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O BISCOITO MOLHADO
Edição 3849
Data: 12 de maio de 2012
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CARTA DA LEITORA
Deleite da minha senectude,
Aproveito sua organizada numeração do BM
3933 de 18 de abril de 2014 (sic) e encaixo modesta colaboração.
1- Esse livro do Guerra Junqueiro estava
esculhambado (como não uso essa palavra, pincei-a no linguajar do papá) como a
tão debicada “Cidade Antiga” que lhe dei?
2- Não sou googlica nem wikipédica e não
posso discutir com vosmecê armada de escudo e broquel. O Joe Louis prossegue
esmurrando minha memória; anos 1940 e poucos eu ainda era normalista. Sobre o
Archie Moore, só apurei que era “boxeur”.
3- Aportuguesei tudo porque olvidei que
o “mitron” é poligota, sou apenas polidiota.
A Praça/Piazza Navona é côncava, tapavam
os bueiros e a enchiam com o precioso líquido (nada a ver com o Manequinho) e
lá brincavam de batalha naval. Abeberei-me nos livros sobre Roma legados ao
Merré pelo Embaixador Magalhães de Azeredo. Sobre Bernini e Borromini, a fonte
fluvial foi esculpida antes de
construírem a igreja, o Bernini não poderia velar o Nilo sem consultar algum
Pai de Santo. Fiquei abobalhada com o pé do Danúbio, deve ser fetiche, não
pulei na fonte para beijá-lo porque não havia Fellini nos arredores.
Esse Inocêncio X era proprietário do
Palácio Pamphili, nossa atual Embaixada junto ao Quirinal, nas vizinhanças do
famoso Pasquim. Como todo Papa que se prezava tinha um galho, sua cunhada
Olímpia. Assim que ele morreu, ela se mandou, coberta de pecúnia e se recusou a
enterrá-lo, alegando que era uma pobre viúva. Sempre que um Cardeal era eleito
Papa, os conterrâneos lhe saqueavam a casa; ele teria casa, comida e batina
lavada o resto da vida.
Não sou catedrática em Ingmar Bergman , só
vi “A Hora do Amor”, quando o galã passa a barba (Elliot Gould?) no hemisfério
norte da Heroína (Liv Ullman?), fiquei toda arrepiada na plateia. Não era senil
lubricidade, estava na flor dos 40. Com o Inesquecível, vi “A Hora do Lobo”,
que não entendeu patavina e me pediu que o traduzisse. Como o português da
anedota fiz o que pude: cheguei em 3º.
Sobre
amores:
Aos 20 anos
De ce
beau jeu d' amours
J' em
veux parler toujours;
Aos 40 anos
Et moy
pareillement
J' em
parle bien souvent;
Aos 60 anos
Et moy,
tel que je suis,
J' em
parle quand je puis;
Aos 80 anos
Ó Grand Dieu que j' adore!
En
parle-t-on encore?
Como diz o Pasquale Cipro Neto: “É
isso.”
Sobre o BM 3937: Não me agradaria ser
filha de viaduto. Vade retro!
Os seus taxistas têm os mais variados
apelidos, adequados às suas idiossincrasias. Nas minhas peripécias fluviais,
viajando de gaiola no São Francisco entre Pirapora e Juazeiro, em 1973, conheci
um médico que era o máximo dândi, no fim da viagem, 40 graus à sombra,
desembarcou de terno completo, chapéu gelot, sem esquecer o colete. Foi
devidamente apelidado de Pedro Vaselina.
Claro que viajei na primeira classe e me alimentava lentamente na mesa
do Comandante, deve ter farejado meu “pedigree”. Farofa de bolão às 7 da
matina...”
R
BM- Mais uma carta da Rosa Grieco em que ela esparrama
erudição, o que não a impede de empunhar contra o destinatário ora o florete da
ironia, ora o porrete do sarcasmo. Tudo bem, Rosa, quem puxa aos seus não
degenera. Esteja à vontade, pois eu não sou a sensitiva pudica, que ela, como
conhecedora de botânica, sabe muito bem que é a planta que se encolhe a um
simples toque, Oh, quanta sensibilidade!... Rosa, por sua vez, não acusa os golpes dos mordazes como os
boxeadores fracotes, o que me deixa á vontade quando lhe escrevo. Agradecido.
Ela começa a sua carta com uma
curiosidade: quer saber se o meu livro “A Morte de Dom João” de Guerra Junqueiro
estava mais esculhambado do que “Cidade Antiga”, que me doara. Rosa, a sua “Cidade Antiga” estava nova
comparada com o meu livro, só não digo que ela parecia Brasília para não
atulhá-la de corruptos.
A fim de não perder a embocadura, na
verdade o seu começo é mordente pelo fato de eu trocar o ano 2012 por 2014,
no Biscoito Molhado nº 3933. Creio que nem Freud explica esse meu ato falho,
pois nem penso na Copa do Mundo.
A internet já aparece nas palavras
cruzadas como o nome de oito letras que significa a maior biblioteca do mundo.
A internet é imensa em conhecimento e também em besteiras. Rosa
faz bem em não mudar a sua condição de bibliomaníaca pela de googlica e
wikipédica. No que diz respeito ao
campeão dos pesados Joe Louis, eu me baseio no documentário a que assisti
dedicado à sua vida e aos vários vídeos das suas fantásticas lutas. Na década
de 40, quando a nossa missivista era normalista, o “Demolidor de Detroit”
reinava nos ringues e não havia adversários brasileiros que o fizessem vir até aqui.
Depois do seu reinado, o citado documentário mostra Joe Louis sofrendo uma
implacável perseguição do fisco americano, que lhe cobrava tributos até de
doações de rendas das suas lutas que fez às forças armadas americanas na
Segunda Grande Guerra Mundial. Por essas e outras razões, creio que Joe Louis
nunca esteve no Brasil.
No terceiro item numerado pela
remetente, Rosa, num momento de modéstia, se proclama polidiota. Já que nos
encontramos entre os boxeadores, citarei o grande Cassius Clay: “Bem que eu
tento ser modesto, mas fico logo sem argumentos.”
Quanto ao poliglotismo deste aprendiz de
padeiro (“mitron”), reporto-me a uma crônica do Otto Lara Resende, que ele
encerra com mais ou menos essas palavras: “Já sou calado em português, vou
aprender outras línguas para ficar calado em vários idiomas?...”
Na realidade, Otto Lara Resende falava,
e muito, era o conversador preferido de todos os escritores.
-”Otto Lara Resende é como um passarinho
é de quem pegar primeiro”. - dizia Rubem Braga.
Chegamos agora ao ponto em que a Rosa
Grieco vibrou o porrete do sarcasmo ao alegar que a “Fonte dos Quatro Rios” de
Gian Lorenzo Bernini foi esculpida antes da construção da “Igreja Santa Agnese
in Agone” de Francesco Castelli Borromini: “O Bernini não poderia velar o Nilo
sem consultar algum Pai de Santo.”
Eu já afirmei e ratifico que, entre um texto
do Google e um da Rosa Grieco, eu fico com o dela. Nesse caso, porém, eu
pesquisei a Grande Enciclopédica Larousse Cultural, onde se constata que os
dois artistas foram contemporâneos, Bernini viveu bastante, de 1598 a 1680, trabalhando na
“Fonte dos Quatro Rios” em 1648, e Borromini viveu de 1599 a 1667.
Afirma a mencionada enciclopédia que,
aos 15 anos de idade, Borromini partiu para Roma, atraído pelas obras de São
Pedro e a proteção de Maderno, seu parente, que o iniciou na matemática.
“Afastado do canteiro da basílica para dar lugar a Bernini, nem por isso deixou
de fazer uma grande carreira romana a serviço da Igreja. Trabalhou nos palácios
dos pontífices, em São João
de Latrão e em S.Agnese, mas dedicou-se sobretudo às congregações...”
Não é assinalada a data exata da
construção da igreja pela Larousse. Bem, Rosa Grieco que lá esteve e quase
beijou o pé do Danúbio, pode-nos dizer se Bernini hostilizou, mesmo Borromini
nas suas esculturas, como muitos propagadores de lendas afirmam.
Quanto aos filmes de Ingmar Bergman
citados, “A Hora do Amor”(“Beröringen”, em sueco), de 1971, atuaram Elliot
Gould e Bibi Anderson; e em “A Hora do
Lobo” (Vargtimmen, em sueco), de 1968, Max von Sidow e Liv Ullman.
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