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terça-feira, 8 de julho de 2014

2645 - Marlene


O BISCOITO MOLHADO
Edição 4895                        Data:  02 de  julho de 2014
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É A MAIOR NO RÁDIO MEMÓRIA
1ª PARTE

O que aconteceu no dia 29 de junho? Muitas coisas. O homem-Calendário falou de algumas e nós, do Biscoito Molhado, falaremos de poucas.
Em 1613, o Globe Theatre, onde eram encenadas as peças de Shakespeare, pegou fogo. Mais uma tragédia, mas, dessa vez, o autor não foi o genial dramaturgo inglês.
Em 1911, nasceu Bernard Herrmann, talentoso compositor de trilhas sonoras para filmes como Cidadão Kane e Psicose.
Ainda na esfera musical, nascia em 1914, o maestro Tcheco Rafael Kubelik.
No ano 1895, morria o Marechal de Ferro Floriano Peixoto. Apesar de ele ter sido o primeiro ditador deste país, deixou o cargo quando o seu mandato se encerrou em 1894. Pegou seu boné, ou quepe e rumou para a sua casa, em São Cristóvão, sem dar posse ao seu sucessor (a história se repetiria) Prudente de Morais, que encontrou o estofamento do palácio do Itamaraty furado a baioneta, porque os florianistas não se conformavam que um civil, o primeiro representante dos interesses de São Paulo e Minas, chegasse à Presidência da República.
Floriano Peixoto morreria no ano seguinte, em Barra Mansa, devido às consequências de um mal contraído na Guerra do Paraguai, mas o florianismo persistiu durante alguns anos na nossa história.
Sérgio Fortes demonstrou o seu espanto ao aludir à morte de São Pedro: 29 de junho de 67.
-Que precisão, Jonas!
Jonas Vieira, por sua vez, lastimou o fim das festas de São Pedro.
É verdade; não se pula mais fogueira como antigamente.
E para arrematar, no dia 29 de junho de 2014, o Rádio Memória seria dedicado à Marlene.
E o titular do programa se derramou:
-Minha queridíssima amiga, um caráter extraordinário. Privei da sua amizade, não tanto como os dois convidados, um deles, seu biógrafo, sabe mais sobre a Marlene do que a própria.
-Se a Marlene tinha alguma dúvida acerca dela própria, bastava telefonar para ele. - interveio o Sérgio Fortes.
Fui conduzido rapidamente a uma entrevista dada pelo soprano Diva Pieranti ao Lauro Gomes, na Rádio MEC, que disse que na dúvida, em algum ponto da sua carreira, ela telefonava para o barítono Paulo Fortes. Esclareça-se que a razão disso era a portentosa memória do pai do Sérgio Fortes.
Jonas Vieira anunciou o nome do convidado que tudo sabia sobre a homenageada, Paulo César Sepúlveda. E se ouviu intempestivamente a voz do Simon Khoury, inconfundível pela sua rouquidão, que, deduzimos, era o outro convidado. E veio à tona o seu livro, ou livros, “Bastidores” que, informou seu autor, está esgotado.
-Tenho de refazer o Ítalo Rossi e a Marlene. - era o seu projeto caso houvesse nova edição.
Em seguida, contou a primeira das suas muitas histórias desse dia. Essa ocorrida na noite de autógrafo do seu livro, que se transformaria numa balbúrdia quando a Marlene chegou com o “seu séquito”.
-Vocês já repararam que, onde está o Simon Khoury, há confusão. - alfinetou o Sérgio Fortes.
-Eu que o diga! - concordou o Jonas.
-Andar com o Simon Khoury é certeza de chegar. - defendeu-se com o seu bordão.
Em seguida, contou outra história que nada tinha a ver com a Marlene o que deixou os ouvintes em dúvida se era ela mesma a homenageada do programa.
-César, vamos abrir com música. - colocou o Jonas Vieira ordem em casa.
-Vamos abrir com uma música de Luiz Gonzaga e Miguel Lima que ela conheceu de um disco da Carmem Costa, quando cantava como crooner do Copacabana. Música que Marlene cantou por toda a sua carreira, mas nunca gravou.
-Como é o nome?
-”Chamego”.
E acrescentou:
- Vamos ouvi-la de uma gravação da Rádio Nacional, do programa do Paulo Roberto das 21 horas. Ela acelerou o ritmo.
E soaram as primeiras notas musicais do Rádio Memória de 29 de junho.
E como ela acelerou. Quase traí a Emilinha com a Marlene.
-Sensacional! Fantástico! Que interpretação! Quem tinha esse ritmo de aceleração era a Ademilde Fonseca.
As palavras do César Sepúlveda se seguiram as do Jonas Vieira.
-A interpretação da Carmem Miranda de “Chamego” já era bem dolente.
E tentou demonstrar o que disse intentando imitar a dolência canora da Pequena Notável.
Sérgio Fortes interveio:
-Eu chamo a atenção que era um programa ao vivo (“Gente que brilha”) para a orquestra. Sensacional!
Simon Khoury ressurgiu com a sua voz roufenha para contar mais uma historinha.
-E a segunda, César?- retomou o Jonas Vieira as rédeas do programa.
E o convidado do programa, antes de anunciar a atração musical, fez uma instigante introdução:
  -Marlene foi apresentada a muitos baiões do Luiz Vieira. E lá estava o João do Vale, um trabalhador de obra, inteiramente desconhecido no mundo musical. Ela gravou uma música dele que, certa vez, foi ouvida na obra onde João do Vale trabalhava; ele disse, então, que era sua, mas ninguém acreditou.
-E qual é?
-”Estrela Miúda”, composição de Luiz Vieira e João do Vale; gravação de 1953.
Depois de mais elogios à interpretação da Marlene, Jonas informou que entraria no ar o depoimento de uma pessoa que é muito amiga sua e que conviveu bastante com a Marlene: Georges Barrene.
-É um empresário das Pastilhas Valda que patrocinava o Programa César de Alencar, que levou a Marlene para a Rádio Nacional.
-Alô.
E a voz com timbre telefônico do empresário Gorges Barrene foi ouvida, primeiramente, dirimindo o que lhe parecia uma dúvida:
-Quem levou a Marlene para a Rádio Nacional foi o César de Alencar e não as Pastilhas Valda.
-Sim, foi o César de Alencar. - ratificou o decano da radiofonia carioca.
E contou o Georges Barrene que chegou à Rádio Nacional com 18 anos de idade representando o seu pai, então presidente da empresa, com a missão de conseguir um espaço no patrocínio do Programa César de Alencar. As vagas eram poucas – disse- e teve de esperar dois meses, porém, nesse ínterim, conseguiu divulgar as Pastilhas Valda no programa do Manoel Barcelos na mesma Rádio Nacional.
Mas o objetivo do Rádio Memória era homenagear a Marlene e o Georges Barrene não decepcionou, satisfez a nossa curiosidade com louvor.

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