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quinta-feira, 15 de maio de 2014

2618 - Dick Farney, Side Two



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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4868                                  Data:14 de  maio de 2014
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LEMBRANDO FARNÉSIO DUTRA e SILVA, XARÁ DO DIECKMANN
2ª PARTE

E Jonas Vieira continuou:
-Dick Farney não aconteceu nos Estados Unidos, porque a competição era muito acirrada. Havia Bing Crosby, e os primeiros anos da década de 40 eram o início da carreira de Frank Sinatra. Naquela época, porém, prevalecia Dick Haymes, ele abafou todo o mundo. E uma das suas gravações foi “You Never Know”.
Ele se calou para que ouvíssemos a próxima atração musical do Rádio Memória.
E reiniciou a sua fala sobre o grande artista.
-Dick Haymes se chamava, na verdade, Richard Benjamin; filho de escoceses. Sua mãe era artista, excursionava, quando seus pais brigaram, e ele nasceu na Argentina.
-Ele não pôde servir os Estados Unidos. - demonstrou o Dieckmann que também conhecia dados biográficos desse seu xará.
-Nasceu em 1918. - não ficou para trás o Sérgio Fortes.
-Só três anos de diferença. - cotejou o Dieckmann com o ano de nascimento do Dick Farney.
A palavra retornou para o decano da radiofonia brasileira:
-Dick Haymes cantou com a orquestra de Tommy Dorsey, mas alcançou o sucesso absoluto com a orquestra de Harry James.
E concluiu enfaticamente:
-Ele foi o verdadeiro espelho do Dick Farney.
Como o Jonas Vieira, pela primeira vez no seu programa, não citou o Orlando Silva, nós, do Biscoito Molhado, vamos citá-lo na comparação que se segue: Dick Farney estava para Dick Haymes como Nélson Gonçalves estava para Orlando Silva.
Sérgio Fortes, agora, se manifestava:
-O nosso Farnésio Dutra e Silva, também conhecido como Dick Farney, era irmão de Cilênio Dutra e Silva. Sabe quem é, Jonas?
-Nem desconfio. - foi a resposta.
-Cyll Farney, que também era baterista do conjunto “Swing Maníacos.”
Depois de levar com esportiva a sua ignorância, Jonas Vieira ressaltou a predominância da música americana naquele período.
-O Cyll Farney atuou na televisão no programa “O Jovem Doutor Ricardo” e eu sou o único ser vivo que se lembra disso.
Aqui, um recado: Sérgio, eu assistia a “O Jovem doutor Ricardo”, embora preferisse Ben Casey, e o Artur Xexéo também; assim, são três seres vivos.
Prosseguindo:
Dieckmann não perdeu a piada:
-A televisão do Sérgio era diferente.
Em seguida, tornou-se sério:
-Agora, a gravação de 1946, “Copacabana”, de João de Barro, o Braguinha e Alberto Ribeiro.
-Foi o estouro no Dick Farney nas paradas de sucesso brasileiro. Ele, então, retornou dos Estados Unidos, onde não aconteceu, para o Brasil. - frisou o Jonas Vieira.
E a vez voltou para o convidado.
-Ouvimos “Copacabana”, que lançou Dick Farney para o estrelato, passemos, agora para a música dos anos 50, que marcou presença para mim: “Uma Loira”, de Hervê Cordovil.
Hoje, as loiras ou louras são depreciadas, quando não colocam em dúvida a sua inteligência, afirmam, com alguma razão, que as mulheres, hoje, não ficam mais velhas, ficam louras. No entanto, a loura cantada pelo Dick Farney, além de despertar a libido do menino Dieckmann, encantou o poeta:
“... uma loira é um frasco de perfume
que evapora.
É o aroma de uma pétala de flor,
espuma fervilhante de champanhe
numa taça muito branca de cristal.
É um sonho,
um poema.”
Essa gravação é de 1951. - informou.
E foi em frente já que os anfitriões o deixavam à vontade:
-Para prosseguir, uma música instrumental: “The Lady is a Tramp”, de Rodgers e Hart, em que veremos o excepcional pianista que foi Dick Farney.
Dieckmann foi tão enfático, que preparei meu pavilhão auricular para escutar notas pianísticas criadas pelo dedilhado de um mestre consumado no instrumento, então, veio a surpresa: uma voz canora soou.
Música instrumental não é aquela em que ninguém canta, só os instrumentistas exibem a sua arte? - perguntei-me já sem saber mais de nada.
Ouvia-se, de fato, um piano, mas as suas notas não podiam, ou não deviam, ofuscar o cantor, que tinha de reinar absoluto.
Essa canção, aliás, já causou polêmicas, precisamente na eleição dos Estados Unidos em que Spiro Agnew concorreu a vice-presidente na chapa de Richard Nixon, e compuseram a paródia “Spiro's song”, que foi entoada pelo republicano Frank Sinatra. No trecho em que o Sinatra cantava que Spiro era “a champ”, a oposição retrucava, dizia que ele era “a tramp”.  O tempo deu razão aos opositores, pois a dupla sofreu impeachment no caso Watergate.
Voltando ao Rádio Memória, Dieckmann se desculpou pelo pequeno equívoco que cometera e acentuou que, mesmo assim, constatava-se o excelente pianista que foi Dick Farney.
 

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