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segunda-feira, 18 de março de 2013

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4136                            Data: 20 de fevereiro de 2013
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CARTAS DOS LEITORES

-“Em tempos de fantasias de Carnaval – tem umas coisas que o Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO não perdoa no redator. Ele esteve cara a cara com o falecido e nem reproduziu a hora anterior à morte do mesmo. Coisa que iríamos saborear e ninguém poderia negar. Por sorte, este Distribuidor recebeu, em sonho, a informação, com o sussurro do falecido, que já tinha lido esta edição:
-“Bota isso no asterisco, que o teu redator não teve peito!”
E toca a relatar:
“... esperei, espremido entre o muro da capela da Colônia, no maior frio, o primeiro bonde da manhã. Só tinha o Taquara-Cascadura, o que me servia bastante, pois minha filha Eulina residia em Cascadura. Cheguei à porta da casa dela antes das seis da manhã e meu estado físico certamente a assustou bastante. Sabendo que os médicos já não tinham me dado maiores esperanças, e nem menores, encaminhou-me a uma mãe-de-santo que providenciou o despacho, no literal e no espiritual, ao entardecer daquele mesmo dia.
Subimos a encosta da Rua São Fernando, no Morro do Fubá – eu, literalmente arrastado morro acima pelas pedras molhadas pela água que escorria – tudo isso para encontrar a situação propícia para a minha cura. Infelizmente, não deu certo, talvez porque tivesse desabado uma tempestade na noite do dia 3 de fevereiro de 1934. A tormenta era tanta, que me abandonaram na clareira do despacho, com 7 velas que se apagaram quando o vento bateu. De novo com frio, só que molhado, não resisti e me lembro da cascata iluminada pelos raios como derradeira visão – foi pra lá que fui. O resto vocês conhecem.” - Dieckmann
BM: O nosso leitor, distribuidor e, às vezes, revisor (mais jurídico do que jornalístico) se reporta  à sua visita à minha casa registrada no BM 2316.
Sobre a morte do grande compositor, consultamos, agora, o Jblog do Jornal do Brasil que diz o seguinte, como título:
“1934 – O alívio do Maestro Nazareth.”
Vem, então o texto:
“E finalmente, a fuga e o suicídio. A morte que ele procurou, ainda talvez com uns requintes de beleza, nas águas tumultuosas de uma cascata... Águas tumultuosas como a sua inspiração de artista que sonhou a vida boa como a música, mas que teve que se vir despedaçar entre as pedras de uma realidade triste que o encheu de humilhações,e que só lhe deu a evasão da loucura e o alívio final da morte...”
“Desaparecido desde o dia 1º de fevereiro, após fugir da colônia psiquiátrica Juliano Moreira em Jacarepaguá, aonde (sic) estava internado em estado de insanidade mental, o Maestro Ernesto Nazareth, 70 anos, foi encontrado morto boiando na represa de um rio nas proximidades da colônia. Devido ao avançado estado de putrefação de seu corpo, o laudo de óbito do médico Armando Campos não precisou a data de sua morte, mas a sugeriu no dia 3 de fevereiro.”
No mencionado blog, foi estampado o fac-símile da edição do Jornal do Brasil, de 7 de fevereiro de 1934, quarta-feira, em que se lê:
“A NOTA
O MAESTRO ERNESTO NAZARETH
Eu pensava que o maestro Ernesto Nazareh tinha morrido há muito tempo. A notícia de sua morte trágica, depois de sua fuga da Colônia de Psicopatas  de Jacarepaguá, veio mostrar que Ernesto Nazareth era um desses mortos-vivos que passam anos e anos no esquecimento, depois de uma celebridade efêmera.”
Este é o primeiro parágrafo de uma coisa chamada de nota, que prossegue na sua ignorância, mas que não foi abrangida neste fac-símile. Pouparam-nos.
Entende-se que o compositor pelo que se leu, diferentemente do Pestana de “O homem célebre” de Machado de Assis, Ernesto Nazareth  morreu também de mal com os outros (o público).
Felizmente, a posteridade soube dar valor a Ernesto Nazareh, embora ele merecesse muito mais.
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-“Andei muito nesses mármores do Cinema São Luiz, subi e desci muito esses degraus aí da foto, enganei muitos bilheteiros sobre minha idade, para assistir a filmes proibidos para menores de 14 até 18 anos, entrei muito no recinto, andando de costas, para não pagar ingresso e para ultrapassar o limite de idade da censura do filme, em meio ao público que saía da sessão acabada, fui a muita matinê de domingo, também, ver muitas  bombas, mas ver também bons filmes.”  Elio
BM: As reminiscências do nosso amigo Elio Fischberg afloraram depois que ele viu uma fotografia do Cinema São Luiz, que foi enviada pela Branca Euler.
Elio, ficamos sabendo agora, teve, na sua adolescência, semelhanças com o personagem do clássico autobiográfico de François Truffault, “Os Incomprendidos”. O garoto de 15 anos, Antoine Doinel, interpretado por Jean- Pierre Léaud,  utilizava de mil artimanhas para entrar nos cinemas, porque não tinha dinheiro.
Elio não deixa claro se as suas espertezas eram inspiradas pela falta de l'argent. Como dizem os franceses:  point d'argent, point de suisse. Como a Rosa Grieco não é a única pessoa a ler este periódico, aqui vai a tradução: “sem dinheiro nada se alcança.”
Elio viveu seus momentos de Truffault menino, mas, diferentemente do francês,  não se tornou cineasta, preferiu a carreira jurídica.
-Será que perdemos um grande diretor de cinema?...
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-Sobre a conversa imaginária entre o Biscoito e um taxista, em recente BM sobre o latim, tenho a declarar que eu tive  dificuldades com esse idioma, como o teve Winston Churchill, conforme revelação sua  no livro “Minha Mocidade.” Bob Dieckmann.
BM: Sempre modesto, Dieckmann se compara a Winston Churchill. Tudo bem, o boxeador Cassius Clay dizia que bem que tentava ser modesto, mas logo ficava sem argumentos.
O Departamento de Pesquisas do Biscoito Molhado arregaçou as mangas e encontrou páginas bolorentas de caderno sobre a língua latina e um instigante texto da Natalia Cristine. Quem é ela?  Bem, não é fotografada pelos repórteres de revistas de artistas, nem é procurada pelas câmeras de filmagem nos desfiles de escolas de samba; o que só depõe a seu favor. Mas sigamos adiante.
Ela escreveu que o latim teve seu período clássico entre os anos 81 a.C e 17 d.C, época dos principais escritores latinos: Cícero, Júlio César, Virgílio, Horácio, Ovídio, Tito Lívio, Sêneca, entre outros.
Voltaire manuscreveu uma carta a uma amiga em que a aconselhava a aprender latim para ler Virgílio, ressaltando que nada superava a poesia do poeta que influenciou Dante, Camões e outros tantos, mesmo transcorridos  bem mais de mil anos da sua morte.
O português foi resultado da mistura do latim com o galego, principal língua falada na região do Condado Portucalense, que hoje corresponde à região de Portugal. Foi uma das línguas derivadas que mais demorou a se formar, sendo provavelmente este o motivo de ser o português tão semelhante ao idioma de Cícero.
Olavo Bilac retratou poeticamente esse fato histórico num soneto, cuja primeira quadra aqui reproduzimos:
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura.
Ouro nativo, que na garapa impura,
A bruta mina entre entre os cascalhos vela.
Lácio, como todos sabem,  região fundada no século V a.C. , com o desenrolar da história, se tornou o Latium Novum, berço do idioma latino.
Reportando-nos à conversa imaginária no táxi, citada na carta, quando foi dito que as declinações latinas estão na estrutura do nosso idioma, aqui vão dois exemplos:
O objeto direto está relacionado com a declinação acusativo e o objeto indireto com s declinação dativo.
Quem conhece bem o latim não confunde verbo transitivo direto com verbo transitivo indireto. Mas quem conhece?
Winston Churchill e Dieckmann (*), que deveriam dar o exemplo, foram, como confessaram, um fiasco no aprendizado da língua latina.

(*) A língua inglesa tem menos problemas de afinação do que a portuguesa e não se sabe que Churchill tenha tido problemas no domínio do Inglês. Analogamente, seu companheiro de infortúnio, o ex-aluno do CMRJ Dieckmann, pelo que este Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO já leu, também não tem problemas no trato com o Português, a língua.
Donde se conclui que Latim tem utilidade para poucos. Falássemos todos Latim e como os bailes funk apareceriam?

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