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quarta-feira, 20 de março de 2013

2342 - Um Biscoito na Atlântida


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4142                                  Data: 02 de  Março de 2013
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CARTAS DOS LEITORES

-”Pilhéria, uma ova! Bradou o Dieckmann, que acompanhou esta edição, passo a passo, ou melhor, letra e música. O carro batido era um Jaguar e apareceu em “Amei um bicheiro”, mas a mãe do Cyll, não.” Dieckmann
BM:  Antes, uma explicação para que as palavras acima não pareçam indecifráveis como uma centúria de Nostradamus e que sejamos obrigados a convocar o Jonas Vieira para destrinchá-la: Dieckmann, como Pelé, se trata na terceira pessoa. Ele se refere a um dos comentários nossos sobre o programa da Rádio Roquete Pinto “Ouvindo o ouvinte”, do radialista que citamos acima acompanhado do talento multifacetado do Sérgio Fortes.
Na ocasião, nós atribuímos ao Dieckmann as palavras, em tom de pilhéria, que diziam que a mãe do Dick Farney e Cyll Farney aparecia, em Santa Teresa, com a frente do carro MG batido. Como ele escreve, não pilheriou e o carro era um Jaguar. (*)
Vi o filme “Amei um bicheiro”. Lá pelo fim dos anos 50, o Cinema Cachambi programou um “Festival do Cinema Brasileiro”, com um filme  a cada dia e o primeiro dos sete, numa segunda-feira, era o “Amei um bicheiro”. Tratava-se da primeira fita do Cyll Farney e do Grande Otelo, que não era comédia, a que eu assistia.  Mas não foi fácil; o Secreta, responsável pelo cinema, pensou em não me deixar entrar, porém a  minha mãe o convenceu do contrário depois de algumas ponderações. Por outro lado, outra mãe, com um filho menor do que eu, depois de ouvir que o menino não podia ver o filme, entregou o dinheiro à bilheteira e irrompeu cinema adentro com o pimpolho deixando o Secreta a resmungar.
Por que o filme era proibido para menores de dezoito anos? Creio que a resposta está no fato de o Sabiá, personagem do Grande Otelo, ter morrido numa caixa de gás para esconder-se da polícia. Não foi  por causa de mulher nua, que não houve, se houvesse, não se apagaria da minha memória como se apagou o Jaguar avariado. Dieckmann não se esquece do felino inglês, enquanto eu me esqueço até dos que vi recentemente.
Mas que ele disse no programa do Jonas Vieira que a mãe do Cyll Farney aparecia com a frente do carro batida, em Santa Teresa, lá, isso ele disse. (**)

-”BM 4116; como o computador português não tenho memória, tenho uma vaga lembrança em que houve uma letra, pelo menos em português, colocada na “Valsa do Adeus” do tuberculino polaco, mais usada no filme “A Ponte de Waterloo”, Vivien Leigh e Robert Taylor; algo no gênero: “Adeus, amor, eu vou partir”, não juro a respeito, eu era quase neném. Era uma desgraça  pelada, tempos de guerra e o mó chororô. Preciso de suas pesquisas: o Mainardi, no livro sobre o filho, fala na estátua do Verrocchio, o Bartolomeo Colleoni a cavalo. Pois apreciaria saber o sobrenome dele, Colleoni era só um apelido, meu pundonor não me permite detalhes, já deve tê-los captado. Em tempo: a Valsa é do Adeus ou do Minuto? E penso que do filme houve uma 2ª versão, “Gaby”, essa acabava bem, se acabar bem é acabar em casamento, ignoro. Envio-lhe encômios e ósculos.” R
BM:   Rosa Grieco se reporta à visita que Ernesto Nazareth me fez, quando foi citado Chopin (“o tuberculino polaco”). No que concerne a Bartolomeo Colleoni, eis o que diz a Enciclopédia Larousse:
“Bartolomeo Colleoni, condottiere  italiano (Solza, perto de Bérgamo, 1400 -Malpaga, perto de Bérgamo, 1475). Fez a parte mais importante de sua carreira militar em Veneza, que lhe confiou o comando supremo do Exército em 1454. Legou uma parte de seus bens à República de Veneza, que lhe erigiu uma estátua  equestre, esculpida por Verrocchio.”
Suspeito que Bartolomeo Colleoni foi vítima dos trocadilhistas, como Charles, filho de Elizabeth II, da Inglaterra, que é Príncipe da Cornualha.
Quanto a  “A Ponte de Waterloo”, é um filme de 1940, com os protagonistas citados pela Rosa. Vivien Leigh, deslumbrada com o sucesso que obtivera no ano anterior como Scarlett O'Hara  queria o seu marido Laurence Olivier no papel de Roy Cronin, mas Hollywood ignorou sua vontade e o papel foi para Robert Taylor. Vivien Leigh se conformou, a ponto de declarar, mais tarde, ser  “A Ponte de Waterloo”  o filme em que mais gostou de trabalhar. Robert Taylor, por sua vez, disse que  Roy Cronin foi o seu primeiro grande papel e que trabalhar com a Senhora Leigh beneficiou muito a sua carreira.
Eis, num parágrafo, o filme:
No dia anterior à Segunda Guerra Mundial, um oficial inglês (Robert Taylor) retorna à ponte de Waterloo para se lembrar quando,  jovem rapaz, estava indo à Primeira Guerra Mundial  e de sua namorada da época, a bailarina Myra (Vivien Leigh). Adaptação da peça de Robert E. Sherwood. A película foi indicada aos Oscars de melhor Fotografia e de melhor Trilha Sonora em 1941.

-”Rubirosa foi o pivot da separação de Zsa Garbor e George Sanders. Aliás, não entendo como um homem complexo e sofisticado como ele casou-se  com tamanha vagabunda.
O fabuloso playboy também foi a causa do divórcio entre o golfista e socialite Robert Sweeney e sua esposa, a herdeira texana de campos de petróleo, Joanne Connely. Trujilo, para fazer mis en scene, destituiu Rubirosa do cargo de embaixador na França por má conduta. Pouco depois, ele foi reconduzido à carreira diplomática. Luiz Tinoco
BM: Se Ruy Castro, Fernando Moraes, Ronaldo Costa Couto ou outro biógrafo pretender escrever sobre a vida do playboy Porfírio Rubirora, terá, fatalmente,  de consultar o Tinoco, garante o Dieckmann. O biógrafo ficará com pouco trabalho, pois bastará colocar no papel o que o nosso amigo Tinoco contar.
Sobre a Zsa Zsa Garbor, que foi citada com severas palavras pelo remetente dessa carta, merece, a nossa ver,  uma apreciação mais branda.
Ela foi Miss Hungria, e teve, no seu currículo amoroso, nove maridos, sete divórcios e uma anulação de casamento.  Em 1937, com  vinte anos de idade, contraiu núpcias com um ministro turco muito mais velho do que ela e teve um caso com o presidente da Turquia, Ataturk.
Atuou com grandes nomes do cinema, como John Houston, em Moulin Rouge, de 1952, e Orson Welles, em A Marca da Maldade, de 1967, mas seu destaque não foi nas telas de cinema...
 Sua velhice foi bastante sofrida, ela aproveitou bem a vida enquanto teve saúde. (***)

(*) Localizamos o Dieckmann com alguma dificuldade, pois, alem de se esconder na terceira pessoa, andou enfiado nas matas do Espírito Santo, Amém, como se refere o mencionado amigo do redator do seu O BISCOITO MOLHADO ao belo Estado. Estado belo, limpo e arrumado, fez questão de enfatizar antes de tecer os seguintes comentários:
Já encontrei o nome do Cyll Farney escrito de diversas maneiras, com um ele, com dois, com i e com y. No filme Os Dois Ladrões está Cyll, no imdb está Cyl e por aí vai. Segundo a Wikipédia, Cyll Farney, nome artístico de Cilênio Dutra e Silva foi um ator brasileiro. Cyll Farney era irmão do músico Dick Farney, Tinha estudado farmácia nos Estados Unidos e tocava bateria na banda do irmão. E foi dele que Cyll Farney tirou seu nome artístico. 'Meu pai inventava estas coisas. Farney veio de Farnésio, o nome do Dick. Por causa dele, adotei também ', disse ele numa entrevista em 1999.
E, segundo a Dieckpedia, MG não é carro para estar em filme, nem mesmo da Atlântida.
E mais não disse, certo de haver iniciado uma polêmica das boas. O Distribuidor concorda com a provocação, vamos ver se algum dono de MG vai ler esta edição.
(**) Ái, ái, ái, rezingou o colecionador. O carro era da mão do Cyll, era um Jaguar e estava com a frente batida. Mas a mãe do Cyll estava inteirinha, em sua casa, na Rua Júlio Ottoni e não apareceu nas filmagens.
(***) A Zsa Zsa está viva (garantem) com 96 anos.

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