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domingo, 3 de março de 2013

2329 - cartas e berços


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4129                            Data: 12  de fevereiro de 2013
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CARTAS DOS LEITORES

-Morreu Stuart Freeborn e o redator do Biscoito Molhado não lhe dedicou uma linha sequer – omissão imperdoável. Ora, ele foi o precursor das modernas técnicas de maquiagem no cinema. Foi Stuart Freeborn que maquiou os macacos de 2001 – Uma Odisseia no Espaço. Ele chegou à sua criação máxima no personagem Yoda de Star Wars, quando, para traçar a carismática figura extraterrena, inspirou-se na sua própria expressão mesclada com a de Albert Einstein. Roberto Dieckmann
BM: Dieckmann, você esqueceu do tamanho das orelhas do Yoda. Ele se inspirou também no Clark Gable.

-O redator do Biscoito Molhado não considera um absurdo o governador do Ceará pagar uma fortuna  para a Ivete Sangalo cantar na inauguração de um hospital? Sérgio Fortes
BM: meu caro Sérgio, o Conde Francesco Matarazzo, em 1916, trouxe, por uma dinheirama, o tenor Enrico Caruso para se apresentar na inauguração da Casa  de Saúde Francisco Matarazzo, anexa ao Hospital Umberto I, em São Paulo. Porém,  entre os dois casos há uma diferença abismal, comparável à que existe entre a voz do tenor e da cantora de axé: o Conde desembolsou o dinheiro do bolso dele, enquanto o governador do Ceará meteu a mão no bolso dos contribuintes.

 -Sérgio Cabral não é safado. É um excelente governador. Anônimo.
BM: O Anônimo se reporta ao Biscoito Molhado 2314 em que, numa reunião do Sabadoido, ficou bem manifesta a diferenciação entre o biógrafo de grandes artistas da música popular e o atual governador do Rio de Janeiro.
Nós, sem pestanejar, preferimos o  pai, que só se envolveu com gente boa, como Pixinguinha, Ary Barroso, Antônio Carlos Jobim, Carmem Miranda, etc, etc.

-Sobre a Catarina da Rússia, sugiro que reconte ao Carlos o que lhe contei sobre as camareiras que usava como  “provadoras “  para não perder tempo com homens sensaborões (...). A biografia completa sobre a Catarina (incluindo as fachadas sem edifícios) me foi emprestada pelo meu recém-falecido irmão de 97 anos. Com malicioso sorriso, garantiu que era um livro didático. Rosa Grieco.
BM: Como o leitor notou logo, a carta não me teve como destinatário, mas como cita o BM nº 2303, o Luca a remeteu para mim, e eu muito agradeci, pois os textos da caçula da Dona Isaura e do Agrippino Grieco são sempre instigantes. 
Vamos à missiva. Eu confesso que desconhecia as “provadoras” da czarina. Um colega meu de trabalho, enfronhado no mundo artístico da TV Globo, contava-me que uma célebre artista antes de marcar um encontro com um sujeito, telefonava para as amigas, que já saíram com esse fulano, se valia a pena ou era perda de tempo. Ou seja, sem ter lido a biografia da Catarina de Médici, pois essa artista primava muito pela anatomia e pouco pelo cérebro, agia como ela.
Como a Rosa já escreveu sobre as suas desavenças familiares, eu entendi logo o motivo do sorriso malicioso e a maldade contida nas  palavras do seu irmão mais velho, que, aliás, atendia pelo nome de uma das tartarugas ninjas, Donatello (não sei se ela vai aprovar minha piada, porque tem sangue napolitano: as famílias se xingam entre si e se juntam para defender quem, de fora, xinga um deles).
Retornando à nobreza europeia, eu sabia, isso sim, que Madame Pompadour, amante do rei Luís XV de França, depois que decaiu fisicamente, escolhia as mulheres que iriam para a cama do soberano; isso, sem prová-las, evidentemente. As duas mulheres citadas possuíram inteligências privilegiadas, o que não foi o caso do Luís XV, que não era seletivo: qualquer mulher servia.

-Sei histórias ótimas sobre Henrique IV e pencas de filhos bastardos. São impublicáveis. Rosa Grieco
BM:  Leitora voraz de livros, Rosa deve ter lido publicações em francês e em inglês referente ao rei que se converteu ao catolicismo para reinar sobre a França, depois do casamento com a filha da poderosíssima Catarina de Médici, Margarida de Valois.
Mas Rosa, quanto a filhos bastardos, não precisamos ir tão longe; o imperador do Brasil, Dom Pedro I, seguiu o ensinamento bíblico e multiplicou mais do que todos os xis das empresas do Eike Batista – teve filhos com escravas, com freiras, com damas de companhia e sem companhia, com arquiduquesa, marquesa, com nobres e plebeias.
Porém, segundo ela, é essencial irmos longe para conhecer as histórias de Henrique IV? Tem razão: “Paris bem que vale uma missa”.

-“Fazendeiro desconhecido quando a União Soviética invadiu seu país, em 1939, Häyhä, sozinho, eliminou uma unidade inteira de russos – mais precisamente 542, em menos de 100 dias. Entrou para a história com o apelido de “Morte Branca” por usar uma pelerine alvíssima que o camuflava da neve.” Dorrit Harazim.
BM:  Não se trata de uma carta, mas sim da reprodução de um texto da jornalista Dorrit Harazim, que retrata mais os fatos ocorridos nos Estados Unidos, enquanto o seu marido, o excelente jornalista Elio Gaspari, detém-se mais nos acontecimentos do Brasil.
Ela citou o herói finlandês da Segunda Guerra Mundial para ilustrar o objeto da sua crônica: o assassinato do texano Chris Kyle que, na guerra do Iraque, matou comprovadamente 160 inimigos, enquanto seus colegas militares garantem que foram 225. Chris Kyle foi morto inesperadamente num campo de treinamento de tiros, no Texas, quando um soldado que voltara da guerra com sérios problemas psicológicos, estresse pós-traumático, atirou nele.
Cito esse drama, porque no Biscoito Molhado em que eu e o Elio viajávamos por Paris, quando espocou a Segunda Guerra Mundial e foram enaltecidas as façanhas dos finlandeses que, heroicamente, enfrentaram a covarde invasão stalinista. Eles mataram soldados russos como se fossem moscas. As façanhas de Häyhä, a “Morte Branca”, é um dos comprovantes.

-Sobre o Irving Berlin, lembro um caso da infância, foi provocado a recolher moeda jogada n' água, pulou sem saber nadar e conseguiram salvá-lo. Moral da história: saiu meio morto, mas não largou a moeda. Rosa Grieco
BM:  Irving Berlin, muito garoto ainda, teve de fugir da Rússia para os Estados Unidos com a família para não morrer nas mãos dos antissemitas eslavos. No país de adoção, trabalhou duro, sabia, portanto, o valor que representava cada moeda.
Cole Porter, para citarmos um exemplo ilustre da música desse país, jamais molharia as mãos para pegar um tostão. Nasceu em berço de ouro.


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