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segunda-feira, 8 de julho de 2013

2421 - Lili Marleen


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4221                                   Data:  02 de  julho de 2013
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O TRIO DO RÁDIO MEMÓRIA RIDES AGAIN

Anunciaram produção e apresentação de Jonas Vieira e Sérgio Fortes, mas lá estava também o Dieckmann que, dessa vez, não deu início aos trabalhos, afinal, tem de respeitar as muitas décadas de microfone que tem o Jonas Vieira.
Depois de comunicar a presença do convidado das sextas-feiras, provocando risos, pois era domingo, solicitou a primeira música ao Sérgio Fortes. E foi Wien, Du Stadt Meiner Traüme (Viena, Cidade dos Meus Sonhos). Sérgio Fortes não falou alemão, foi ainda mais ousado, pronunciando uma palavra polonesa, língua em que cada vogal é acompanhada por dez consoantes, quando disse o nome do compositor: Rudolfo Sieczynski.  Antes, comentou:
-Essas operetas são lindíssimas, há uma gravação de 1932, com o Francisco Alves com a Orquestra Copacabana,
E quando expressou a sua luta inglória para encontrar tal gravação, Dieckmann testemunhou a seu favor:
-Na falta da Orquestra Copacabana, vamos ouvir a Orquestra Filarmônica de Londres.
Fosse o regente Georg Solti e a ironia estaria completa.
Conheço outra gravação, com André Kostelanetz. - interveio o titular do programa, enquanto o Sérgio Fortes prometia continuar em busca da gravação perdida.
Soada a última nota, Jonas Vieira chamou o Dieckmann à responsabilidade:
-E você?
Sempre enfático nesses momentos, Dieckmann disse que trouxe a música que o mais fez dançar em sua vida: Take The A Train, de Duke Ellington.
 Fizeram observações sobre o incomensurável talento do compositor, e logo a voz do Dieckmann predominou:
-Eu vi essa gravação no you tube. Sensacional!... A turma estava numa descontração total dentro do trem...
-Vamos à música. - voltou-se o Jonas Vieira para o Marco, que substituía o Peter das carrapetas.
Bem, o Duke Ellington detinha a maestria de compor vários arranjos para uma mesma composição, assim, parecia que este redator, que tantas vezes ouviu Take The A Trian, chegar a sentir que a ouvia pela primeira vez. Os acordes iniciais nos levam para dentro de um trem, seguem-se vozes masculinas e femininas e, pouco depois, o piano de Duke Ellington reina absoluto.
Cabe aqui citar, para que a justiça prevaleça, o seu parceiro Billy Strayhorn, a alma gêmea de Duke Ellington, musicalmente falando. Dono de um talento extraordinário, Billy Strayhorn ficou à sombra porque, segundo seus biógrafos, era homossexual assumido numa época em que a homofobia era a regra.
-Todos os quatro estávamos aqui rebolando. - informou o Dieckmann tão logo desembarcaram do trem.
Quem seria essa quarta pessoa?... O Peter das carrapetas?... - não esclareceu. (*)
Jonas Vieira passou a falar de um ouvinte assíduo do Rádio Memória de Belo Horizonte, que até grava todos os programas. Sérgio Fortes, aproveitando o gancho, aludiu a um amigo que escuta o Rádio Memória em Nova York. Dieckmann o interrompeu para nomear também o Biscoito Molhado, mas até o redator deste periódico que, diria o Ibrahim Sued, sai diariamente às segundas, quartas e sextas-feiras, queria saber mais desse ouvinte de Nova York e Sérgio satisfez a nossa curiosidade.
-Trata-se do Doutor Irany, professor universitário, tricolor louco...
Cercado por inimigos, vascaíno e flamenguista, abriu os flancos:
-Mas tricolor louco é uma redundância, Sérgio. - atacou o Dieckmann seguido pelo Jonas Vieira.
Sem acusar o golpe, foi adiante:
-Trabalhamos junto no Banco Multiplic.
A essas palavras do Sérgio Fortes, reportei-me ao meu tempo de investidor da Bolsa de Valores, quando o dono do Banco Multiplic, através de uma engenharia financeira, conseguiu que o manipulador Nagi Nahas não quebrasse a Bolsa, mas anos depois, em 1989, não teve engenharia que desse jeito e o libanês quebrou a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. 
Bem, o que importa, agora e quase sempre, é a música.
Jonas Vieira, como bom anfitrião, deixou para si a terceira escolha. Reportou-se, então, a um cantor que marcou época. Antes de nomeá-lo, disse que ele era extremamente versátil, sempre à vontade em qualquer gênero musical, passando do country para a balada e até o jazz.  Tratava-se de Frankie Laine. A gravação que indicou era um jazz, That Old Feeling, com a orquestra de Buck Clayton.
Enquanto ele falava, eu revolvia a minha memória dos anos 60, quando ouvia muitas baladas e músicas de cowboy com o Frankie Laine, mas nada de jazzístico. Era recompensado agora com “Aquele Velho Sentimento”, interpretados pela sua voz estilosa e a magnífica orquestra de Buck Clayton.
-Que privilégio, ouvimos o Frankie Lane e o Jonas Vieira. - informou o Dieckmann, frustrando a nós, do outro lado, que não escutamos o Jonas Vieira cantando.
Dieckmann, não contente, lançou outra piada:
-A família Laine é fantástica. Teve Virgínia Lane...
Estivesse lá o Simon Khoury e logo contaria uma história da Virgínia Lane com o presidente Getúlio Vargas. - imaginei.
Jonas Vieira desfez a descontração do programa para fazer as suas críticas recorrentes sobre a atual conjuntura brasileira.
-O brasileiro vive a discutir o sexo dos anjos. - esse é o mote para ele desancar os absurdos que se vê no nosso dia a dia.
Dieckmann entrou no clima.
-O Sérgio Cabral recebe uma comissão que protestava à frente da sua casa e eles não sabem expressar o que reivindicam.
-É o cúmulo. E são estudantes.
-Não se fazem mais estudantes como antigamente, como no nosso tempo. - manifestou-se o Sérgio Fortes.
-Estudantes do primário, ginásio, científico... - acrescentou o Dieckmann.
-Sérgio, a sua vez. - retomou o Jonas Vieira às rédeas do programa.
-Eu vou pedir o grande sucesso da Segunda Grande Guerra Mundial, Lili Marlene.
-Essa música agradou os dois lados.
Dieckmann poderia dizer gregos e troianos, mas, no caso específico, eram alemães e aliados.
Dessa vez, Sérgio Fortes recorreu à língua alemã para identificar os autores, mas também poderia recorrer ao inglês, para citar o nome dos autores da versão.
Antes de a gravação ser tocada, Sérgio Fortes informou que a orquestra era do Lew Diamond. Enquanto se ouvia a Lili Marlene, a atriz e cantora Marlene Dietrich veio, inevitavelmente, às nossas mentes.
Como não tem Marlene Dietrich, eu canto para vocês. E assim, Jonas Vieira pôs-se a cantarolar:
Vor der kaserne,
Vor dem groben tor,
Stand eine Laterne,
Und steht sie noch davor

Todos ficaram acachapados com a interpretação germânica do Jonas Vieira que, talvez, não agradasse o General Rommel, mas agradou aos ouvintes do Rádio Memória.
Depois, ele anunciou a pausa para meditação.

(*) O leitor já sabe, é o Marco das carrapetas.





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