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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4115                             Data: 18  de janeiro  de 2013
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FRASES ORIGINAIS E COMENTÁRIOS VIII

Sêneca, celebrado pensador, tinha 4 anos de idade , quando se deu o nascimento de Cristo e morreu, em Roma, no ano 45. Filósofo, entre outras aptidões, pregou o estoicismo, o que não o impediu de namorar Júlia Lívia, a sobrinha do imperador romano Cláudio que, por isso, o desterrou.
Sêneca é o autor da frase que se segue:
Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida.
E como há gente que perde diariamente a vida! Nos dias de hoje, de febre da internet, troca-se a vida real pela virtual. Vale transcrever um trecho da entrevista da neurocientista inglesa, Susan Greenfield, concedida à revista VEJA:
“Passar cinco horas seguidas jogando videogame ou no Facebook pode ser bem estimulante, mas são cinco horas a menos para abraçar alguém, caminhar pela praia, conversar cara a cara com um amigo em um bar ou restaurante. O cérebro de um bebê é um recipiente passivo de sensações, que gradualmente começam a se organizar, o que permite a interpretação por associação das informações que ele recebe. A partir daí, o cérebro formula conceitos com base nas memórias e no conhecimento. É assim que cada um forma a própria identidade. A diversidade e a frequência dessas interações corriqueiras são essenciais para a construção da individualidade não apenas na primeira infância, mas durante toda a vida. As crianças se formam subindo em árvores, sentindo o calor da luz solar no rosto, correndo atrás dos amigos em um parque. O perigo é satisfazer-se com um simulacro digital das sensações reais.”
Depreende-se das palavras da neurocientista que são saudáveis para o cérebro reuniões como o Sabadoido, que participamos, ou as do Clube do Bondinho, capitaneadas pelo Dieckmann, às segundas-feiras na sua casa em Santa Teresa. Não sei se estamos vivendo bem, mas que não estamos desperdiçando a vida nessas ocasiões, temos certeza que não.


Não sei em que contexto da sua vida, o antropólogo e político Darcy Ribeiro escreveu o que se segue:
Das lutas que eu fiz, a maioria eu perdi, mas nunca, em momento algum da minha vida, eu queria estar do lado daqueles que ganharam.
Bela frase, o diabo é que agora, com os escândalos de corrupção do PT espocando por todos os lados, comprovando que os opositores do presidente Lula e seus seguidores estavam corretos, há quem invoque o santo nome do educador em vão, recorrendo a essa frase. Ora, Darcy Ribeiro, na sua trajetória de dezenas de anos na vida pública, nunca cometeu um deslize, jamais foi conivente com as práticas duvidosas, não deve, portanto, ter seus pensamentos utilizados por aqueles que querem defender aqueles que cometeram delitos.
Petistas de caráter, como Frei Beto, Hélio Bicudo, Carlos Lessa, Marina Silva, Chico Alencar e outros, logo que sentiram o mau cheiro que exalava do governo, se afastaram .

Falamos das pessoas que desvirtuaram o pensamento do Darcy Ribeiro para chegarmos a uma das personalidades mais influentes do mundo, desde o século XIX; aquele que, vendo suas ideias tão deformadas, disse:
O que há de certo é que eu próprio não sou marxista.
Pretendendo fazer o resumo da resenha das ideias de Marx sobre o fim do capitalismo, diremos que ele tinha como tese a superprodução crescente do capitalismo; como antítese, os baixos salários, o subconsumo, a miséria dos trabalhadores; e a síntese seriam as crises que deveriam ganhar em amplitude com o tempo até dar fim à estrutura política. Assim, para Marx, o sistema capitalista carrega em si os germens da sua própria destruição.
Dentro da sua concepção, que o comunismo era o estágio sócio-econômico mais avançado, concluiu que a Inglaterra, o país mais capitalista da época, seria o primeiro a se tornar comunista.
Na época em que viveu, já reagiu contra aqueles que, pretendendo ser, como diz o velho truísmo, mais realista do que o rei, distorceram seu pensamento. O que diria Marx se vivesse mais algumas décadas e se deparasse com um país atrasado, praticamente feudal, como a Rússia, tornar-se comunista?(tão atrasado que, segundo o ensaísta político Isaiah Berlin, lá, as revoltas de 1848 na Europa, chegaram em 1905). Na Rússia não havia, portanto, superprodução alguma para desencadear o desfecho que ele previu para a adoção do comunismo. Enquanto o capitalismo, como se constatou na Inglaterra e nos demais países, amoldou-se às exigências dos trabalhadores em variados graus pelo mundo. Como disseram muito bem, o capitalismo é um processo, enquanto o comunismo é um projeto que, os fatos demonstram à exaustão, fracassou. Quanto a Marx, dedicou todo o seu estudo a desconstruir o regime capitalista e não a construir o regime comunista.

Edvard Grieg, compositor norueguês cujo concerto para piano e orquestra se mantém no repertório de todos os eminentes pianistas até hoje, e também é o celebrado autor da suíte Peer Gynt. Ele proferiu uma frase que lembraremos aqui.
A morte de Mozart aos 35 anos foi talvez a maior perda no mundo da música.
Muitos melômanos se desesperam quando imaginam as obras-primas que ouviriam se Mozart vivesse 60, 70 ou mesmo 80 anos de idade.
Eu penso, às vezes, que as pessoas possuem uma espécie de relógio interno que lhe indica o tempo em que passarão pela experiência terrena. Mozart, por exemplo, compôs febrilmente, desde menino, como se soubesse que não atingiria os 50 anos de idade; e deixou um portentoso legado. Podemos também citar Shakespeare, que viveu apenas 51 anos, mas escreveu mais de 20 peças teatrais e superou os cem sonetos, a grande maioria de um valor literário inestimável.
Por outro lado, temos Giuseppe Verdi, que esteve nesta vida de 1813 a 1901, ou seja, durante 88 anos. No início da sua carreira, viu-se obrigado, pelos editores, a redigir óperas sob a pressão do tempo. Depois, com a situação financeira estabelecida, impôs o seu ritmo de trabalho, que estava longe de ser alucinante como o de Mozart. Assim, teve um ano para compor o 'Rigoletto” e deslumbrou o mundo musical com uma majestosa ópera. E vieram as suas óperas, que nunca saem de cartaz, como “O Trovador”, “Traviata”, “Aída” e outras, em que o mestre trabalhou sem açodamentos.
O caso mais significativo ocorreu com a ópera “Otello”. Arrigo Boito, que também era compositor, redigiu o excelente libreto e o entregou a Verdi para musicar. Passaram os anos e nada de a ópera surgir.  Arrigo Boito se desesperou e deu uma entrevista em que disse que ele mesmo deveria compor a música do seu libreto. Verdi ameaçou largar seu trabalho pela metade, mas foi convencido a continuar. Quando o “Otello” foi encenado, constatou-se que ali estava uma das maiores óperas jamais compostas.
Verdi ainda viveu para compor mais uma obra-prima lírica, “Falstaff”, o libretista foi Arrigo Boito.
Parecia que Verdi sempre soube que chegaria perto dos 90 anos e, por isso, tinha tempo suficiente para deslumbrar o mundo da música.
Quanto à frade de Edvar Grieg, eu tiraria o “talvez”:  a morte de Mozart aos 35 anos foi a maior perda no mundo da música.

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