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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

2670 - barreiras afetivas afetadas




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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4920                                      Data:  06 de  agosto de 2014
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ADEMILDE FONSECA NO RÁDIO MEMÓRIA
1ª PARTE

Sérgio Fortes estava radiante com a ausência do Jonas Vieira.
-Sem ele aqui, Simon, posso falar “Vamos ouvir”, “Esta é mais uma edição do Rádio Memória”.
No último exemplo, a implicância do titular do programa é com “edição”.
-Ele diz que edição é para livro. - explicou.
Enfim, não bastasse o superego descoberto por Freud para travar todos nós, o Sérgio Fortes ainda tem os seus impulsos tolhidos pelo super Jonas. Não é o caso do Simon Khoury, que conta os seus casos sem se importar com quaisquer super. Falando nele, estava presente como um aluno bem comportado. Bem comportado?... Desconfio que essa comparação gerará controvérsias.
-Vamos ao calendário, Simon?
E o Sérgio Fortes citou aquela data que caía nas nossas provas de Conhecimento Gerais no curso primário:
-Quando Colombo partiu do porto de Palos de La Frontera para descobrir a América?
-3 de agosto de 1492.
O Homem-Calendário do Rádio Memória também se ateve à demora de três meses para que fosse dado o grito “Terra à vista”. Dona Arlete (ou seria Dona Eunice?) nossa professora na Escola 9-10 Manoel Bomfim, nos disse ainda que a tripulação estava à beira do motim porque era só mar, nada de as “Indias” aparecerem. Se eles soubessem que não chegaram às Índias... Mas não é hora de especularmos com isso.
-Em 3 de agosto de 1914, estourou a Primeira Grande Guerra.
Notícia terrível que obrigou o Sérgio Fortes a saltar muitos anos e passar para outro acontecimento do dia 3 de agosto.
-Em 1928, deu-se, em Londres, a primeira transmissão mundial da televisão em cores.
Nesse instante, voltou-se para o Simon Khoury e lhe perguntou se, naquele tempo, existia televisão em cores e ele respondeu com outra pergunta:
-Existia televisão em 1928?
Para nós, do Biscoito Molhado, a primeira vez que vimos cenas coloridas na TV foi na exposição dos Estados Unidos montada na Quinta da Boa Vista, em 1963, e se tratava do desenho animado “Os Flintstones”. Estávamos com o uniforme do Visconde de Cairu, receosos que se deflagrasse a guerra entre o Pedro II e o SENAI, pois nosso colégio era aliado do imperador. Tempo em que os estudantes se engalfinhavam entre si.
Foram lembradas as mortes do grande soprano Elizabeth Schwarzkopft, em 2006 e a do maestro Severino Araújo, em 2012, e, para retornar a alegria, foi citado o nascimento de Tony Bennett, em 1926.
-E ainda canta. - acentuou o Sérgio Fortes.
Sim, o cantor preferido do Frank Sinatra acaba de gravar um CD em dueto com a cantora preferida do Dieckmann, Lady Gaga.
Como os ouvintes do Rádio Memória sabem, mas ainda assim, vamos registrar aqui, antes do calendário, Sérgio Fortes anunciou os convidados. Já estava escaldado, por isso, não falou em surpresa para nós, como faz os Jonas Vieira, pois não há  segredo que perdure com o Simon Khoury por perto. Isso até me lembra um caso com o Tancredo Neves.
-”Tancredo, Tancredo, tenho um segredo para lhe contar, mas não fala para ninguém.” Reação dele: “Não me conte, meu filho, não me conte; se você, que é o dono do segredo, não consegue guardá-lo, imagine eu.”
Os convidados eram Eimar Fonseca e o seu marido, Aírton Barreto.
A convidada, aproveitando que o Simon Khoury registrou o aniversário da irmã dele, Eunice, saltou 11 dias para dizer que, no dia 14 de agosto, nasceu a sua primeira filha. São perdoáveis essas corujices de mãe, o mesmo não podemos dizer da primeira história do Simon Khoury, quando contou uma cena de alcova entre um casal:  Rosquildo, o marido e Anfilófia, a esposa.
Fazendo as honras da casa, Sérgio Fortes anunciou a convidada, Eimar Fonseca, filha da grande intérprete de choro, Ademilde Fonseca, ela também uma “belíssima”  cantora, e o seu marido, Aírton Barreto, que escreve a biografia da rainha do chorinho. Genro escrevendo sobre a vida da sogra?... Era para deixar qualquer um sobressaltado, mas quando essa sogra é tão qualificada, nada há a temer.
E veio a primeira pergunta do Simon Khoury à Eimar Fonseca:
-Você se tornou cantora no susto?
-Eu não vou dizer que não pensava em ser cantora. Cantava no banheiro. Mas minha mãe era a rainha do chorinho. Bastava para mim ser filha dela. Mas quando eu tinha 10 anos de idade, minha mãe falou do meu talento, e...
Pediu socorro ao marido:
-Aírton pode falar melhor do que eu, pois está lendo tudo sobre ela. 
Mas falou pouco, pois ela retomou a palavra.
-Mamãe, numa entrevista à Revista do Rádio, prognosticou minha carreira de cantora.
Depois da confirmação do biógrafo, prosseguiu dizendo que não consegue ler sobre a sua mãe, pois o abalo emocional é forte e lhe falta o ar.
A coincidência afetiva com o Sérgio Fortes o levou a falar do seu pai, o barítono Paulo Fortes.
-Quando meu pai morreu, eu tive uma grande dificuldade em ouvir as gravações dele. Hoje, eu ouço com a maior tranquilidade.
A essas palavras, fui conduzido ao programa que o Sérgio Fortes apresentou, alguns anos antes, na mesma Roquette Pinto, “As Melhores Vozes do Mundo”. Não havia meio de ele colocar uma gravação do pai que, sem favorecimento algum, estava no patamar mais elevado. Resolvi, então, liderar o movimento “Queremos Paulo Fortes”, que contou até com a presença do Dieckmann mais afeito ao canto sussurrado da Bossa Nossa e aos breques do Moreira da Silva. Chegamos ao ponto de cogitar uma passeata pela Avenida Rio Branco, quando o Sérgio Fortes colocou, finalmente, uma gravação do seu pai no programa.
Agora, ouvindo suas palavras endereçadas à filha da Ademilde Fonseca, eu me pergunto se ele ainda sofria desse bloqueio emocional, quando apresentou “As Melhores Vozes do Mundo”. Ainda bem que a superou.
Dentro desse tema, lembramos que o violonista e compositor Baden Powell compôs uma música para o pai, já falecido, que ele só de pensar nela, chorava; cantá-la era impossível. E que “Adios Nonino” foi composta por Astor Piazzolla em homenagem ao seu pai, que se encontrava no leito de morte. Para o bem de todos os amantes da boa música, Astor Piazzolla não ficou impossibilitado de tocá-la por causa das barreiras afetivas.



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