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terça-feira, 17 de novembro de 2015

2980 - Renoir, pai e filho


 

 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5230                             Data:  12 de novembro  de 2015

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SABADOIDO

 

-Então, vocês não foram assistir ao Vasco x Fluminense?

-Carlinhos, o Engenhão é muito difícil de se chegar. Estacionamento não existe.

-Ora, você e o Daniel fariam uma boa caminhada de 3 quilômetros daqui até lá e ainda veriam a vitória do tricolor.

-Esse Eurico Miranda é maluco; tirar o jogo do Maracanã porque a torcida do Vasco não ficaria no lado que ele queria. - esbravejou meu sobrinho.

-Essa guerra dele pelo lado do Maracanã em que a torcida vascaína tem de ficar me lembra “As Viagens de Gulliver”.

-O que isso tem isso a ver com “As Viagens de Gulliver”? - estranhou meu irmão.

-Quando Gulliver chega a Lilliput, descobre que essa ilha vive em constante guerra com a ilha vizinha, Blefuscu e que a causa da discórdia é a maneira de quebrar a casca do ovo.

-O Eurico Miranda deve ser o rei de Blefuscu ou mesmo de Lilliput. - aproveitou o Daniel a deixa.

-O escritor Jonathan Swift quis mostrar o quanto todas as guerras são estúpidas. - comentei.

-Eu vi esse filme no Cinema Cachambi.

-Eu também, Claudio. Fiquei abismado em ver o Gulliver diminuto, numa hora e depois, de um tamanho descomunal em Lilliput.

-Esse filme, se não me engano Carlinhos, é anterior a 1940. O cinema já tinha esses recursos naquele tempo. Caramba!

-E a luta do MMA, Carlão, viu?

-Daniel, eu não assisto luta em que um lutador bate no outro caído. No tempo da TV Continental, eu ainda via “Luta Livre Americana”, por influência do meu pai e da fama da família Gracie, quando havia pancadaria; depois, acompanhei somente as lutas de boxe.

-As lutas de boxe são mais violentas, Carlinhos. Quantos lutadores já morreram no ringue?

-Sei disso, Claudio; creio que o maior exemplo é a luta entre Emile Griffith versus Benny Paret, em 1962, que foi televisionada através de todo os Estados Unidos. A imprensa criou um clima de guerra entre Estados Unidos e Cuba; John Kennedy, embora Emile Griffith fosse um crioulo retinto, contra Fidel Castro.

-Benny Paret era cubano?

Respondi ao meu irmão afirmativamente meneando a cabeça e prossegui:

-O clima de hostilidade passou para os lutadores e, no ringue, Benny Paret chamou o seu rival de maricón. Resumindo, o Emile Griffith desferiu uma saravaida de murros no adversário que ele foi à lona, estrebuchou e morreu.

-Como você sabe disso tudo, Carlão?

-Porque Norman Mailer escreveu sobre essa luta no livro “Cartas Abertas ao Presidente”, que o Vagner me emprestou.

-Cumééééééééééérça. - o Luca foi imitado pelo Daniel, que, assim, chamava o Vagner.

-Lembro-me bem, nesses ensaios do Norman Mailer que, no momento em que o médico sobe ao ringue para socorrer o Benny Paret, ele escreveu que deixassem o lutador morrer em paz.

-Norman Mailer era outro aficionado pelo boxe; chegou a viajar para Kinshasa, no Quênia, quando lutaram George Foreman e Muhammad Ali. – acrescentei.

-É tudo uma violência desgraçada. – vociferou a Gina.

-Mas nessa luta, por exemplo, o Cassius Clay apanhou tanto que deixou o Foreman estafado. Quando ele dá o soco fatal e o Foreman dobra os joelhos, Clay poderia desferir mais uma porrada, que atingiria a cabeça daquele que tanto o espancara, no entanto, percebendo o nocaute eminente, poupou o adversário. É por isso que o boxe é a nobre arte.

-Que nobre arte, Carlinhos! É uma luta de selvagens. - bradou a Gina.

-Mudemos de assunto porque eu não sou polemista. Mas antes, deixem-me dizer que, recentemente, ou seja, décadas depois, o Emile Griffith revelou que era maricón.

-Vamos, então, Carlão, falar do You Tube.

-Caramba! Tudo você acha no You Tube. - aceitei a proposta do meu sobrinho e segui em frente.

-Dia desses, no meu trabalho, na hora do almoço, navegando pelo You Tube, deparei-me com a ópera “Tosca” de Puccini, dirigida pelo Jean Renoir.

-Aquele que é nome de rua na pracinha de Del Castilho? - manifestou-se a Gina com um ar zombeteiro.

-Não, o cineasta é filho do pintor impressionista, que dá nome à rua. Há pinturas que o pai fez dele pequerrucho. São quadros famosos, é evidente.

-E o filme é bom? - interessou-se o Claudio.

-Realizado na Itália, em 1941, foi um fracasso de bilheteria. Por quê? Porque os italianos, no meio da guerra, queriam esquecê-la assistindo a uma boa ópera, como é a Tosca de Puccini. O problema é que o Jean Renoir quis fazer cinema com travellings de câmera e outros rebuscamentos de filmagem.

-Isso é um saco mesmo. - ralhou a minha cunhada.

-A plateia queria Puccini e não Jean Renoir. - atalhei.

-Mas ele foi um grande cineasta. - ponderou meu irmão.

-Sim; dois filmes dele são clássicos, “A Regra do Jogo” e “As Ilusões Perdidas”. Os especialistas os colocam entre os maiores filmes de todos os tempos. Ele puxou ao pai.

-Como puxou ao pai, Carlão? Ele era diretor de cinema e o pai, pintor.

 -Refiro-me à genialidade artística.

-Mas filmaram, mesmo, na Itália no meio da Guerra?

-Eu não estranhei tanto, Claudio, porque soube, antes, que uma fita sobre a vida de Rossini, a que assisti no Cinema de Arte da TV Excelsior, foi filmada na Itália em plena guerra.

-Onde não dava para filmar nada, na Segunda Guerra, era na Rússia. - declarou meu irmão.

-Carlão acha o que quer no You Tube.

-Tudo, Daniel, menos as palestras do Lula. Por mais que alguém escarafunche todo o You Tube, não encontra uma só palestra do Lula.

-Não encontram porque não existe. É óbvio. - afirmou a Gina.

-O instituto do Lula é uma fachada para recebimento de propinas. - aditou o Claudio.

-Eu preferiria, Carlão, uma palestra da Dilma, pois seria muito mais engraçado.

-Concordo, Daniel.

-O Lula despiu a fantasia de “Lulinha, paz e amor” e voltou a ser raivoso, a salivar ódio. - observou o Claudio.

-Com a Polícia Federal nos calcanhares dos filhos dele... -disse a Gina.

-Ele declarou, recentemente, que a América Latina corre o risco de regredir por causa da iminente vitória da oposição na Argentina.

-Ele chegou a ir à Argentina fazer campanha para o candidato da Cristina Kirchner. - seguiram-se as palavras do Claudio às minhas.

-Para o Lula, avanço na América Latina é Maduro, que um dia cairá de podre.

-Carlinhos, avanço para o Lula é muito dinheiro na conta dele e da família. - bradou a Gina.

Em seguida, falamos de assuntos mais distendidos até mais uma sessão do Sabadoido chegar ao seu fim.

 

 

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