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quinta-feira, 17 de maio de 2012

2149 - epístolarosácea respondida


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 3849                                             Data: 12 de maio de 2012
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CARTA DA LEITORA

Deleite da minha senectude,
Aproveito sua organizada numeração do BM 3933 de 18 de abril de 2014 (sic) e encaixo modesta colaboração.
1- Esse livro do Guerra Junqueiro estava esculhambado (como não uso essa palavra, pincei-a no linguajar do papá) como a tão debicada “Cidade Antiga” que lhe dei?
2- Não sou googlica nem wikipédica e não posso discutir com vosmecê armada de escudo e broquel. O Joe Louis prossegue esmurrando minha memória; anos 1940 e poucos eu ainda era normalista. Sobre o Archie Moore, só apurei que era “boxeur”.
3- Aportuguesei tudo porque olvidei que o “mitron” é poligota, sou apenas polidiota.
A Praça/Piazza Navona é côncava, tapavam os bueiros e a enchiam com o precioso líquido (nada a ver com o Manequinho) e lá brincavam de batalha naval. Abeberei-me nos livros sobre Roma legados ao Merré pelo Embaixador Magalhães de Azeredo. Sobre Bernini e Borromini, a fonte fluvial foi esculpida antes  de construírem a igreja, o Bernini não poderia velar o Nilo sem consultar algum Pai de Santo. Fiquei abobalhada com o pé do Danúbio, deve ser fetiche, não pulei na fonte para beijá-lo porque não havia Fellini nos arredores.
Esse Inocêncio X era proprietário do Palácio Pamphili, nossa atual Embaixada junto ao Quirinal, nas vizinhanças do famoso Pasquim. Como todo Papa que se prezava tinha um galho, sua cunhada Olímpia. Assim que ele morreu, ela se mandou, coberta de pecúnia e se recusou a enterrá-lo, alegando que era uma pobre viúva. Sempre que um Cardeal era eleito Papa, os conterrâneos lhe saqueavam a casa; ele teria casa, comida e batina lavada o resto da vida.
Não sou catedrática em Ingmar Bergman, só vi “A Hora do Amor”, quando o galã passa a barba (Elliot Gould?) no hemisfério norte da Heroína (Liv Ullman?), fiquei toda arrepiada na plateia. Não era senil lubricidade, estava na flor dos 40. Com o Inesquecível, vi “A Hora do Lobo”, que não entendeu patavina e me pediu que o traduzisse. Como o português da anedota fiz o que pude: cheguei em 3º.
Sobre amores:
Aos 20 anos
De ce beau jeu d' amours
J' em veux parler toujours;
Aos 40 anos
Et moy pareillement
J' em parle bien souvent;
Aos 60 anos
Et moy, tel que je suis,
J' em parle quand je puis;
Aos 80 anos
Ó Grand Dieu que j' adore!
En parle-t-on encore?

Como diz o Pasquale Cipro Neto: “É isso.”
Sobre o BM 3937: Não me agradaria ser filha de viaduto. Vade retro!

Os seus taxistas têm os mais variados apelidos, adequados às suas idiossincrasias. Nas minhas peripécias fluviais, viajando de gaiola no São Francisco entre Pirapora e Juazeiro, em 1973, conheci um médico que era o máximo dândi, no fim da viagem, 40 graus à sombra, desembarcou de terno completo, chapéu gelot, sem esquecer o colete. Foi devidamente apelidado de Pedro Vaselina.  Claro que viajei na primeira classe e me alimentava lentamente na mesa do Comandante, deve ter farejado meu “pedigree”. Farofa de bolão às 7 da matina...”
R

BM- Mais uma carta da Rosa Grieco em que ela esparrama erudição, o que não a impede de empunhar contra o destinatário ora o florete da ironia, ora o porrete do sarcasmo. Tudo bem, Rosa, quem puxa aos seus não degenera. Esteja à vontade, pois eu não sou a sensitiva pudica, que ela, como conhecedora de botânica, sabe muito bem que é a planta que se encolhe a um simples toque, Oh, quanta sensibilidade!... Rosa, por sua vez,  não acusa os golpes dos mordazes como os boxeadores fracotes, o que me deixa á vontade quando lhe escrevo. Agradecido.
Ela começa a sua carta com uma curiosidade: quer saber se o meu livro “A Morte de Dom João” de Guerra Junqueiro estava mais esculhambado do que “Cidade Antiga”, que me doara.  Rosa, a sua “Cidade Antiga” estava nova comparada com o meu livro, só não digo que ela parecia Brasília para não atulhá-la de corruptos.
A fim de não perder a embocadura, na verdade o seu começo é  mordente  pelo fato de eu trocar o ano 2012 por 2014, no Biscoito Molhado nº 3933. Creio que nem Freud explica esse meu ato falho, pois nem penso na Copa do Mundo.
A internet já aparece nas palavras cruzadas como o nome de oito letras que significa a maior biblioteca do mundo. A internet é imensa em conhecimento e também em besteiras. Rosa faz bem em não mudar a sua condição de bibliomaníaca pela de googlica e wikipédica.  No que diz respeito ao campeão dos pesados Joe Louis, eu me baseio no documentário a que assisti dedicado à sua vida e aos vários vídeos das suas fantásticas lutas. Na década de 40, quando a nossa missivista era normalista, o “Demolidor de Detroit” reinava nos ringues e não havia adversários brasileiros que o fizessem vir até aqui. Depois do seu reinado, o citado documentário mostra Joe Louis sofrendo uma implacável perseguição do fisco americano, que lhe cobrava tributos até de doações de rendas das suas lutas que fez às forças armadas americanas na Segunda Grande Guerra Mundial. Por essas e outras razões, creio que Joe Louis nunca esteve no Brasil.
No terceiro item numerado pela remetente, Rosa, num momento de modéstia, se proclama polidiota. Já que nos encontramos entre os boxeadores, citarei o grande Cassius Clay: “Bem que eu tento ser modesto, mas fico logo sem argumentos.”
Quanto ao poliglotismo deste aprendiz de padeiro (“mitron”), reporto-me a uma crônica do Otto Lara Resende, que ele encerra com mais ou menos essas palavras: “Já sou calado em português, vou aprender outras línguas para ficar calado em vários idiomas?...”
Na realidade, Otto Lara Resende falava, e muito, era o conversador preferido de todos os escritores.
-”Otto Lara Resende é como um passarinho é de quem pegar primeiro”. - dizia Rubem Braga.
Chegamos agora ao ponto em que a Rosa Grieco vibrou o porrete do sarcasmo ao alegar que a “Fonte dos Quatro Rios” de Gian Lorenzo Bernini foi esculpida antes da construção da “Igreja Santa Agnese in Agone” de Francesco Castelli Borromini: “O Bernini não poderia velar o Nilo sem consultar algum Pai de Santo.”
 Eu já afirmei e ratifico que, entre um texto do Google e um da Rosa Grieco, eu fico com o dela. Nesse caso, porém, eu pesquisei a Grande Enciclopédica Larousse Cultural, onde se constata que os dois artistas foram contemporâneos, Bernini viveu bastante, de 1598 a 1680, trabalhando na “Fonte dos Quatro Rios” em 1648, e Borromini viveu de 1599 a 1667.
Afirma a mencionada enciclopédia que, aos 15 anos de idade, Borromini partiu para Roma, atraído pelas obras de São Pedro e a proteção de Maderno, seu parente, que o iniciou na matemática. “Afastado do canteiro da basílica para dar lugar a Bernini, nem por isso deixou de fazer uma grande carreira romana a serviço da Igreja. Trabalhou nos palácios dos pontífices, em São João de Latrão e em S.Agnese, mas dedicou-se sobretudo às congregações...”
Não é assinalada a data exata da construção da igreja pela Larousse. Bem, Rosa Grieco que lá esteve e quase beijou o pé do Danúbio, pode-nos dizer se Bernini hostilizou, mesmo Borromini nas suas esculturas, como muitos propagadores de lendas afirmam.
Quanto aos filmes de Ingmar Bergman citados, “A Hora do Amor”(“Beröringen”, em sueco), de 1971, atuaram Elliot Gould e Bibi Anderson;  e em “A Hora do Lobo” (Vargtimmen, em sueco), de 1968, Max von Sidow e Liv Ullman.

2 comentários:

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