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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

2314 - o espaguete do biscoito

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4114                             Data: 15  de janeiro  de 2013
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SABADOIDO ONDE CANTA O SABIÁ
PARTE II

Luca trouxe a música popular brasileira à baila.
-Eu assisti a um programa com os grandes conhecedores da nossa música: Albino Pinheiro, Hermínio Belo de Carvalho, Sérgio Cabral... não o safado do filho, mas o pai.
-Sim. - expressou interesse o Claudio.
-Eles falaram uma coisa que o Carlinhos já tinha dito aqui: O Pixinguinha formatou a música popular brasileira.
-Pixinguinha como arranjador... - interrompi o Luca que, por sua vez, me interrompeu.
-Ele teve grandes problemas com o Radamés Gnattali, que tinha mania de cordas.
-Pixinguinha usa mais os instrumentos de sopro, que tinha mais a ver com as manifestações populares através das bandas, retretas. E, no conjunto formado por ele, Os Oito Batutas, só tinha craques.
-Nessa época, ele tocava flauta?
-Sim, Claudiomiro.
Falaram do choro que ele compôs “1x0”, que é prenhe de virtuosismo.
Eu pretendia dizer que, com essa composição, Pixinguinha homenageou o primeiro título do Brasil no Campeonato Sul-Americano de 1919, vencendo o Uruguai com gol de Friedenreich e que esse choro reproduz os dribles, as firulas, a malemolência dos jogadores, quando o Luca chamou a atenção para um barulho que vinha do portão.
-É o Daniel voltando da caminhada dele. - informou meu irmão.
Prevendo um estrondoso pontapé na porta de folha de flandres, o que meu sobrinho já fizera duas vezes, com o objetivo de deixar todos sobressaltados, Luca se colocou, de pé,  para surpreendê-lo.
-Esperava o pontapé, hein?... - gozou-o o Daniel quando o viu atocaiado.
-Rapaz... - reprendeu-o o Luca no clima de alegria.
-Eu estava endiabrado, endiabrado... - imitou o Daniel o Luca, quando este fala das suas partidas de ping-pong.
-Caminhou bem? - perguntei ao ver o suor escorrendo pelo seu pescoço apesar do frio daquele sábado.
-Mais ou menos.
-Quantos minutos?- eu não olho o relógio, Carlão.
Gina retornou à sessão do Sabadoido, enquanto o Daniel saiu para tomar banho.
-A Kiara, agora, vai ter de usar calça comprida na escola; ainda é uma menina. - lamentou o Luca.
-Colégio religioso tem dessas coisas. - comentou a Gina.
-Kiara gosta muito de piscina, no nosso condomínio há uma onde ela se esbalda.
-E você, Luca, não dá uns mergulhos? - perguntou o Claudio enquanto bebericava.
-Nunca entrei nela. - foi incisivo.
-Com as praias superlotadas, a piscina é uma boa opção. - observei.
-Eu prefiro a praia. - declarou minha cunhada.
-Kiara não sai da piscina; dia desses, ela puxava na água três garotos com aquele negócio comprido...
-Espaguete. - ajudou-o a Gina.
-Isso, espaguete. Ela rebocou três com o espaguete. Ela entra na água e é uma dificuldade para sair. Antes de ela descer para a piscina, a Glória passa protetor solar...
-Porque não passa junto à piscina? - indagou o Claudio.
-Não sei se dá problemas...
-Não dá problema algum, Luca; o que mela a água da piscina é o óleo bronzeador, o protetor solar, não. - garantiu a Gina.
Com a saída da minha cunhada, a matéria do Sabadoido enveredou para a política.
-Essa turma do PT, que tanta oposição fez, se acumpliciou com Collor, Sarney, Maluf, Renan Calheiros, Jáder Barbalho...
-Certo, Claudiomiro, mas a imprensa daqui ataca, a VEJA mete o pau até o fim e, depois, dizem que há falcatruas do PT que só  são publicadas nos jornais de Portugal.
Veio-me à mente o meu tempo do Jornal do Brasil, quando esse matutino, por atacar a política estatizante do governo Ernesto Geisel, não recebia, por revide, as publicidades dos órgãos governamentais, além de depender do papel.
-Luca, a imprensa pensa duas vezes antes de atacar o governo até não mais poder, pois perderão verbas de publicidade de valor elevado. - contrapus.
Inflamado, o meu irmão interveio com uma indignação que já mostrara em outros sabadoidos.
-Eu não entendo por que o Itamar Franco está esquecido.
-Claudio, um petista do meu trabalho pretendeu defender o seu partido com aquele surrado argumento que todos os governos cometeram deslizes e eu o interrompi, dizendo que o presidente Itamar Franco não admitiu corrupção e que, quando o ministro Henrique Hargreaves ficou sob suspeita, ele o tirou do cargo e só depois, que o ministro provou sua inocência, Itamar Franco o recebeu de volta.
Não satisfeito, Claudio esbravejou:
-Não falam que o Plano Real é do Itamar Franco.
-Isso, não! - protestei.
Luca ainda foi mais impetuoso do que eu:
-Fernando Henrique é o pai do Plano Real, como o Darcy Ribeiro é o pai dos CIEPs, não o Brizola.
-O Plano Real surgiu no governo do Itamar. - contrapôs meu irmão.
-Claudio, o FHC foi o quarto ministro da Fazenda do governo dele, por que o Plano Real não surgiu antes?
Não respondeu a minha pergunta, mas partiu para outro caminho de ataque.
-O Fernando Henrique deu um golpe com a reeleição e até compras de votos houve.
-Sim, houve compras de votos. - concordou o Luca.
-Claudio, a reeleição beneficiava mais de 20 governadores e mais de 5000 prefeitos, você não pode imputar ao presidente essa compra, se houve. - rebati.
Embora o nome do deputado Ronivon, o principal suspeito, me ocorresse, achei melhor não entrar em detalhes para que não houvesse desperdício de energia.
 Fui urinar e, quando voltei, falava-se de banco.
-O Banco Real foi comprado pelo Santander...
-O Santander adquiriu o Banespa. - falei com uma ênfase exagerada.
-Eu sei que o Real foi comprado pelo Santander. - disse Luca e meu irmão prontamente concordou.
Pedi para esperarem, e fui ao computador, mas o Daniel o usava.
-Veja Santander e Banespa. - pedi.
Minutos depois, eu voltava à sessão do Sabadoido em companhia do meu sobrinho.
-Daniel, quem comprou o Banespa?
-O Santander. - respondeu.
-Mas o Santander comprou também o Banco Real. - repetiram os dois.
De tato, compraram, mas eu estava fixado no Banespa, cujas ações eu vendi por um preço vil, perdendo a oportunidade de ganhar muito dinheiro.
-O Fernando Henrique deixou o BANERJ quebrar, e imaginei que fizesse o mesmo com o Banespa, o que transformaria em pó o preço das suas ações. No entanto, como era muito amigo do governador Mário Covas, enfiou dinheiro no banco que o Orestes Quércia quebrou, para eleger o Fleury e o saneou para privatizar. Depois, no leilão com propostas ocultas em envelopes, o Santander comprou, por um valor muito além do preço mínimo, o Santander. - tagarelei.
Com o Sabadoido chegando ao fim, não houve mais tempo para tagarelice, nem para ouvir os discos que meu irmão sempre insiste em pôr na vitrola na hora de irmos embora.

Um comentário:

  1. Sérgio cabral Filho não é safado, é o governador do Rio de Janeiro e é um ótimo governador.

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