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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

2096 - notícias e influenzas

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 3896 Data: 01 de fevereiro de 2012

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COMENTANDO O QUE LEIO NOS JORNAIS

50 ANOS ATRÁS (leio sempre esta seção do Globo) saía a seguinte notícia em janeiro de 1961:

“O príncipe Charles, filho da Rainha Elizabeth II, será castigado com bastonadas se cometer certas faltas, como fumar em público – declarou o Sr. T.Chew, diretor da “Gordonstow”, escola que o príncipe passará a frequentar a partir do primeiro trimestre. O diretor informou também que todas as manhãs o príncipe deverá correr pelo jardim, vestindo apenas um calção branco e uma camiseta e, em seguida, tomar uma ducha de água fria.”

Minha mãe dizia a qualquer hora que lhe perguntassem a idade do Príncipe Charles, porque eu nasci a treze meses do primeiro parto da Elizabeth II. Eu usava o mesmo método mnemônico da minha mãe: não erro a idade da rainha, porque as duas nasceram no mesmo ano, 1926.

Quanto à notícia transcrita acima... Bem, a educação inglesa forja têmperas viris. Vale lembrar, agora, a obra-prima da literatura portuguesa, “Os Maias”, de Eça e Queirós. Porque o filho Pedro da Maia se suicidou por causa de um amor contrariado, o patriarca da família culpou a influência da carolice, que ele sofrera da mãe e contratou tutores ingleses para educar o neto. Assim, Carlos Eduardo Maia, desde menino, praticou natação, remo, corridas e, depois, ia para o chuveiro de água fria. Quando a desilusão amorosa desabou sobre ele, ao contrário do pai, ele escapou com vida.

Em 1961, o príncipe Charles levaria umas bastonadas caso fumasse. Foi nesse ano que dei início à minha prática de tabagismo. Minha mãe saiu com meus irmãos e eu tratei de ir ao botequim, que ficava na esquina da Rua Honório com a Rua Cachambi, onde comprei um maço de cigarros Continental. Em casa, acendi um cigarro no outro e fumei até ficar tonto e me sentir enjoado. O mal-estar que eu senti deveria fazer o efeito das bastonadas, mas a idolatria que eu tinha pelos artistas de cinema – todos fumantes inveterados – fez-me superar aquela fase até eu me tornar viciado. Dois anos depois, eu estava fornecendo cigarro a um professor de matemática. Meu pai, por sua vez, só abriu guerra contra a bebida alcoólica: o cilindro catingoso dos filhos ele tolerava, desde que não fosse fumado na sua frente.

Não sei se, por causa do cigarro, o príncipe Charles gostaria de trocar de posição comigo, como na história de “O Príncipe e o Mendigo” de Mark Twain.

Correr de calção, camiseta e entrar numa ducha de água fria também foram a minha atividade desde que entrei no Colégio Visconde de Cairu. O desagradável era o tempo que os professores de Educação Física davam para a ducha: 1 minuto. Ora, com 1 minuto, nós estávamos ainda acostumando o corpo à friagem. Também era esse o prazo para nós vestirmos o uniforme da escola depois do banho. Um minuto era o tempo que a Josefina Bonaparte precisava para segurar uma das suas meias. Assisti, aliás, a um filme em que Napoleão Bonaparte, depois de esperar que a imperatriz se vestisse para um concerto, disse-lhe que ela levou mais tempo se vestindo do que o compositor para escrever a sinfonia que os dois ouviriam.

Essa educação sem regalias fez bem ao príncipe Charles, na vida adulta? Na minha opinião, sim, pois ele casou com quem não queria casar, por exigências do trono e depois ficou com a sua amada “bruxinha”, prevalecendo a sua vontade.

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“Em entrevista à revista britânica “New Scientist”, o físico divorciado duas vezes e pai de três filhos, citou o sexo oposto, quando perguntado sobre o que mais pensa durante o dia: -Nas mulheres, elas são um mistério completo.”

Não se trata de qualquer físico, e sim daquele que é considerado o maior deles com vida, o britânico Stephen Hawking. Palavras ditas por ocasião das festividades dos seus 70 anos.

O jornalista, que elaborou a reportagem com a frase aspada acima, deu-lhe o título: “Mulheres, um mistério para Hawking” e o subtítulo: “Aos 70 anos, físico que decifrou os buracos negros diz não entender o sexo oposto.”

Para mim, não foi surpresa, não porque ele vive numa cadeira de rodas e a sua cabeça está no cosmos, pois, mesmo assim, casou duas vezes e teve três filhos. Não foi surpresa porque Freud, que criou a psicanálise, declarou que nunca se sabe o que uma mulher pensa.

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“Em discurso de apenas 20 minutos pronunciado semanas atrás, o candidato Newt Gingrich, o ex-presidente da Câmara que cultiva o estilo pitbull, mencionou três vezes que a maior ameaça dos Estados Unidos seria se tornar um país parecido com a Europa. Aproveitou para mostrar um vídeo que retrata Mitt Romney, até agora o mais viável adversário de Obama, como tendo tido um passado “internacionalista” - leia-se, europeu. No vídeo, o ex-governador de Massachusetts aparece fluente na língua estrangeira que causa maior indigestão aos republicanos – o francês.”

O texto acima é da jornalista casada com Elio Gaspari, Dorrit Harazim. Ela, mais adiante, revela que o político americano que fala francês e ainda se formou na Universidade de Harvard causa engulhos aos extremistas de direita dos Estados Unidos. Aqui, no Brasil, ocorre praticamente a mesma coisa, só trocam as ideologias. É aquela velha história: os extremos se tocam. A presidente Dilma Rousseff gosta da ópera “Tristão e Isolda” de Wagner, mas declara em entrevistas que é fã das músicas de Jerry Adriani (Arfff!...). Ela tem de se mostrar parecida com o povo, como o seu padrinho Lula.

Dia desses, o cronista do Globo, Daniel Dapieve, se referiu aos elogios que a presidente fez ao último livro de poesia do Ivan Junqueira e aconselhou, como um incentivo à educação do povo, que ela repercutisse o seu gosto pela arte bem feita. Não creio que consiga sucesso, pois homem culto no Brasil, de uns dez anos para cá, é sinônimo de pedante.

No artigo da Darrit Harazim, ela alude às French fries (Fritas francesas, nome com que Thomas Jefferson batizou as batatas fritas). Dois congressistas republicanos irados, porque a França votou contra a invasão do Iraque, em 2003, conseguiram trocar o nome das French fries, servidas nas lanchonetes e restaurantes do Capitólio, para liberty fries. Depois de um tempo, o nome dado por um dos pais da nação americana retornou.

A batata é originária do Peru e a batata frita nem francesa é, veio da Bélgica.

Por hoje, é só.

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