Total de visualizações de página

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

2688 - incontáveis barcas 2


 

------------------------------------------------------

O BISCOITO MOLHADO

Edição 4938                                      Data:  02  de  setembro de 2014

------------------------------------------------------

 

CALENDÁRIO E MÚSICA NO RÁDIO MEMÓRIA

2ª PARTE

 

O Homem-Calendário não tinha batido ainda o ponto de saída do trabalho.

-Em 1919, nascia Jackson do Pandeiro. Recordo-me também da sua parceira, Almira, tinha uns três palmos a mais do que ele e uma dança própria, muito engraçada.

E saltou 4 anos:

-Em 1923, nascia a Emilinha, a favorita da Marinha. O quê?... O Peter está acrescentando a bicharada.

Estivesse lá o Simon Khoury e contaria algumas histórias com a Emilinha Borba.  - imaginamos.

-Em 1939, nascia Francis Hime.

Era o momento da agenda musical e Sérgio Fortes anunciou Fernanda Canaud.

-Extraordinária pianista; especializada em Ernesto Nazareth e Radamés Gnatalli. Com ela, “Coração que sente”, de Nazareth.

Empolgado com o talento da pianista, aflorou a sua paixão clubística e declarou que tanto a Fernanda Canaud como o David Chew são tricolores e que, no programa, quem não torcer pelo Fluminense não terá vez. Dirão os flamenguistas que Frank Sinatra é Flamengo. Não garantimos, há controvérsias, afinal, as cores da Itália são as mesmas do tricolor das Laranjeiras.

O momento da “Pausa para Meditação” bateu à porta. Sérgio Fortes anunciou que o mote era “Dúvidas” e, a princípio, estranhou, pois julgava o Fernando Milfont um homem de grandes certezas.

  A meditação se inicia com uma noite de insônia do cronista. Ele se põe, então, a ler Spinoza, filósofo do século XVII, e se depara com um trecho em que Deus diz ao pensador holandês: “Não quero que acredites em mim, quero que eu esteja em ti. Não Me procures fora, não me acharás, procure-me em ti, é lá que estou.” Daí, Fernando Milfond tece considerações sobre a dúvida, que marcou os filósofos racionalistas como Spinoza e Descartes.

Quando a palavra retornou ao Sérgio Fortes, ele teceu comentários elogiosos sobre a inspirada crônica do Fernando Milfont e completou:

-As pessoas medíocres, pouco ilustradas, não têm dúvidas, elas estão repletas de certeza. Tive a ventura de trabalhar com pessoas brilhantes como os professores Mário Henrique Simonsen e Otávio Gouveia de Bulhões, e eles tinham dúvidas.

E saiu do contexto metafísico:

-O professor Mário Henrique Simonsen, que tinha um Q.I. de arrebentar qualquer máquina de aferição, escrevia textos numa velocidade alucinante e me pedia para revisar, pois dizia que estavam cheios de besteira. Que nada, tudo correto. E a gente convive com idiotas que afirmam que estão certos. É duro.

Com a retomada do calendário, a descontração ressurgiu:

-No dia 31 de agosto de 1945, nascia o extraordinário violinista e maestro Itzhac Perlman. Ele é israelense/americano. Luzer é seu fã inveterado, também vertebrado, pois andou fraturando uns ossos.

Prosseguiu com dois falecimentos:

-Em 1967 morria Charles Baudelaire.

Excepcional poeta, por ele, Antônio Maria chegou a parodiar a sua própria música: “Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire.”

-Em 1969, morria o pugilista Rock Marciano. Era extraordinário, não era enorme como outros pugilistas peso pesado, mas a sua técnica era apuradíssima. Creio que se retirou do esporte invicto, a confirmar.

-Está confirmado, Sérgio. Rock Marciano, que tinha 1,80m e pesava 85 kgs, realizou 49 lutas e venceu todas, 43 por nocaute.

O calendário permeava a agenda musical e Sérgio Fortes anunciou o baixo Samuel Ramey, astro do Metropolitan Opera House, cantando I”m glad I”m not young anymore, do musical “Gigi”, do seu CD de músicas da Broadway.

  Esse musical remeteu o parceiro e substituto do Jonas Vieira ao seu tempo de garoto, quando o assistiu com a sua mãe no Metro Passeio, época em que saía da Escola Nacional de Música para ir ao cinema.

Por outro lado, eu era conduzido para uma fita VHS em que Samuel Ramey interpretava esplendidamente, na Ópera de São Francisco, o papel principal do Mefistófeles de Boito.

-Peter, que cantor espetacular! Baixo que também canta como barítono. Eu destaco a dicção dele. Muitos cantores de ópera, que incursionam pela música popular, usam uma impostação de voz tal que não se consegue entender nada do que cantam; assim, estragam tudo.

Com o calendário, foram citados os falecimentos da Dalva de Oliveira, em 1972, do legendário diretor de cinema John Ford, em 1973 e do Glenn Ford.

O artista que nasceu no Canadá e foi para os Estados Unidos ainda criança, naturalizando-se americano com 23 anos de idade, foi elogiado pelo Homem-Calendário, que considera os filmes em que atuou, deliciosos, embora ele não tenha recebido o Oscar de melhor ator.

Filmes deliciosos como “Gilda”, não é Sérgio? (*)

Márcio Gomes, o cantor com voz do tempo em que se sabia cantar, era a próxima atração musical.

-Vamos ouvir com ele “Despedida de Mangueira”, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral.

Sérgio Fortes assinalou que mesmo que alguém ache a sua sonora voz ultrapassada, ele, em todo evento que participa, enche a casa com gente até no lustre.

-O que indica que ainda há pessoas de bom gosto. - concluiu.

Logo após, frisou que esse CD, “Márcio Gomes canta Francisco Alves” tem arranjos de Alfredo Del-Penho que conta com o trombone “infernal” de Fabiano Segalote.

De novo o calendário.

-Hoje é o Dia do Nutricionista.

Até aí tudo bem, pois o Sérgio Fortes não conhecia nutricionista algum, mas quando informou que 31 de agosto era a data de aniversário da cidade cearense de Itapipoca, agitou-se.

-Trata-se da cidade do Jonas Vieira. Ele é itapi...po...quense. - travou a língua, por momentos, para pronunciar essa palavra sesquipedal, mas não era para menos.

E passou a nomear os santos do dia (quatro) com seus respectivos protegidos, com exceção do Santo Aristides de Atenas.

-São Domingos de Val, protetor do Peter; São José de Arimateia, protetor do Luzer; São Raimundo Nonato, protetor do Chico Anísio e do Jonas Vieira.

Por que o Sérgio Fortes não disse que São Domingo do Val era o protetor do Simon Khoury? Talvez não quisesse dar trabalho em dobro para o santo.

O tempo urgia, e ele passou logo para a parte musical do Rádio Memória, “Feitiço da Vila”, de Vadico e Noel Rosa, com o conjunto “Choro na Feira”.

Mais uma vez a música reinou soberana.

-Peter, Noel Rosa morreu com 26 anos de idade. Já imaginou o que teria acontecido se ele chegasse aos 60 anos?...

Se Peter respondeu, ninguém escutou.

-Os arranjos do “Choro na Feira” são de Ignez Perdigão. O CD “Na Cadência do Samba” é uma preciosidade.

Depois dessas informações, Sérgio Fortes assumiu o clichê, dizendo “chave de ouro” e, com ela, anunciou que fecharia o Rádio Memória do dia 31 de agosto de 2014 com Frank Sinatra cantando “Melody of Love, sem deixar de pedir a atenção dos ouvintes para a “importantíssima” participação de Ray Anthony.

 

(*) Gilda se resume à aparição da Rita Haywort;, fora isso, nada demais. O Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO não é tão fã assim do Glenn Ford, uma espécie de James Garner 10 anos mais velho. Mas viu um filme de cowboy em que ele é pai de um garotinho que emudeceu e só falou na hora H, a tempo de Glenn Ford dar uma cambalhota e matar o bandido. E um bom filme “Fate is Hunter”, onde Glenn Ford assume a investigação de um acidente aéreo, com muita propriedade e mantém a tensão no ar – literalmente – até o final.

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário