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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

2751 - O Cavaleiro Solitário na Roquette



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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5001                                           Data: 11  de  dezembro de 2014

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RÁDIO MEMÓRIA A CARGO DO SÉRGIO

 

Jonas Vieira iniciou o programa com a voz solene:

-Toda a programação do Rádio Memória está a cargo do Sérgio Fortes, qualquer crítica deve ser dirigida a ele.

Em seguida, ele disse uma frase que todos nós sonhamos em dizer depois de concluirmos a declaração do imposto de renda.

-Eu estou isento.

Sem demonstrar temor em assumir tamanha responsabilidade, Sérgio Fortes começou pelo calendário. (Explicamos mais uma vez aos leitores que temos acesso a trechos que não foram editados pelo programa e os reproduzimos aqui).

-Vamos, ao calendário, Jonas? Vamos lá.  7 de dezembro de 1787, Delaware se torna o primeiro estado americano após ter ratificado a  Constituição. Depois, os Estados Unidos chegaram aos 50 estados, que são as estrelas da bandeira, as treze faixas representam as treze colônias. Um estado americano é chamado de estrela solitária. Isso caiu numa prova do Santo Inácio.   Não me lembro qual... Um engraçadinho escreveu Botafogo; os padres ficaram furiosos. O Peter está dizendo que a estrela solitária é o Texas. Será?!... O Peter nunca erra. (*)

-Em 1866, houve a abertura da navegação do rio Amazonas mais seus afluentes e do rio São Francisco aos navios mercantes de todas as nações. Isso é da enfermaria do Dieckmann e do Carlos Nascimento. (**)

-Em 1909, na França, surge uma nova lei, a do Salário Mínimo. Surgiu lá, mas esta história do salário mínimo rende muito no Brasil; só a história que rende, bem entendido.

-Em 1940, no Brasil, o presidente Getúlio Vargas promulga o Código Penal Brasileiro. Já inventaram tantos crimes de lá pra cá que o Código Penal já está inteiramente ultrapassado. O número do decreto-lei que promulgou o Código para os que jogam no bicho?... Vai lá: 2348. Elefante, não é Peter?

-Em 1941, o Japão ataca Pearl Harbor, o que determinou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Eles não imaginaram com quem estavam se metendo, desafiando o poderio econômico e, consequentemente, bélico dos Estados Unidos.

7 de dezembro de 1941 é o dia  da Infâmia, segundo o presidente Franklin Delano Roosevelt.

-Em 1953, a soprano Renata Scotto, cantando na Itália, foi chamada ao palco 15 vezes para agradecer os aplausos delirantes do público em “La Vally”, de Alfredo Catalani. Uma façanha, porque a concorrência era braba: Renata Tebaldi, Maria Callas e outras cantoras maravilhosas. Renata Scotto, um pouquinho mais nova, já entrou a todo vapor.

Nós, do Biscoito Molhado, estranhamos que, depois de citar o nome das três sopranos, Sérgio Fortes não foi, em momento algum, aparteado pelo Jonas Vieira com as palavras: “minha favorita”. (***)

O Homem-Calendário prosseguiu:

-Faz-me lembrar um evento recente com um tenor muito famoso, Roberto Alagna. Ele padece do seguinte problema, nasceu na França, onde foi criado, mas seus pais são italianos da Sicília. Com isso, na Itália reclamam que ele é francês e, na França, que ele é italiano. De vez em quando se defronta com certa animosidade. Outro dia, cantando na “Aída”, no Scala de Milão, não se sabe por que, pois cantava bem, sofreu, de repente, uma tremenda vaia. Ele ficou furioso e tomou a decisão de abandonar o palco, olhou para a plateia, fez gestos impublicáveis e saiu pela lateral do palco desenfreadamente, mas pelo lado errado; foi obrigado, então, a voltar na frente de todo o mundo e a vaia cresceu em intensidade. O cara tem de saber por onde foge, não é, Jonas? (4*)

Silêncio; nem mesmo aquela voz longínqua, imperceptível, que ouvimos quando perguntas são dirigidas ao Peter, foi ouvida.

Motivado pela lembrança do Sérgio Fortes, consultamos uma reportagem, de 11/12/2006, com o título “Novo Pavarotti é vaiado e abandona ópera em Milão”. Além das informações dadas pelo Sérgio, ficamos sabendo que nessa “Aída”, montada por Franco Zeffirelli, com a saída intempestiva do Roberto Alagna, a meio-soprano ficou sozinha para cantar um dueto; o substituto Antonelo Palombi foi jogado ao palco de calça jeans e camiseta preta, “já que não tinha fantasia”.

Segundo essa publicação, as vaias partiram de um grupo em retaliação a uma entrevista do tenor em que ele declarou que o público do Scala é difícil de agradar, que entrar lá é como entrar numa arena de touradas. Bem, o ingresso custa 2000 euros, e nem Pavarotti escapou dos apupos quando errou uma nota. Voltemos ao Homem-Calendário.

-Em 1972, Imelda Marcos, primeira-dama das Filipinas, escapa de um atentado. Imelda Marcos tinha uma montanha de sapatos, se doasse todos daria para calçar toda a população asiática.

-Em 1976, é criada a Comissão de Valores Mobiliários do Brasil.

Caso fiscalizasse de verdade, teria muito trabalho com a demanda dos acionistas da Petrobras.

-Em 1988, o primeiro transplante de coração e pulmões em um único receptor é realizado em São Paulo. O ex-jogador Neto, comentando uma partida de futebol pela TV Bandeirantes, vendo que um jogador corria incansavelmente disse que parecia que ele tinha dois pulmões. Transplante de cérebro?... Não Peter, a medicina ainda não chegou lá.

-Em 1994, começa o julgamento do presidente Collor e do seu tesoureiro Paulo César Faria. Há uma história do Paulo César Faria que me deixou impressionado, dá uma ideia de quanto ele era ambicioso, dos seus planos de vida. Ele era muito jovem, em Alagoas, e conseguiu juntar um dinheirinho para comprar um Ford Landau, que não custava uma fortuna, mas bebia loucamente; por isso, nem todo mundo quer. Paulo César Farias, para fingir que o carro tinha ar condicionado, passeava pelas praias alagoanas com todas as janelas fechadas. Devia fazer dentro do carro uns 70 graus, ele quase derretia, ficava todo molhado, mas não abria a janela, não abria mão dessa marra de que o seu carro tinha ar condicionado.

-Em 1998, Boris Yeltsin, recuperando-se de uma pneumonia, sai do hospital por 3 horas e demite vários ajudantes.  Será por que eles aproveitaram a doença do chefe e esvaziam o seu depósito de vodca, e alguém lhe contou, Jonas?

Nenhuma resposta (5*).  Jonas degustava o uísque que recebera de presente do Fernando Milfond nessa hora. - imaginamos.

Sérgio Fortes prosseguiu:

-Boris Yeltsin foi o Jânio Quadros russo, sem vassoura, evidentemente.

A vassoura ficou com a Jandira Feghali.

 

(*) Peter falou isso devido ao The Lone Ranger, aka Texas Rangers, depois Ford Ranger. Daí associou o Texas ao Zorro. E a loucura iria ficando por aqui, não fosse a especial tradução providenciada em Portugal para o mesmo filme. Em tempo: the lone star é mesmo o Texas.

 

The Lone Ranger (no Brasil, O Cavaleiro Solitário; em Portugal, O Mascarilha)1 2 é um famoso cowboy fictício do rádio, cinema e televisão, criado por George Washington Trendle e equipe, e desenvolvido pelo escritor Fran Striker. A palavra Ranger causou dificuldades de tradução já que o significado original (policial rural do Texas) não fazia sentido em português. No Brasil já foi chamado de Zorro (outro personagem, herói de capa e espada), Guarda Vingador, Justiceiro Mascarado, Kid Roger e Cavaleiro Mascarado, desde a década de 1980, é chamado de O Cavaleiro Solitário3 .

Seu eterno companheiro é o índio Tonto, cujo nome foi mantido na tradução, mesmo sendo uma palavra pejorativa em português (significa algo como trapalhão ou desajeitado), que não tem nada a ver com o personagem, um valoroso combatente dos fora-da-lei. Em países de língua espanhola, onde há o mesmo problema de tradução, optou-se por mudar o nome do personagem para Toro.

Além da máscara negra e do companheiro índio, Lone Ranger possuía um belo cavalo branco chamado Silver, famoso pelo grito que o herói dava ao se despedir a galope em direção ao horizonte: "Hi-yo Silver, away!". O nome do cavalo de Tonto era Scout (Escoteiro, no Brasil). Nos quadrinhos, Lone Ranger tinha pontaria certeira com ambas as mãos e sempre usava balas de prata, fundidas em uma mina própria desconhecida, herdada de um velho mentor. Nunca atirava para matar, preferindo desarmar seus oponentes com tiros certeiros em suas pistolas. Apesar da máscara, Lone Ranger nunca era perseguido pelas autoridades. Em algumas aventuras ele era acompanhado pelo sobrinho Daniel Reid (cujo cavalo tinha o nome de Victor), que agia como seu parceiro adolescente. Batman fez escola.

Por ter sido criado por George W. Trendle, Lone Ranger seria tio-avô do Besouro Verde. O autor confirmou o parentesco ao chamar de Britt Reid a identidade secreta do Besouro. É o mesmo sobrenome da identidade secreta do Lone Ranger, cujo nome é John Reid. Daí vem Raiders of the lost Ark, mas é, reconheço, outra história.

(**) Para o Amazonas e seus afluentes, tudo bem. Mas o São Francisco parava em Paulo Afonso – a cachoeira, não dava nem pra saída. Bem que poderiam ter feito uma eclusa em Paulo Afonso, na época da barragem e teríamos navegação rio adentro. Uma pena.

(***) “Em sociedade tudo se sabe. Estranhei tanto esse programa,” disse o Dieckmann ao Distribuidor do seu OBISCOITO MOLHADO, “ que aparteei o Sergio Fortes numa de suas raras aparições no Clube do Bondinho, que ele fundou e agora tenta fundar. Disse o Sérgio: Dieckmann, grandes trapalhadas, fiz o programa sem o Jonas, para o Jonas completar depois a trilha. Caí perplexo ante a essa evolução tecnológica que lembra o do dueto do Nat King Cole com a filha, só que com a diferença atualíssima de que ambos estão vivos. Ou pensam que estão.”

(4*) Ver (***).

(5*) Eu não lhes disse?

 

 

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