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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

2060 - catenárias filosóficas e musicais

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 3860 Data: 9 de dezembro de 2011

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O SABADOIDO REVISITA O CACHAMBI

PARTE III

-Lá, no Evandro, deixaram, pelo menos, o aniversariante contar vantagem? - perguntei ao meu irmão.

-Se fosse o Joaquim, em vez dele, o pessoal teria de ouvir as suas bazófias, mas o Dário é modesto, Carlinhos.

-Lembro-me do Dário soltando pipa. Mas, como eu já disse, eu era mais ligado ao irmão dele. Garoto, muitas vezes subia nos muros e eu era os olhos do Joaquim, eu dizia: “pode debicar a pipa mais ainda, agora puxa”. Quantas pipas ele cortou assim.

-Dario não ficava atrás; colocava a pipa no alto com mais de dois rolos de linha 10 com cerol. - disse meu irmão.

-Era linha 10, mesmo. Cordonnet, apesar de mais resistente, aumentava a barriga (*) na proporção que a pipa subia.

-A linha 10 era a ideal, ficava entre a linha 24, fina demais, e o cordonnet, muito grosso. - declarou meu irmão fundamentado no seu retrospecto de soltador de pipas.

-Lembro-me, Cláudio, que, certa vez, o Dário estava com a pipa nas nuvens, quando passou aquele mulato alto, que também morava na Rua Americana, pegou a linha da mão do Dário, e surpreendentemente a cortou, e a pipa se foi.

-Esse Lino era um sujeito perigoso.

-Todos ficaram sem reação; ninguém esperava por aquilo. Era tanta linha que, depois, prendeu numa árvore, mas não conseguiram recuperar a pipa.

-Eu nunca gostei desse Lino. - bradou o Cláudio.

-O sobrinho dele integrou, por um tempo, a nossa turma.

-Ele casou com uma jovem da vizinhança.

-Recordo-me de um daqueles célebres carnavais de rua, do Cachambi, denominado de “Cai do Líbano”, em que o Chaminé cismou que o sobrinho do Lino batera com uma vareta na testa dele.

-E bateu?

-Bateu nada, Cláudio. O sobrinho do Lino era adolescente, e o Chaminé era preso, volta e meia, pela Invernada de Olaria, vendendo cheirinho da loló.

-Uma das melhores performances do Luca é quando ele conta a briga do Chaminé com o Mauricinho. Pela narrativa do Luca, os dois gingaram tanto que daria para uma escola de samba desfilar no meio da briga.

-Eu não vi essa briga do Chaminé com o Mauricinho.

-Eu também, não, Cláudio, mas prefiro assim: contada pelo Luca.

-Chaminé brigava com o filho, mas era o maior puxa-saco do pai.

-Pudera: o Maurício era o dono do bookmaker da Rua São Gabriel, quando os negócios entraram no vermelho, ele se tornou alcaguete da polícia. - falei.

-No congraçamento no Evandro, pelos anos do Dário, o pessoal se entusiasmou quando eu citei o Tereré.

-Você, Cláudio, desenterrou o nome de uma das figuras mais folclóricas do Cachambi.

-Pois é, lembraram logo do que ele aprontou no bairro antes de se refugiar em Brasília.

-Ninguém matou mais moradores do Cachambi do que o Tereré. - falei com um sorriso.

-Tereré escalava um morto e, depois, choramingando e com uma lista na mão, recolhia contribuições para o funeral. Embolsava o dinheiro todo ou o dividia com o morto se este prometesse sumir do Cachambi por uns dias.

-Sim, Cláudio, mas eu soube de um morador que, depois de contribuir com o enterro, esbarrou com o defunto na esquina.

-”O que você está fazendo fora do túmulo?”

Deu uma confusão dos diabos.

-Eu sei, Carlinhos, que o pessoal, no Evandro, vibrou quando eu tirei o nome do Tereré do esquecimento.

Repassando as informações do meu irmão sobre os festejos dos 74 anos do Dário, no meio da sessão do Sabadoido, calculei que o Luca, caso estivesse lá, citaria o “Secreta” do Cinema Cachambi e todos os presentes teriam uma arruaça cinematográfica para contar. Assim sendo, na nossa reunião na casa da Gina, Luca se limitou a falar de uma mensagem eletrônica que recebera: as grandes estrelas de Hollywood.

-Quem despontava entre as belas atrizes?... A Ingrid Bergman, do Casablanca.

-Sim, Luca, mas há outras atrizes muito bonitas, como a Grace Kelly. - reagiu o Cláudio.

-A própria filha da Ingrid Bergman com o Roberto Rosselini, a Isabella Rosselini é lindíssima.

Luca concordou, enquanto citava outras encantadoras atrizes do mencionado e-mail:

-Kim Novak, jovem e idosa; Elizabeth Taylor; Katharine Hepburn e Audrey Hepburn, mãe e filha...

-Espera lá: Katharine Hepburn e Audrey Hepburn. - frisou meu irmão.

-Eu não falei?...

-Você falou mãe e filha. (**)

-Erro de imprensa, Claudiomiro.

Falou-se nas buscas na internet e a Gina, que se achava presente, interveio:

-O Carlinhos é que estava certo quando disse que era de Pascal a frase “Vou fazer esta carta longa, porque não tenho tempo de fazê-la curta.”

Para que o leitor do Biscoito Molhado se situe, reporto-me ao último sabadoido. Luca mostrou uma carta manuscrita pela Rosa Grieco em que ela faz a citação acima; ao respondê-la, Luca atribuiu a frase a Voltaire. Depois, pediu-me para procurar no Google o nome do verdadeiro autor. Como eu não penso duas vezes, em matéria de erudição - fico do lado da Rosa Grieco - digitei Pascal e encontrei a frase que se refere ao gasto de tempo para se ser conciso. Mais tarde, Luca pediu ao meu sobrinho para procurar no mesmo Google esta citação ligada ao nome de Voltaire, e ele a encontrou:

-Luca, Voltaire, que nasceu depois da morte de Pascal, não escreveria a frase sem nomear o autor.

-É evidente, Carlinhos.

-Algum internauta, certamente, atribuiu a frase a Voltaire, gerando um erro em cadeia. É por isso que o Millor Fernandes afirmava que só se aproveita 10% da internet.

Pretendia contar a minha dúvida com o pretérito perfeito do verbo reaver, quando encontrei a conjugação completamente errada no blog de um gramático (eu reavi, tu reaveste, ele reaveu, nós reavemos, vós reavestes, eles reaveram), quando o assunto passou a ser o violão.

-Baden Powell, Dilermando Reis; aquele gordinho, Yamandu Costa, muito bom; Segóvia; Paco de Lucia; aquele que morreu novo, Rafael Rabelo e o que tocava todo o Villa Lobos e é o melhor para mim...

-Turíbio Santos – antecipei-me ao Luca – e, como um repentista, prossegui:

-João Pernambuco, Dino Sete Cordas, Fábio Zenon...

-Vocês estão esquecendo um violonista muito conceituado: Guinga. E o próprio Guinga enaltece o Marcos Tardelli. Eu, particularmente, gosto também do João Bosco. - interveio meu irmão.

-Carlinhos, tenho de ir. - avisou o Luca que, continuaria sem dar carona ao Vagner, porque a sua esposa o levara para casa minutos antes.

(*) o nome correto para barriga de linha é catenária.

Em matemática, a catenária descreve uma família de curvas planas semelhantes às que seriam geradas por uma corda suspensa pelas suas extremidades e sujeitas à ação da gravidade.

A equação da forma da catenária é dada pela função hiperbólica e a sua equivalente exponencial.


Aspectos históricos

O problema de descrever matematicamente a forma da curva formada por um fio suspenso entre dois pontos e sob a ação exclusiva da gravidade foi proposto por Galileu Galilei, que propôs a conjectura de que a curva fosse uma parábola. Aos 17 anos de idade, Huygens mostrou em 1646 de que a conjectura era falsa. Em 1690, Johann Bernoulli relançou o problema à comunidade científica. A resolução do problema foi publicada independentemente em 1691 por John Bernoulli, Leibniz e Huygens.

Aplicação prática

Uma força aplicada em um ponto qualquer da curva a divide igualmente por todo material. Por isso é usada para a fabricação de materiais como o fundo das latas de refrigerante, iglus e túneis.

(**) Não são mãe e filha, como esclarecido de maneira tênue. O distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO, fãzoco das duas atrizes, aproveita a penumbra da informação e abre a janela do leitor (a) querido (a) para o sol do conhecer.

Katharine Houghton Hepburn (Hartford, 12 de Maio de 1907Old Saybrook, 29 de Junho de 2003) foi uma importante actriz dos Estados Unidos da América. Hepburn actuou no cinema, na televisão e no teatro, e hoje é reconhecida como sendo um símbolo feminista e permanece uma das mais famosas estrelas de cinema de sempre.

Audrey Hepburn (Ixelles, 4 de maio de 1929 — Tolochenaz, 20 de janeiro de 1993) foi uma atriz, modelo e humanista nascida na Bélgica e radicada entre Inglaterra e Países Baixos.[1]. É considerada um ícone de estilo e a terceira maior lenda feminina do cinema de acordo com o American Film Institute. Nascida Audrey Kathleen Ruston, era a única filha de Joseph Anthony Ruston (um banqueiro britânico-irlandês) e Ella van Heemstra (uma baronesa holandesa descendente de reis ingleses e franceses). Seu pai anexou o sobrenome Hepburn, e Audrey se tornou Audrey Hepburn-Ruston. Tinha dois meio-irmãos, Alexander e Ian Quarles van Ufford, do primeiro casamento da sua mãe com um nobre holandês.[2]



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