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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

2938 - de médico e louco, todo mundo tem um pouco


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5188                                  Data:  13  de setembro de 2015

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CARTAS DOS LEITORES

 

-Li palavra por palavra a entrevista que a primeira governante (ou será governanta?) do Brasil concedeu ao signatário do Biscoito Molhado, refiro-me a Rainha Maria I, a Louca. Ficou-me uma dúvida: Que fortuna foi essa que o médico do Rei George III da Inglaterra, que curou o monarca da loucura, pediu à corte portuguesa, para a “Doida” falar em aumentar os impostos? Pedro

BM: Constatada a loucura da rainha, Portugal enviou um ministro à Inglaterra para trazer o Doutor Francis Willis, cuja fama atravessou o Canal da Mancha depois que ele recuperou a saúde mental do rei, que retornou ao trono. O galeno cobrou dos portugueses 10 mil libras na mão, mais mil libras mensais, carruagem, viagem de ida e volta à Inglaterra gratuita e uma mesa farta. Ou seja, ele ia curar uma pessoa, mas enlouquecer uma multidão de contribuintes com o aumento nos impostos, com repercussão aqui, no Brasil, que já pagava o quinto dos infernos. Apesar de todas essas exigências de prima-dona de ópera, no passado, de rock, no presente, o ministro português aceitou. Ele embarcou no ano 1792, em Falmouth, com destino a Lisboa no paquete Hanover.  O Doutor Francis Willis ficou alojado no palácio das Necessidades. Ele chegou em março e partiu de volta para o seu país, indignado com os escrúpulos dos cortesãos portugueses que lhe impediam de pôr em prática o tratamento prescrito além de o impedirem de levar a rainha para a Inglaterra, onde ela se afastaria, pelo menos fisicamente, dos fantasmas que a rodeavam. 

 

-Pelo que sei, a Rainha Maria I teve de ser carregada à força para o navio que a levaria para o Brasil, quando as tropas de Napoleão invadiram Portugal. Sua reação não teria sido remorsos por ela ter ordenado o enforcamento de Tiradentes, posteriormente esquartejado e salgado? Miguel

BM: Se ela relutou em viajar para a Inglaterra, imagino o trabalho que deu para entrar na embarcação rumo ao Brasil. Quanto à sua ordem de executar Tiradentes... bem, ele foi enforcado em 1792 e ela aqui chegou em 1808, ou seja, 16 anos depois.

Disse o humorista Ivan Lessa: “A cada quinze anos, o brasileiro esquece os últimos quinze anos” e, como o Brasil está ficando mais velho, sua memória fraquejando, parece que de quatro em quatro anos ele já está esquecendo tudo.

Quanto à Maria I no Brasil, caso ela se candidatasse a presidenta, seria capaz de ser eleita. Mas essa hipótese é absurda, não porque fosse doida, mas porque a República seria implantada no Brasil quase um século depois.

 

-“O distribuidor do seu Biscoito Molhado custou a se recuperar, ao tomar conhecimento desta suposta ruptura equatoriana. É sabido que os vórtices do tipo ralo de banheira giram destrógiros em um hemisfério e sinistrógiros, no outro. Além disso, as constelações são outras, mas parece que não passa disso.” Dieckmann.

BM: O nosso querido Dieckmann custou a se recuperar porque nós escrevemos em português, ou tentamos e ele entendeu em dilmês.

Para que o leitor se situe dentro desse imbróglio todo, trata-se do Biscoito Molhado que aludiu ao calendário do dia 6 de setembro. Nele, é dito que no ano 1522, o navegador Sebastian Elcano, com outros dezesseis espanhóis, completou a volta ao globo no sentido contrário à rotação. Daí, foi feito o seguinte comentário em tom galhofeiro: “Não sou entendido em rotação, discos de vitrola à parte, mas, no hemisfério norte, a rotação é uma e, no sul, outra.”

Em momento algum, foi dito que a rotação da terra no hemisfério norte é para a esquerda, e a do hemisfério sul para a direita, ou vice-versa; coisa só possível de ser lida, ou ouvida, em dilmês, ou, possivelmente, em lulês.

Nós nos lembramos, na feitura desse comentário, de um desenho dos Simpsons a que assistimos alguns anos atrás.  Nele, Lisa, a menina inteligente da família, afirmou que a água do ralo, nos Estados Unidos, gira num sentido, enquanto na Austrália gira em sentido contrário. O seu irmão Bart duvidou e, depois de dar a descarga na privada e observar em que sentido girava a água, telefonou de Springfield para um garoto em Sidney e pediu para ele dar a descarga na privada e lhe dizer em que sentido a água girava. Enquanto o menino australiano fazia o que lhe foi pedido, Bart viu passando, pela janela, Milhouse, o seu melhor amigo e correu atrás dele, deixando o telefone ligado. Quando a conta telefônica chegou, Homer Simpson enlouqueceu e a família teve de viajar para a Austrália, mas isso é outra história.

Mas a carta do Dieckmann, em forma de asterisco, foi válida, porque nós não tínhamos a mínima ideia que, nesse desenho de “Os Simpsons”, estavam envolvidos os destrógeros e os sinistrógeros.

 

 

-“O von Braun era especialista, em foguetes, não em bombas, fossem atômicas, ou polvorentas. Não que isto seja uma atenuante, pois ao habitantes de Londres pouco interessaria saber se as V-1 ou V-2 eram devidas a especialistas em explosivos, ou em balística, trata-se apenas de colocar o pingo no i certo. Ou, como diria o próprio redator do Biscoito Molhado, a Pascal o que era de Pascal e a Voltaire o que era de Voltaire.”  Dieckmann

BM: Dieckmann se reporta aqui ao seguinte comentário feito numa das sessões do Sabadoido: “Ainda bem que os americanos chegaram à bomba atômica primeiro que os alemães, se não... Cientistas, os nazistas tinham, mas faltavam recursos, eles até escassearam para a fabricação das bombas do Werner von Braun.”

Bem, o redator deste periódico não é versado em bombas, nem mesmo cabeça de negro (cabeça afrodescendente, o politicamente correto exige) e muito menos em balística. Lemos em mil publicações e ouvimos em mil documentários os foguetes V1 e V2 sendo chamado de bombas voadoras, que nos limitamos a repetir.

Depois de leituras mais atentas, descobrimos que Werner von Braun criou o míssil e, levado para os Estados Unidos, foi um dos expoentes na criação de foguetes para viagens espaciais. Como escreveu o nosso missivista, o negócio dele era balística, não, bombas. Por outro lado, Oppenheimer, americano filho de alemães judeus, sim, dirigiu o Projeto Manhattan, que desenvolveu as primeiras bombas atômicas. Assim sendo, a Werner von Braun o que era de Werner von Braun, e a Robert Oppenheimer o que era de Robert Oppenheimer.

 

 

 

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