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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

2488 - ciúme, inveja, insulto, prevaricação e arquitetura, tudo junto.



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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4288                          Data:  07  de  outubro de 2013
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CARTAS DOS LEITORES
                              
-Tenho notado que o nome mais escrito nas últimas edições do Biscoito Molhado é o do Jonas Vieira; por quê? Elio
BM: No tempo em que os alunos iam para escola com o objetivo de aprender, nós, quando errávamos, tínhamos de ir ao quadro negro, que, geralmente era verde, e escrever a mesma coisa dezenas de vezes para não incorrer no mesmo erro. No caso, troquei o nome do apresentador Jonas Vieira pelo do pastor Jonas Resende. Esse erro não foi ainda metabolizado pela vítima, que ora chama este periódico de Peru Molhado, ora de Biscoito Fino (trocar pela gravadora até que nos apraz).
Para que não fique cansativo para o leitor se deparar com fileiras de linha com um só nome, resolvemos publicar edições e mais edições sobre o programa Rádio Memória, da 94.1 FM que, justiça seja feita, areja as manhãs de domingo. E, assim, escrevemos, sempre que surge a oportunidade, o nome Jonas Vieira.
Reconhecemos que trocar a identidade de uma pessoa é como ofendê-la. Por coincidência, estamos lendo “A Viagem do Elefante”, do José Saramago – animal que foi presenteado pelo rei de Portugal, Dom João III ao arquiduque da Áustria, Maximiliano II. - fato verídico. Em cero ponto da narrativa, o nome do elefante, Salomão, é mudado para Solimão, segundo o grande escritor, o arquiduque trocou Salomão por Solimão, e Dom João III reagiu com indignação, ficando por isso, está registrado no livro, “enxofrado”.
Nós, ouvintes assíduos do Rádio Memória, não desejamos, em hipótese alguma, deixar o Jonas Vieira “enxofrado”. (*)

-Li a confusão que pessoas de poucas leituras fizeram com o vocábulo “forró”, dando-lhe a filiação norte-americana, “for all”. Ora, os yankees são imperialistas, mas não a esse ponto: eles não invadiram os ritmos nordestinos que Luiz Gonzaga divulgou com tanto talento. A palavra forró veio de forrobodó, do vocabulário trazido de Portugal e é muito usada no Brasil, desde o século XIX, como sinônimo de bagunça, festa, baile, arrasta-pé. Elio
BM: isso mesmo, Elio. O Departamento de Pesquisas do Biscoito Molhado pretendia ir à Torre do Tombo, pesquisar a história do forrobodó, mas o nosso periódico, ao contrário do governo brasileiro, vive um regime de contenção de despesas; isso posto, a consulta foi realizada no Google e aqui a transcrevemos:
“Joaquim Pedro Quintela, o primeiro conde de Farrobo, organizava suntuosos festejos no seu palácio edificado em 1779 e projetado por um antepassado, o padre Bartolomeu Quintela. Ele havia herdado a propriedade de seu pai e deu ao palácio a divisa “Otia tuta” que, traduzido pelo latinista mais à mão, Roberto Dieckmann, significa “para todos os ócios”.
“O Conde de Farrobo era um amante das artes, sobretudo da música, e os principais cantores de ópera da Europa vinham atuar no Teatro Tália, junto ao seu palácio, onde costumeiramente terminavam todas as festas. E nessas folias a família real marcava presença, especialmente o rei Fernando II, de Portugal e a sua filha, a princesa Maria Ana. Com tais folguedos, o Conde de Farrobo torrou a fortuna que dez gerações amealharam e, por causa dessas festanças, surgiu no meio da plebe a expressão “farrodó”, que, com o acréscimo de uma sílaba, virou “forrobodó”. “
Segundo os linguistas, a palavra “farra”, usualmente falada, hoje em dia, tem um significado similar, que poderia ter se originado de “farrabodó”.  E prosseguem:
“Tanto em Portugal, como no nordeste do Brasil, o vocábulo forrobodó continua até hoje sendo usado e acabou por identificar o nome da festança típica do nordeste.”
Aqui, entram os estudiosos da música popular brasileira:
-”Forrobodó, abreviado para forró, passou a identificar um mosaico de ritmos regionais, como o xote, xaxado, coco, toada, baião e outros”.

-Li uma edição do Biscoito Molhado que se referiu, embora de passagem, a uma “Pausa para a Meditação”, do Rádio Memória, em que foi citada a frase “Tudo que é sólido se desmancha no ar”. Fiquei acachapado, pois essa citação é marxista e o titular do programa em tela (tela, mas radiofônico, é um americanófilo. Não entendi nada. Elio
BM: Tentarei explicar, Elio, O autor da crônica, que preencheu a “Pausa para a Meditação” é Fernando Milfond e ele a intitulou “Tudo que é sólido se desmancha no ar”. Com ela, houve mal-entendidos que o Jonas Vieira tentou dirimir no programa seguinte, pois o que parecia marxista, não era.
Na verdade, a frase em questão dá título a uma obra lançada pela Companhia do Livro, em 1986, do filósofo influenciado pelas ideias de Karl Marx, Marshall Berman.
O autor, que era americano, faleceu recentemente em Nova York, enquanto tomava o café da manhã num restaurante, aos 72 anos de idade.
Marshall Berman foi autor de textos sobre economia, arte e cultura, tornou-se colunista do “New York Times” e do “Nation”, e fazia parte do conselho editorial da revista “Dissent”, além de dar aulas de política e urbanismo na City University of New York. Para ele, a solidão e a automatização eram problemas crônicos da modernidade, e chegou a declarar que talvez o concreto fosse seu pior inimigo,
“Tudo que é sólido se desmancha no ar” é uma frase do “Manifesto Comunista”, de Marx e Engels, que ele pinçou para batizar o seu livro, que narra a história crítica da humanidade.
No seu obituário, foi registrado que, talvez no Brasil, ele tenha alcançado seu maior sucesso. Acreditamos que isso se deu mais pela polêmica que travou com o arquiteto Oscar Niemeyer,
Lamentando que Brasília não tinha parques, praças, disse à Folha de São Paulo que Brasília foi construída de modo a evitar que as pessoas se encontrem. Oscar Niemeyer, com seu espírito democrático herdado de Lênin e Stalin, reagiu chamando-o de idiota.
O arquiteto também faleceu recentemente e tudo se desfez no ar, ou está se desfazendo, menos Brasília, que continua com seus políticos corruptos.

-Sinto falta das conversas no metrô transcritas no Biscoito Molhado. Elio.
BM: Elio (**), ninguém conversa mais no metrô; os passageiros, ou fingem que dormem para não ceder o lugar às grávidas, idosos e gente com criança no colo, ou estão hipnotizadas pelos seus celulares.
Ontem, houve uma exceção; viajava eu sentado, por volta do meio-dia, quando um cidadão, ao meu lado, deu de rir desbragadamente. Julguei-o louco, mas, vi, em seguida, que ele assistia a um cachorro na televisão brincando no pula-pula.
É isso ai, Elio, também colocaram, agora, televisões nos vagões do metrô; mais um motivo para que não haja interlocução entre as pessoas.

(*) o Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO consultou o Dieckmann sobre a reprodução continuada do nome (só no nome) do Jonas Vieira. Considera o Dieckmann que o redator do Peru Molhado está certo em rescrever para aprender – e isso vale para muito mais coisa – e que a comparação do Jonas com o Salomão poderá ser contestada pela parte prejudicada.

(**) parece que o redator andou errando o nome do Hélio, ou esse longo diálogo terá sido consequência de ciúmes aplacados?


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