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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

2451 - memória canina 2



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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4251                                Data:  15  de  agosto de 2013
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TRÊS FLAMENGUISTAS E UM TRICOLOR NO RÁDIO MEMÓRIA
PARTE II

E Jonas Vieira assinalou enfaticamente que escolheu uma gravação com um tenor que dispensa adjetivos e substantivos: Placido Domingo
-E ele cantará um bolero de Maria Grever, a única compositora de bolero que existe na história.
E se ouviu, em seguida, a possante voz do Placido Domingo, que foi considerado por um júri de dezesseis membros reunidos pela BBC Music Magazine o maior tenor de todos os tempos. O próprio Placido Domingo considerou o resultado um exagero, mas que, em certos momentos, sua voz é insuperável, nós concordamos com esses críticos.  Ele cantou “Jurame”.
-É a melhor gravação que existe para mim, e houve mais de quinhentas.  Olhem a orquestra que acompanha o Placido Domingo. É uma obra-prima. - vibrava ainda o Jonas Vieira.
Dieckmann fez um trocadilho com a compositora de boleros, e o titular do programa retomou a palavra. (*)
-Eu quero mandar um abraço para o Biscoito Fino...
-Biscoito Molhado. - corrigiram-no o Sérgio Fortes e o Dieckmann em uníssono.
Mas eles logo perceberam que era uma ironia. Nós, da redação, acreditamos que ele já metabolizou a troca do seu nome pela do pastor, aqui perpetrada, pois, a partir daí, escrevemos Jonas Vieira umas trezentas vezes sem erros. Será uma alfinetada porque escrevemos o nome Luiz Paulo Horta como Luís?... Se for isso, explicamo-nos: fizemos confusão com os reis franceses, principalmente Luís IX, que se tornou santo.
No meio da gozação, Sérgio Fortes sugeriu que elaborássemos uma lista com as dez músicas da nossa predileção para que eles, como ventríloquos, as comentassem. Bem, dez músicas que nos marcaram no correr da vida, podemos listar, mas as dez preferidas, é impossível, pois são mais de mil.
-Quanto tempo falta? - perguntou o titular do programa ao maestro Marcos Ribas, ao Peter, enfim, os ouvintes não souberam a quem.
-Vinte e quatro. -responderam.
-Cabe mais uma. - assanhou-se o Dieckmann, pois era a sua vez.
-É uma gravação que persegui durante muito tempo; música de Paulo César Pinheiro e letra de João Aquino: “Viagem”.
No momento em que ele disse o nome da cantora, Jonas Vieira interveio e disse Maysa. Dieckmann falou outro nome, e foi citado Marisa Gata Mansa. Mais tarde, ficamos sabendo que se tratava da Márcia, casada com o locutor esportivo Sílvio Luiz.
Depois da pausa para meditação, cabia a escolha ao Sérgio Fortes.
-Uma cantora que adoro, presença constante nos musicais da Broadway, é a Kim Crisswell.  Ela vai cantar “You And The Night And The Music”, de Arthur Schwartz e Howard Dietz, do musical “Revenge With  Music”, de 1934, que fracassou, pois só teve 22 representações.
É verdade que, poucos meses depois, foi encenado de novo, mas só chegou a 135 representações.
-Pois eu iria lá todas as noites só para ouvir essa música com essa cantora. - traiu o Jonas Vieira mais uma vez a Doris Day.
-E reverteria tudo. - fez-se ouvir o Dieckmann que, como os alunos peraltas, não consegue ficar quieto.
-Esse musical deveria ter o nome dessa música e não “Revenge With  Music”. - tentou o Jonas Vieira explicar o motivo da pífia atração que exerceu sobre o público da Broadway.
Depois que ouvimos Kim Crisswell, o titular do programa enveredou pela história dos musicais, dizendo que foram irrepreensíveis nos anos 40 e 50; a ameaça de queda de qualidade apareceu nos anos 60; e, nas décadas de 70 em diante, seria melhor não comentar.
-Sou eu agora? - foi a indagação que sucedeu o seu comentário em um tom apreensivo, pois o Dieckmann poderia ultrapassá-lo.
-Sim. - respondeu o seu parceiro.
-É como no jogo de buraco. - não perdeu o Dieckmann a piada (mas sem falar em morto, para que o humor não fosse negro).
-Vou arrasar. - anunciou.
-Então, vou pôr a minha roupa de amianto.- preparou-se o Sérgio Fortes como os pilotos da Fórmula 1.
E o “arraso” veio com uma pequena introdução.
-Andre Kostelanetz é um dos músicos mais extraordinários que existiram; pianista, arranjador, grande regente, de um bom gosto fora do comum. Nasceu na União Soviética, mas se realizou nos Estados Unidos.
Diante de tanto deslumbramento, Sérgio fortes citou a Doris Day.
-Ela é o meu xodó, não poderia ser o Andre.
E prosseguiu.
-Sua orquestra tinha 45 músicos, nasceu em 1901 e foi casado com a Lily Pons.
-Grande cantora. - lembrou-se rapidamente o Sérgio Fortes da soprano ligeiro do tipo coloratura.
E a música executada pela orquestra de Andre Kostelanetz foi um pot-pourri de sucessos mexicanos entre eles a canção mais entoada nos estádios de futebol brasileiros, Cielito Lindo.
-Que tal, Sérgio? - depois de a orquestra partir deixando saudades.
-Excelente. Ele foi para os Estados Unidos com quantos anos?
-Ele saiu da União Soviética depois da Revolução, com 22 anos.
-Em 1923. - calculou o Dieckmann.
E era a vez dele:
-Gosto de desafios quando falam que a música tal teve 500 gravações, ou não sei quantas, por isso eu escolhi uma canção de Oscar, que teve mais de 1 500 gravações: “Stardust”. E se trata da melhor gravação, não vou dizer agora qual é.
Enquanto soavam os primeiros acordes da música de Carmichael, de 1927, que recebeu, dois anos depois, letra de Mitchell Parish, eu era transportado para um programa da Rádio MEC no fim dos anos 70 de uma hora de duração. Nesse programa, colocaram os mais destacados intérpretes da música popular internacional cantando “Stardust”, mas nenhum deles superou, na minha opinião, Nat King Cole. E foi a voz dele que reinou absoluta no “Rádio Memória”.
Depois da audição, Dieckmann falou que “Stardust” foi gravada de Doris Day a Ringo Starr. Em seguida, referiu-se ao filme de faroeste em que Nat King Cole atuou com Jane Fonda e Lee Marvin, “Cat Ballou” no personagem de um menestrel.
-Vamos lá, Sérgio. - apressou-o o Jonas Vieira, pois o tempo urgia, e também rugia, depois de o Dieckmann falar do cavalo do Lee Marvin que não foi receber o Oscar de melhor ator juntamente com o Lee Marvin.
Sérgio optou por “The Way You Look Tonight”, do filme “Swing Time”, de 1936, na voz do dançarino legendário Fred  Astaire.
O Rádio Memória do domingo do Dia dos Pais (que não foi citado em momento algum) terminou com um presente do Jonas Vieira para os ouvintes: a música de Nino Rota para o filme “Fellini, Oito e Meio.”

(*) O Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO não conteve a curiosidade e contatou o Dieckmann a respeito do trocadilho: “Ho-ho – comentou-me como se o Papai Noel fosse – é que compositor de bolero é bolerante e eu tasquei bolorante no ar, à vista e ao ouvido de todos, embora Jurame seja ótima.”
Dito isso, comprova-se uma vez mais que o Dieckmann perde a compositora e a compostura, mas não perde a piada.


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