Total de visualizações de página

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

2340 - Rádio Memória, logo de quem 2

-->
-------------------------------------------------------
O BISCOITO MOLHADO
Edição 4140                                  Data: 27 de fevereiro de 2013
---------------------------------------------------------------

DIECKMANN NA ROQUETTE PINTO
PARTE II

Antes de reiniciamos com a hora do Dieckmann na Roquette Pinto, houve protestos porque um dos seus filhos foi arrolado no etcétera, aqui vai, então, o seu nome: Bernardo.
Também nos esquecemos da primeira intervenção do Sérgio Fortes no programa, que foi uma pergunta ao Jonas Vieira:
-Você vai participar do conclave do Vaticano como candidato a papa?
Temos de registrar esse instante, porque o Jonas Vieira prometeu que teria revelações assustadoras para fazer, como veremos depois.
Naquilo que o Dieckmann denominou de sua biografia musical, depois de comparar os seus sete anos com os sete anos de Shakespeare, ele pediu “Chega de Saudade”, como registramos, mas não dissemos (falha nossa), que o magistral arranjo era do próprio Antônio Carlos Jobim.
Também cabe citar que a canção interpretada pela Nara Leão foi “Você e eu.”
Apesar de o Dieckmann ter afirmado que quem trabalhava ali era ele, pretendendo de uma maneira folgazã tomar as rédeas do programa, foi interrompido pela voz apreensiva do Jonas Vieira, que se disse acachapado.
Sérgio Fortes reagiu prontamente:
-Acachapado?!... Deixe-me ver a hora. Oito horas e dezessete minutos. Você ainda pode se acachapar.
Agora, com a voz acachapante, Jonas Vieira prosseguiu:
-São as centúrias XI, XIII E XXX de Nostradamus de uma atualidade estarrecedora.
E prosseguiu com os vaticínios das centúrias que tentaremos reproduzir com a nossa fraca memória:
-O homem de rosa deixará seu posto.  A fé humana se cobrirá com um véu. A morte revelará seu rosto erguendo rocha e fogo do céu. O reino do czar sentirá o primeiro corte. No mundo todo se revelará a morte. O morto abandonará o caixão para devorar a carne do irmão.
Em seguida, Jonas Vieira partiu para a decifração dos enigmas.
-Homem de rosa que abandona o posto é o papa que renuncia. A fé humana se cobrirá com um véu representa as muitas pessoas que abandonaram a igreja com os escândalos do Vaticano.
-Ainda mais agora que você avisou. - interferiu o Dieckmann sardonicamente, provocando risos até no intérprete de Nostradamus.
Ele voltou à seriedade.
-Erguendo rocha e fogo do céu... O reino do czar sentirá o primeiro corte...
E comentou, em seguida terrificado:
-Gente, o fogo do céu é o meteoro que caiu agora na Rússia.
-É espantoso. - disse o Sérgio Fortes, sem a mesma ênfase.
-O que eu não entendi ainda foi “O morto abandonará o caixão para devorar a carne do irmão.” 
Dieckmann se referiu aos zumbis. Cá comigo, pensei, numa tentativa de entendimento daquele simbolismo, que na bola de cristal do Nostradamus houve interferência de algum filme do Boris Karloff.
Depois os três passaram a discutir o nome correto do chapéu do papa, quando, na minha visão, deveriam discutir essa cor rosa que o papa veste. Rosa?... Seria o vidente daltônico?...
A palavra foi para o Sérgio.
-Ontem, eu apanhei o meu carro (de décadas passadas, naturalmente), que estava há dois anos na oficina.  Dirijo por São Cristóvão com a maior tranquilidade, quando enguiço num túnel, que eu viria saber, chamado de Rufino Pizarro.  Aparece, então e em 5 segundos, um guarda municipal com a maior educação do planeta. Chamou pelo rádio uma prancha que, rapidamente, levou o meu carro. Eu tenho de registrar isso aqui.
-Esse enguiço não foi previsto por Nostradamus. - não perdeu a piada o Dieckmann. (*)
Mais tarde, Dieckmann reviu sua posição; escreveu-nos que lá está na centúria XIV: “Pagarão caro os talentos multifacetados que no fundo com suas bigas.”
E esclareceu: “fundo é o túnel, biga é o Porsche, e o talento multifacetado é o Sérgio Fortes.
Mas retornemos à sua biografia musical. Com a palavra o ouvinte que fala mais do que ouve.
-Encerrada a fase da Bossa Nova, nós entramos na fase da dancinha de salão. E, como o assunto é dança, não há como não falar de Ray Conniff. Dancei muito ao som de Ray Conniff, digo, por mais ciúmes que eu venha causar...
Então, Dieckmann citou o filme “Oklahoma”, que reviu recentemente e solicitou que tocassem um trecho musical da fita com a orquestra do maestro mencionado. Antes o Sérgio Fortes perguntou quais eram os artistas, reportei-me, então, às sabatinas do Sabadoido. A resposta veio imediatamente; ele, de fato, se preparou muito bem para aquela hora na Roquette Pinto.
Jonas Vieira pediu uma pausa para meditação, o que seriam os comerciais na televisão e retornamos ao programa uns dois minutos depois.
-A melhor música feita para se dançar é “Cheek to Cheek”. - garantiu o Dieckmann com a sua voz de “locutor da BBC”.
Depois de localizar a composição de Irving Berlin em 1935, disse que o “heaven”, o “i'm heaven” dão a impressão de que viria um ritmo arrastado, mas o artista surpreende e nos deparamos com momentos deliciosos. Cita, então, o filme Top Hat (Picolino), com Fred Astaire, o que mais divulgou a canção. Feita essa introdução, solicita que se toque “Cheek to Cheek” na voz do legendário dançarino com o som do seu sapateado. Não há como não se sentir inebriado.
-Acabamos e ouvir “Cheek to Cheek...” - e por aí vai o Dieckmann que, de fato, queria ser o único a trabalhar naquela manhã de domingo.
Ele anuncia, então, que acabou o seu tempo de dança de salão, Veio o rock - disse – e ninguém ousava dançá-lo em lugares de família. Depois, Nesse contexto, Dieckmann e Sérgio Fortes remontaram aos anos 30, ao Hot Music, quando houve gêneros musicais, fox trot, boogie woogie, e outros derivativos que resultaram no rock.
Prosseguindo com o programa em que o ouvinte escolhe o repertório, Dieckmann voltou ao Brasil. Não podia - como assegurou – não falar de Dick Farney.
-Meu xará. - aludiu ao fato de, algumas vezes, ser chamado de Dick. (**)
-Toda a família conhecida em Santa Teresa; Dick, Cyll Farney... Recordo-me do carro MG entrando na garagem. - animou-se o Sérgio Fortes.
-Sim e a mãe deles dirigindo com a frente do carro batida. - pilheriou o Dieckmann. (***)
-Havia grandes artistas como ele, como Bené Nunes, que ficaram, aqui no Brasil, subavaliados. - afirmou o Sérgio Fortes pensando, talvez, no pai.
-Sim; eles tinham grande potencial que não foram explorados, o que aconteceria certamente nos Estados Unidos. - concordou o Dieckmann.
Jonas Vieira, por um bom tempo, era o ouvinte, como nós.
-Bem, a música que vocês ouvirão é “Uma loura”. Tem um quê de cafajeste e é sensacional na voz do Dick Farney.
Tocado o pedido do Dieckmann, ele passou para o Sérgio Mendes.
-Um niteroiense de boa cepa, o único. - comprou briga com Niterói.
-Eu morava na Rua República do Peru e me enturmava com o pessoal do Fernando Leporace. Quando a Gracinha Leporace, futura esposa do Sérgio Mentes, foi para os Estados Unidos, nós a promovemos a “Greice Leporeice”.
Dieckmann riu desse caso do amigo e falou de países latinos extremamente nacionalistas que chamam o refrigerante Seven Up de Siete Arriba. Ele pede, então, que seja tocada “Day Tripper” dos Beatles com Sérgio Mendes.
Adiante, refere-se a um músico que considera fantástico, César Camargo Mariano. Vêm, então, aos nossos ouvidos as notas jazzísticas de “Samambaia”, que arrepiariam os poucos cabelos do José Ramos Tinhorão.
Dieckmann entra, agora, na fase dos seus 25 anos, quando detestava filme musical. Mudou de gosto (****) ao ver “Cantando na chuva”. Depois de enaltecer a fita, um hino ao otimismo e se referir ao excelente enredo sobre a transição do filme mudo para o falado. E surpreendeu o Jonas Vieira e o Sérgio Fortes quando informou que trouxe outra gravação para ser ouvida: Louis Armstrong e Bing Crosby interpretando um trecho do filme High Society.
-Tem tudo a ver. - ironizou o filho do barítono Paulo Fortes.
Na reta final do programa, perto das nove horas da manhã, o ouvinte especial daquele domingo enalteceu um artista fantástico: Stanley Holloway.
-Ele foi pai da Julie Andrews por mais de dez anos na Broadway.
E seguiu em frente:
-Trouxe uma gravação do Get me to the church on time, da trilha sonora do filme, gravada quando ele tinha 74 anos de idade.  Se ele, com essa idade fez isso, eu poderei jogar bola até os 75 anos.
E ouvimos, então, com o astro nada idoso, a instigante música da peça My Fair Lady.
O programa terminava. Jonas Vieira agradeceu ao Dieckmann, que inaugurava o “Ouvindo os ouvintes” e Sérgio Fortes desejou um memorável abraço para todos.
Valeu a pena atrasar por uma hora a ida à praia.

(*) A piada existiu, mas foi do próprio Sergio Fortes. Este Distribuidor faz a ressalva porque o Dieckmann detesta usurpar piadas alheias.

(**) “Dick Farney nasceu em 14 de novembro!” Disse-me estupefato, o Dieckmann.

(***) “Pilhéria, uma ova!” Bradou o Dieckmann, que acompanhou esta edição passo a passo, ou melhor, letra a letra. “O carro batido era um Jaguar e apareceu em “Amei um Bicheiro”, mas a mãe do Cyll, não.”

(****) Dieckmann conta que toda a sua iniciação musical – com suas tias-avós, as patroas das empregadas do rádio – incluiu um sem número de musicais da Metro, que passavam nos cinemas, nos anos 50. E esses, ele detestava. Quando viu “Cantando na Chuva”, aí gostou. Já tinha uns 25 anos e continuava detestando os ‘outros’ musicais. Não foi uma mudança cronológica e sim de ser apresentado a um filme realmente bom.






Nenhum comentário:

Postar um comentário