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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

2998 L - o fim segundo Luca


 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5248L   (*)                              Data:  14 de dezembro de 2015

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Parte final: O Redator Chefe desconectou-se

 

Nesta segunda-feira, 14/12/2015, os taxistas do metrô Maria da Graça não terão mais aquele passageiro com quem gostavam de conversar e não pararão mais no segundo poste à direita, na Rua Modigliani, em Del Castilho.

Rosa Grieco vai ter de inibir sua erudição: seu melhor tradutor se encontra em patamares do inconcebível.

O Partido dos Trabalhadores (PT) ganha uma trégua - seu ferrenho e implacável crítico não resistiu a tantos desmandos.

O Botafogo subiu para a primeira divisão, porém perdeu um torcedor de primeira linha. Lamentável!

O Dieckmann não será mais provocado e nem terá seus carros comparados a veículos sem nenhuma importância. Deixará também de ser lembrado como aluno aplicado do Colégio Militar e da turma do Fischberg. E agora seus asteriscos serão colocados em outros periódicos. (**)

O Elio não tem mais aquela carona que o levava a passear pelos melhores lugares e fatos do passado, em meio a guerras e revoluções, conseguindo passar por tudo incólume! Agora, se quiser saber disso ou daquilo, daqueles tempos, terá de recorrer à Dona Sarita, mãe e mestra.

O Claudio, a Gina e o Daniel ficarão sem a visita pontual do irmão, cunhado, tio, compadre, padrinho e, acima de tudo, amigo.

Não saberemos mais se o jornal do Claudio atrasou, se é seleta ou lima a laranja que ele degusta pela manhã ou se é possível que se ouça o Daniel em seu teclado.

O Sabadoido acabou – lamentou o Claudio.

Daniel – o Golden Boy preferido do Carlão - não terá mais suas imitações reproduzidas e o reconhecimento de que, em tudo que fazia, esbanjava competência.

Os grandes poetas, escritores, filósofos, atores e diretores de cinema e teatro, ou qualquer um que fosse virtuoso, não virão mais visitá-lo. Irão se encontrar lá por cima, onde nós perderemos esses papos tão inteligentes...

E eu, como fico? Fico mal. Recebi a notícia à queima roupa: o Carlos entregou os pontos! Fui correndo à sua casa, na esperança de poder levá-lo a um pronto socorro. Depois, viria uma rápida convalescência e o teríamos de novo conosco. Mas não. Não teve mais jeito. O cenário era o mais triste imaginável.

Tenho muita dificuldade em entender a morte e uma profunda implicância com ela. Só consigo vê-la como uma desmancha-prazeres.

O Carlos e eu tínhamos em comum não sepultar amigos.

Por isso, não fui visto no sepultamento de meu amigo Carlinhos.

E ainda desolados pelos acontecimentos que não têm revogação, eu e Gloria fomos assistir ao filme “Chico, artista brasileiro”.

Porém, as lembranças do Carlos embaralhavam minha atenção, até que Carminho, uma cantora portuguesa, interpretasse, de forma visceral, a irretocável “Sabiá”, obra prima de Tom e Chico.

 E me veio à lembrança que esta era a canção da dupla preferida do Carlos – Tom Jobim e Chico Buarque de Holanda.

No momento em que a música fluía, senti um leve conforto, como uma homenagem, e uma forte emoção...

E pude concluir que o amigo se exilava de vez, pois, ao contrário do que diz a música, Carlos não voltará para colher nem plantar seus “BMs”.

Está difícil.

A saudade já está se instalando e, a partir de agora, quem perder o programa “Rádio Memória”, aos domingos, não terá mais a reprise feita pelo BM.

(*) Os amigos do seu O BISCOITO MOLHADO irão manter o periódico vivo, por implicância. Ao lado de cada número da edição, será colocada a inicial de cada amigo, L no caso do Luca, E para o Elio, D para o Dieckmann e SX, para o Sérgio, uma personalidade demasiado complexa para ser chamado por apenas uma letra. Qualquer amigo poderá escrever, inclusive a Rosa ®, cujas colaborações ensejarão a formação de uma banca consultiva para realizar a tradução.

(**) O Luca se enganou quanto aos asteriscos, que estarão mais ativos do que nunca. E extremamente ácidos, críticos, ou seja, o que de pior poderá se esperar de um asterisco.

 

 

 

 

 

 

2 comentários:

  1. “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.
    Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”

    Homenagem do personagem BM "O cunhado do Luca", ao nosso grande principe Carlos Nascimento, o Biscoito.

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