoidos do Biscoito Molhado, eu li que o aniversário da Gina, no dia 23 de abril, não poderia ser esquecido por causa de duas referências mnemônicas poderosíssimas: o dia e mês de nascimento do Pixinguinha e o Dia do Choro. Perguntamos: o que é isso?... Bullying com São Jorge? Eduardo

BM: Não, nada disso, respeitamos o Santo Guerreiro. O fato é que o foguetório que celebrou o seu dia foi tamanho que os bairros do subúrbio se transformaram, cada um, numa Copacabana na passagem do ano; portanto, nas nossas páginas sobre o Dia 23 de abril, mesmo que ele não seja citado, está presente. Aliás, no atual momento político do Brasil, ele é evocado todos os dias do ano para matar o dragão, e não é à inflação que estamos nos referindo.

Já escrevemos, em páginas pretéritas, sobre a sua imagem dentro de uma redoma, em plena ação, envolta de flores vermelhas e brancas, na Praça Manet; pois, passados quase dois meses, ela lá continua soberana e altaneira, nenhum iconoclasta, nenhum chutador de santa apareceu para agredi-la, apesar da proximidade da sede da Igreja Universal do Reino de Deus.

Nos anos anteriores a este em que houve a inauguração dessa imagem, o ponto alto da festividade do Dia de São Jorge, em Del Castilho, era, por volta das 18 horas, uma cavalhada seguida por uma carreata pelas ruas do bairro. Nesses momentos, quase estourava um guerra santa contra os seguranças da citada igreja evangélica, pois eles recebiam ordem de impedir a passagem da procissão do Santo Guerreiro. Mas os católicos seguiam em frente, unidos com os umbandistas, formando uma força poderosa. Mas faltou pouco para os jornais noticiarem a “Noite de São Bartolomeu de Del Castilho”.

 

 -No verbete Decepção do Minidicionário Autobiográfico do redator do Biscoito Molhado, foi registrada a sua breve soneca durante a fala do Robero Galli, um dos grandes nomes da Marinha Mercante brasileira, num simpósio, o que levou o palestrante a se decepcionar. Ora, eu já assisti a incontáveis palestras e, até agora, só não surpreendi o conferencista dormindo. Assim sendo, não há razão para se apoquentar. Gregório.

BM: Sim, concordamos. Num espaço amplo, como aquele em que eu me encontrava, em Botafogo, com uma miríade de cabeças entre mim e o palestrante, imaginei que poderia dormitar sem ser descoberto.

No trecho sobre o verbete citado no Minidicionário Autobiográfico, foi citado o Comandante Jorge Para Nina, que se tornou nosso chefe no Bureau de Estudos de Fretes, após oito anos no posto de delegado do Lóide Brasileiro, em Hamburgo, na Alemanha. Essa lembrança me conduz a um dorminhoco mais ousado do que eu. Passemos, agora, para esse caso.

Numa reunião com os representantes estrangeiros da Conferência Brasil/Europa Brasil, sobre o reajuste geral de fretes do ano, o nosso chefe, que a coordenava, quando tratou da seção IV desta Conferência – Inglaterra e Reino Unido - expôs as suas considerações e, em seguida, dirigiu-se ao seu representante:

-Mister Rose.

Nada.

-Mister Rose. - repetiu.

Nada.

A gargalhada do Comandante Parga Nina acordou o Mister Rose.

O compositor Haydn, que foi celebrado em todo o mundo culto, mesmo enquanto vivia – alguns o consideravam o Shakespeare da Música, compôs uma sinfonia, a de número 94, denominada “Sinfonia Surpresa”. Nessa obra, há um momento em que a orquestra toca em piano quando, subitamente, soa um acorde em fortíssimo. O compositor explicou, depois, a razão desse trecho: era para acordar os que estavam dormindo na plateia.

        Grande Haydn.

 


 

 

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