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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

2672 - Acabamos de ouvir...




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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4922                                      Data:  08 de  agosto de 2014
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ADEMILDE FONSECA NO RÁDIO MEMÓRIA
3ª PARTE

-Que dicção! E ela dizia isso tudo sem respirar. - reagiu a filha sob o impacto da interpretação da mãe para “Apanhei-te, cavaquinho”, de Ernesto Nazareth, sem esquecer a letra de Darci de Oliveira e Benedito Lacerda que possibilitou à Ademilde Fonseca exibir todo o seu virtuosismo canoro.
-O cantor de ópera tem de aprender a respirar. Há demandas, frases inteiras em que não se respira. - observou o Sérgio Fortes.
-E você não escuta na minha mãe o barulho de quem puxa o ar. - enfatizou, reproduzindo o som da respiração.
-Como você se sente como filha de uma mulher extraordinária? - mais uma pergunta do Simon Khoury.
-Eu me sinto muito bem, mas, ao mesmo tempo, desconfortável, pois não a tive muito, pois era muito procurada para shows.
-Você sofreu muita influência dela, por isso evita cantar choros?- outra pergunta do Simon.
-Sim, porque evita comparações.
Em seguida, Eimar Fonseca enveredou mais uma vez pelo passado, contou que, numa das suas inúmeras mudanças de casa com o marido, foi ajudada pela mãe na arrumação e limpeza, e que, numa dessas ocasiões, encontrou seu gravador.
-Eu gravei várias músicas, e ela se pôs a ouvi-las. Então, voltou-se para mim: “Eimar, quando eu gravei isso?”
E a emoção latente irrompeu:
-Foi o maior elogio da minha vida.
Prosseguiu:
-Eu morava em Volta Redonda e, na ocasião, eu podia fazer isso, porque tinha o registro de soprano ligeiro. Com a idade, a minha voz mudou, os tons baixaram. Como não posso fazer igual, não faço mais. Porém, no Teatro Baden Powell, eu farei num tributo à minha mãe.
-Quando vai ser?
-No dia 28 de agosto.
-Você fez um show em homenagem ao Noel Rosa? - voltou a perguntar o Simon Khoury.
-Fiz, mas não vou cantar Noel Rosa nesse tributo à minha mãe.
Sérgio Fortes interferiu para anunciar a crônica do Fernando Milfont, expressando o seu temor em sair preso do programa: o cronista falaria da língua bunda. Bem, como ele não foi preso depois de o Simon Khoury ter narrado os segredos de alcova do casal Rosquildo e Anfilófia, não seria mais.
Sérgio Fortes anunciou o final da “Pausa para Meditação” em júbilo:
-Acabamos de ouvir... Que alegria poder falar “acabamos de ouvir” sem levar bronca do Jonas.
-Que Jonas?
Para o Simon Khoury, parecia que o Jonas, como o seu xará bíblico, sumiu na barriga de uma baleia.
-Vamos ouvir nossa convidada?
E se ouviu, não falando, mas cantando Noel Rosa: “Com que roupa?”
Antes que um golpe destituísse o titular do programa Rádio Memória, ele telefonou para pôr ordem na casa. Na verdade, para dar duas notícias tristes, uma, a morte do seu grande amigo, o cantor Roberto Paiva, e a outra, que todo o mundo musical já comentava, o falecimento do Zé Menezes.
-O que o Zé Menezes não tocava? - indagou o Sérgio Fortes.
-Ele tocava todos os instrumentos de corda – assinalou o Jonas Vieira. - Fez carreira na Rádio Nacional e participou do “Sexteto Radamés Gnattali. Também foi um contador de casos; o Simon Khoury deve entender.
-Quando tínhamos música na televisão, o Zé Menezes era uma figura presente.- registrou o Sérgio Fortes.
Logo após, o Jonas Vieira saudou os convidados e pediu-lhes desculpa pela sua ausência com a plena compreensão deles.
Para desfazer o tom menor das duas más notícias, Sérgio Fortes confessou que falava mal dele, Jonas, com  o Simon Khoury .
-Mas quando nós dois estivermos juntos falaremos mal do Simon Khoury. - prometeu em seguida.
A ligação, como no “Bye, Bye, Brasil”, estava para cair, mas ainda houve tempo para o Simon Khoury falar da operação plástica do Jonas Vieira.
Agora, música, e era mais Noel Rosa.
-”Quando o Samba Acabou”, que meu tio costumava cantar quando eu era criança.
Outra vez, não deu tempo de o Sérgio Fortes dizer “Vamos ouvir”.
-Quem diria que esse CD foi realizado com essa rapidez toda, com esse arranjo tão bonito.- enlevou-se o Sérgio Fortes.
-Tenho uma surpresa.
-Caramba! - alarmou-se o Sérgio Fortes com as palavras do Simon Khoury.
Entra, então, “Nega do Cabelo Duro”, que termina intempestivamente.
Sérgio Fortes: onde foi isso?
Eimar Fonseca: no Panorama Hall.
E ela explica que cantava sem intenção má alguma, quando notou que uma negra – “palavra que eu acho linda” - olhou-a de cara feia.
-Vou terminar agora, disse comigo mesmo. Vocês veem que a gravação é curta, pouco mais de 1minuto.
-Eu me lembro da sua mãe limpinha, vaidosa, dando-me sempre a impressão que estava saindo do banho.
Sérgio Fortes também contou a sua lembrança da Ademilde Fonseca.
-Eu vi a Ademilde na rua. Eu estava num ônibus, lá por Laranjeiras, quando ela entrou como um foguete. Tinha uns oitenta e muitos anos de idade. Sentou-se num banco, pegou uma revista, ergueu-se e saiu do ônibus como entrou: um foguete. Que saúde!
Chegou o momento do programa de tratar do lançamento da biografia da Rainha do Chorinho.
-Quando será, Aírton? - perguntou o Sérgio Fortes.
-O lançamento está previsto para outubro.
E, porque o livro não estava pronto,  lamentou ter perdido duas datas significativas: 4 de março, aniversário da biografada, e 23 de abril, Dia do Choro.
-O livro já está pronto?
-Dependo apenas de alguns depoimentos de pessoas do mundo artístico que conviveram com ela.
  Sérgio Fortes aludiu ao evento do lançamento, mas tudo já estava programado, segundo o biógrafo: coquetel, exposição e lançamentos do livro e de DVD com um encarte que traz um poema laudatório do Luiz Vieira à homenageada, falecida em 27 de março de 2012.
-Jonas Vieira irá patrocinar isso tudo.
-Como, Sérgio, ele é pão duro?- interveio o Simon Khoury.
Foi ele, Simon Khoury, que fez uma pequena introdução para a próxima atração musical.
-Muitos autores homenagearam a Ademilde Fonseca, Candeia, Martinho da Vila, mas vejam o que a dupla João Bosco e Aldir Blanc fizeram: “Títulos de Nobreza”, que transformaram em “Titulos de Choro”.
E a composição em que Aldir Blanc, na letra, cita inúmeros choros foi ouvida na voz da Ademilde Fonseca.
-Títulos de Choro” ou “Ademilde no Choro”. - acentuou o Sérgio Fortes.
O tempo urgia, assim, apressadas gozações ao Jonas ausente foram feitas e, antes do “demorado abraço”, foi pedido que a Eimar Fonseca repetisse o local e a hora do seu próximo show:
-Teatro Baden Powell no dia 28 de agosto às 20 horas.



 

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