O BISCOITO MOLHADO
Edição 5284 FM (*)
Data: 18 de maio de 2017
FUNDADOR: CARLOS EDUARDO
NASCIMENTO - ANO: XXXIV
NOVOS CAMINHOS
Vou enveredar por novas sendas, esperando não encontrar
pedras no meio do caminho, em que tropece, desorientado, carregando o peso de
idade provecta, e possa chegar sem percalços são e salvo ao destino: a Padaria
onde se produz a massa que alimenta o cérebro, que é a alma.
Pelo atrevimento, espero não sofrer uma indigestão nesse
caminhar onde tudo acontece em extrema velocidade. É a era Digital, da
Globalização, da Supertecnologia nas comunicações. O mundo encolhe, está à mão
e à vista, o futuro é agora. O que vier adiante, não será surpresa, ao se reconhecer
que, por mais juntos que estejamos uns dos outros, vivemos apartados,
satisfeitos com o que vai e vem via Internet.
A Cultura, que o dicionário traduz como atividade e
desenvolvimento da intelectualidade, o saber ou a instrução – isso quando se
trata da ilustração do espírito, é o assunto em pauta. Há mais a dizer, porém o
dito já é suficiente, para citar apenas o complexo dos padrões comportamentais.
Nesse item, a coisa complica. Fica difícil entender, para poder explicar.
É de estarrecer o comportamento de certos “Alguéns”
instalados nas elevadas cúpulas do Poder e ao seu derredor. Para não ir longe
em divagações e ficar perdido nas digressões filosóficas, o que se tem visto é
a mais extrema falta de caráter de alguns cidadãos e cidadãs, de nada ilibada
conduta – estão assaltando os cofres públicos, invadindo as estatais, num
verdadeiro arrastão de delinquentes chinfrins, metendo a mão nas burras
públicas, levando o que o popular chama de propinas, suavizando a terminologia
da apropriação indébita, ou seja, roubo descarado. É lamentável o que acontece,
com a desculpa de que é tradição, vem dos velhos e carcomidos tempos coloniais.
Que seja, não terão inventado nada, a não ser o uso de artifícios modernos. São
tão canalhas como os de antigamente, ponto parágrafo. É possível que tenham
pensado, com seus botões e suas adoráveis companheiras, que poderiam viver à
larga, pelo facilitário do Caixa 2, que lhes facilitou o
uso de jóias caras, de ternos de grife feitos sob medida, para ligeiro disfarce
da barriga já passando dos limites, alimentada por comidas exóticas, vinhos
refinados, servidos com requinte, em restaurante de alto luxo, coisa de dar
inveja a potentados. Por enquanto, estão sofrendo a desdita dos malfeitos,
cumprindo confinamento no “resort” de Bangu, alguns amargando a companhia de
meliantes chinfrins, que, comparando-se uns aos outros, constata-se que são
todos da mesma laia (Uff!). Como já estando caindo na real, partiram e outros
seguirão o mesmo roteiro, sem outra solução senão abrirem o bico, isto é,
negociarem “delação premiada”, revelando as falcatruas bilionárias, de si
próprios como dos companheiros e companheiras de safadeza. Embora, no íntimo,
estejam na expectativa, quem sabe, de uma anistia ampla, geral e irrestrita,
vinda de quem tem o poder, embora muitos estejam também enredados nas teias da
roubalheira. Todos se dizem inocentes, de nada sabiam, consideram-se
perseguidos pela imprensa e por inimigos políticos e invejosos. Em suma, uma
canalha só, um bloco de sujos, metido num beco sem saída.
O assunto pretendido
seria, como o é, Cultura, porém o que foi dito, numa extrapolação de catarse,
pode ser, no final, uma verdadeira explosão atômica. Para completar, vale dizer
que a Cultura teria surgido no princípio da Era Paleolítica, quando o homem
passou a ser capaz de transmitir os modos de conduta não herdados geneticamente
e usado o intelecto para descobrir o que terá surgido e transformado o mundo.
(*) Fernando Milfont faz sua estreia no Biscoito Molhado.
Jornalista, escritor e sociólogo, ele é autor de diversos livros e colaborador
dos mais importantes jornais e emissoras de radio do país.
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