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quarta-feira, 21 de junho de 2017

3044 - SX Hoje começa o inverno


           
O  BISCOITO  MOLHADO
Edição 5304 SX                           Data: 21 de junho de 2017

FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXIV

                      
HVOR ER BADET ?

A decisão está tomada. Na próxima encarnação vou nascer norueguês.

Por enquanto é apenas projeto. Não sei que providências tomar para concretizá-lo. Uma ideia é aproveitar a viagem que minha mulher e um grupo de amigas vão fazer em setembro à Escandinávia. Lá, certamente, ela poderá obter as informações necessárias. A Noruega, todos sabem, é um país organizadíssimo, rico, socialmente resolvido, onde tudo funciona muito bem. Para se ter uma ideia, o primeiro ministro desse paraíso vai trabalhar de bicicleta. No Brasil, a “Presidenta”, que tudo esculhambou, passa o tempo voando de primeira classe para todos os lados, acompanhada de um séquito de seguranças, assessores e motoristas. Tudo pago por nós.

Há tempos minha decisão vinha sendo amadurecida. Para ela contribuiu a recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral de absolver a chapa Dilma – Temer de todas as patifarias cometidas em eleições presidenciais recentes. Como foi muito bem observado, por excesso de provas. E fomos obrigados a ver nosso discernimento subjugado pelo voto de três ministros obscuros, postos ali para “cumprir tarefas”. Como “grand finale”, ouvimos as “ponderações” (?) do Presidente da casa, que devem ter motivado muita gente boa a comprar um pé de pato e pular do vão central da Ponte Rio – Niterói.

Existe a palavra inexorabilidade? Vamos admitir que sim. Na crise provocada pela “Presidenta” fui obrigado a vender meu dicionário. Pois bem, minha opção norueguesa também decorreu de uma inexorabilidade alarmante: dentro de poucos anos o Brasil vai se transformar em um grande deserto. Explico: é gente demais “saindo do armário”. A população LGBT cresce a olhos vistos. E vai crescer muito mais, através do acréscimo de novas letras. Por enquanto, parou no “T”. Mas existem evidências concretas de que novas especialidades vão ser proximamente incorporadas a essa sigla. Diante disso, fica claro que, dentro de um certo prazo, por aqui não vai nascer mais ninguém.

Por um tempo cogitei enfrentar esse problema. Pensei, inicialmente, em lutar pelo fim das verbas que financiam a “Parada Gay”. Impossível. Isso resulta em imensa gritaria. Afinal, há que se curvar às maiorias. Tentei, também, organizar outro tipo de reação. Por que não convocar uma “Parada Hétero”? Fracasso total. Somos poucos diante de uma oposição organizada e poderosa. E agitada, por certo.

Ainda sobre a Noruega. Falemos de Saúde. Todos sabem que lá funciona às mil maravilhas. Os impostos, ninguém duvida, são muito altos. Mas é o preço que se paga por algo que funciona como um relógio suíço. Não sei se existe relógio norueguês...

Já pensou ficar livre das mazelas que aqui envolvem a Saúde? Parte de nossa população é candidata à morte certa decretada pela vergonheira do SUS. Os mais abastados, ou, para ser preciso, mais “abestados”, são vítimas dos Planos de Saúde. Que todo ano são reajustados segundo percentuais superiores aos da inflação. Aprofundei-me, recentemente, no estudo da lógica dessa safadeza. Para concluir que esse é apenas um capítulo em meio às dezenas de conluios que resultam no enriquecimento de políticos, empresários sem caráter e administradores de agências governamentais que não se sabe para que servem.

Música popular na Noruega. O que será que me aguarda? Preciso me informar sobre o assunto. Por aqui é evidente que vivemos um período de trevas. Que atinge jornais, teatros, emissoras de rádio e estações de televisão. O mau gosto é generalizado. Não faz uma semana meu quarteirão, em Copacabana, balançou durante horas ao som de um “funk” comandado por uma cantora que gritava palavrões. Dormir? Nem pensar.

Falando em estações de rádio, também elas são uma raça em extinção. Durante um bom tempo gravei nas dependências da Empresa Brasileira de Comunicações, na Avenida Gomes Freire, um programa que transmitia concertos apresentados pela Orquestra Sinfônica Brasileira. Ocupávamos espaços reservados à Rádio MEC. Ao lado, numa sala mais do que acanhada, funcionava a Rádio Nacional. Triste destino para uma gigantesca emissora que teve sob contrato Radamés Gnatalli, Leo Perachi, Lyrio Panicali, Heron Domingues, Max Nunes, Haroldo Barbosa, Paulo Gracindo, Antonio Cordeiro, Jorge Curi...E que abrigava, nem mais nem menos, uma orquestra sinfônica!

A Oslo Philharmonic Orchestra, fiquei sabendo, é uma bela orquestra! E existem na Noruega mais dezoito grupos sinfônicos importantes. Nesse particular vou sair ganhando porque, todos sabem, a Orquestra Sinfônica Brasileira enfrenta dificuldades financeiras que se afiguram insuperáveis. Um conselho de notáveis tantas besteiras fez que conduziu a OSB à dramática situação em que ela se encontra. Oito meses de salários atrasados, demissão de todo o corpo administrativo. Setenta e seis anos de fundação. Que estão indo pelo ralo. E o Teatro Municipal? Meu pai foi poupado de assistir o que lá está acontecendo. Durante 51 anos ele cantou no Municipal. Foi o artista que mais vezes se apresentou em nossa principal casa de espetáculos. Não vou dizer que era sua segunda casa. Sei que era a primeira. Paulo Fortes estaria atordoado tomando conhecimento da crise que lá prevalece.

E o que mais? Um governador desvia um caminhão de recursos e compra jóias que alcançam cifra superior a onze milhões de reais. A Petrobras é saqueada ao tempo em que o governo brasileiro faz agrados a Cuba, Venezuela, Bolívia e mais um punhado de ditaduras africanas. Pensando bem, acho boa ideia acompanhar minha mulher em sua viagem à Escandinávia. Quem sabe, já ir ficando por lá...


Para finalizar, uma informação sobre o título desta crônica, “Hvor er Badet”. Em norueguês quer dizer “Onde é o banheiro?” Achei importante saber.

4 comentários:

  1. O Editor do seu O BISCOITO MOLHADO tem por hábito não questionar o corpo de redatores sobre lógica, datas, logradouros, com o intento de poupar constrangimentos.
    Ocorre nesta edição um fato grave: por que o redator iria comprar um pé de pato para pular de uma ponte alta? Pensaria em nadar?
    Em outras palavras, tratou-se do conhecido paradoxo: piloto kamikaze usa capacete?

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  2. Falta de perspicácia do Editor. Evidentemente o intento do "pulante" é nadar até a Noruega.

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  3. Bom dia,
    rs, rs, rs...
    Procurando meu kamikase achei meus canibais e cristãos tb sem capa devido a uma enchente nos anos do sr. César Maia. A água da chuva retornava trazendo o que deveria sair.
    O livro trata, entre outros assuntos, do abandono da metafísica pela ciência.
    A pergunta com a qual me deparei lá pela madrugada foi se a ameba teria forma, se poderia possuir um espírito que abrigasse uma alma.
    A pergunta feita acima poderia gerar um bom livro.
    Canibais, de Norman Mailer possui 572 páginas, foi devidamente estudado e vendeu bastante.
    Em tempo: Existe uma figura no Kamikase. Está de capacete.

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  4. Nadar até a Noruega dispensa pé-de-pato. Vai congelar no Golfo de Biscaia. O Editor é um profissional do mar.

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