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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

2972 - pau puro na prefeitura


 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5222                                Data:  02 de novembro  de 2015

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SABADOIDO

 

-Como é o nome do camarada da Banda Calypso?

-Chimbinha. – disse-me a Gina.

-Eu cismo com Chiminho, um gato que tivemos na rua Cachambi. E o nome da outra pessoa dessa banda?- emendei com outra pergunta.

-Joelma.

-Carlão está interessado agora em ouvir brega pop? – ironizou o Daniel logo que a sua mãe me respondeu.

-Não; fiz essas perguntas porque vazou no Facebook uma redação do ENEM sobre “Violência contra a mulher”.

E prossegui:

-Nessa redação, que até dava para entender a letra...

-Normalmente, não se entende a letra nem o que o candidato quis dizer.- interrompeu-me o Claudio.

-Nessa redação sobre violência contra a mulher, dizia eu, o camarada, no primeiro parágrafo, escreveu que a Banda Calypso alcançou um grande sucesso graças a Joelma, e, no entanto, o Chiminha, que tudo devia a ela, baixou-lhe o cacete.

-Eles eram casados, têm até filhos, agora, se separaram. - comentou a Gina.

-Seguiram-se, nessa redação, uns três ou quatro parágrafos, que dava para ler, mas não para entender, até que o candidato termina com esta pérola: “Com os pratos na mesa na hora certa, roupa lavada e bem passada, não haverá violências contra as mulheres.”

Gina resmungou a sua contrariedade com esse machismo, enquanto meu irmão imitava o Carlos Imperial quando anunciava as notas dos quesitos dos desfiles das escolas de samba: “nota deeeeeeeeeeeeeez.”

-Ele, então, foi favorável ao Chiminha meter a porrada na Joelma?

-Sei lá, Daniel; na cabeça desses caras, as sinapses estão desconectadas.

-Sinapses, sinopses, sinusites, tudo se desconectou. - brincou meu sobrinho com as palavras.

-Carlinhos, você que já assistiu ao “Poderoso Chefão” cinco vezes, o cantor Jimmy Fontana é o Frank Sinatra? – quis saber a Gina.

-Sim; o Frank Sinatra até ameaçou o Mario Puzo, que foi quem escreveu a história. Aquela cena do Poderoso Chefão em que o produtor de cinema, que não queria dar um papel para o Jimmy Fontana, acorda com a cabeça decapitada do seu melhor cavalo na cama, se reporta ao Frank Sinatra e ao filme “A Um Passo da Eternidade”. Sinatra queria atuar nessa fita, mas, como fizera uma das suas em Hollywood, negaram-lhe o papel, ele recorreu, então, ao Sam Giancana, chefão da máfia, que entrou em ação com aquela sutileza que convence todas as pessoas que desejam viver.

-E o Frank Sinatra ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante com “A Um Passo da Eternidade”. - lembrou meu irmão.

-Frank Sinatra foi crooner da orquestra do Tommy Dorsey.  Com o sucesso que obtinha, quis sair e fazer carreira solo, mas estava preso por contrato. Dizem que, depois de a máfia ameaçar o Tommy Dorsey, ele liberou o Sinatra. – citei mais esse caso.

-Pelo menos, ele fazia por merecer, Carlão; atuou bem, cantou bem.

-Numa dessas, ele quase se dá mal... Claudio (voltei-me para meu irmão), lembra-se daquele ator que pertencia à turma do Frank Sinatra juntamente com Dean Martin, Sammy Davis Júnior e era casado com uma Kennedy?

-Peter Lawford. – respondeu-me rapidamente.

-Através dele, John Kennedy, quando ainda era senador, conheceu Frank Sinatra. Quando ele disputou com o Nixon a presidência dos Estados Unidos, os Kennedy procuraram o Frank Sinatra com o objetivo que ele intermediasse um acordo com Sam Giancana, o poderoso chefão.

-O Kennedy ganhou do Nixon por uma margem muito pequena. – cortou-me o Claudio, que se calou, em seguida, para que eu continuasse.

-Sam Giancana dominava os sindicatos de Chicago e a intervenção dele foi fundamental para a vitória do Kennedy. No poder, seu irmão, Robert Kennedy, nomeado procurador-geral dos Estados Unidos, abriu uma espécie de CPI contra a máfia. Muitos mafiosos queriam o fígado do Frank Sinatra, mas o Sam Giancana interveio, dizendo que o Sinatra entrara de otário nessa história. Quando falam do assassinato do John Kennedy, para mim a máfia é a principal suspeita.

-Aquele assassino não agiu sozinho. – quebrou a Gina o seu silêncio.

-O Lee Oswald... não, ele estava a serviço de alguém.

-Depois ele é assassinado quando estava cercado de policiais...

-Por um tal de Jack Rubin. – completou o Claudio a frase que a Gina deixou nas reticências.

-No Poderoso Chefão 2, há uma cena de um mafioso assassinando idêntica a essa do Jack Rubin e Lee Oswald. Poucos anos depois, o assassino do assassino morreu de câncer. Tudo muito suspeito. – manifestei-me.

Daniel, que havia retornado ao seu quarto uns cinco minutos atrás, para tocar teclado, gritou de lá:

-Carlão, quer que eu toque alguma coisa da Chiminha e da Joelma?-.

-Nãoooooooooooooooooo.

-Quer sim.- incentivou-o o Claudio sadicamente.

 

Afastado esse perigo, prosseguimos.

-Esse candidato do ENEM poderia citar as porradas que o candidato do Eduardo Paes a prefeito, o Pedro Paulo, deu na mulher.

-O Eduardo Paes está colocando panos quentes.

-Panos quentes nos olhos dela que ainda estão inchados.- seguiram-se as palavras do Claudio às da Gina. (*)

-Depois dessa, não se elege mais. - observei.

-O eleitor brasileiro a tudo perdoa, principalmente aos ladrões. - expressou seu ceticismo minha cunhada.

-Carlinhos, eu me encontrei, no Carrefour, com o Tião.

Como ele não identificou logo esse Tião, o primeiro que me veio à cabeça foi um que jogava truco e buraco com ele, mas que havia falecido uns cinco anos antes, porém, sempre lembrado pelo Claudio.

-Que Tião?

-Ora, o da Chaves Pinheiro.

-Há uns 200 anos que ele sumiu. - justifiquei-me.

-Ele foi viver numa cidade do Espírito Santos na divisa com a Bahia.

-Tião estava muito feliz. A mulher dele morreu... (enveredou pelo humor negro.

-Aquela que você chamou, num Sabadoido, de abjeta e o Luca lhe disse que a palavra era muito forte. - voltei-me para a Gina.

-Eu não suporto pessoa que é sua amiga, mas, quando passa em companhia da mulher, finge que nunca o viu. O Tião era assim, quando estava com a mulher; Kung Fu, também, quando passava do lado da Nicinha. – reclamou a Gina.

-Eu lamento, até hoje, o Luca não ter dado umas boas porradas no Kung Fu no Lar de Júlia.- afirmei.

Claudio voltou ao encontro com o nosso amigo de décadas que andava sumido.

-O Tião queria comprar um molho, mas não havia Cristo que conseguisse entender o que ele queria dizer.

-Pior do que a Dilma, Claudio.

-Pior é impossível, Carlinhos. Depois de muita luta, entendeu-se: barbecue, era molho de barbecue. 

-Barbecue é churrasco em inglês. Por que ele não falou molho de churrasco?

-Porque o brasileiro quer falar a língua do americano, por isso se confunde. - explicou-me a Gina.

-Como diz o Ancelmo Goes: “barbecue é o cacete”. – pilheriou meu irmão.

-O Augustinho me dizia (irmão do Tião), quando era garoto, que a grande preocupação do Seu Lins (o pai) era o Tião, porque andava até com ladrões de cavalos.

-Tião andava com maus elementos. - ratificou meu irmão.

-Então – prossegui – disse-me o Augustinho que o Seu Lins o colocou para trabalhar, ainda rapazinho, na Casa José Silva. O lema dele era: não quer estudar?... vai trabalhar, então.

-Tem de ser assim. - concordou a Gina.

-Agora, que ele é viúvo, volta a morar aqui? – indaguei.

-Nada; já voltou para a tal cidade.

-Nós falamos em ladrões de cavalos... leram, nos jornais, que  roubaram dois, e um deles se chamava Petrobras.

-Carlinhos, quem põe o nome de alguma coisa de Petrobras está pedindo para ser roubado. – não perdeu a deixa a Gina

 

(*) Esse “acidente” ocorreu quando a agredida descobriu o romance entre o agressor e o dos panos quentes, em 2011, mais ou menos. Ocorre que o romance entre eles está de pé até hoje e ela deve ter sido convencida a ficar calada, mas a queixa ficou.

 

 

 

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