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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

2272 - datas marcantes


 

 

           

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5022                               Data: 11 de  janeiro de 2014

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AURORA DO ANO 2015, COM O ORLANDO, NO R.M.

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-Rádio Memória iniciando o ano novo, Sérgio.

-Verdade; ano novinho em folha, reluzente.

-Segundo os místicos, o ano é favorável, ao contrário do que muitos dizem, pois somando os algarismos de 2015 dá 8.

Na matemática – interrompemos nós o Jonas – o 8 deitado representa o infinito.

-O 8 está próximo da transcendência, que é o 9, acrescentou o Jonas, referindo-se, certamente, ao 8 de pé.

-Sei... sei... sei... Um amigo meu, Jonas, que entende de horóscopos, diz que o ano vai ser bom por causa da interseção de Saturno com Plutão.

E não resistiu ao trocadilho com o astro que, depois de rebaixado, foi promovido (é mais um prêmio de consolação) a planeta anão.

-Mas se Plutão ficar meio Plutão, a coisa pode não funcionar bem.

Jonas interveio com algum desdém:

-Não é por aí, por horóscopo, isso é outra corrente. Mas 2015 começou bem, com um atentado na França. Isso é humor negro.

A palavra veio para o Sérgio.

-Esse atentado serviu para mostrar a falta que faz o ensino do francês nas escolas, porque os nossos jornalistas não conseguiam pronunciar corretamente nem o nome do jornal: “Charlie Hebdo”. Ontem, uma jornalista disse que a perseguição era perto do Centro “Pompido”. Ela não estava mencionando o presidente Pompidou, ela mencionava o meio de campo do Boca Junior chamado Pompido.

Adendo nosso: a Praça Manet, de Del Castilho, virou Praça Mané; deixou, assim, de homenagear o pintor Edouard Manet e agora celebra todos os manés do Brasil.

Jonas Vieira aludiu às estagiárias que teve de cortar por causa da retirada do idioma francês do currículo escolar e pediu, logo em seguida, o calendário.

-Vamos começar pelos eventos históricos como nas outras vezes. - disse o Homem-Calendário.

E sonorizou a voz:

-Em 11 de janeiro de 630, o profeta e fundador do Islamismo, Maomé, destrói os ídolos do santuário da Kaaba em Meca.

Voltou-se, em seguida, para o titular do programa:

-Jonas, entenderam tudo errado; não é para destruir os idólatras e sim os ídolos, que não são de carne e osso.

-Serginho, a figura admirável de Mahatma Gandhi lia a Bíblia, o Corão e os ensinamentos budistas.

-Em 1689, o Parlamento da Inglaterra depõe o rei Jaime II. Repara, Jonas, que, cem anos depois, houve a Revolução Francesa com uma carnificina generalizada o que não ocorreu na Inglaterra.

-O rei Carlos I que o diga... a rainha Maria Stuart, a rainha Ana Bolena e outras esposas do Henrique VIII com as cabeças decepadas... mas é verdade, na Inglaterra não se matou tanto como na França.

-Em 1916, os russos conquistaram Erzurum, capital da Armênia Turca. Isso, Jonas, foi durante a Primeira Guerra Mundial.

-Se não me engano, foi a última conquista territorial da Rússia sob os czares, Sérgio.  

-Em 1922, pela primeira vez, a insulina é utilizada em humanos para o tratamento de diabetes. O paciente foi um canadense de 14 anos.

-Um avanço, Sérgio.

-Em 1935, Amélia Earhart é a primeira pessoa a fazer um voo solo do Havaí a Califórnia.

-Puxa!... Uma mulher, e que coragem!

-Pois é, Jonas, já estava com o nome da história. Todavia, não sossegou o facho e acabou desaparecendo num desses voos solitários. Há até um filme sobre essa história.

-Enquanto no Brasil tudo acaba em pizza, nos Estados Unidos tudo acaba em filme. - concluiu o Jonas Vieira.

-Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão declara guerra aos Países Baixos. Acharam que iam se dar bem.

-Os Países Baixos eram altos. - disse o Jonas Vieira.

-Em 1954, há a primeira reunião entre soviéticos e americanos para a proibição de armas atômicas. Não chegaram a uma conclusão.

De lá até o fim da União Soviética, fabricaram mais alguns milhares de ogivas nucleares.

-Jonas, esta lhe interessa: em 1963, a primeira discoteca do mundo foi inaugurada nos Estados Unidos com o nome “Whisky a Go Go”.

-O que me interessa aí é o “Whisky”, mas sem “Go Go”; prefiro puro.

-Em 1966, começa no Rio de Janeiro uma chuva que dura 72 horas ininterruptas. A cidade fica em estado de calamidade pública e 200 pessoas morreram.

-Uma coisa horrível que nós vivenciamos, Jonas. Você, que morava nas Laranjeiras, pertinho de onde aconteceu a queda daquele edifício....

-Ah, sim.

-Morreram mais de 200 pessoas.

-De um tempo para cá, eu fui morar onde ocorreu a tragédia.

-O terreno continua vazio, Jonas.

-Eu fui morar ao lado.

-Aquele acontecimento me marcou muito, Jonas, porque meu tio-avô, Paulo Barata Ribeiro era Secretário da Saúde e passou três ou quatro dias, na rua, sem botar o pé em casa.

Também marcou muito este escriba, Sérgio, porque um nosso amigo da Rua Chaves Pinheiro, que, na época, se encontrava sem trabalho, foi para o local da tragédia e atuou incansavelmente no resgate das vítimas; o seu nome saiu nos jornais como autoridade de méritos relevantes do governo do Estado da Guanabara.

-Eu fui testemunho daquilo tudo. Eu era repórter da Última Hora e cobri todos aqueles acontecimentos. - disse o Jonas Vieira e prosseguiu:

-Há um caso impressionante: um cara desceu do prédio para comprar cigarros, chegou no bar,  ainda tomou um café e quando voltou para a casa...

-A família estava toda morta; o prédio onde residia desmoronou. - concluiu o Sérgio, que se lembrava desse caso.

Mais um parêntese nosso.

Como se São Sebastião fosse um terrorista, muitos disseram que o santo castigou o Rio de Janeiro porque o prefeito Negrão de Lima retirara o feriado que comemorava o seu dia; por vias das dúvidas, 20 de janeiro voltou a ser, de novo, dia de celebrar o santo, de não se ir para o trabalho.

Deixando de lado o clima pesado da consternação, foram adiante com o calendário.

-Em 1985, é lançado o “Rock in Rio” com término no dia 20 de janeiro. O evento reuniu em média 200 mil pessoas por dia na Cidade do Rock desenvolvida especialmente para o evento.

-Não é a minha enfermaria, Sérgio.

-O Carlos Nascimento, do Biscoito Molhado, conta que, na ocasião, esbarrara com um vizinho, levando o filho num carrinho de bebê, que lhe garantiu entrar na justiça para impedir o “Rock in Rio”, alegando que a AIDS seria disseminada pelo país, e, assim, colocaria em risco a vida do seu filho no futuro.

-Que coisa!

-Em 1994, com o fim do Pacto de Varsóvia e a fusão da OTAN, em reunião havida em Bruxelas, governos envolvidos criaram a Associação pela Paz que integraria os países do extinto Pacto de Varsóvia. Bem, Jonas, assim acabou a guerra fria.

-Sim, mas as guerras quentes continuaram.

-Nascimentos. - impostou a voz.

-Em 1755, Alexander Hamilton, militar e político norte-americano.

-Só militar e político?... - estranhou o Sérgio Fortes e prosseguiu:

-Alexander Hamilton, Jonas, foi uma personalidade de suma importância. Como Primeiro Secretário do Tesouro dos Estados Unidos da América, estabeleceu o First Bank of The United States e influenciou marcantemente as bases do capitalismo americano.  Ele substituiu o caótico sistema financeiro da Era da Confederação e firmou definitivamente o Dólar, que havia surgido em 1786.

-Sérgio, eu só discordo de uma coisa dele: sobretaxou o uísque.

-Em 1859, nascia Francisco d' Andrade, barítono português.  

-Este á da enfermaria do seu pai.

-Jonas, Francisco d' Andrade, é o grande nome da ópera de Portugal nos países europeus. Ele obteve retumbantes triunfos, principalmente nos teatros da Alemanha e da Áustria. Apesar do seu imenso repertório, destacou-se mais como Don Giovani de Mozart, e, caracterizando esse personagem, serviu de modelo para um quadro de Max Slevogot.

-Puxa! - exclamou o Jonas Vieira.

-Em 1864, Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, aviador brasileiro, um dos primeiros homens a voar num balão.

-Em 1890, Oswald de Andrade, escritor modernista brasileiro.

-Em 1923, Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) escritor brasileiro. Uma figura que me é caríssima. Que falta faz.

-Um gênio.  Eu tive o prazer de trabalhar com ele. - registrou o Jonas Vieira.

-Em 1941, Gérson de Oliveira Nunes, o Canhotinha de Ouro.

-Em 1957, Reinaldo, ex-futebolista brasileiro, um craque.

-Em 1964, Patrícia Pilar, atriz brasileira.

-Em 1985, este é da minha enfermaria, o piloto japonês de Fórmula 1, Kazuki Nakajima. Ele é filho de Satoru Nakajima, mais conhecido como Satoru Cata-Grama.

-Tal pai, tal filho. - não perdeu o Jonas a piada.

-Falecimentos. Em 1801, morria Domenico Cimarosa, compositor italiano. Escreveu a ópera “Matrimônio Secreto”, entre outras criações suas.

-Este é da sua enfermaria, Jonas, morreu em 1941, Emanuel Lasker.

-Grande enxadrista, Sérgio. Fez grandes partidas com Bobby Fischer, mas perdia todas.

-Em 1971, Zé Arigó, médium brasileiro.

-Em 2010, Miep Gies, mulher que escondeu o “Diário de Anne Frank” durante a Segunda Guerra.

-Você vê, Sérgio, que o “Diário de Anne Frank é ainda um dos livros mais lidos do mundo.

O Homem-Calendário se voltou mais uma vez para o titular do programa.

-Jonas, vou escalar um time para você: Tenório, Sávio, Honorata,  Teodósio e Vital.

Pela escalação, parecia o “W” do esquema tático “WM”, lançado pelos ingleses na primeira metade do século XX, mas antes de o Jonas Vieira se pronunciar, Sérgio Fortes se antecipou:

-São os santos do dia, agarre-se a um deles.

-Depois, você me passa a lista, Sérgio.

Nesse clima jocoso, encerrou-se o calendário de 11 de janeiro.

 

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