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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

2974 - cartas na manga


 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5224                            Data:  04 de novembro  de 2015

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CARTAS DOS LEITORES

 

-O redator do Biscoito Molhado escreveu que, quando achou um celular na academia da terceira idade, telefonou para o sobrinho querendo saber como descobria o dono do achado ou do perdido, tanto faz. Quando os dois se encontraram no Sabadoido não falaram sobre isso?... Pelo que li, não. Josimar.

BM: Sim falamos, mas esse tema foi retirado da ata do Sabadoido; vamos a ele, então.

Em dado momento, meu sobrinho falou que não precisava de um I Pod, o que ele já possuía de aparelhos de informática bastavam. Eu lhe disse que, por coincidência, acabara de ler que oito toneladas de minério de ferro tinham o mesmo valor, em dólares, de um I Pod e que a economia brasileira deveria agregar valor às suas matérias-primas. Aproveitando a deixa, reportei-me ao celular que achara seis dias atrás. A minha cunhada, pôs em dúvida a honestidade do Toninho a quem entreguei o dito cujo:

-Será que ele vai entregar mesmo ao Vinícius, o verdadeiro dono?.

-Gina, ele telefonou três vezes seguidas em menos de dois minutos, ou seja, os dois devem ser muito amigos.

-O Toninho, agora, tem dois celulares. - insistiu ela na sua descrença.

-Eu fiz o que tinha de fazer, se ele não vai devolver ao verdadeiro dono, o problema já não é mais meu. - manifestei-me um pouco irritado com tanta descrença na natureza humana.

-Ele vai devolver sim; e se não devolver, não lhe interessa, você fez a coisa certa. - interveio o Claudio a meu favor.

E prosseguiu:

-Há pouco tempo, eu vi no chão de uma farmácia um celular parecido com esse de que você falou. Peguei e não pensei duas vezes: entreguei a balconista. Ela me olhou com a maior cara de espanto.

-Honestidade foi de quem achou o celular da Roberta (sua sobrinha). Numa época em que o celular era um tijolão da Motorola, pesava quase meio quilo, valia uma dinheirama e pouquíssima gente possuía um.

Eu e meu irmão percebemos que ela inventara uma métrica para medir honestidade, diminuindo os nossos gestos, e contra-atacamos.

-Naquela época, Gina, os ladrões não roubavam celulares.

-Os celulares só se tornaram atrativos com o advento do chip.

-Eu já havia achado dois, mas sem chip; o primeiro foi logo bloqueado, e não houve meio de descobrir o dono; o segundo, pertencia ao Mamute.

-Mamute é nome de traficante, Carlão.

-Era um rapaz que morava no Jacaré; ele veio buscar depois que o Claudio falou com a mãe dele e deu o endereço daqui.

-Então, Gina, bastava a Roberta bloquear o tijolão dela que ele se tornaria imprestável.

Minha cunhada ainda insistiu na métrica da honestidade, mas não tinha mais argumento plausível.

 

-No calendário do dia 1º de novembro, o Sérgio Fortes, no Rádio Memória, não falou da entrada em vigor do Cruzeiro, como padrão monetário do Brasil, em 1942, e da morte do jurista e político Francisco Campos, conhecido por “Chico Ciência”, devido à sua cultura enciclopédica, em 1968. Maurício

BM: Somando os comerciais com as pausas para meditação, Jonas Vieira e Sérgio Fortes têm menos de 50 minutos para apresentaram as atrações musicais, resta, por isso, pouco tempo para o calendário.

Mas concordo com o leitor; são duas datas que merecem ser lembradas.

O cruzeiro entrou em vigor em 1942, mas se fala até hoje em contos de réis. O presidente Sarney, de triste memória, foi ainda mais para trás e reviveu o cruzado, moeda de troca do Brasil no século XIX.

Bem antes, 53 anos precisamente, Machado de Assis escrevia, numa crônica, de 1889, que dava a ideia de chamar a moeda do Brasil de cruzeiro. Eis um trecho dessa crônica:

“Tem a Inglaterra a sua libra, a França o seu franco, os Estados Unidos o seu dólar, por que não teríamos nós a nossa moeda batizada? Em vez de designá-la por um número e por um número ideal – vinte mil réis – Por que  lhe não poremos um nome – cruzeiro – por exemplo? Cruzeiro não é pior que outros e tem a vantagem de ser nome e de ser nosso. Imagino até o desenho da moeda; e de um lado a esfinge imperial, do outro a constelação...Um cruzeiro, cinco cruzeiros, vinte cruzeiros. Os nossos maiores tinham os dobrões, os patacões, os cruzados, etc., tudo isto era moeda tangível; mas vinte mil réis... Que são vinte mil réis? (…)”

Não foi à toa que Gustavo Franco, presidente do Banco Central do governo Fernando Henrique Cardoso, escreveu o livro “A Economia em Machado de Assis – O Olhar Oblíquo do Acionista”.

Com a inflação crescente dos governos Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart, o cruzeiro perdeu três zeros, no governo Castelo Branco e ganhou um adjetivo, passou a ser Cruzeiro Novo. A inflação se deu por vencida, mas não por muito tempo, retornou nos governos militares que se seguiram e se vitaminou ainda mais com os primeiros governos da redemocratização.  Com a inflação, o cruzeiro se foi, voltou, se foi de novo, parece que, agora, definitivamente. Quanto à inflação, foi-se, mas já está de volta, bem parruda, por sinal.

Ah, sim, o nosso caro leitor citou o “Chico Ciência”, que morreu no dia 1º de novembro de 1968. Francisco Campos redigiu a Constituição de 1937, do Estado Novo de Getúlio Vargas, conhecida como “A Polaca”. Como se não bastasse, contribuiu com a redação do Ato Institucional nº1 da Revolução de 1964.

Francisco Campos é, acima de tudo, o redator do Código Penal (1940) e do Código de Processo Penal (1941) que vigoram até hoje com poucas alterações. Por isso, ele recebeu o cognome de “Chico Ciência”.

 

-Na visita que o Carlos Manga fez à casa do redator do Biscoito Molhado, falou-se que a primeira edição do videotape foi feito com o Carlos Manga, em 1961, no programa do Chico Anísio. Foi isso mesmo? Paulinho Criciúma.

BM: Foi sim, e o programa era “Chico City” na TV Rio. Quando nós víamos – digo nós porque eu estava diante da televisão – o Chico Anísio contracenando com ele mesmo, julgávamos que aquilo era mágica, e não deixava de ser. Carlos Manga era o mágico.

 

 

 

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