------------------------------------------------------------------------
O BISCOITO MOLHADO
Edição 4142
Data: 02 de Março de 2013
------------------------------------------------------------------------
CARTAS DOS LEITORES
-”Pilhéria, uma ova! Bradou o Dieckmann,
que acompanhou esta edição, passo a passo, ou melhor, letra e música. O carro
batido era um Jaguar e apareceu em “Amei um bicheiro”, mas a mãe do Cyll, não.”
Dieckmann
BM: Antes, uma
explicação para que as palavras acima não pareçam indecifráveis como uma
centúria de Nostradamus e que sejamos obrigados a convocar o Jonas Vieira para
destrinchá-la: Dieckmann, como Pelé, se trata na terceira pessoa. Ele se refere
a um dos comentários nossos sobre o programa da Rádio Roquete Pinto “Ouvindo o
ouvinte”, do radialista que citamos acima acompanhado do talento multifacetado
do Sérgio Fortes.
Na ocasião, nós atribuímos ao Dieckmann
as palavras, em tom de pilhéria, que diziam que a mãe do Dick Farney e Cyll
Farney aparecia, em Santa Teresa, com a frente do carro MG batido. Como ele
escreve, não pilheriou e o carro era um Jaguar. (*)
Vi o filme “Amei um bicheiro”. Lá pelo
fim dos anos 50, o Cinema Cachambi programou um “Festival do Cinema
Brasileiro”, com um filme a cada
dia e o primeiro dos sete, numa segunda-feira, era o “Amei um bicheiro”.
Tratava-se da primeira fita do Cyll Farney e do Grande Otelo, que não era
comédia, a que eu assistia. Mas
não foi fácil; o Secreta, responsável pelo cinema, pensou em não me deixar entrar,
porém a minha mãe o convenceu do
contrário depois de algumas ponderações. Por outro lado, outra mãe, com um
filho menor do que eu, depois de ouvir que o menino não podia ver o filme,
entregou o dinheiro à bilheteira e irrompeu cinema adentro com o pimpolho
deixando o Secreta a resmungar.
Por que o filme era proibido para
menores de dezoito anos? Creio que a resposta está no fato de o Sabiá,
personagem do Grande Otelo, ter morrido numa caixa de gás para esconder-se da
polícia. Não foi por causa de mulher
nua, que não houve, se houvesse, não se apagaria da minha memória como se
apagou o Jaguar avariado. Dieckmann não se esquece do felino inglês, enquanto
eu me esqueço até dos que vi recentemente.
Mas que ele disse no programa do Jonas
Vieira que a mãe do Cyll Farney aparecia com a frente do carro batida, em Santa
Teresa, lá, isso ele disse. (**)
-”BM 4116; como o computador português
não tenho memória, tenho uma vaga lembrança em que houve uma letra, pelo menos
em português, colocada na “Valsa do Adeus” do tuberculino polaco, mais usada no
filme “A Ponte de Waterloo”, Vivien Leigh e Robert Taylor; algo no gênero:
“Adeus, amor, eu vou partir”, não juro a respeito, eu era quase neném. Era uma
desgraça pelada, tempos de guerra
e o mó chororô. Preciso de suas pesquisas: o Mainardi, no livro sobre o filho,
fala na estátua do Verrocchio, o Bartolomeo Colleoni a cavalo. Pois apreciaria
saber o sobrenome dele, Colleoni era só um apelido, meu pundonor não me permite
detalhes, já deve tê-los captado. Em tempo: a Valsa é do Adeus ou do Minuto? E
penso que do filme houve uma 2ª versão, “Gaby”, essa acabava bem, se acabar bem
é acabar em casamento, ignoro. Envio-lhe encômios e ósculos.” R
BM: Rosa Grieco se reporta à visita que
Ernesto Nazareth me fez, quando foi citado Chopin (“o tuberculino polaco”). No
que concerne a Bartolomeo Colleoni, eis o que diz a Enciclopédia Larousse:
“Bartolomeo Colleoni, condottiere italiano (Solza, perto de Bérgamo, 1400
-Malpaga, perto de Bérgamo, 1475). Fez a parte mais importante de sua carreira
militar em Veneza, que lhe confiou o comando supremo do Exército em 1454. Legou
uma parte de seus bens à República de Veneza, que lhe erigiu uma estátua equestre, esculpida por Verrocchio.”
Suspeito que Bartolomeo Colleoni foi
vítima dos trocadilhistas, como Charles, filho de Elizabeth II, da Inglaterra,
que é Príncipe da Cornualha.
Quanto a “A Ponte de Waterloo”, é um filme de 1940, com os
protagonistas citados pela Rosa. Vivien Leigh, deslumbrada com o sucesso que
obtivera no ano anterior como Scarlett O'Hara queria o seu marido Laurence Olivier no papel de Roy Cronin,
mas Hollywood ignorou sua vontade e o papel foi para Robert Taylor. Vivien
Leigh se conformou, a ponto de declarar, mais tarde, ser “A Ponte de Waterloo” o filme em que mais gostou de
trabalhar. Robert Taylor, por sua vez, disse que Roy Cronin foi o seu primeiro grande papel e que trabalhar
com a Senhora Leigh beneficiou muito a sua carreira.
Eis, num parágrafo, o filme:
No dia anterior à Segunda Guerra
Mundial, um oficial inglês (Robert Taylor) retorna à ponte de Waterloo para se
lembrar quando, jovem rapaz,
estava indo à Primeira Guerra Mundial
e de sua namorada da época, a bailarina Myra (Vivien Leigh). Adaptação
da peça de Robert E. Sherwood. A película foi indicada aos Oscars de melhor
Fotografia e de melhor Trilha Sonora em 1941.
-”Rubirosa foi o pivot da separação de
Zsa Garbor e George Sanders. Aliás, não entendo como um homem complexo e
sofisticado como ele casou-se com
tamanha vagabunda.
O fabuloso playboy também foi a causa do
divórcio entre o golfista e socialite Robert Sweeney e sua esposa, a
herdeira texana de campos de petróleo, Joanne Connely. Trujilo, para fazer mis
en scene, destituiu Rubirosa do cargo de embaixador na França por má
conduta. Pouco depois, ele foi reconduzido à carreira diplomática. Luiz
Tinoco
BM: Se Ruy Castro, Fernando Moraes, Ronaldo Costa Couto ou
outro biógrafo pretender escrever sobre a vida do playboy Porfírio Rubirora,
terá, fatalmente, de consultar o
Tinoco, garante o Dieckmann. O biógrafo ficará com pouco trabalho, pois bastará
colocar no papel o que o nosso amigo Tinoco contar.
Sobre a Zsa Zsa Garbor, que foi citada
com severas palavras pelo remetente dessa carta, merece, a nossa ver, uma apreciação mais branda.
Ela foi Miss Hungria, e teve, no seu
currículo amoroso, nove maridos, sete divórcios e uma anulação de
casamento. Em 1937, com vinte anos de idade, contraiu núpcias
com um ministro turco muito mais velho do que ela e teve um caso com o
presidente da Turquia, Ataturk.
Atuou com grandes nomes do cinema, como
John Houston, em Moulin Rouge, de 1952, e Orson Welles, em A
Marca da Maldade, de 1967, mas seu destaque não foi nas telas de cinema...
Sua velhice foi bastante sofrida, ela aproveitou bem a vida
enquanto teve saúde. (***)
(*) Localizamos
o Dieckmann com alguma dificuldade, pois, alem de se esconder na terceira
pessoa, andou enfiado nas matas do Espírito Santo, Amém, como se refere o
mencionado amigo do redator do seu O BISCOITO MOLHADO ao belo Estado. Estado belo,
limpo e arrumado, fez questão de enfatizar antes de tecer os seguintes
comentários:
”Já encontrei o nome do
Cyll Farney escrito de diversas maneiras, com um ele, com dois, com i e com y.
No filme Os Dois Ladrões está Cyll, no imdb está Cyl e por aí vai. Segundo a
Wikipédia, Cyll Farney, nome artístico de Cilênio
Dutra e Silva foi um ator brasileiro.
Cyll Farney era irmão do músico Dick
Farney, Tinha estudado farmácia nos Estados Unidos e tocava bateria
na banda do irmão. E foi dele que Cyll Farney tirou seu nome artístico. 'Meu
pai inventava estas coisas. Farney veio de Farnésio, o nome do Dick. Por causa
dele, adotei também ', disse ele numa entrevista em 1999.
E,
segundo a Dieckpedia, MG não é carro para estar em filme, nem mesmo da
Atlântida. ”
E
mais não disse, certo de haver iniciado uma polêmica das boas. O Distribuidor
concorda com a provocação, vamos ver se algum dono de MG vai ler esta edição.
(**)
Ái, ái, ái, rezingou o colecionador. O carro era da mão do Cyll, era um Jaguar
e estava com a frente batida. Mas a mãe do Cyll estava inteirinha, em sua casa,
na Rua Júlio Ottoni e não apareceu nas filmagens.
(***)
A Zsa Zsa está viva (garantem) com 96 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário