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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

2759 - cauboi


 

 

           

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5009                                      Data: 24  de  dezembro de 2014

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RÁDIO MEMÓRIA NATALINO E ATLÉTICO

PARTE II

 

   Na segunda-feira, ao desejar, com atraso, parabéns ao Luca, pelo seu aniversário, o assunto foi o Rádio Memória.

-Carlinhos, eu recebi um autêntico presente de aniversário.

Surpreendi-me, pois o Homem-Calendário se esquecera de dizer: “21 de dezembro de 1944, nascimento do Luca, também conhecido como Bigode, popular mesatenista do Unibanco que, ainda hoje, dá as suas raquetadas.”

-Carlinhos, aquela música de filme de caubói!... Frankie Laine!... Como eu me lembro!... As músicas dos programas da Rádio Tamoio!... O quanto eu aprendi com o Humberto Reis... Como eu me lembro!...

Depois de elogiar a bagagem de música popular do Jonas Vieira, concluiu:

-Infelizmente, fui convocado para uma partida do torneio de pingue-pongue e não pude ouvir tudo; mas aguardo a sua resenha.

Não vamos deixar o aniversariante setentão esperando, não é mesmo?

A palavra está com o Jonas Vieira:

-Vamos homenagear um cantor romântico que obteve um extraordinário êxito nos anos 50, mas, antes, comeu o pão que o próprio demônio se encarregou de amassar (Rosa Grieco diria: “comeu o pão que Asmodeu amassou”). Ele sofreu demais. Era de ascendência italiana.

Isso é que dá não procurar a proteção da Máfia, pensei, enquanto o Sérgio Fortes listava alguns cantores de sangue italiano.

-Frankie Laine. Quando ele aconteceu, ninguém mais o deteve, mas até chegar ao sucesso... Se eu contar as pessoas vão chorar.

-Cortou um dobrado, Jonas?

-Dois dobrados.

-Ele obteve seu primeiro triunfo com a música de um filme que nem foi gravada primeiramente por ele. “Matar ou Morrer”. Lembra-se desse filme, Sérgio?

Sérgio Fortes poderia evocar a paródia com Oscarito, Grande Otelo e José Lewgoy, “Matar ou Correr”, mas, no momento, não estava tão descontraído, limitou-se a dizer que sim. (*)

Jonas prosseguiu após a resposta monossilábica:

-”High Noon” é o nome do filme, e a balada se chama justamente “High Noon” ou “Do Not Forsake Me”, “Não Me Abandone”.

Após a audição, citou os nomes dos compositores, Dimitri Tiomkin e Ned Washington.

-Essa dupla obteve muitos sucessos.

Depois de citar o protagonista da fita, Gary Cooper, falou, em poucas palavras, do enredo desse clássico do cinema.

A escolha da segunda atração do Rádio Memória coube ao Sérgio Fortes.

-Jonas, vamos dar prosseguimento à seleção de temas da Rádio Tamoio. Agora, a música é “Adios”, gravação com a orquestra de Don Costa, que abria o programa “O Disco Que Gostamos de Ouvir”.

-Que execução! - vibrou o Jonas Viera para, em seguida, ir ao próximo número musical.

-Depois do “High Noon”, tudo o que Frankie Laine gravou vendeu milhões.

-Água de morro abaixo. - comparou o seu parceiro.

-Todos vão se lembrar de “Jealousy” na voz de Frankie Laine.

Lembramos. Sérgio Fortes, arrebatado, comentava que Jonas Vieira, trajado de Papai Noel, distribuía ótimos presentes para os ouvintes.

-O que vamos ouvir agora, Sérgio?

-Jonas, chegamos ao momento Cole Porter, uma das sessões mais aguardadas do nosso programa. Vinculado ainda à programação da Rádio Tamoio o tema de “Seleções Musicais”, “In The Still Of The Night” com a orquestra de Ray Conniff.

-”Na Quietude da Noite”. Traduziu o Jonas Vieira.

Na sua vez, continuou com Frankie Laine:

-Outro extraordinário sucesso, chama-se ”Jezebel” de Wayne Shanklin.

Como esquecer a canção que eu e meus irmãos endiabrados cantávamos, em meado dos anos 50, na privada, mesmo quando havia rolo de papel higiênico?  “Jezebel...el...el... el... el... me dá papel el... el... el...el. “

A crônica do Fernando Milfont, na “Pausa para Meditação”, intitulada “Festa de Natal”, suscitou comentários.

-Uma data extraordinária; se todos os dias fossem Natal, a humanidade seria outra.

Essas palavras do Jonas Vieira vinham ao encontro da crônica do Carlos Drummond de Andrade que falava justamente disso; da solidariedade natalina acontecer todos os dias do ano o que faria o mundo bem melhor de se viver.

Depois, ele investiu, com veemência, contra aqueles que estragam tudo. Mais tranquilo, voltou-se para o Sérgio:

-O que temos agora?

-O tema de “Musifone”, da Rádio Tamoio, “Hot Lips”, de Freddy Martin.

Talvez, os “lábios quentes” tenham levado o titular do programa a evocar os filmes de antigamente dizendo que eram proibidos para menores de 14 anos, 18 anos e até maiores de 18 anos. Com uma fúria de Zola no Caso Dreyfus, como escrevia Nélson Rodrigues, atacou o cinema e, depois, a televisão, de hoje, que só mostram sexo e violência, “um estimulante para os débeis mentais”.

Aqui um parêntese: o Canal Curta, no programa, “Filmes que marcaram época” com “O Império dos Sentidos”, reprisou o mesmo às 5 horas da tarde na íntegra, sem cortar nem mesmo a cena de felação pra lá de explícita.

De volta à indignação do Jonas Vieira.

-Os débeis mentais veem tanto sexo e violência e saem por aí estimulados. Como dizia o Sérgio Poro: “A televisão é uma máquina de fazer doidos.”

E ninguém melhor do que Fellini, no seu filme de 1986, “Ginger e Roger”, expôs a loucura na televisão.

-É isso aí, Jonas.

-Voltemos a Frankie Laine. “A Woman in Love”, “Uma Mulher Apaixonada” é uma das minhas canções preferidas. Diz isso: “seus olhos são olhos de uma mulher apaixonada”.

-”Your eyes are the eyes of a woman in love.” - começou a cantar Frankie Laine.

-Gostou, Sérgio?

-Muito. É um círculo virtuoso; depois da primeira música de sucesso, passa-se a gravar com grandes orquestras, grandes arranjadores, e se vai subindo como um foguete.

Após esse comentário, passou para a sua escolha musical:

-Da programação da Rádio Tamoio, “The Man With The Golden Arms”, com a orquestra de Billy May. 

Depois de citar o filme de 1955 “O Homem de Braço de Ouro”, permaneceu lembrando o cantor de “Do Not Forsake Me”.

-Ouviremos um grande êxito obtido por ele: “Rose, Rose, Rose, I Love you”.

Por outro lado, Sérgio Fortes não abandonava a Rádio Tamoio dos velhos tempos:

-Agora, “Summer Place” com a orquestra de Percy Faith.

-Percy Faith era canadense.

A essas palavras do Jonas, Sérgio Fortes citou artistas canadenses que se realizaram nos Estados Unidos, Oscar Peterson, Donald Sutherland, Glenn Ford. Ao citar o ator de “Gilda”, imaginei que lá, na Rua Triunfo, o Dieckmann torcia o nariz.

Jonas Vieira fechou exemplarmente o Rádio Memória de Natal com Frankie Laine cantando “That Old Feeling”, jazz com a orquestra do trompetista Buck Clayton, antes, destacou  dois músicos: J.J. Johnson e Karl Winding..

-Um demorado Natal. - desejaram.

De 365 dias por ano como na crônica do poeta.

(*) Descontraído, coisa nenhuma; Sergio Fortes, segundo contaram ao Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO, detesta filme de caubói, embora não tenha visto nenhum. Ainda por cima, Matar ou Morrer, que, como a paródia Matar ou Correr, é em preto e branco...

 

 

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