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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

2665 - pragas e covas no Egito




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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4915                                   Data:  31 de  julho de 2014
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CARTAS DOS LEITORES

-“No seu concerto de 22 de maio de 2014, que aconteceu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a Orquestra Sinfônica Brasileira promoveu a estreia brasileira da Sinfonia nº 1, em ré menor, opus 13, de Rachmaninoff. A obra foi composta entre janeiro e outubro de 1895. Um prazo considerado muito longo para os padrões de criação do compositor, que mais tarde definiria esse projeto como “extremamente desafiador”.
O certo é que a primeira sinfonia foi mal recebida. Para muitos, sua première, que aconteceu bem São Petersburgo, no dia 28 de março de 1897, se constituiu num absoluto desastre. Razões não faltaram para isso. Desde a escassez de ensaios até a condução falha do regente Alexander Glazunov. A pianista Natalia Satina, com que Rachmaninoff viria mais tarde a se casar, levantou a hipótese de que o maestro estaria bêbado por ocasião dessa estreia.
Esses acontecimentos abalaram profundamente o compositor.
Deprimido, sem confiança, Rachmaninoff, que contava 24 anos de idade, passou três anos sem compor. Auxiliado por um psicólogo, e especialmente motivado por um convite para trabalhar numa nova companhia de ópera que o milionário Savva Mamontov estava montando em Moscou, o compositor ganhou novo ânimo. Um marco dessa recuperação foi a estreia do seu conhecidíssimo Concerto nº 2, em dó menor, para piano e orquestra.
A partitura da primeira sinfonia foi deixada na Rússia quando o compositor partiu para o exílio, 1917.  Foi dada como perdida. Em 1944, depois da morte do compositor, algumas partes instrumentais foram localizadas, o que viabilizou a remontagem de toda a partitura. Com isso, ela foi alvo de uma nova estreia, que aconteceu no Conservatório de Moscou, em 17 de outubro de 1945, quando foi conduzida por Aleksandr Gauk, grande responsável pela restauração dessa música.
Desde então, a primeira sinfonia tem sido intensamente programada e alvo de inúmeras gravações, sendo identificada como uma representante legítima da tradição sinfônica russa.” Sérgio Fortes

BM: Meu caro Sérgio Fortes, a primeira vez que ouvi essa sinfonia foi num programa do Marlos Nobre, na “Rádio MEC”, uns cinco anos atrás, e a segunda, foi nesse seu programa, Rádio OSB, na mesma emissora, em que você divulga as atuações  da Orquestra Sinfônica Brasileira.
O Marlos Nobre também citou como causa do fracasso da estreia da primeira sinfonia de Rachmaninoff foi o fato de o maestro Alexander Glazunov estar embriagado sem, no entanto, sem se referir à futura esposa do compositor que, como você disse, levantou essa hipótese.
Não havia, na época, 1897, como não há hoje, um bafômetro para os maestros soprarem antes de conduzir uma orquestra sinfônica. Não havia, também, uma campanha maciça, no meio de comunicações, com o slogan “Se beber, não reja”.
O maestro, não o Alezander Glasunov, mas o Marlos Nobre, informou que compararam essa sinfonia com as “Sete Pragas do Egito”. Maldade, pura maldade dos críticos mordazes.
Confesso que não gosto dessa obra de Rachmaninoff, eu diria que ela é comparável a umas três pragas (*) do Egito, não mais do que isso. Mais tarde, quando o compositor e maestro Marlos Nobre apresentou, na mesma Rádio MEC, um programa de música eletrônica, eu senti saudades do tempo em que ele tocava a Sinfonia nº 1 de Rachmaninoff.
Abraços, Sérgio, e que seu “Rádio OSB” continue por longo tempo.


“Cher Mitron,
Acuso recebimento de suculenta fornada de biscoitos. Vieram na hora exata, estou procurando renascer das cinzas como a Fênix egípcia e endossando o suicidado Antero: “Não podem mágoas contra um peito amigo”.
A receita do taxista para banhos frios é campeã, aprendi-a no Centro Excursionista Brasileiro e a emprego há mais de 20 anos; é minha defesa contra gripes, inverno e verão. Não aprovo macróbias que se fazem pneumônicas a um pingo de água fria. Foi só o que aprendi com os valentes excursionistas entre São Tomé das Letras, Paraty, gaiola no Velho Chico (na mesa do comandante com farofa no café da manhã), Campos do Jordão e outras aberrações da Natureza.
Procuro aprender tudo que possa enriquecer o cotidiano. No Merré, adquiri cultura inútil, só me ensinaram a comer banana de garfo e faca. Relembro um fato acontecido nos anos 50, uma ala do Merré, no chamado Estado do Rio (além do lago) ficava contígua à Rua Visconde da Gávea, muito estreita confrontando o então Ministério da Guerra. O chefão do nosso lado chamava a secretária: “Fulana, vem abrir o cofre”, claro que se abriam inúmeros cofres, e um dia, lá surgiu um brioso militar com um pedido, que fechassem a janela na hora dos “despachos”; os funcionários do outro lado estavam quase despencando nas janelas para não perder o “show”. Não me incorpore a essas façanhas, houve quem declarasse que eu não servia para nada porque era direita... “O tempora, o mores!”
Calígula (à esquerda) e Vendredi (à direita) bloqueiam meus movimentos à mesa quando escrevo e me fazem dormir entalada à noite. Emagreci muito com a morte do Cipião, viveu apenas 12 anos. “Time and tide wait for nobody”.
Amplexos”                                                                    Rosa Grieco  

BM: “Mitron”, para quem não é íntimo do idioma de Racine, significa ajudante de padeiro. Assim a Rosa me chama porque faço “biscoitos”, mas eu não me zango de modo algum, sou até masoquista quando as piadas contra mim partem dela.
Fênix egípcia... Certa vez a Rosa corrigiu uma crônica do Carlos Heitor Cony, da Folha de São Paulo, no trecho que ele atribuiu à Grécia a origem da Fênix.
Nessa sua carta  descontraída, há alusões ao poeta Antero de Quental, ao senador romano Cícero e a frases provenientes do inglês arcaico: “Time and tide wait for nobody” ( o Google diz “for no man”, mas eu fico com o “nobody” da Rosa).
Como eu conheço meus leitores e a mim próprio, sei que o trecho mais instigante dessa carta é sobre o cofre do Itamaraty (Merré). Pelo que nos foi narrado, esse caso guarda semelhanças com cenas das pornochanchadas italianas com o ator Lando Buzzanca.
Mas isso não aconteceu apenas no Itamaraty (Merré), em outros órgãos do governo, houve coisa parecida.
Na SUNAMAM, onde trabalhei na década de 70 e 80, havia uma mesa que servia de cama para os casais acalorados que não tinham um minuto a perder. Era uma mesa de reunião, de madeira de lei (ou fora da lei?), que suportava abalos sísmicos e passionais, que aguentava o peso da paixão por mais pesado que fosse.  Havia militares por perto – e como? - mas não se soube de nenhum caso de queixa ou voyeurismo. As janelas eram fechadas antes e as portas também.
A título de esclarecimento, Calígula, Vendredi, Cipião são os nomes dos gatos da nossa querida Rosa.
É só por hoje.

(*) O Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO teve sua memória acionada com esses registros numéricos ligados ao Egito. Lembrou-se, espanando muita poeira, do filme 5 Covas no Egito. Um filme de guerra no deserto (óbvio, em se tratando de Egito) em que alimentos, sobressalentes e combustíveis foram armazenados antes da guerra, para a eventualidade de serem necessários.
O local das covas era a posição de cada uma das letras de “EGYPT” em um mapa conhecido. Pronto, resolvi dois problemas: Um, desvendando um segredo quase centenário; e outro, esticando um pouco o prazer (**) do prezado leitor que recebeu hoje um BISCOITO curto, embora molhado e saboroso.

(**) quem achar que, ao ler os asteriscos, não teve o prazer condizente com o requintado padrão do Redator, está convidado a manifestar seu desagrado no blog: http://obiscoitomolhado.blogspot.com.br/

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