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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

2253 - Inácio Kirchner da Silva


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4053                              Data: 30  de outubro de 2012
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SABADOIDO DE CONTRADITÓRIOS

-O que me irrita extremamente é o esquecimento a que relegaram o governo Itamar Franco.  Não houve um só caso de corrupção; quando acusaram o Henrique Hargreaves de corrupção com os anões do orçamento, Itamar Franco o afastou do ministério da Casa Civil e o recebeu de volta quando ele provou a sua inocência. O Plano Real saiu porque, como presidente da República, colocou a assinatura lá. Enfrentou a oposição raivosa do PT que até expulsou a Luiza Erundina do partido porque aceitou ser sua ministra. E mais: assumiu a presidência num momento complicadíssimo que foi o impeachment do Collor.  Por que então esqueceram o governo Itamar Franco?
A indignação que o Claudio extravasava talvez antecipasse o clima de debates do último sabadoido do mês de outubro – pensei comigo mesmo.
-Creio que depois dos quatro anos do FHC, Itamar, querendo retornar ao cargo...
Mu irmão cortou a minha fala no meio.
-Carlinhos, o Itamar era uma pessoa ligada ao povo. Gostava de fusquinha, enquanto o Lula quis logo um avião novo.
-Mesmo o Fernando Henrique, com o seu jeito de intelectual aristocrático, viajava no Sucatão. - acrescentei.
-O Lula, enquanto isso, elege um Fernando Haddad em São Paulo.
-Mas Claudio, ele não tem a popularidade de antes.
-Sei não. - mostrou-se cético.
-Claudio, ele teve de recorrer à popularidade da Dilma, que desceu  da posição dela para subir em palanque de candidato a prefeito. Com tudo isso, o José Serra venceu a eleição no primeiro turno e o que o derrotará no segundo turno será a rejeição. Grande parte do eleitorado paulista não suporta mais os políticos profissionais: José Serra, Marta Suplicy, Aloizio Mercadante. Lula, não se pode negar, sabe como ninguém no PT para onde o vento eleitoral sopra e impôs o nome do Fernando Haddad, como imporá outro nome novo para o governo do Estado de são Paulo.
-Em Recife, ele quebrou a cara; tirou o prefeito paulista que pretendia se reeleger, impôs o candidato dele, o ex-ministro Humberto Costa, que não passou do terceiro lugar nas eleições.
E antes que eu falasse alguma coisa, ele concluiu:
-Falam que o Brizola era ditador dentro do PDT, mas o Lula é muito mais.
-Ele se deu mal em Recife, como em outras cidades nordestinas, porque, como já disse, a popularidade dele não é a mesma. - observei com serenidade.
-Sei não. - expressou de novo seu ceticismo.
Como só as nossas vozes eram ouvidas na casa, transcorrida meia hora a que lá cheguei, fiz uma pergunta:
-Cadê o Daniel?
-Foi levar a mãe de carro para o supermercado.
-Caramba, como desempenhei esse papel.
-O carro da Jura quebrou, e ela se recusou a dirigir o carro do Daniel, então, ele levou mãe e tia ao supermercado.
Não voltará tão cedo. - previ com os meus botões.
Aproveitei que o meu irmão passou a reclamar da entrega do Globo, que não acontecia, apesar de ser quase 9h, para tirar a política, por momentos, de foco.
-Claudio, soube pela mamãe que, ontem, a reportagem da TV Recorde apareceu na Escola Manoel Bomfim.
-Denunciaram a diretora de obrigar os alunos a limparem as salas antes da saída. - informou.
-Dou razão a ela, porque essa garotada tem de aprender a não sujar tudo por aí, principalmente o lugar onde estuda.
-Como foi a TV Recorde, eu creio que essa denúncia partiu de algum fiel da Igreja do bispo Macedo. - cogitou.
-É bem possível.
E o Claudio retornou à política.
-Você viu o Fernando Haddad dizendo que, para o Aécio Neves ser presidente da República, precisa ler um livro por semana? Só depois, ele percebeu que o Lula estava ao seu lado. A gafe já tinha sido cometida.
-O Lula se orgulha de nunca ter lido um livro na vida. - acrescentei.
Subitamente, mais de uma voz, um coro, chamou por meu irmão.
-São os peões do “Parques e Jardins” que estão arrancando a árvore. Eles querem água. - explicou, enquanto abria a geladeira para pegar uma garrafa.
-Claudio, não é preconceito, mas separa os copos em que eles beberem.
-Vou separar, a Gina, antes de sair já me tinha dado essa ordem, embora esses camaradas tenham mais saúde do que nós.
-Nunca se sabe.
Quando veio de volta com a garrafa d' água vazia, eu lhe perguntei se cortavam a árvore ainda mais.
-Carlinhos, eles estão arrancando pela raiz. Essa árvore está condenada.
Depois de colocar os copos sobre a pia, vociferou:
-E o Globo ainda não chegou.
Depois, voltou-se para mim:
-Se você quiser usar o computador do Daniel, pode ir em frente.
Foi o que fiz. Diante da tela do computador, acessei o novo vídeo que o Dieckmann instalara, mas não consegui vê-lo por causa da exigência de senha. (*)
-Dieckmann teme a crítica e, por isso, age como a Cristina Kirchner na Argentina. - murmurei.
Passei, então, para o filme de um menino de 5 anos, de expressão oriental, que tocava no piano Bach e era aclamado pelos internautas como gênio. Que não se torne um Lang Lang quando crescer. Lembrei-me, então, do comentário de um musicista da Rádio MEC comentando a apresentação do superestimado pianista chinês, no Brasil Disse ele que Lang Lang apressava um movimento de uma sonata e ralentava outro, tornando a peça pianística disforme, um “frankenstein”.
Depois de acessar mensagens eletrônicas, ouvi vozes que vinham de fora; não eram dos trabalhadores sedentos, nem do Daniel e família vindo das compras; identifiquei que eram do Vagner, do Luca, do meu irmão mais novo e do Claudio. A sessão do Sabadoido já se iniciara.
Quando lá cheguei, o Lopo ocupava a minha cadeira, então, tive de me sentar num banco sem encosto que, para piorar, girava, ameaçando de jogar-me ao chão.
Luca expunha uma opinião com veemência, enquanto eu avistava sobre a mesinha uma página da Folha de São Paulo sobre o juiz do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Luca, num telefonema dois dias antes, me dissera que levaria ao conhecimento do Claudio o fato de o Joaquim Barbosa ter passado na prova do Itamaraty e ser barrado na entrevista, o que constava nessa reportagem. Ao terminar de lê-la, senti dores nas costas.
-Vou me levantar como o ministro revisor do mensalão devido às dores na coluna. - anunciei.

(*) O Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO procurou o Dieckmann, chamando-o de Cristina, tendo como retorno uma sonora vassourada perpassada pela Branca, guardiã do varão da Triumpho 30 Produções, acompanhada de indagações repetidas: “Quem é essa Cristina? Que Cristina é essa? Sai já pra lá!!” – e tome vassourada.
Ante o berreiro e splafts da piaçava, fui acudido pelo acusado. Após um copo d’água com PH 7,0, o Dieckmann esclareceu que os vídeos de família são protegidos por senha e só aparecem para aqueles que a quem é endereçado o ‘link’. A senha é sempre a mesma “barafunda” e é sempre declarada no e-mail que encaminha o link. Por alguma distração e, possivelmente, uma desconexão com o mundo cibernético, o redator bobeou e deixou a poeira do tempo acumular no link. Mas nada que o Dieckmann quisesse esconder, ou não lhe teria enviado o tal link.




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