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sexta-feira, 24 de julho de 2015

2902 - é só por hoje


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5152                      Data:  22 de julho de 2015

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CARTAS DOS LEITORES

 

-O redator do Biscoito Molhado é favorável à militarização nas escolas? Pedro Amorim

BM: Meu caro Pedro Amorim, no Visconde de Cairu, nas aulas de Educação Física, aprendi a seguir a voz de comando do professor: “Marcha! Direita Volver! Esquerda Volver! Meia Volta Volver! Alto! Descansar!” E ainda portávamos sobre o peito do nosso uniforme uma plaqueta com o nosso nome, turma e série como nos quartéis.

Antes, no curso primário, com todas a turmas enfileiradas no pátio da Escola Manoel Bomfim, cantávamos todas as sextas-feiras o Hino Nacional Brasileiro, nos outros dias, a “Canção do Soldado”. No dia 19 de novembro, entoávamos o belo Hino da Bandeira.

Esses dois educandários não eram exceções, quase todos eram assim, ensinavam noções de disciplina militar.

Há pouco mais de um ano, Almino Afonso, que foi ministro do Trabalho do governo João Goulart, afirmou no programa “Roda Viva” que o militar pode aceitar até o comunismo, mas a quebra de hierarquia, nunca.

É isso: nas escolas, aprendíamos a seguir a hierarquia, a nos subordinar aos professores, aos inspetores e aos diretores.  Depois, tudo mudou. Xingar os professores, agredi-los fisicamente, como ocorre hoje, era impensável ma minha época de estudante.

Meia volta volver!

 

-Lendo um dos exemplares do Biscoito Molhado que me foi enviado pelo Dieckmann, mais precisamente aquele em que o Sérgio Fortes personifica o Homem-Calendário do Rádio Memória, foi citada a frase de Isaac Newton, que tentarei, aqui, reproduzir de memória: “Se vi ao longe, é porque estava sobre ombros de gigantes.” E o Jonas Vieira acrescentou que nenhum homem é uma ilha. Concordo com tudo, por maior que fosse a genialidade de Isaac Newton, não era falsa modéstia, era a pura realidade. Romeu

BM: Certamente que sim. Se Beethoven compôs obras tão extraordinárias foi porque esteve nos ombros de Bach, Haydn e Mozart além de outros gigantes. Quanto ao comentário do Jonas Vieira, trata-se de uma citação do poeta metafísico inglês Jpjn Donne, que viveu de 1572 a 1631, que vale reproduzir:

“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.”

Ernest Hemingway pinçou um trecho deste pensamento para ser o título de um dos seus romances mais destacados.

Meu caro, Romeu, vou fazer uma confissão: quando Michael Schumacher sofreu aquele terrível acidente na estação de esqui em Meribel, na França, eu preparei essa reflexão de John  Donne para postar no Facebook junto com o retrato do piloto de mais títulos na Fórmula 1, mas nada de ele morrer. A minha intenção era que a cultura fosse propagada, que mais pessoas conhecessem essas palavras do poeta, apesar de as minhas postagens de maior público serem aquelas em que aparecem crianças e cachorros.

 Meses e meses foram passando e o Schumacher resistindo. Quando morreu o candidato a presidente da República, Eduardo Campos, num acidente de avião e houve toda aquela comoção, substituí o Schumacher por ele e fiz a postagem. Alguns curtiram, dois ou três fizeram comentários, enfim houve um relativo sucesso. 

 

 -A música popular brasileira de que o Biscoito Molhado tanta fala, quando resenha o programa Rádio Memória da Rádio Roquette Pinto, por que o redator mostra nítida preferência pelo Pixinguinha? Russo.

BM: Veja bem: além de todas as realizações do Pixinguinha no universo musical, o seu gênio desabrochou muito cedo. Ele nasceu em 23 de abril de 1893 e, em 1911, ou seja, com 18 anos de idade, já era diretor de orquestra do Rancho Paladinos Japoneses. Em 1917, compôs “Carinhoso”, a canção emblemática da MPB; nesse mesmo ano, a valsa “Rosa”. O choro “Um a Zero” celebrou a vitória do Brasil sobre o Uruguai, na final do Sul Americano de 1919, após duas prorrogações, ou seja, composta aos 26 anos de idade. Não há como ficar indiferente ao seu talento.

 

-Achei muito interessante os comentários do Sérgio Fortes e do Jonas Vieira, repercutidos neste periódico, sobre a animação do Frank Sinatra, com 50 anos, em casar-se com a Mia Farrow, com 30, em 1966, quando o Viagra ainda não existia. Carreiro

BM: Mais interessante ainda foi Charles Chaplin, com 72 anos de idade ser tornar pai. Quanto ao casamento citado na sua carta, não durou muito, Frank Sinatra pediu o divórcio quando ela filmava “O Bebê de Rosemary”, se não me engano. Mas permaneceram ligados, tanto que o filho dela, Ronan, quando era casada com o Woody Allen, tem, na verdade, como pai, Frank Sinatra. Pai e filho são tão parecidos que não houve necessidade de exame de DNA. Os dois só não se parecem na voz; ainda assim, o timbre do Ronan, quando fala, está mais para Frank Sinatra do que para Woody Allen.

  

-Naquelas considerações que foram feitas sobre a Batalha de Guadalete, quando as forças muçulmanas de Tárique derrotaram os visigodos do Rei Rodrigo, que resultou no domínio da Península Ibérica por quase sete séculos, não foi apenas Alhambra e a tolerância religiosa que ficaram dos árabes. Hércules.

BM: Evidentemente que não, se fôssemos nos deter sobre a influência deles, que também se refletiu sobre nós, como colônia de Portugal, várias páginas seriam necessárias.

Uma dessas influências que não assinalamos, quando tratamos desse domínio, mas aproveitamos, agora, a oportunidade, foi a cor da pele dos portugueses, espanhóis e brasileiros: morena.

Moreno – dizem os etimologistas – vem de mouro (muçulmano, sarraceno, natural da antiga Mauritânia (África ocidental). O mouro tem a pele da cor do trigo maduro. Ou, então, do espanhol “moreno”, escuro, de cor parda, derivado de “MORO”, do Latim “MAURUS”, “escuro”.

A cidade do Porto apresenta ainda hoje no listel das suas armas o nome de “Invicta”, porque resistiu o que pôde à invasão moura.

Hoje, quando vemos um português muito branco, ele geralmente é natural do Porto.

-É só por hoje.

 

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