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quinta-feira, 16 de abril de 2015

2836 - a crítica


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5086                                    Data:  14  de abril de 2015

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O RÁDIO MEMÓRIA NO DIA DO HUMORISTA

PARTE II

 

O Rádio Memória se iniciou com uma informação do Sérgio Fortes, não era o Peter e sim o maestro Marcus Ribas que estava nas carrapetas. Em seguida, ele se referiu ao frenesi que Marcus Ribas provoca em Portugal, onde é mais esperado do que o Cristiano Ronaldo e, naturalmente, do que o Rei Dom Sebastião que, desde o século XVI, não volta das cruzadas para salvar o seu país.

Jonas Vieira aproveitou a oportunidade para cutucar (à distância) o Simon Khoury, que explora o Marcus Ribas, que, atualmente, participa de uma peça de muito sucesso.

-Qual é o nome da peça?

Com o rádio nos ouvidos, nunca escutamos a voz do Peter, mas a do Marcus Ribas, sim:

-Trezentas.

-Simon Khoury pediu três ingressos. - alcaguetou o Jonas Vieira.

Sérgio Fortes explicou o porquê desse pedido:

-Se a peça se chamasse Quatrocentas, ele pediria quatro ingressos; se se chamasse Quinhentas, cinco ingressos e assim, sucessivamente.

No país dos 30%, Simon Khoury se contenta com 1% apenas.

Veio o calendário e, logo depois, a primeira atração musical do dia escolhida pelo titular do programa: Nicolas de Souza Barros executando “Confidências”, de Ernesto Nazareth.

-Jonas, que beleza! Tocar violão de seis cordas já é difícil, sete, só aqueles expoentes, que nós sempre ressaltamos aqui, mas oito cordas... Eu não me aventuro.

-E você, Sérgio?

-Jonas, eu vou escolher uma opereta que é um sucesso eterno: “A Viúva Alegre”. Meu pai me contava uma história sobre as companhias líricas que vinham, com grandes cantores, cantar no Teatro Municipal logo depois da Segunda Grande Guerra.  Tudo muito empobrecido, mil problemas com o clima pós-guerra; mostravam grandes óperas, grandes títulos, mas não resultava... Um belo dia, tiveram a ideia de colocar em cartaz “A Viúva Alegre”, aí, o negócio bombou.

Depois dessa deliciosa (como diria o Dieckmann) introdução, anunciou o dueto “Die Lustige Witwe”, com Placido Domingo e Kathleen Battle.

Na vez do Jonas Vieira, ele retornou à música popular brasileira e escolheu “Farrula”, de Anacleto De Medeiros, com a pianista Fernanda Canaud e o bandolinista Joel Nascimento.

-Fernanda Canaud que já nos deu o prazer de sua presença aqui. - acentuou o Sérgio Fortes.

Depois, ele reabriu a “Sessão Cole Porter”, como costuma dizer todos os domingos praticamente. A canção era “I concentrated on you”, com o grande barítono Thomas Hampson.

Jonas Vieira ficou enlevado com a poesia e com a música.

-A letra diz que quando as coisas estão ruins, enevoadas, parecendo que tudo está desabando, ele se concentra nela, no sorriso dela e tudo muda. Maravilha!

-Arranjo sensacional, e Thomas Hampson é um barítono do primeiro time.- frisou o Sérgio Fortes.

Com o Jonas Vieira informando que vinha a “Pausa para Meditação”, do cronista Fernando Milfont, na locução do José Maurício”, encerrava-se a primeira parte do programa Rádio Memória.

“Depois de “A História e Seus Mistérios”, com alusões à Pedra de Roseta e aos seus hieróglifos decifrados (eu queria ver o Champollion decifrando o dilmês), Jonas Vieira reiniciou o programa como começou, ou seja, com Anacleto de Medeiros. Agora, com a Banda Filarmônica do Rio de Janeiro tocando “Jubileu”.

Como o Rádio Memória não deixa ao largo os acontecimentos mais prementes da atualidade, Jonas Vieira comentou a discussão que agita o Brasil sobre a maioridade penal aos 16 anos de idade.

-Em outros países não tem conversa. E como ficam as vítimas?... Você acha que tem alguém ingênuo hoje?... Essa garotada já sabe de tudo. Há inúmeros exemplos de gente que nasceu pobre e se tornou grandes homens (grandes mulheres, também). E há esses vagabundos que matam e roubam. - foram algumas das palavras que pinçamos da sua indignação.

Voltando à descontração, nesse Dia do Humorista, Sérgio Fortes se voltou para outra opereta, “O Morcego”, de Johann Strauss II. Antes mais uma introdução sua.

-Ele só compunha valsas, então, arranjou uma mulher nova que era cantora de ópera e se viu motivado a compor operetas.

Strauss estava casado com a cantora Henrietta Strauss, quando compôs, em 1874, “O Morcego”. Quatro anos depois, ela morria e ele se casou com uma atriz bem mais jovem. Este casamento foi um desastre para ele, porque ela, segundo a minha mãe, era uma “piranha”.

Para pronunciar o dueto que ouviríamos com o barítono Thomas Hampson e o tenor Jerry Hadley, Sérgio Fortes fez a confissão que treinara durante horas:

Komm Mit Mir Zum Souper”.

-E sobreviveu?

Depois de pegar a língua no chão e recolocar no local exato, respondeu ao Jonas Vieira:

-Tive de colocar própolis na garganta e fazer bochechos.

Depois do duo, Jonas Vieira trouxe de volta os acontecimentos atuais, ao “enxugamento de gelo”, que é a discussão da reforma política, sobrando bordoadas até para o ex-presidente Juscelino Kubitschek que, aqui entre nós, merece.

-Juscelino Kubitschek é considerado um grande estadista, eu não acho. Ele acabou com o parque ferroviário brasileiro que era dos melhores, da melhor categoria, implantado pelos ingleses. Eu viajei muito de trem. Ele construiu Brasília, onde tudo de ruim começou; não era assim quando o Rio de Janeiro era a Capital Federal.

Sérgio Fortes interveio:

-Eu li um artigo sobre o “custo Brasília”... O que motivou a criação de Brasília falhou, que era a interiorização, nada disso aconteceu. Uma capital que foi inaugurada há 55 anos em que você paga verbas para os deputados se deslocarem para lá, paga custo de moradia...

-O povo, felizmente, está despertando. - reagiu o Jonas Vieira com otimismo.

Com o retorno das atrações musicais, Jonas Vieira pediu ao Marcus Ribas “Coração Que Sente”, obra-prima de Ernesto Nazareth no violão de oito cordas de Nicolas de Souza Barros.

-Mais belo do que isso só no céu. - vibrou.

Sérgio apresentava, agora, aquele que ele considera o grande baixo-barítono da atualidade, Bryn Terfel. Ele interpretaria, do musical “My Fair Lady”, “The Street Where You Leave”.

Depois dos louvores à peça escolhida e com a proximidade do término do programa, Jonas Vieira se dirigiu ao seu parceiro:

-Sérgio, o que aconteceu de tão grave nessa sexta-feira?

-O falecimento da grande crítica, estudiosa de Shakespeare, conhecedora de teatro: Bárbara Heliodora.

-Devo a ela um elogio que me deixou orgulhoso: elogiou a parte histórica, que me tocava, de uma peça do Tuca Andrade.

Em seguida a esse aparte, Sérgio Fortes prosseguiu:

-Ela gostava muito de óperas e era fã do meu pai. Estava sempre presente no Teatro Municipal. A crítica teatral, como é feita hoje, veio de Bárbara Heliodora, que a aprofundou com análises.

Bem, a hora urgia e rugia, e Jonas Vieira encerrou o Rádio Memória com o seu costumeiro “demorado abraço”.

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