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segunda-feira, 28 de maio de 2012

2155 - Dia das Mães


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 3855                                         Data: 20 de  maio de 2012
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SABADOIDO  DA  ENTREGA   DAS  FAIXAS

-Chovia na terça feira, e eu descia a Rua Van Gogh de guarda-chuva aberto, às 6 horas da manhã. Com tênis novo, derrapei na parte mais inclinada da calçada e caí. Apoei-me no braço para não me machucar. Ergui-me, espanei com as mãos as pedrinhas do corpo, peguei o guarda-chuva emborcado no chão e reiniciei minha caminhada para a estação de Del Castilho. No trabalho, por volta das 10 horas, senti uma coisa esquisita no cotovelo, olhei e vi um ovo, mas não era de codorna, um ovo de avestruz. Recusei as sugestões de ir a uma clínica de radiografia, pois não sentia a menor dor. Fiz aplicações de gelo e o inchaço desapareceu, deixando essa mancha.
-Deixe-me ver. - pediu a Gina.
Depois de fazer considerações médicas sobre a contusão, minha cunhada previu que ela assumiria uma tonalidade amarela.
-Carlão está com dor de cotovelo com a derrota do Botafogo na disputa do título com o Fluminense. - diagnosticou o Daniel.
Cláudio, que se sentara à mesa para descascar uma laranja, mudou de assunto.
-Você viu, Carlinhos, o canal 66?
-Eu tenho a TVA, a numeração dos canais é diferente da NET. O que é o canal 66?
-A TV Brasil.
-Não, eu tenho o canal com a programação da antiga TV Educativa.
-Você precisava assistir à entrevista com o general Newton Cruz.
-Ele está com uns 88 anos. - calculei.
-86. Mas que memória!... Foi uma entrevista para gravar, pois ele é muito engraçado.
-O presidente Figueiredo dizia: “Nini, o nosso Mussolini...” Há uma fotografia dele, montado num cavalo branco, em que é idêntico ao Mussolini. - lembrei.
-Quando lhe perguntaram sobre a manifestação popular em Brasília, na votação das “Diretas já”, ele disse, na entrevista, que soltou umas bombinhas e todo o mundo correu.
-Napoleão Bonaparte ordenou uma descarga de canhão contra o povo em 1795. - aparteei.
-Newton Cruz disse que o repórter desligou acintosamente o gravador na cara dele, por isso agarrou-o...
-E o obrigou a pedir desculpas. - acrescentei.
-Afirmou o general que os dois se tornaram amigos.
-Cláudio, o Aldir Blanc dizia que o bairro onde morava, Muda, era tão conservador, que lá o Newton Cruz foi o candidato a prefeito que recebeu a maior votação.
-O general Newton Cruz não suporta o Leônidas Pires Gonçalves.
-O ministro do Exército do governo Sarney?... Falavam que o filho dele prevaricava no mercado financeiro.
-O Newton Cruz disse que não se senta à mesma mesa com o general Leônidas Pires Gonçalves.
-E o Luca?
-O que tem o Luca? - perturbou-se meu irmão com a mudança brusca de tema.
-O Luca levou para a Rosa o envelope que deixei aqui no sabadoido passado?
-Luca não tem aparecido e nem deve aparecer hoje. Ele só parou aqui, um desses dias, para entregar uns aipins.
-Luca vai levar a Carolina para o aeroporto daqui a pouco. - interveio a Gina.
-E eu que trouxe outro pacote de biscoitos para a Rosa. - lamentei com os meus botões.
Daniel entrou com o assunto futebolístico, enquanto meu irmão, como no sábado anterior, anunciou a sua ida ao Wal Mart em busca de cervejas com preços atrativos.
-O diabo é que o Boca Juniors joga fora de casa com a mesma pegada com que joga no La Bambonera. - expressou meu sobrinho sua apreensão com o próximo cotejo do Fluminense na Taça Libertadores da América.
Tenho de assistir ao vídeo do Dieckmann sobre o “Dia das Mães”, mas com a não vinda do Luca ao Sabadoido terei tempo de sobra para acessá-lo no cybercafé do Daniel. - pensei.
Depois de alguma conversação entre nós três, Cláudio já rumara para o Wal Mart, o telefone tocou. Gina atendeu.
-É o Luca que está chegando cedo para não sair tarde. - informou.
Terei de deixar o vídeo do Dieckmann para depois e substituir o Cláudio. - apressei-me. No quintal, vi um pedaço que recebia o sol e me postei ali.
-O Sabadoido deveria ser aqui, sob os raios solares, que é mais saudável. - disse, enquanto a Gina trazia o Luca, que buscara no portão.
-Está quarando, Carlinhos?- perguntou ele.
-Como vai, Luca?
-Não posso ficar muito tempo, pois tenho de levar a Carolina ao aeroporto.
-Sente-se. - apontou-lhe a Gina uma das cadeiras.
-E o Claudiomiro?
-O Cláudio, como sempre, foi atrás de cerveja no Walt Mart, Carrefour... - respondeu ela.
-Ô Claudiomiiiiiiiiiiro.- era o Daniel, que aparecia com a faixa de campeão carioca de 2012 do Fluminense.
Depois do brado, prosseguiu:
-Luca, eu o imitei no sábado passado, quando você esteve no Ceará, para que ninguém sentisse a sua falta.
-Bela faixa, Daniel.
-Tira para ele ver. - ordenou a Gina.
-Antes, deixa-me tirar uma foto do Daniel enfaixado. - pedi.
Posicionei o celular, mas no instante do clique tocou um sinal de mensagem.
-Isso é hora de mensagem. - reclamei.
Depois de eu clicar, Daniel tirou a faixa, e o Luca se deteve nas figuras dos jogadores e do técnico Abel que foram colocadas nela.
-Eu não tinha visto ainda uma faixa assim, tão ilustrada.
-Isso é só com o Fluminense, Carlão.
Pouco depois, o Daniel se retirou com sua exuberante alegria, enquanto a Gina ficava, sentada no lugar do Vagner, ficando vaga apenas a cadeira do Cláudio.
-Vocês viram o Globo News?
-Eu não tenho esse canal, Luca.
Ao dizer essas palavras, prossegui:
-Antes de você continuar, o Cláudio me falou agora de uma entrevista do general Newton Cruz no canal 66.
-Ele tem uns 90 anos, não tem?
-86, segundo o Cláudio, mas a memória dele está tinindo.
-O velho lembra bem das coisas. - confirmou a Gina sem muito entusiasmo.
-Eu não vi. Assisti, isso sim, no canal Globo News um programa com a Ângela Maria. Ela fala da Dalva de Oliveira, que se inspirou no canto dela...
-Dalva de Oliveira. - repetiu a Gina meio blasé.
 -A Maria Betânia citou como maiores cantoras, Nana Caymmi, Dalva de Oliveira, Billy Hollyday, e aquela maluquinha que morreu há pouco tempo.
-Amy Winehouse.
-Essa mesma; não colocou Gal Costa. Parece que todas as cantoras brasileiras se espelharam na Dalva de Oliveira.
-Vila Lobos a considerava a melhor cantora popular do Brasil.- intervim.
-Eu não gosto daquele jeito de portuguesa de ela soltar a voz, mas eu a imitava cantando “Bandeira Branca”. Minha mãe ficava ouvindo, depois, eu fiquei sem voz para isso. - enveredou a Gina pelas reminiscências.
Nesse instante, o barulho do portão anunciou a chegada do Cláudio.
Hora de assistir “O Dia das Mães” do Dieckmann. - falei com os meus botões.

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