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quarta-feira, 20 de maio de 2015

2856 - Senhas chulas e suas contrassenhas


 

 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5106                                   Data:  14 de maio de 2015

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SABADOIDO DE PRÊMIOS E SENHAS

 

-Então, é isso, Daniel, se tivessem seguido o que disse o Mário Henrique Simonsen sobre os lobistas - “Deem os 10% e esqueçam o projeto”, a Petrobras não teria mais de 44 bilhões de prejuízo”.

-O PT não gosta do Simonsen, Carlinhos. - interveio o meu irmão.

-Eles não gostam das pessoas extremamente inteligentes. - acrescentei.

-Carlão, o Simonsen não era chegado a um copo de uísque?

-Um copo?!... Ele era chegado a um barril de carvalho cheio. - respondeu o Claudio ao filho.

Retomei a palavra:

-Um amigo meu, de serviço, engenheiro que trabalhou na Transpetro, me disse que viu, certa vez, o Simonsen almoçando num restaurante do Centro e ficou estarrecido.

-Carlão, estarrecido por quê?

-Daniel, ao lado do prato dele, estavam um copo de uísque e um cinzeiro. Ele comia, bebia e tragava.

-Nunca vi isso.

-O Sérgio Fortes, um pouco antes de apresentar o Clube da Ópera, na Rádio MEC, me enviou um longo e-mail E nós nem nos conhecíamos ainda, em que disse que o Professor Mário Henrique Simonsen era exagerado em tudo: inteligência, atitudes...

-Ele conheceu o Simonsen? - demonstrou meu irmão curiosidade.

-Sim, como economista e também pelo fato de o pai dele, o barítono Paulo Fortes, lhe ter dado aulas de canto. Segundo o Sérgio Fortes, os dois cantavam o dueto da ópera Falstaff, de Verdi, enquanto a secretária continha os jornalistas impetuosos, na antessala do escritório, que queriam saber qual a opinião do mestre sobre mais um daqueles pacotes do Delfim Netto.

-Era o tempo do PDS, o partido do governo?

-Era o PDS, Daniel. A Arena e o MBD acabaram em 1980, e surgiram outros partidos. O PDS absorveu, praticamente a ARENA e o PMDB, o MDB. - respondeu o Claudio mais uma vez ao filho.

-Bem, hoje é sábado, dia do meu carro tomar banho.- disse o Daniel erguendo-se da cadeira.

Com o Daniel no seu quarto, permanecemos eu e meu irmão na cozinha.

-E a autobiografia do Bill Clinton, Carlinhos?

-Estou na página 150, faltam ainda umas 800.

-Ele continua contando tudo até onde você leu?

-Não, Claudio, porque ele já está com 20 anos de idade, ou seja, em 1968 e só se referiu a seus namoricos. Acredito que ele era um “fauno de tapete”, usando uma expressão do Nélson Rodrigues, como o seu ídolo, John Kennedy.

-Há uma foto dele, quando adolescente, apertando a mão do presidente John Kennedy. Ele escreveu sobre isso?

-Claro que sim.

-Ele não lutou no Vietnã, embora os americanos com a sua idade fossem convocados. - lembrou o Claudio.

-Eu me encontro nessa parte do livro: ele é convocado, enquanto estudava na Universidade de Oxford na Inglaterra. Ele escreve sobre as peripécias dessa convocação.

-Ele não vai, então, contar tudo, pois não foi lutar no Vietnã. - deduziu.

-Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso estão sendo, agora, homenageados, em Nova York, pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos com o prêmio “Pessoa do Ano”.

-Carlinhos, o Lula está morrendo de inveja.

-Ele tem a pretensão de se comparar ao FHC, mas é, como dizia Agnaldo Timóteo, de uma maneira chula, mas precisa: “É comparar o olho do cu com o olho do sol”.

-Eu me lembro... O Agnaldo Timóteo disse isso numa entrevista ao Pasquim, quando o compararam a outro cantor, não sei qual.

-O Orlando Dias. - palpitei.

-Brasileiro não pode fazer sucesso, Carlinhos. Como dizia o Tom Jobim, “No Brasil, sucesso é ofensa pessoal”, sucesso no exterior então...

-Tom Jobim também disse: “O brasileiro cultua o fracasso.” - acrescentei.

-A Carmen Miranda alcançou um estrondoso sucesso nos Estados Unidos e, quando retornou ao Brasil, até hostilizada foi. - lembrou.

-”Disseram que voltei americanizada.” - citei o samba de Luís Peixoto e Vicente Paiva.

-Há uma coisa, Carlinhos, de suma importância: na sua primeira exibição no Brasil, no Cassino da Urca, de volta dos Estados Unidos, ela cantou em inglês.

-Ela foi pessimamente assessorada; mesmo assim, a reação não deveria ter sido tão agressiva. A verdade é que aquela foi a primeira e última vez que ela se apresentou no Brasil após o sucesso nos Estados Unidos. Ela ficou muito sentida. - comentou.

-No caso do Fernando Henrique Cardoso, o reconhecimento que ele merecia no Brasil, está obtendo lá fora. Ele também recebeu, há dois anos, o Prêmio Kluge, no valor de 1 milhão de dólares, concedido pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.

-É uma dinheirama.

-O leão brasileiro abocanhou 250 mil e o FHC disse, na ocasião, que esperava que o governo o usasse bem. Era uma ironia, Claudio.

E prossegui:

-Com o que sobrou, ele comprou um apartamento em São Conrado.

-E o triplex do Lula em Guarujá, ele comprou com que prêmio? - perguntou-me sarcasticamente.

Nesse instante, o Daniel reapareceu e, surpreendentemente, se sentou.

-Você não ia lavar o carro? - perguntei-lhe.

-Ele não perde por esperar.

 -Então, já investiu no Tesouro Direto?

-Carlão, eu tenho de refletir muito, pois o Lula pensa em se desfazer do triplex do Guarujá de que vocês falavam, talvez, eu compre.

-A minha senha de acesso ao Tesouro Direto tem um cifrão, eles exigem que um dos caracteres da senha seja um sinal.

-Sabe por quê, Carlão?

-Porque aumenta o número de combinações.

-Isso. - aprovou e foi em frente:

-Se você tem uma senha de 5 caracteres só de algarismos são 100 mil as combinações. Caso seja apenas de letras, as combinações possíveis serão quase 12 milhões.

-Não vão descobrir a minha senha.

-Ainda não terminei. - disse-me com o seu jeito galhofeiro.

-Prossiga, mestre.

-Se nessa senha de 5 caracteres você misturar algarismos, letras e sinais, como o cifrão,  terá 9 bilhões de combinações.

-Um número sideral. - manifestei-me.

-Você mistura, Daniel? - perguntou-lhe o Claudio.

-Quanto mais obstáculos se levantar para os hackers melhor.

E respondeu em seguida:

-Não misturo, não.

-Eu tenho uma mesma senha para o computador do meu trabalho, para o ponto eletrônico e, se pudesse, também seria a mesma do Banco do Brasil e do Santander... Falando nela, esqueci a senha.

-Não se lembra da senha do Santander, Carlão?

-Está anotada na minha agenda.

-Uma vez, você me telefonou perguntando qual era a sua senha do Banespa.

-Isso foi há uns 10 anos, Daniel.

-Carlinhos, você que está sempre com o Luca, diga a ele que ainda espero o telefonema de felicitações pelo meu aniversário. - era a Gina juntando-se a nós. 

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